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verão de 1953
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Henry Molaison não é um homem que está bem
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A queda, quando criança, danificou o seu cérebro de forma irreparável
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- Peguei você
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- Bem, o que é isto?
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- Hmm, deve ser algo...
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- Oh, Henry
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O acidente o deixou com epilepsia severa
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Por volta do fim de seus vinte anos ele está tendo cerca de dez episódios por dia
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Ele não pode viver sozinho
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não pode dirigir
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Os ataques podem ser fatais a qualquer momento
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- Mike, Mike! Onde está você?
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- A atividade elétrica normal do cérebro ocorre em padrões regulares como estes
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- Mas durante uma convulsão ritmos anormais inundam o cérebro
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- Usando as próprias vias de comunicação do cérebro
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- O resultado é que o cérebro perde o controle do seu corpo
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- E isto pode resultar em convulsões crônicas, perda de memória de curto prazo
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- E em algumas circunstâncias, até a morte.
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O doutor William Beecher Scoville é uma autoridade em doenças do cérebro
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Mas Henry Molaison o deteve
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Ele tentou todas as drogas conhecidas para a epilepsia, mas nada funcionou.
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- Oh, Henry.
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- As ciências do cérebro hoje estão em sua infância
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- Mas nos anos 1950's não alcançava, praticamente, nem sua concepção
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- Tinha-se uma ideia aproximada sobre que área do cérebro era responsável por tal processo
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- mas o jeito que elas interagem ou trabalham juntas não eram conhecidos
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- Na verdade a maior parte do que era conhecido, só era conhecido
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- por causa de pessoas que sobreviveram a danos cerebrais.
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- E então tudo de novo que fosse tentado seria um passo no escuro.
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Scoville era um carismático buscador de riscos
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Para ajudar Molaison ele tinha uma ideia nova e radical
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- ...
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- Eu gostaria de tentar algo, Henry
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- Normalmente, quando há um curto circuito cerebral como o seu,
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- nós tiramos metade de uma região chamada Hipocampo
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- Mas o seu caso é tão severo que eu gostaria de tirar tudo.
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- Isto nunca foi feito antes, mas, eu acho que vai funcionar.
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- Pensava-se que algumas convulsões epilépticas poderiam ser causadas pelo excesso do neurotransmissor Glutamato no cérebro
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- Quando há muito glutamato, um excesso de cálcio é liberado e dentro do cérebro isto pode ser muito perigoso.
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- O hipocampo gera Glutamato, e removê-lo deveria diminuir os níveis de Cálcio e reduzir a frequência das convulsões.
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- Hmm, eu não sei Dr., parece ser meio arriscado
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- A vida é arriscada Henry. Para ser honesto, tem uma vida...
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- Bob!
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- O que você tem a perder?
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- Scoville estava disposto a fazer esta cirurgia porque o seu paciente estava precisando desesperadamente
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- Ele tinha muitas e incontroláveis convulsões e uma qualidade de vida muito pequena
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- E ainda assim, ele estava brincando um pouco com a sorte pois ele não sabia o que poderia acontecer.
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Apesar de sua incerteza, Henry concorda com a cirurgia
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- ...
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Dr. Scoville queima todo o Hipocampo de Henry
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O tempo dirá se ele foi ousado ou imprudente
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- Em todos os novos procedimentos cirúrgicos há um elemento de risco
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- Mas há também uma primeira vez em que deve ser tentado em um paciente humano
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- Nos dias de hoje nós revisaríamos procedimentos como este através de conselhos de revisão institucional
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- mas na época de Scoville muito mais era deixado à critério do cirurgião
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Depois de alguns dias os sinais são bons
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- Bom dia Henry
- Hey. Nenhum episódio Dr.
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- Que ótimo, nada hoje, então.
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- Henry, esta é a Dra. Brenda Milner. Ela estará fazendo alguns testes com você hoje.
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- Prazer em conhecê-la. Ah, e você está trabalhando com o melhor de todos, sabia?
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- Dr. Scoville é um "Ás".
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- Aproveite o café da manhã, Henry.
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A epilepsia de Henry parecia estar curada
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- Então qual é o problema?
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- Apenas espere
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O Dr. Scoville não sabia o que o Hipocampo realmente fazia, na verdade ninguém sabia. A operação era puramente "tentativa e erro"
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O que ele sabia era que quanto menos do hipocampo, menos convulsões.
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- Bom dia
- Hey, tudo em ordem Dr.
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- Isto é Ótimo!
- Oi, eu sou Henry, é um prazer em conhecê-la
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- Viu o que quis dizer?
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A operação de Henry fez mais do que afetar a sua epilepsia
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As memórias de Henry de antes da operação não estavam danificadas de forma alguma
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- Nós fomos à Flórida. O papai e a mamãe dirigiram
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- Eu estava com a minha cabeça na janela, ouvindo o motor o caminho todo.
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- Que bom, agora o que se lembra de ontem?
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- Hmm, agora que eu estou pensando, não muito. Hmm
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Mas ele não pode criar novas memórias de forma alguma
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- E sobre esta manhã?
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- Ahm, eu não lembro
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- Henry, me diga o que você acabou de almoçar
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Henry Molaison é uma vítima trágica e um milagre científico.
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Algo aconteceu de errado com a cirurgia radical de Henry para tratar sua epilepsia
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- Henry, esta é a Dra. Brenda Milner
- Prazer em conhecê-la
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- Prazer em conhecê-la
- Prazer em conhecê-la
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- Prazer em conhecê-la
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A memória do Henry está quebrada
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Mas a sua condição poderia fornecer insights únicos sobre o funcionamento do cérebro humano
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- Nós podemos fazer experimentos com o cérebro de camundongos como quisermos
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- Mas um camundongo não pode nos dizer o que ele está pensando ou sentindo
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- Então a verdade inconfortável é Henry era um deus para a pesquisa sobre o cérebro
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- Olhando para o que ele poderia ou não fazer, eles poderiam descobrir como a memória funciona
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- Ok Henry, eu quero que você se lembre do numero "273", você pode fazer isto?
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- tá, "273"
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- Certo, eu voltarei em quinze minutos.
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- Não se esqueça: "2,7,3"
- aham
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Os médicos estão fascinados sobre o que ele pode recordar ou não
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- E o número é?
- "273"
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- Certo! Como você lembrou?
- Eu apenas fiquei pensando nele
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- Isto é maravilhoso!
- Desculpe-me, Nos conhecemos? Sou Henry Molaison
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- Então o que podemos dizer..
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A condição de Henry transformou o entendimento sobre a memória
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A nossa impressão imediata de "momento-momento" do mundo é gravada na memória de curto prazo
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Mas a memória de curto prazo é "aflita". Para continuar no cérebro ela precisa ser transferida
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para a memória de longo prazo. Uma forma de evocá-la no futuro.
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- Nós sabemos agora, graças ao Henry, que o hipocampo é crucial na formação de novas memórias de longo prazo
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- Ele pega as memórias sobre o que está acontecendo agora e as transforma
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- em memórias que podem ser evocadas da semana passada, ou do ano passado.
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- Elas não ficam armazenadas no hipocampo, mas ele é fundamental para criá-las.
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Henry tornou-se o paciente mais famoso na neurociência
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Um homem aprisionado no presente.
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- Então, me diga o que você se lembra do seu último ataque
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Mas para o Dr. Scoville a vida segue em frente
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Ele também precisa aprender a esquecer
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- A cirurgia do Dr. Scoville o fez famoso mundialmente
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- Mas sabemos de alguns de seus colegas que ele se sentiu culpado sobre a destruição que ele criou
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- Há um custo em ser o primeiro. É um custo que alguém tem que descobrir.
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Algumas pessoas vão trabalhar com Henry por mais de quarenta anos
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- Bom dia, eu sou a Dra. Milner
- Bom dia.
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Toda manhã eles teriam que se apresentar para Henry pela primeira vez
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- Oh, isto parece ser bastante interessante
- Ah e... Eu sou Henry, prazer em conhecê-la, onde está o Dr. Scoville?
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- Hmm, eu gostaria de trabalhar hoje com você hoje, tudo bem Henry? Eu vou pedir para você pegar um lápis
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- E eu apenas gostaria que você contornasse a estrela fazendo o melhor possível, ok?
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- Certo
- E eu vou fazer algumas anotações, certo?
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- Desenhar uma linha enquanto se está olhando sua mão no espelho é uma tarefa totalmente intuitiva
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- ninguém pode realizar esta tarefa e fazê-la de primeira. O que se precisa é de pática
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- Oi, eu sou a Dra. Milner.
- Bom dia
- Você poderia sentar aqui?
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Henry não tem ideia de que ele tentou fazer isto antes
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- Oh, eu sou Henry Molaison
- Oi
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- Hmm, o que é que temos aqui?
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A sua memória defeituosa não o deixa lembrar das suas diversas tentativas anteriores
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E ainda assim, a cada vez as suas habilidades são melhoradas
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O seu corpo lembra-se do que a sua mente não pode lembrar
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- "Oche, isso foi fácil demais" (Bem, isto foi meio fácil.)
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Henry revela que o nosso entendimento sobre a memória é desesperadamente simplista
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- Não há apenas um tipo de memória, há no mínimo dois: a memória "procedural" e a declarativa.
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- A declarativa são as coisas que você "lembra ao lembrar". Os lugares em que você foi, as coisas que você disse para as pessoas
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- Mas a memória "procedural" nos permite concluir tarefas, tarefas físicas, como dirigir um carro
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ou andar de bicicleta. Você pode dirigir um carro e ter uma conversa com alguma pessoa
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E quando você chegar ao seu destino você vai lembrar da conversa, e isto é a memória declarativa
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mas você não lembrará de tudo o que foi necessário para operar o veículo e chegar ao seu destino
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e isto é a memória "procedural"
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- Oi, eu sou Henry
- Oi Henry.
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Uma vez que ele aprendeu uma nova habilidade, até anos depois Henry nunca a esqueceu
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- E agora, o que você tem aqui?
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- Nós podemos dizer que o azar do Henry foi a nossa sorte
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- Através dele nós aprendemos sobre coisas como a memória declarativa e a "procedural"
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- E nós aprendemos a sua importância na luta contra doenças como a demência e o Alzheimer
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- Se você tivesse conhecido o Henry ele não lembraria de você
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- Mas nós nunca vamos esquecer da contribuição dele para a ciência
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- terminei
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Mas todo dia Henry acorda como o mesmo homem de 27 anos que teve uma cirurgia radical
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- Olá Dr. Scoville?
- Hey Dr. o senhor está aí?
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Ele se lembra do seu aniversário de 27 anos, mas não o de 50
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Ou mesmo o de 70 anos.
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- O que é isto?
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A verdade tem que ser escondida dele
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Os seus 27 anos de memória estão presos num corpo de um idoso
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- Dr. Scoville!
- Hey Dr.!
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- Henry, Henry, você não deveria estar aqui. Não se preocupe, venha aqui.
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- E ouça Henry, não se preocupe, eu prometo, amanhã vai estar tudo bem, ok?
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Henry Molaison morreu no dia 2 de Dezembro de 2008 de uma parada respiratória. Ele tinha 82 anos.
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Em 2009, o seu cérebro foi fatiado e "escaneado" no computador, como o primeiro a ser apresentado no novo observatório do cérebro na Universidade de San Diego.
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Quando o Dr. Scoville morreu aos 78 anos, ele era professor Emérito de Psicologia Clínica em Yale
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Presidente da Academia Americana de Cirurgia Neurológica, e presidente da Federação Mundial de Ciências Neurológicas.