Estereótipos: engraçados porque são verdades | Katerina Vrana | TEDxThessaloniki

A comediante de "stand-up", Katerina Vrana, fala sobre estereótipos e nos faz acreditar que a razão deles serem engraçados é porque são verdade. Essa apresentação de 16 minutos tem de tudo: humor, verdades inconvenientes, segredos de família e os planos da atriz para dominar o mundo. Uma coisa é certa: você vai rir de verdade.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Olá, meu nome é Katerina Vrana.

Eu sou grega/ e moro
no Reino Unido, em Londres.

Sou comediante de "stand-up".

Até onde vai o poder de criar,
eu sou comediante de stand-up.

Eu tenho dois irmãos:
um de 30 e um de 14 anos.

O de 30 é baterista e fotógrafo.

Ele é o baterista da banda
que vai fazer o encerramento

do TEDxThessaloniki deste ano.

Nosso pais gregos estão muito orgulhosos
das carreiras que escolhemos.

Tipo: "Quando vão ganhar dinheiro?"
"Nunca."

Meu irmão de 14 anos quer ser advogado.

Estou torcendo para ele.

Ah, e meu cabelo...

Meu cabelo é assim mesmo.
Sempre foi, certo?

Não tem o que discutir.

Na Grécia, este cabelo é normal.

É volumoso, mas não chama atenção.

No Reino Unido, se tornou uma atração.

(Risos)

As pessoas me param na rua,
pegam nele sem me pedir.

(Risos)

E os professores chamam
os alunos para fora da sala

e falam: "Vejam aquela mulher,
parece uma árvore!"

É muito irritante.

Eu moro no Reino Unido há dez anos...

Ah, e eu sou 100% grega.

Nasci aqui, fui criada aqui, meus pais
são gregos, toda minha família mora aqui.

Eu não tenho ideia
por que falo inglês desse jeito.

(Risos)

Não sei mesmo. Foi um lance de sorte.
O resto da minha família não fala assim.

Eles falam com sotaque grego.

(Risos)

Então eu perguntei a minha mãe:
"Por que meu sotaque é tão incrível?

E o resto da família soa
como um bando de estrangeiros?"

E minha mãe respondeu: "Querida,
quando você nasceu era muito feia".

(Risos)

Não aplaudam isso!

Seus cretinos!

Ela falou:

"Seu pai e eu achamos que você ia
precisar se destacar com línguas.

Eu queria francês e piano, seu pai
queria que aprendesse inglês".

"Sim, Katerina. Eu queria inglês."
Esse é o meu pai falando.

"E digo por quê: a realeza britânica
se casa com mulheres muito feias."

(Risos)

Não! William já é casado
e Harry tem cabelo vermelho.

E não tenho nada contra ruivos, certo?

Eu faria sexo com Harry,
sem problemas. Digo mesmo!

Eu só não faria no sol,
mas na sombra. Entende?

(Risos)

Se fizer sexo com Harry
no sol, ele pode explodir.

Não é uma boa ideia.

Então, como morei em Londres...

Como eu já disse, faz dez anos
que moro em Londres.

E o problema é que lá eu me sinto grega,
mas quando eu volto para casa

sinto que minha identidade mudou
e, de repente, passo a dizer coisas como:

"Por que os gregos não sabem
formar filas? Que droga!"

(Risos)

Eu tento equilibrar as coisas para não
me sentir uma forasteira nos dois países.

Uma das coisas que acho
mais cativante sobre os britânicos

é como eles ficam com raiva.

Eles nunca ficam!

Quando um britânico se chateia,
ele escreve uma carta muito séria:

"Caro senhor... lamento informar...
estou muito chateado!"

(Risos)

Um amigo britânico estava em um trem.

O trem parou no meio do nada,
entre duas estações,

e ficou parado por uma hora e meia.

Não explicaram o motivo,
só pediam desculpas.

Meu amigo me contou essa história
e disse: "Katerina, eu estava furioso.

Eu estava com tanta raiva
que fiquei tentado a reclamar".

(Risos)

Eu fiquei tipo: "O quê?"

(Aplausos)

Eu disse a ele: "Na Grécia,

não há cartas, não haveria nem trem".

Se manter os gregos presos num lugar
mais tempo que o necessário,

como no barco, na hora de desembarcar...

(Risos)

Se deixar os gregos presos nesse barco,

eles gritam: "Vão nos deixar
presos aqui como animais?

Vocês chamam isso de país europeu?
Isso não é Europa, como assim?"

(Risos) (Aplausos)

Esperem, tem muito mais.

Tem sempre alguém que fala:

"Cadê o gerente?
Quero falar com o gerente?"

"Por favor, senhor. Sente-se.
Você está histérico."

"Quem é você para me dizer
o que fazer? Quem é você?"

"Vá se foder!"
"Eu fodi sua mãe!"

Uau!

Leva cinco segundos
para chegar nesse nível.

Além disso, o "Fodi sua mãe!"
não faz sentido nenhum.

Tipo: "Eu fodi sua mãe!"
"Não, sério?"

(Risos)

"Que coincidência!

De todos os barcos em Attiki,
você entra no meu.

O filho da mulher que você está comendo.

Olá. Yannis, o filho.

Da mulher com quem você
está tendo relações carnais.

Prazer em conhecê-lo!"

Isso é meio...

Quem fala isso nunca é quem você quer.

Porque se Bill Gates dissesse
para mim: "Eu fodi sua mãe!",

eu diria: "Papai! Você chegou!"

"E vamos todos para Cannes
no meu jatinho."

Queria que os gregos maneirassem na raiva.

Aquele "Aarh" imediato que acontece.

Não espero que eles
sejam como os britânicos:

"Caro Senhor... lamento informar...
eu fodi sua mãe".

Só um pouco menos raivosos.

Outra coisa que adoro sobre o Reino Unido,

e sei que isso é estranho
para uma grega, é o clima.

Eu sei! Eu sei! Eu sei! Eu sei!

Uma pessoa dizendo: "Isso!
Diga mesmo! Chove muito!"

Eu tento explicar aos britânicos
que no resto do mundo

as nuvens têm uma função além da estética.

(Risos)

No Reino Unido as nuvens
chegam assim: "Oi. Aqui estamos.

Vamos ficar aqui por um tempo,
fazendo nada".

Em outros países as nuvens são sinal
de chuva, a água jorra do céu,

uma chuva tão forte que você não vê nada.

É tipo: "Cadê meu 'tzatziki'?"
"Com essa chuva? Vai saber."

A chuva dura duas horas,
depois para, o sol aparece e pronto.

No Reino Unido, o mesmo tanto
de água demora 24 horas para cair.

Porque lá a chuva é aquela neblina suave.

É como um gato mijando
na sua barraca para marcar território.

Sabe o que quero dizer?

É uma coisa muito leve,
chamada de chuvisco.

E isso é o que passei a amar.

Porque chuvisco é a chuva
com personalidade britânica.

(Risos)

É a chuva dizendo: "Sinto muito que estou
aqui. Não quero ficar no caminho.

Só vou passar por vocês.
Não vou molhar ninguém, prometo.

Finjam que não estou aqui.

Silêncio. Vão saber que estou aqui.
Você não entendeu. Eu te molhei?

Que desastre! Me desculpe.
Não tive a intenção.

Estou de passagem, só mais
cinco minutos. Prometo.

Me desculpem, 24 horas e ainda estou
por aqui. Está ficando estranho, não?

Eu não queria fazer isso.
Estou indo agora. De verdade.

Eu sou o Hugh Grant da umidade".

(Risos)

E meu cabelo absorve umidade.
Quando chuvisca meu cabelo faz "puf".

E tudo ao meu redor fica seco.

E eu pareço ter todos os quatro Jacksons
na cabeça. Porque ele está morto.

O negócio é que moro no Reino Unido...
Bom, eu fui para lá para atuar.

E foi quando descobri
que não sou grega o suficiente.

Eu ia para testes de personagens
gregos e mediterrâneos

só para descobrir que não pareço grega.

Eu traduzo isso para vocês: significa
que não tenho "monocelha" e bigode.

Irini Papa formou um estereótipo.

Eu costumo receber feedback dizendo:

"Procuramos alguém
parecida com Salma Hayek".

Ela é mexicana!

Eu fui para o teste do filme "Troia".
Vocês se lembram do filme "Troia"?

Eu fiz o teste para um dos papéis menores.
Uma escrava que só tinha uma fala.

E minha fala era:
"Mais frango, meu senhor?"

(Risos)

Eu fui muito bem e fiquei
entre as cinco finalistas.

Ficamos em fila, o diretor chegou e disse:

"Não, não, não. Você é
muito bonita para ser grega".

Eu disse: "Quem? Eu?"
"Você é muito bonita para ser grega."

"Muito bonita para ser grega?
Eu sou a única grega nesta sala."

(Risos)

Eu sou muito bonita para ser grega
num filme em que o guerreiro Aquiles

é interpretado pela porra do Brad Pitt!

(Risos)

Eu sou muito bonita para ser grega?!

Eu não consegui o papel.

Uma garota albanesa conseguiu.

Vão para lá, pegar nossos empregos.

(Risos)

Onde está Kaplani?

Mas atuar e fazer comédia são só passos

em meu plano para dominação global.

Acharei uma pose melhor que esta. Prometo.

Porque acho que sou grega.
Nós fizemos antes, posso fazer de novo.

Pode vir com tudo!

O mundo seria ótimo,
se as pessoas me escutassem.

Eu seria um pouco como Hitler,

mas com menos genocídio,
mais cabelo e ótimos sapatos.

Mais parecido com Dubai.

Vou usar uma coroa e um manto,
vou dar ordens e todos vão obedecer.

Vai ser maravilhoso!

Mas percebi recentemente que vou parecer
com uma professora de maternal

tentando cuidar de uma turma desobediente.

Então chego com a coroa e manto,
parecendo um pouco estúpida,

fazendo anúncios grandiosos
como: "Olá, sou Katerina Vrana.

Serei sua líder por tempo indeterminado.

Tragam os presentes até...
O que é isso Tailândia?

Sim, Tailândia. Pode massagear
meus pés. Muito bem.

Israel, Palestina, silêncio!
Eles não se calam.

Somália, querida, porque está
vestida como um pirata?

Isso é meio inadequado.
O quê? Muito bem, América.

Pessoal, América fez um desenho.

Estamos vendo, querida.
O homem negro está na Casa Branca.

E ele ainda está vivo.
A América fez bem, não é gente?

Agora pare de desenhar e faça suas contas.
Os números estão errados.

Inglaterra, pare de copiar América!
Você já tem idade de saber o que é certo.

Grécia, você está me envergonhando.

Não sei, Palestina.
Não importa quem começou.

Israel, devolva a Gaza da Palestina.

Vocês duas têm que aprender a dividir.

Irã, solta essa pedra!

(Risos)

Não, meu amor. Isso não é democracia.

Eu sei, sou grega. Eu que dei para você.

(Risos)

Persas malditos. O que é isso
na sua boca? Cospe isso. Cospe!

Quem deu urânio pro Irã?

(Risos)

Vocês sabem que ele não sabe
o que fazer com isso. Eu não entendo...

(Aplausos)

Itália, diga ao seu pai para parar
de brincar com as meninas da sala.

O que é? Chipre, eu não entendo
o que está dizendo.

Diga de novo.

Devagar.

Doze pontos para Grécia.
Isso vai ajudá-lo muito.

(Aplausos)

Não aplaudam isso.

Israel, só porque seu livro diz
isso não significa que é certo.

Palestina, por que você explodiu
a cara de Israel?

Como assim a Síria que mandou?

Se a Síria pulasse da ponte você...
Palestina, desce da ponte!

Vocês se comportem ou vou mandá-las
para o canto com a Coreia do Norte.

Estou sendo clara?

Grécia, pare de chamar a mãe
da Alemanha de puta.

(Risos)

Índia, desligue o telefone.

Por que não podem ser como o Canadá?

Eles são muito bonzinhos."

Estou exausta só de apresentar isso.

Não acho que dominarei o mundo.

Vou ficar em casa,
lendo revistas de fofoca.

Aquelas cheias de celebridades
e celulite. É melhor assim.

Só quero dizer mais uma coisa antes de ir.

A maior diferença que achei
entre os gregos e os "britaniquences",

como eu gosto de chamá-los,
é a abordagem ao sexo oposto.

Quando eu cheguei no Reino Unido achei
que tinha alguma coisa errada comigo,

porque ninguém me encarava por horas.

Porque os gregos sentam-se nos cafés,
e é assim que olham as mulheres passando.

No Reino Unido, eles olham assim.

Não olhe. É inadequado.

E na Grécia, você anda na rua
e as pessoas gritam elogios para você.

Eu estava andando na rua em Atenas,
um cara passou no carro, buzinou e gritou:

"Você faz o chão tremer, meu amor".

Eu pensei: "Ele me chamou de gorda?"

No Reino Unido, só os trabalhadores
de construção gritam essas coisas.

E eles só falam coisas tipo:
"Mostre seus peitos!"

Ninguém nunca mostrou.
Não sei porque eles insistem.

As pessoas também gritam coisas óbvias.

Eu ando na rua e as pessoas gritam:
"Oi!" Que significa "Psiu" em inglês.

"Oi! Você tem um cabelo volumoso."

Eu digo: "Eu sei, obrigada. Eu tenho
espelho e não tenho visão periférica".

(Risos)

Eu sou como os cavalos
que dirigem carroças. Sou cega.

Se quer me atacar, venha pelos lados.
Não verei você chegar.

Um taxista grego me mostrou
a maior diferença entre os dois países

quando entrei no seu táxi, semana passada,
quando cheguei aqui para votar.

Isso deu muito certo.

Estava 9ºC no Reino Unido,
cheguei aqui e estava 29ºC.

Eu entrei no táxi e disse:
"Está muito quente. Estou toda suada".

Sem pausar, o taxista,
que era grego, falou:

"Seu suor tem muita sorte
de escorrer pelo seu corpo".

(Risos)

Muito obrigada! Tchau.

(Aplausos)