Como as invenções mudam a história (para melhor ou para pior) - Kenneth C. Davis
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0:16 - 0:19Esta é a história de uma invenção que mudou o mundo.
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0:19 - 0:23Imagine uma máquina que reduzisse as horas de trabalho, de 10 para 1 hora.
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0:23 - 0:28Uma máquina tão eficiente, que deixasse as pessoas livres para outros afazeres.
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0:28 - 0:30Meio como quando surgiu o computador pessoal.
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0:30 - 0:33Mas a máquina da qual vou falar não fez nada disso.
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0:33 - 0:37Na verdade, conseguiu fazer o oposto.
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0:37 - 0:44No fim do século XVIII, quando os EUA começavam a se estabelecer como república, com uma Constituição nova,
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0:44 - 0:49a escravidão era triste realidade na vida dos americanos.
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0:49 - 0:54George Washington e Thomas Jefferson tinham escravos quando se tornaram presidentes,
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0:54 - 1:01cientes de que essa situação contradizia os ideais e princípios pelos quais eles lutaram numa revolução.
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1:01 - 1:07Mas ambos acreditavam que a escravidão teria fim com a chegada do século XIX.
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1:07 - 1:11Eles estavam, é claro, terrivelmente enganados.
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1:11 - 1:13O motivo foi uma invenção,
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1:13 - 1:16uma máquina da qual você provavelmente já ouviu falar no ensino fundamental:
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1:16 - 1:19a máquina descaroçadora de algodão, do Sr. Eli Whitney.
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1:19 - 1:26Whitney, de 28 anos, formado pela universidade de Yale, tinha chegado à Carolina do Sul, em 1793, para trabalhar como professor.
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1:26 - 1:31Supostamente, os produtores locais lhe contaram sobre a dificuldade para limpar o algodão.
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1:31 - 1:36Separar sementes das fibras de algodão era maçante e levava muito tempo.
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1:36 - 1:40Fazendo isso manualmente, um escravo conseguia limpar menos de 500g por dia.
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1:40 - 1:43Mas a Revolução Industrial estava a caminho,
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1:43 - 1:45e a demanda estava crescendo.
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1:45 - 1:51Grandes fábricas na Grã-Bretanha e na região da Nova Inglaterra estavam ávidas por algodão, para produção de tecido em larga escala.
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1:51 - 1:58Quando soube dessa dificuldade, Whitney teve um "momento eureka", e inventou a descaroçadora de algodão.
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1:58 - 2:04Na verdade, a máquina descaroçadora de algodão já existia havia séculos, em versões menores e ineficientes.
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2:04 - 2:12Em 1794, Whitney simplesmente aperfeiçoou modelos já existentes e depois patenteou sua "invenção":
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2:12 - 2:18uma pequena máquina que, por meio de um jogo de cilindros, separava as sementes das fibras de forma mecânica,
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2:18 - 2:19com o auxílio de uma manivela.
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2:19 - 2:27Com ela, um único trabalhador podia, enfim, limpar cerca de 294 quilos de algodão, em média, por dia.
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2:27 - 2:33Em 1790, cerca de 3.000 fardos de algodão eram produzidos nos EUA a cada ano.
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2:33 - 2:36Um fardo equivalia a cerca 226 quilos.
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2:36 - 2:40Até 1801, com a difusão dessa máquina,
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2:40 - 2:44a produção de algodão cresceu para 100.000 fardos por ano.
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2:44 - 2:47Após a destruição trazida pela guerra de 1812,
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2:47 - 2:52a produção chegou a 400.000 fardos por ano.
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2:52 - 2:57Enquanto os EUA se expandiam pelas terras adquiridas com a compra da Louisiana, em 1803,
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2:57 - 3:03a produção anual disparou para 4 milhões de fardos. O algodão era o rei.
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3:03 - 3:08Ele chegou a valer mais que todos os outros produtos americanos juntos,
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3:08 - 3:12cerca de 3/5 do produto interno bruto dos EUA.
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3:12 - 3:17Mas ao invés de reduzir a carga de trabalho, a máquina descaroçadora a aumentou,
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3:17 - 3:21uma vez que eram necessários mais escravos para plantar e colher o rei algodão.
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3:21 - 3:28A máquina e a demanda das fábricas da Inglaterra e do nordeste dos EUA redefiniram os rumos da escravatura nos EUA.
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3:28 - 3:35Em 1790, o primeiro censo oficial dos EUA registrou aproximadamente 700.000 escravos.
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3:35 - 3:40Até 1810, dois anos após o tráfico de escravos tornar-se proibido nos EUA,
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3:40 - 3:43esse número havia subido para mais de um milhão.
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3:43 - 3:50Ao longo dos 50 anos seguintes, esse número disparou para aproximadamente 4 milhões de escravos, em 1860,
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3:50 - 3:53às vésperas da Guerra Civil.
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3:56 - 4:00Quanto a Whitney, ele teve o destino de qualquer inventor.
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4:00 - 4:06Apesar da patente que obteve, outros produtores facilmente copiaram sua máquina, ou a aperfeiçoaram.
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4:06 - 4:09Digamos que sua invenção foi plagiada.
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4:09 - 4:14Whitney fez pouquíssimo dinheiro com a máquina que transformara os EUA.
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4:14 - 4:17Partamos para uma visão mais macro e para questões maiores.
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4:17 - 4:20Qual é a lição da descaroçadora de algodão?
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4:20 - 4:24A história nos mostra que invenções podem ser espadas de dois gumes.
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4:24 - 4:27Geralmente acarretam consequências não esperadas.
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4:27 - 4:34As fábricas da Revolução Industrial estimularam a inovação e o crescimento rápido da economia dos EUA,
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4:34 - 4:37mas também se beneficiaram do trabalho infantil,
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4:37 - 4:43e foram palco de tragédias como o incêndio da Triangle Shirtwaist, que matou mais de 100 mulheres, em 1911.
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4:45 - 4:48Fraldas descartáveis tornaram mais fácil a vida dos pais,
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4:48 - 4:51mas acabaram com os serviços de entrega de fraldas.
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4:51 - 4:55Queremos aterros sanitários atolados de fraldas?
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4:55 - 5:01É claro que a extraordinária equação de Einstein abriu um universo de possibilidades.
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5:01 - 5:04Mas e se uma delas for Hiroshima?
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- Como as invenções mudam a história (para melhor ou para pior) - Kenneth C. Davis
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Assista à lição completa: http://ed.ted.com/lessons/how-inventions-change-history-for-better-and-for-worse-kenneth-c-davis
Inventada em 1793,a máquina descaroçadora de algodão mudou a história para o bem e para o mal. Possibilitando que 1 trabalhador do campo fizesse o trabalho de 10, ela fortaleceu uma nova indústria que trouxe riqueza e poder ao sul dos EUA -- mas, tragicamente, também multiplicou e prolongou o trabalho escravo. Kenneth C. Davis enaltece a inovação, enquanto nos alerta sobre as consequências não esperadas.
Lição de Kenneth C. Davis, animação de Sunni Brown.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
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- TED-Ed
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- 05:15
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