A minha história, de filha do submundo gangue a professora famosa
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0:02 - 0:04Eu cresci no leste de Los Angeles,
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0:04 - 0:06sem mesmo perceber que era pobre.
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0:06 - 0:10O meu pai era membro de um gangue,
altamente colocado, que controlava as ruas. -
0:10 - 0:11Toda a gente sabia quem eu era,
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0:11 - 0:15portanto, eu pensava que era alguém
importante e que estava protegida -
0:15 - 0:18e, embora o meu pai passasse a maior parte da minha vida
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0:18 - 0:19a entrar e a sair da cadeia,
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0:19 - 0:24eu tinha uma mãe maravilhosa que
era extremamente independente. -
0:24 - 0:25Ela trabalhava na escola secundária local
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0:25 - 0:28como secretária, no escritório do diretor,
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0:28 - 0:30por isso, tinha de ver todos os alunos que
eram expulsos das aulas -
0:30 - 0:33que, por uma razão ou outra,
esperavam castigo. -
0:33 - 0:37O seu escritório estava sempre lotado.
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0:37 - 0:41Portanto, vejam, crianças como nós,
nós temos de lidar com um monte de coisas -
0:41 - 0:42fora da escola,
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0:42 - 0:45e, por vezes, não estamos simplesmente
preparadas para nos concentrarmos. -
0:45 - 0:48Mas isso não significa que não podemos.
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0:48 - 0:50Só demora um pouco mais.
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0:50 - 0:53Por exemplo, lembro-me de,
um dia, ter encontrado o meu pai -
0:53 - 0:55a convulsar, espumando pela boca,
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0:55 - 0:57em plena ,
no chão da casa de banho. -
0:57 - 1:00Realmente, acham que fazer os
trabalhos de casa, naquela noite, -
1:00 - 1:02estava no topo da minha lista de prioridades?
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1:02 - 1:04Não mesmo.
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1:04 - 1:07Mas eu precisava, realmente,
de um grupo de apoio, -
1:07 - 1:09de um grupo de pessoas que me ajudasse
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1:09 - 1:12a garantir que eu não ia ser
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1:12 - 1:14uma vítima da minha própria circunstância,
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1:14 - 1:16que me empurrasse
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1:16 - 1:18além do que, até eu,
tinha pensado ser capaz. -
1:18 - 1:22Eu precisava de professores,
na sala de aula, todos os dias, -
1:22 - 1:26que me dissessem:
"Tu consegues ir mais além." -
1:26 - 1:29Mas, infelizmente, a escola secundária local
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1:29 - 1:31não me ia oferecer isso.
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1:31 - 1:35Estava infestada de gangues,
elevada taxa de rotatividade de professores. -
1:35 - 1:38Então, a minha mãe disse:
"Vais apanhar o autocarro -
1:38 - 1:43"para ires, a uma hora e meia de distância
de onde vivemos, todos os dias." -
1:43 - 1:46Então, durante os dois anos seguintes,
foi o que fiz. -
1:46 - 1:50Apanhava o autocarro escolar
até ao lado chique da cidade. -
1:50 - 1:53E, por fim, acabava por chegar a uma escola
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1:53 - 1:55onde havia uma mistura.
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1:55 - 1:57Existiam alunos que eram, efetivamente,
membros de gangues -
1:57 - 1:59e, depois, aqueles, como nós,
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1:59 - 2:01que, realmente, tentavam chegar
ao ensino secundário. -
2:01 - 2:04Bem, evitar problemas era obrigatório.
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2:04 - 2:06Tínhamos de sobreviver.
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2:06 - 2:09Por vezes, tínhamos de fazer certas coisas.
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2:09 - 2:11Por isso, muitos professores diziam:
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2:11 - 2:12"Ela nunca vai conseguir.
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2:12 - 2:14"Ela tem um problema com a autoridade.
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2:14 - 2:16"Ela não vai a lado nenhum."
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2:16 - 2:20Alguns professores consideravam-me uma
causa completamente perdida. -
2:20 - 2:23Mas depois, ficaram muito surpreendidos
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2:23 - 2:26quando acabei o ensino secundário.
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2:26 - 2:29Fui aceite na Universidade de Pepperdine
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2:29 - 2:32e voltei à mesma escola que tinha frequentado
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2:32 - 2:34para ser Assistente de Educação Especial.
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2:34 - 2:38Então, disse-lhes:
"Eu quero ser professora." -
2:38 - 2:42E eles ficaram:
"O quê? Porquê? -
2:42 - 2:43"Porque é que queres fazer isso?"
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2:43 - 2:45Então, iniciei a minha carreira
como professora, -
2:45 - 2:49exatamente na mesma escola básica
que tinha frequentado, -
2:49 - 2:52eu queria mesmo
tentar salvar mais crianças -
2:52 - 2:55que eram exatamente como eu.
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2:55 - 2:58E por isso, todos os anos, eu partilho
o meu passado com os meus alunos, -
2:58 - 3:01porque eles precisam saber que
toda a gente tem uma história, -
3:01 - 3:03toda a gente tem dificuldades
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3:03 - 3:07e toda a gente precisa de ajuda
ao longo do caminho. -
3:07 - 3:11E eu vou ser a sua ajuda
ao longo desse caminho. -
3:11 - 3:17Então, enquanto professora caloira,
eu criei "oportunidade". -
3:17 - 3:20Um dia, um aluno chegou à minha aula,
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3:20 - 3:23depois de ter sido esfaqueado
na noite anterior. -
3:23 - 3:25Eu reagi:
"Precisas de ir ao hospital, -
3:25 - 3:29"à enfermaria da escola, a algum lado."
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3:29 - 3:31Ele respondeu:
"Não professora. Eu não vou. -
3:31 - 3:34"Eu preciso de estar na aula porque eu
tenho de obter o diploma." -
3:34 - 3:37Ele sabia que eu não ia deixá-lo ser
uma vítima -
3:37 - 3:39da sua circunstância,
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3:39 - 3:43mas que iríamos avançar e
continuar a seguir em frente. -
3:43 - 3:47Esta ideia de criar um porto seguro
para as nossas crianças -
3:47 - 3:51e saber, exatamente,
o que elas estão a passar, -
3:51 - 3:54conhecer as suas famílias — eu queria isso,
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3:54 - 4:00mas eu não o conseguia fazer
numa escola de 1 600 alunos, -
4:00 - 4:03e professores a saírem
ano após ano, após ano. -
4:03 - 4:07Como é que se constroem
esses relacionamentos? -
4:07 - 4:11Então, criámos uma nova escola.
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4:11 - 4:12Criámos
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4:12 - 4:16o San Fernando Institute
for Applied Media. -
4:16 - 4:19Assegurámo-nos que ainda estávamos vinculados
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4:19 - 4:23ao nosso distrito escolar
para financiamento, para apoio. -
4:23 - 4:26Mas, com isso, iríamos ganhar liberdade:
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4:26 - 4:29liberdade para contratar os professores
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4:29 - 4:32que sabíamos que seriam eficientes;
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4:32 - 4:35liberdade para controlar o currículo
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4:35 - 4:40de forma a não seguirmos
a lição 1.2 na página cinco, não; -
4:40 - 4:43e liberdade para controlar o orçamento,
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4:43 - 4:46para gastar dinheiro onde importa,
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4:46 - 4:50não onde um distrito ou um estado
nos impõe. -
4:50 - 4:52Nós queríamos essas liberdades.
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4:52 - 4:55Mas agora, alterar todo o modelo/paradigma,
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4:55 - 4:59não tem sido um percurso fácil,
nem está mesmo concluído. -
4:59 - 5:01Mas tínhamos de o fazer.
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5:01 - 5:05A nossa comunidade merecia
uma nova forma de fazer as coisas. -
5:05 - 5:09E, como primeira escola secundária piloto,
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5:09 - 5:12em todo o distrito escolar de Los Angeles,
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5:12 - 5:15podem acreditar que houve alguma resistência.
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5:15 - 5:17Resultante do medo —
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5:17 - 5:20— medo de, bem, e se eles falharem?
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5:20 - 5:23Sim, e se falhássemos?
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5:23 - 5:25Mas, e se acertássemos?
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5:25 - 5:27E acertámos.
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5:27 - 5:30Então, embora os professores estivessem contra,
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5:30 - 5:32por utilizarmos contratos anuais —
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5:32 - 5:36tu não consegues ensinar,
ou tu não queres ensinar, -
5:36 - 5:39não tens lugar na minha escola,
com os meus alunos. -
5:39 - 5:46(Aplausos)
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5:46 - 5:50Então, no nosso terceiro ano,
onde nos encontramos? -
5:50 - 5:53Bem, fazemos com que valha a pena
vir à escola, todos os dias. -
5:53 - 5:56Fazemos com que os nossos alunos
sintam que são importantes para nós. -
5:56 - 6:00Fazemos o nosso currículo
rigoroso e relevante para eles, -
6:00 - 6:02e eles utilizam toda a tecnologia com que estão familiarizados.
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6:02 - 6:05Portáteis, computadores, tablets — nomeiem, eles têm.
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6:05 - 6:09Animação, , de edição de vídeo,
eles têm tudo isso. -
6:09 - 6:13E porque os relacionamos com aquilo
que eles estão a fazer, -
6:13 - 6:16por exemplo, eles criaram anúncios
de interesse público -
6:16 - 6:18para a Cancer Society.
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6:18 - 6:21Estes passaram na rede local de elétricos.
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6:21 - 6:23Ensinar elementos de persuasão,
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6:23 - 6:26não há nada mais real do que isso.
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6:26 - 6:28Os nossos resultados,
nos exames estatais, subiram -
6:28 - 6:30mais de 80 pontos, desde que nos tornámos na nossa própria escola.
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6:31 - 6:34Mas, para isso, foi necessário que todos os interessados trabalhassem juntos —
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6:34 - 6:37professores e diretores,
com contratos anuais, -
6:37 - 6:41a trabalhar para além das horas contratadas,
-
6:41 - 6:44sem compensação remuneratória.
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6:44 - 6:46E é necessário que um membro da Direção
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6:46 - 6:48exerça influência a nosso favor e diga:
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6:48 - 6:50"Sabem, o distrito está a tentar impor isto,
-
6:50 - 6:54"mas vocês têm a liberdade
de o fazer de outra forma." -
6:54 - 6:56E é necessária uma Associação de Pais ativa
-
6:56 - 7:00que não esteja apenas ali,
a marcar presença todos os dias, -
7:00 - 7:03mas que faça parte de nossa direção
-
7:03 - 7:08tomando decisões para as suas crianças,
nossas crianças. -
7:08 - 7:11Porque, porque é que os nossos alunos
têm de se deslocar -
7:11 - 7:13para tão longe de onde vivem?
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7:13 - 7:17Eles merecem uma escola de qualidade
na sua vizinhança, -
7:17 - 7:21uma escola de que eles se possam
orgulhar de frequentar -
7:21 - 7:24e uma escola de que a comunidade
também se possa orgulhar, -
7:24 - 7:28e eles precisam de professores que
lutem por eles, todos os dias, -
7:28 - 7:34e que os capacitem para irem além
das suas circunstâncias. -
7:34 - 7:36Porque, chegou o momento de crianças como eu,
-
7:36 - 7:41deixarem de ser a exceção e passarem a ser a norma.
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7:41 - 7:42Obrigada.
-
7:42 - 7:47(Aplausos)
- Title:
- A minha história, de filha do submundo gangue a professora famosa
- Speaker:
- Pearl Arredondo
- Description:
-
Pearl Arredondo cresceu no leste de Los Angeles, filha de um membro de um gangue, altamente colocado, que entrava e saía da cadeia constantemente. Muitos professores julgaram-na uma causa perdida, propensa a problemas com a autoridade. Agora, ela própria professora, está a criar um novo conceito de escola e a contar aos alunos a sua história de vida, para que eles saibam que não há problema, se, por vezes, fazer os trabalhos de casa não for a primeira coisa nas suas mentes.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 08:03
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Christof Pereira edited Portuguese subtitles for My story, from gangland daughter to star teacher | |
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Ana Enes declined Portuguese subtitles for My story, from gangland daughter to star teacher | |
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Ana Enes edited Portuguese subtitles for My story, from gangland daughter to star teacher | |
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Ana Enes edited Portuguese subtitles for My story, from gangland daughter to star teacher |
Jeff Caponero
Fiz apenas algumas alterações. Bom trabalho.