< Return to Video

O meu pai faz-me sofrer muito. Devo continuar a vê-lo?

  • 0:02 - 0:03
    O meu pai faz-me sofrer muito.
    Já lhe dei várias hipóteses de mudar,
  • 0:09 - 0:14
    agora não quero vê-lo mais. Tenho de
    continuar a tentar mudá-lo e a estar com ele?
  • 0:30 - 0:33
    Caro Thay, cara Sangha,
  • 0:34 - 0:37
    Sofro muito com o meu pai...
  • 0:40 - 0:41
    Ele é...
  • 0:43 - 0:45
    É difícil para mim...
  • 0:50 - 0:51
    estar com ele... e...
  • 0:53 - 0:55
    tornou-se quase perigoso.
  • 0:56 - 0:59
    Não quero vê-lo mais
  • 1:00 - 1:04
    dei-lhe várias hipóteses de mudar
  • 1:05 - 1:09
    tenho-me obrigado a estar com ele
  • 1:10 - 1:12
    mas já não consigo.
  • 1:13 - 1:15
    E a minha pergunta é:
  • 1:18 - 1:20
    Mesmo assim, tenho de continuar a tentar
    e mudá-lo,
  • 1:22 - 1:24
    e tentar ir ter com ele
  • 1:26 - 1:28
    por mais cansado que eu esteja?
  • 1:38 - 1:41
    Caro Thay, o nosso amigo diz que
  • 1:41 - 1:43
    tem muitas dificuldades com o pai.
  • 1:45 - 1:49
    Tem sido muito difícil
    para ele estar com o pai
  • 1:49 - 1:52
    e acha que agora chega a ser perigoso
  • 1:53 - 1:56
    e tem-se obrigado a ir ter com o pai
  • 1:56 - 1:59
    a dar ao pai muitas hipóteses de mudar,
  • 1:59 - 2:00
    de se transformar,
  • 2:00 - 2:04
    mas acha que não tem tido êxito.
  • 2:04 - 2:08
    Ele acha que já não consegue
    forçar-se a estar com o pai,
  • 2:08 - 2:13
    mas pergunta a Thay
    se deve continuar a tentar
  • 2:15 - 2:18
    levar o pai a transformar-se, a mudar
  • 2:20 - 2:25
    forçar-se a tentar
    ajudar o pai a mudar.
  • 2:30 - 2:33
    Para encontrar a resposta certa,
  • 2:33 - 2:36
    temos de observar primeiro,
  • 2:36 - 2:38
    observar mais profundamente,
  • 2:39 - 2:44
    para vermos a relação entre nós
    e a outra pessoa,
  • 2:48 - 2:51
    quer sejamos filho e pai,
  • 2:53 - 2:56
    ou filha e mãe,
  • 2:58 - 3:00
    ou parceiro e parceira.
  • 3:01 - 3:05
    E se tivermos dificuldades
    com a outra pessoa,
  • 3:05 - 3:08
    e se quisermos mudá-la,
  • 3:11 - 3:17
    a primeira coisa a fazer
    é observarmo-nos profundamente
  • 3:19 - 3:20
    e observarmos essa pessoa
  • 3:22 - 3:24
    para entendermos....
  • 3:24 - 3:27
    para vermos a relação, a ligação.
  • 3:29 - 3:31
    Habitualmente, achamos que...
  • 3:32 - 3:35
    a outra pessoa está fora de nós.
  • 3:39 - 3:42
    E essa não é a perspectiva correcta.
  • 3:44 - 3:45
    Neste caso,
  • 3:45 - 3:49
    achamos que o pai é exterior a nós
  • 3:50 - 3:53
    e que precisamos de mudar
    apenas o exterior e não o interior.
  • 3:57 - 4:00
    Precisamos de ver
    que o nosso pai está em nós.
  • 4:01 - 4:04
    O nosso pai está presente
    em cada célula do nosso corpo.
  • 4:04 - 4:06
    Temos o nosso pai em nós.
  • 4:07 - 4:11
    Nós somos a continuação
    do nosso pai.
  • 4:15 - 4:21
    E pode ser mais fácil para nós mudar
    primeiro o nosso pai dentro de nós.
  • 4:24 - 4:27
    E podemos fazer isso 24 horas por dia.
  • 4:27 - 4:30
    Não precisamos de ir ter com ele,
  • 4:30 - 4:33
    de falar com ele para o mudar.
  • 4:33 - 4:35
    A forma como respiramos,
    a forma como caminhamos,
  • 4:36 - 4:39
    pode mudá-lo dentro de nós.
  • 4:39 - 4:41
    Convidemo-lo a caminhar connosco,
  • 4:41 - 4:43
    a sentar-se connosco,
  • 4:44 - 4:45
    a sorrir connosco.
  • 4:46 - 4:49
    E então o pai dentro de nós mudará.
  • 4:49 - 4:55
    Senão, quando crescermos,
    vamos comportar-nos como ele agora.
  • 4:57 - 5:01
    Há muitas crianças que odeiam o pai,
  • 5:02 - 5:04
    que prometem que quando crescerem,
  • 5:04 - 5:09
    não agirão nem falarão como o pai.
  • 5:09 - 5:11
    Mas quando crescem,
  • 5:11 - 5:14
    agem exactamente como o pai.
  • 5:14 - 5:17
    E falam exactamente como o pai.
  • 5:20 - 5:25
    Isso tem acontecido muitas vezes, sempre.
  • 5:27 - 5:29
    Odeiam aquilo,
  • 5:29 - 5:30
    não querem fazer assim,
  • 5:30 - 5:32
    não querem falar assim,
  • 5:32 - 5:35
    e, contudo, acabam por proceder
    exactamente assim,
  • 5:36 - 5:38
    e por falar exactamente assim.
  • 5:38 - 5:44
    É a isto que no budismo chamamos
    "Samsara", andar em círculos.
  • 5:47 - 5:48
    Damos continuidade
    ao nosso pai
  • 5:48 - 5:51
    não só fisicamente,
  • 5:51 - 5:54
    mas também com o nosso modo de viver.
  • 5:55 - 5:59
    É por isso que, quando encontramos
    o Buddhadharma,
  • 5:59 - 6:00
    temos uma oportunidade.
  • 6:01 - 6:04
    Temos de mudar primeiro
    o nosso pai dentro de nós.
  • 6:07 - 6:10
    E quando conseguimos
  • 6:10 - 6:12
    mudar o pai dentro de nós,
  • 6:12 - 6:14
    ele não passará novamente ao Samsara.
  • 6:15 - 6:19
    Não transmitiremos
    esse tipo de hábito aos nossos filhos.
  • 6:20 - 6:24
    Pomos um fim à roda do Samsara,
    sempre a girar....
  • 6:27 - 6:28
    reciclar...
  • 6:31 - 6:32
    reciclando...
  • 6:34 - 6:37
    E quando o pai dentro de nós
    se transforma,
  • 6:37 - 6:42
    a transformação do pai
    exterior será muito mais fácil.
  • 6:43 - 6:45
    Esta é a minha experiência.
  • 6:51 - 6:55
    Conheço monges que são difíceis.
  • 6:55 - 6:58
    .
  • 6:59 - 7:02
    São altos dignitários na igreja,
    na igreja budista.
  • 7:10 - 7:12
    São muito conservadores...
  • 7:14 - 7:15
    ... conservadores...
  • 7:16 - 7:20
    Não permitem que
    aconteça transformação na...
  • 7:23 - 7:24
    na comunidade.
  • 7:25 - 7:29
    Como sabem, para servir a sociedade,
  • 7:29 - 7:33
    há que renovar a nossa comunidade.
  • 7:33 - 7:36
    Quer a nossa comunidade seja a cristã
  • 7:37 - 7:42
    ou a budista ou a islâmica
    ou a judaica, certo?
  • 7:43 - 7:47
    E há enorme vontade em muitos de nós
    de renovar a nossa tradição,
  • 7:47 - 7:52
    de melhor servir a nossa sociedade
    e os seres humanos, certo?
  • 7:52 - 7:56
    Mas há muitos
    elementos conservadores na igreja.
  • 7:56 - 8:00
    Isto também se aplica ao meu caso.
  • 8:03 - 8:06
    Mas apercebi-me disto muito cedo.
    E disse:
  • 8:06 - 8:08
    Temos...
  • 8:09 - 8:11
    Eles estão em nós.
  • 8:11 - 8:14
    Temos de nos mudar a nós mesmos antes.
  • 8:18 - 8:21
    Portanto, se for um parceiro,
  • 8:23 - 8:26
    com uma parceira que não muda,
  • 8:26 - 8:31
    não pense que a sua parceira
    é apenas uma pessoa exterior a si.
  • 8:31 - 8:34
    A sua parceira está dentro de si.
  • 8:35 - 8:39
    Mesmo que se tenha divorciado dela.
  • 8:43 - 8:46
    Ontem colocaram-me uma pergunta:
  • 8:47 - 8:56
    "Podemos reconciliar-nos, começar de novo
    com a pessoa de quem nos divorciamos?"
  • 8:57 - 9:03
    E é exactamente a esta pergunta
    que temos de responder.
  • 9:04 - 9:05
    Porque mesmo...
  • 9:07 - 9:10
    Começamos por acreditar
    que depois do divórcio,
  • 9:10 - 9:14
    podemos passar a ser nós mesmo de novo,
  • 9:14 - 9:18
    e tirar a outra pessoa
    de dentro de nós completamente.
  • 9:20 - 9:21
    Isso é um erro.
  • 9:21 - 9:22
    .
  • 9:22 - 9:27
    É impossível retirá-la de dentro de vocês.
  • 9:27 - 9:30
    É impossível retirá-lo de dentro de vocês.
  • 9:31 - 9:32
    Totalmente impossível!
  • 9:36 - 9:40
    Por isso, antes de tentarem fazer
    algo com a pessoa exterior,
  • 9:41 - 9:45
    tentem ajudá-la a transformar-se
    no vosso interior.
  • 9:45 - 9:49
    Tentem ajudá-lo a transformar-se
    no vosso interior.
  • 9:53 - 9:54
    E...
  • 9:54 - 9:56
    com esta prática,
  • 9:57 - 10:00
    podemos ter êxito
    na nossa própria transformação
  • 10:03 - 10:05
    e tornarmo-nos num modelo.
  • 10:05 - 10:07
    Surgimos renovados.
  • 10:07 - 10:12
    O nosso modo de ser é exactamente
    o modo que queremos ver nele.
  • 10:14 - 10:18
    Ao falar, ao agir, ao viver
  • 10:20 - 10:22
    começamos a mudá-lo.
  • 10:23 - 10:26
    Não o mudamos com palavras
  • 10:26 - 10:29
    o mais certo é as palavras não
    conseguirem mudá-lo.
  • 10:31 - 10:36
    Mas o nosso modo de reagir,
    o nosso modo de agir, reagir,
  • 10:37 - 10:40
    o nosso modo de responder,
  • 10:40 - 10:43
    ajudarão a mudar essa pessoa.
  • 10:44 - 10:47
    Porque ele também tem inteligência,
  • 10:48 - 10:51
    e consegue aperceber-se disso.
  • 10:54 - 10:55
    E...
  • 10:56 - 10:57
    Sabem que...
  • 10:57 - 11:01
    para ter êxito no trabalho
    de nos mudarmos,
  • 11:01 - 11:03
    e de mudar a outra pessoa,
  • 11:03 - 11:07
    também precisamos de uma Sangha,
    precisamos de amigos para nos apoiarem.
  • 11:13 - 11:16
    É por isso que temos de
    tomar refúgio na Sangha.
  • 11:16 - 11:21
    Temos de saber como usar sabiamente
    a energia colectiva da Sangha
  • 11:21 - 11:24
    para apoiar a nossa transformação e cura
  • 11:24 - 11:27
    e para nos ajudar
    a transformar a outra pessoa.
  • 11:27 - 11:30
    Não tenham pressa de
    transformar rapidamente o outro.
  • 11:33 - 11:36
    Primeiro, temos de o aceitar tal como é.
  • 11:36 - 11:40
    Primeiro, temos de a aceitar tal como é.
  • 11:40 - 11:44
    Depois desta aceitação,
    começam logo a sentir-se muito melhor.
  • 11:45 - 11:48
    E começam a mudá-lo dentro de vocês.
  • 11:48 - 11:50
    Esta é uma prática muito profunda.
  • 11:51 - 11:55
    E como o nosso amigo tem vindo
    a Plum Village todos os anos
  • 11:55 - 11:59
    e tem praticado connosco
    desde que era pequenino,
  • 11:59 - 12:01
    acredito que vai conseguir.
  • 12:01 - 12:04
    E vamos tentar ajudá-lo a conseguir.
  • 12:07 - 12:08
    Nunca percamos a esperança.
  • 12:09 - 12:10
    E...
  • 12:11 - 12:13
    a maneira de nunca perdermos a esperança,
  • 12:13 - 12:18
    é progredirmos todos os dias,
    pela prática, pela prática diária.
  • 12:20 - 12:22
    Obrigado por esta pergunta.
  • 12:22 - 12:24
    É uma boa pergunta.
  • 12:26 - 12:28
    ligue-se, inspire-se, nutra-se
Title:
O meu pai faz-me sofrer muito. Devo continuar a vê-lo?
Description:

more » « less
Video Language:
English
Duration:
13:05

Portuguese subtitles

Revisions