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Mudar de pernas — e de mentalidade

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    Cheryl: Aimee e eu pensámos... Olá, Aimee.
    Aimee Mullins: Olá.
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    Cheryl: Aimee e eu pensámos
    em conversar um pouco,
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    e eu queria que ela nos dissesse
    o que faz dela uma atleta distinta.
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    AM: Bem, os que viram a foto
    na pequena biografia,
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    devem ter percebido..
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    Eu tenho uma amputação dupla.
    Nasci sem perónios nas pernas.
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    Fui amputada logo no primeiro ano
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    e tenho corrido como louca
    desde então, por todo o lado.
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    C: Porque não contas
    como chegaste a Georgetown?
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    Porque não começamos daí?
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    AM: Sou finalista em Georgetown
    no programa de Serviços Estrangeiros.
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    Ganhei uma bolsa académica total
    quando terminei o secundário.
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    Eles escolhem três estudantes
    da nação todos os anos
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    para se envolverem
    em assuntos internacionais,
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    e eu ganhei uma viagem para Georgetown
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    e estou lá há quatro anos e adoro.
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    C: Quando Aimee entrou lá,
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    sentiu-se curiosa sobre o atletismo,
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    e decidiu ligar para alguém
    e começar a fazer perguntas.
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    Porque é que não contas esta história?
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    AM: Eusempre estive envolvida no desporto.
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    Joguei "softball" durante cinco anos
    quando mais jovem.
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    Competi em esqui durante o secundário,
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    e fiquei um pouco impaciente na faculdade
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    porque não tinha feito nada
    durante um ou dois anos,
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    em termos de desporto.
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    E eu nunca competia
    como uma pessoa deficiente.
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    Sempre competi contra
    outros atletas sem deficiêncisa.
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    Só conhecia isso.
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    Na verdade, não conheci nenhum
    outro amputado senão aos 17 anos.
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    E ouvi dizer que faziam uns encontros
    com todos os atletas deficientes, e pensei:
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    "Ah, acho isto estranho,
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    mas antes de julgar,
    deixa-me ver do que se trata".
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    Assim, marquei um voo para Boston
    em 95 — tinha 19 anos —
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    e fui a candidata azarado desta corrida.
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    Nunca tinha feito aquilo.
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    Fui para uma pista de cascalho
    umas duas semanas antes desse encontro
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    para ver até onde eu conseguiria correr,
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    e ao fim de 50 metros já não podia mais,
    a ofegar e a arfar.
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    Eu tinha umas pernas que eram feitas
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    de um composto de madeira e plástico,
    acopladas a tiras de Velcro,
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    meias grandes, grossas de lã,
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    não eram exactamente confortáveis,
    mas era o que eu conhecia.
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    E estava lá em Boston com pessoas
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    que tinham pernas feitas de coisas
    como grafite de carbono
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    e amortecedores incluídos e todo o tipo de coisas,
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    e todos eles olhavam para mim, tipo:
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    "Ok, já sabemos quem
    não vai ganhar esta corrida"
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    E eu fiquei na esperança
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    — não sei o que estava à espera
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    mas, quando vi um homem sem uma perna
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    — estão a ver, fazer um salto em altura,
    saltar só com uma perna
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    e conseguir ultrapassar 1,88 m...
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    Dan O'Brien saltou 1,80 m
    em 1996 em Atlanta.
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    Quero dizer, isto em termos de comparação.
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    São verdadeiros atletas
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    sem precisar de qualificar
    a palavra "atleta".
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    Então decidi tentar e, imaginem,
    com o coração a bater,,
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    eu corri a minha primeira corrida,
    e bati o recordista nacional
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    em três centésimos de segundo
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    e tornei-me a nova recordista nacional
    na minha primeira prova.
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    As pessoas disseram-me:
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    "Aimee, tens velocidade
    — tens uma velocidade natural —
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    mas não tens técnica
    nem finesse a atravessar a pista.
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    Estavas toda trapalhona".
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    Todos vimos quanto te estavas a esforçar."
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    Então decidi telefonar ao treinador
    de corrida de Georgetown.
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    Meu Deus, eu não sabia a importância
    deste homem no mundo do atletismo.
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    Ele treinara cinco atletas olímpicos
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    e o escritório do homem
    está apinhado do chão ao tecto
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    com certificados All America,
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    de todos os atletas que ele treinara.
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    É uma figura que realmente intimida.
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    Eu liguei-lhe e disse:
    "Oiça, eu corri uma vez e ganhei..."
  • 3:57 - 3:59
    (Risos)
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    "Eu queria ver se posso...
  • 4:02 - 4:04
    "Preciso de saber se posso observar
    alguns dos seus treinos,
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    ver que exercícios fazem, e essas coisas.
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    É só o que eu queria, só dois treinos.
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    Posso sentar-me e ver o que fazem?"
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    Ele disse: "Acho melhor encontrarmo-nos
    primeiro, antes de decidir".
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    Deve ter pensado:
    "No que é que me estou a meter?"
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    Fui ter com o homem,
    entrei no escritório dele
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    e vi aqueles cartazes e capas de revistas
    das pessoas que ele treinara.
  • 4:24 - 4:26
    Sentámos-nos e conversámos,
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    e acabou por se tornar uma grande parceria
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    porque ele nunca tinha treinado
    um atleta com deficiência,
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    portanto não tinha noções pré-concebidas
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    do que eu era capaz de fazer ou não,
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    e eu nunca tinha sido treinada antes,
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    por isso aquilo foi, tipo, aqui vamos nós,
    vamos começar esta jornada.
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    Ele começou por me c eder quatro dias
    por semana à hora do almoço,
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    o seu tempo livre, para eu ir
    para a pista e treinar com ele.
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    Foi assim que conheci o Frank.
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    Mas isso foi no Outono de 1995,
    e então, com o Inverno à porta, disse-me:
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    "Sabes, és muito boa.
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    Podes correr na nossa equipa
    de corrida feminina."
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    E eu disse: "Ora, a sério."
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    E ele disse: "Não, não, a sério. Podes."
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    Podes correr na nossa equipa
    de corrida feminina."
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    Portanto, na Primavera de 1996,
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    com o objectivo de fazer parte
    da equipa para-olímpica dos EUA
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    com Maio a chegar a todo vapor,
    juntei-me à equipa de corrida feminina.
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    Nunca nenhuma pessoa deficiente
    tinha feito corrido a nível universitário.
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    A partir daí, começou a ser
    uma mistura interessante.
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    Cl: Porque não lhes contas
    —a caminho das Olimpíadas
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    alguns acontecimentos memoráveis
    ocorreram em Georgetown.
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    Porque não lhes contas?
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    AM: Sim, eu tinha vencido
    tudo que dizia respeito
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    ao que uma pessoa com deficiência enfrenta,
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    tudo em que havia competido
    e, treinando em Georgetown
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    e sabendo que eu teria que me habituar
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    a ver as costas das camisolas daquelas mulheres todas --
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    imaginem, eu corria contra a próxima Flo-Jo --
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    e todas elas a olharem para mim, tipo,
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    Hmm, o que, bem, o que é que se passa aqui?
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    E, ao vestir o meu equipamento de Georgetown
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    e saindo sabendo que, sabem,
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    para me tornar melhor -- e eu já era a melhor no país --
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    bem, tens que treinar com quem é melhor do que tu por natureza.
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    E eu consegui chegar ao Big East
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    que era, tipo, um campeonato no fim da temporada,
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    e realmente quente.
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    E é o primeiro --
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    E eu acabara de receber umas novas pernas de corrida que podem ver na biografia
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    e eu não me percebi naquela época que,
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    a quantidade de suor que eu iria lançar para a meia,
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    seria uma espécie de lubrificante
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    e eu estaria mais ou menos a escorregar dentro da meia.
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    E mais ou menos aos 85 metros dos meus 100 metros, em toda a minha glória,
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    Eu saí da minha perna.
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    Tipo, eu quase saí, na frente de 5000 pessoas.
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    E eu fiquei muito envergonhada --
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    porque me tinha inscrito para os 200 metros, daí a, tipo, meia hora.
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    (Risada)
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    Fui ter com o meu treinador. E disse... "Por favor, não me obrigues a fazer isto."
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    Não posso fazer isto em frente de tanta gente. As minhas pernas vão sair.
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    E se saiu aos 85 não há maneira de ir até os 200 metros.
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    Ele ficou lá sentado assim.
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    E, estão a ver, as minhas súplicas caíram em ouvidos moucos-- graças a Deus --
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    porque ele -- o tipo é de Brooklyn --
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    é grandote -- ele disse, "Aimee, que é que tem se a tua perna sair?
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    Pegas nela, voltas a metê-la no sítio,
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    e terminas a porcaria da corrida!"
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    (Aplauso)
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    E eu terminei. Por isso, foi ele que me manteve na linha.
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    Ele manteve-me na direcção certa.
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    Cheryl: Então, a Aimee consegue entrar nas Para-olimpíadas de 1996.
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    e está toda animada. A família dela está a caminho-- é uma grande coisa.
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    Ela está a -- corrias à dois anos?
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    AM: Não, um ano.
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    Cheryl: Um ano. Porque não lhes contas o que aconteceu
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    logo antes de participares na corrida?
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    AM: Ok, bem, Atlanta.
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    As Para-olimpíadas, só para esclarecer,
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    são as olimpíadas para pessoas com deficiências físicas --
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    amputados, pessoas com paralisia cerebral, e atletas em cadeira-de-rodas--
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    em contraste com as Olimpíadas Especiais
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    que lidam com pessoas com deficiências mentais.
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    Então, aqui estamos, uma semana depois das Olimpíadas, e em Atlanta,
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    estou simplesmente atónita com o facto de
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    ter saído um ano antes da pista de cascalho sem conseguir correr 50 metros.
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    E então, aqui estou -- nunca tendo perdido.
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    Estabeleci novos recordes nos U.S. Nationals -- os testes Olímpicos --, em Maio
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    e estava certa que traria o ouro para casa.
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    Eu também era a única bilateral, como lhe chamam, abaixo dos joelhos.
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    Eu era a única mulher que faria o salto em comprimento.
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    Tinha acabado de fazer o salto em comprimento,
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    e um tipo que era amputado das duas pernas chega ao pé de mim e diz,
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    "Como consegues? Costumamos ter pés planos,
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    por isso não podemos saltar no trampolim."
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    Eu disse, "Bem, acabei de fazer isso. Ninguém me tinha dito".
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    Então, é engraçado -- estou a três polegadas do recorde mundial --
  • 9:03 - 9:05
    e fui adiante daquele ponto, sabem,
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    então estou inscrita para o salto em comprimento-- inscrita? --
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    não, fui qualificada para o salto em comprimento e os 100 metros.
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    E tinha certeza disso, entendem.
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    Saí na primeira página do jornal da minha cidade
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    que distribui durante por seis anos.
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    Era o meu momento de brilhar.
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    E estávamos no estádio de aquecimento -- pista de aquecimento,
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    que fica a alguns quarteirões do estádio Olímpico.
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    E as pernas que estava a usar -- que vou mostrar agora.
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    E fui a primeira pessoa no mundo a usar estas pernas --
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    Fui a cobaia -- e, digo-vos,
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    parecia uma atracção turística.
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    Toda a gente a tirar fotos, "Em cima de que é que esta rapariga está a correr?"
  • 9:43 - 9:47
    E eu olhando em volta, pensando, onde está minha competição?
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    Era o meu primeiro encontro internacional.
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    Eu tentei arrancar de qualquer um que eu conseguisse,
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    bem, quem, que tipo de, contra quem vou correr aqui?
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    "Ah, Aimee, depois falamos disso contigo."
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    Eu queria saber os tempos.
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    "Não te preocupes, estás-te a sair muito bem"
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    Isto tudo a 20 minutos da minha corrida no estádio Olímpico,
  • 10:04 - 10:07
    e eles anunciaram as listas de participação. E eu fui lá ver.
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    E o meu melhor tempo, que foi um recorde mundial, foi 15,77.
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    E a ver -- na faixa seguinte, faixa dois, é de 12,8.
  • 10:16 - 10:21
    Faixa três é 12,5. Faixa 4 é 12,2. E eu disse, "Que é que se passa aqui?"
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    E eles enfiaram-nos no autocarro,
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    e todas as mulheres lá estão com uma mão em falta.
  • 10:25 - 10:32
    (Risada)
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    Então lá estou eu, tipo --
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    E estão todas a olhar para mim tipo "quem é que não se encaixa aqui", percebem?
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    Estou sentada, tipo, "Ai meu Deus. Ai meu Deus."
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    É que eu nunca tinha perdido nada,
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    tipo, fosse a bolsa universitária, ou, percebem,
  • 10:53 - 10:59
    tinha ganho cinco medalhas de ouro a esquiar. Em tudo, eu acabava em primeiro.
  • 10:59 - 11:01
    E Georgetown, aquilo foi óptimo.
  • 11:01 - 11:07
    Eu estava a perder, mas foi o melhor treino porque isto era Atlanta.
  • 11:07 - 11:10
    Aqui estamos, a nata,
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    e não havia dúvida sobre isso, que eu ia perder em grande.
  • 11:14 - 11:16
    E eu só pensava,
  • 11:16 - 11:19
    "Ai meu Deus, a minha família toda meteu-se numa carrinha
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    e viajou até aqui desde a Pensilvânia."
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    E eu era a única corredora americana.
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    Eles chamaram por nós, e tipo,
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    "Meninas, vocês têm um minuto."
  • 11:31 - 11:36
    E enquanto eu punha os meus bloqueadores e me sentia apavorada
  • 11:36 - 11:38
    porque havia uma espécie de murmúrio entre os espectadores,
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    tipo, dos que estavam próximos o suficiente da linha de partida para verem.
  • 11:42 - 11:48
    E eu tipo, "Eu sei! Vejam! Isto não está certo."
  • 11:48 - 11:51
    E eu pensando que aquela era a minha última,
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    pelo menos, entendem, se não vou ganhar a estas miúdas
  • 11:53 - 11:55
    pelo menos vou deixá-las a pensar um bocado, entendem?
  • 11:55 - 11:57
    (Risadas)
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    Definitivamente foi a sensação do Rocky IV, de mim contra a Alemanha
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    e, sabem, toda a gente -- Estónia e Polónia -- estavam em brasa.
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    E a arma disparou, e tudo que me lembro foi,
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    eu a chegar em último e,
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    a lutar contra lágrimas de frustração e a incrível, inacreditável,
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    sensação de derrota.
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    E tive que pensar em porquê que eu fiz aquilo,
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    se eu tinha ganho tudo, tipo, para que é que servia?
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    Todos aqueles treinos, e eu a transformar a minha vida.
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    Tornei-me uma atleta universitária. Tornei-me uma atleta Olímpica.
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    E aquilo fez-me realmente pensar em como
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    a conquista foi lá ter chegado.
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    O facto de ter traçado o meu objectivo apenas um ano e três meses antes
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    de me tornar uma atleta Olímpica e dizendo,
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    aqui está minha vida indo nesta direcção,
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    e eu quero levá-la para ali por um tempo,
  • 12:53 - 12:55
    e apenas ver até onde conseguia ir.
  • 12:55 - 12:59
    E o facto de ter pedido ajuda -- quantas pessoas embarcaram naquilo?
  • 12:59 - 13:03
    Quantas pessoas cederam o seu tempo e os seus conhecimentos, percebem,
  • 13:03 - 13:06
    e a sua paciência para lidar comigo?
  • 13:06 - 13:09
    E aquilo foi uma glória colectiva --
  • 13:09 - 13:12
    de ali estarem 50 pessoas a apoiar-me
  • 13:12 - 13:16
    que se tinham juntado naquela experiência incrível de ir a Atlanta.
  • 13:16 - 13:20
    Então, eu agora aplico um tipo de filosofia
  • 13:20 - 13:23
    a tudo que faço, entendem,
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    ter um momento para perceber o progresso,
  • 13:25 - 13:29
    o quão longe chegaste naquele dia por um objectivo, sabem.
  • 13:29 - 13:33
    Eu penso que é importante focar um objectivo, mas
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    também reconhecer o progresso no caminho até lá
  • 13:36 - 13:38
    e como cresceste como pessoa.
  • 13:38 - 13:41
    Eu acredito que essa é a conquista. A verdadeira conquista.
  • 13:41 - 13:42
    Cheryl: Porque não lhes mostras as tuas pernas?
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    AM: Ah, claro.
  • 13:44 - 13:46
    Cheryl: Mostra mais do que uma perna.
  • 13:46 - 13:48
    AM: Bem, estas são as minhas pernas bonitas.
  • 13:48 - 13:49
    (Risadas)
  • 13:49 - 13:57
    Não, são as minhas pernas cosméticas, na verdade,
  • 13:57 - 14:01
    e são absolutamente lindas.
  • 14:01 - 14:02
    Vocês têm que subir e vê-las.
  • 14:02 - 14:07
    Elas têm folículos capilares, e eu posso pintar as minhas unhas.
  • 14:07 - 14:10
    E, fora de brincadeira, eu posso usar salto alto.
  • 14:10 - 14:12
    Vocês não compreendem o que é
  • 14:12 - 14:16
    ser capaz de entrar numa loja de calçado e comprar o que se quiser.
  • 14:16 - 14:17
    Cheryl: Pudeste escolher a tua altura.
  • 14:17 - 14:19
    AM: Eu pude escolher a minha altura, exactamente.
  • 14:19 - 14:22
    (Risadas)
  • 14:22 - 14:26
    Patrick Ewing, que competiu por Georgetown nos anos 80,
  • 14:26 - 14:28
    retorna todos os Verões.
  • 14:28 - 14:32
    E eu diverti-me sem cessar a gozá-lo na sala de treino
  • 14:32 - 14:33
    porque ele entrava com feridas nos pés.
  • 14:33 - 14:35
    E eu tipo, "Tira isso! Não te preocupes.
  • 14:35 - 14:39
    Podes ter meio metro de altura. Anda tira isso."
  • 14:39 - 14:42
    (Risada)
  • 14:43 - 14:48
    Ele de qualquer forma não achava tanta graça quanto eu.
  • 14:48 - 14:52
    Ok, agora, estas são as minhas pernas de corrida, feita de grafite de carbono,
  • 14:52 - 15:01
    como eu disse, e eu tenho de me assegurar de que coloco o encaixe certo.
  • 15:01 - 15:03
    Não, eu tenho tantas pernas aqui.
  • 15:05 - 15:08
    Estas são -- queres segurá-las um pouco?
  • 15:08 - 15:12
    Esta é outra perna que eu tenho para ténis e softball.
  • 15:12 - 15:16
    Tem um absorvente de choque por isso faz, tipo, "Shhhh" faz este barulho fixe
  • 15:16 - 15:20
    quando saltas com elas. Tudo bem.
  • 15:20 - 15:23
    E esta é a coisa de silicone que eu enrolo,
  • 15:23 - 15:27
    a meia de silicone que eu enrolo para a manter posta, quando eu suo,
  • 15:27 - 15:29
    sabem, quando dá aquele efeito de pistão.
  • 15:29 - 15:32
    Cheryl: Ficas com uma altura diferente?
  • 15:32 - 15:33
    AM: Nestas?
  • 15:33 - 15:34
    Cheryl: Nestas.
  • 15:34 - 15:37
    AM: Não sei. Acho que não. Acho que não.
  • 15:37 - 15:42
    Posso ficar um bocadinho mais alta. Na verdade posso por as duas.
  • 15:42 - 15:47
    Cheryl: Ela não consegue ficar parada em pé nestas pernas. Ela tem que se mover, então...
  • 15:47 - 15:50
    AM: É, definitivamente tenho que me mover,
  • 15:50 - 15:53
    e equilíbrio é, tipo, um pouco de arte quando as ponho.
  • 15:53 - 15:58
    E sem a meia de silicone, eu simplesmente vou tentar deslizar para dentro.
  • 16:00 - 16:07
    E então, eu corro nestas, e choquei meio mundo com estas.
  • 16:07 - 16:17
    (Aplausos)
  • 16:17 - 16:24
    Supostamente estas simulam a forma de um atleta quando corre.
  • 16:24 - 16:26
    Se alguma vez virem um corredor,
  • 16:26 - 16:28
    o ponta do pé deles é a única coisa que realmente toca a pista,
  • 16:28 - 16:29
    então quando eu fico de pé nestas pernas,
  • 16:29 - 16:32
    o meu tendão e o glúteo estão contraídos
  • 16:32 - 16:36
    como ficariam se eu tivesse pés e estivesse de pé no na ponta deles.
  • 16:36 - 16:38
    (Público: Quem é que os fez?)
  • 16:38 - 16:41
    AM:Foi uma companhia em San Diego chamada Flex-Foot.
  • 16:41 - 16:45
    E eu fui a cobaia assim como espero continuar a ser
  • 16:45 - 16:49
    em todas as novas formas de membros pro-estéticos que aparecerem.
  • 16:49 - 16:52
    Mas na verdade estes, como eu disse, ainda são os protótipos.
  • 16:52 - 16:56
    Eu preciso de umas novas porque no último encontro em que estive, sabem,
  • 16:56 - 16:59
    é como um grande... tudo que vai, volta.
  • 16:59 - 17:01
    Moderador: Aimee e o designer delas vai estar no TED MEd 2,
  • 17:01 - 17:03
    e nós vamos falar do design delas.
  • 17:03 - 17:04
    AM: Sim, vamos fazer isso.
  • 17:04 - 17:05
    Cheryl: Pronto.
  • 17:05 - 17:08
    AM: Então, estas são as pernas de corrida, e eu posso por as minhas outras...
  • 17:08 - 17:10
    Cheryl: Podes contar quem fez o design das suas outras pernas?
  • 17:10 - 17:13
    AM: Sim. Estas consegui-as num lugar chamado Bournemouth, Inglaterra,
  • 17:13 - 17:15
    cerca de duas horas a sul de Londres,
  • 17:15 - 17:19
    e eu sou a única pessoa nos Estados Unidos com estas,
  • 17:19 - 17:22
    o que é um crime porque elas são tão bonitas.
  • 17:22 - 17:25
    e nem falo por causa das unhas nem nada --
  • 17:25 - 17:29
    para mim, enquanto sou uma atleta séria na pista,
  • 17:29 - 17:34
    eu quero ser feminina fora dela, e acho isso tão importante,
  • 17:34 - 17:36
    percebem, não estar limitada em nenhuma área,
  • 17:36 - 17:41
    seja a nível de mobilidade ou mesmo na moda.
  • 17:41 - 17:43
    Eu adoro o facto de que posso ir a qualquer lugar
  • 17:43 - 17:47
    e escolher os sapatos que eu quiser, as saias que eu quiser,
  • 17:47 - 17:52
    e tenho esperanças de trazer estas para cá
  • 17:52 - 17:55
    e torná-las acessíveis para muitas pessoas.
  • 17:55 - 17:58
    Elas também são de silicone.
  • 17:58 - 18:02
    Isto é um membro pro-estético muito básico no fundo.
  • 18:02 - 18:05
    É tipo um pé de Barbie no fundo.
  • 18:05 - 18:06
    (Risadas)
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    É mesmo. Ele está parado nesta posição,
  • 18:08 - 18:10
    por isso eu tenho de usar um salto de duas polegadas.
  • 18:10 - 18:15
    E, ele realmente é -- deixem-me tirar isto para vocês verem.
  • 18:15 - 18:18
    Não sei se podem ver bem, mas, ele realmente é assim.
  • 18:18 - 18:22
    Tem veias nos pés, e o meu calcanhar é rosado, vêem,
  • 18:22 - 18:25
    e o meu tendão de Aquiles -- move-se um pouco.
  • 18:25 - 18:30
    E é algo incrível. Eu adquiri-as há um ano e duas semanas atrás.
  • 18:30 - 18:34
    E isto é só uma peça de pele feita de silicone.
  • 18:34 - 18:36
    O que aconteceu foi que, à dois anos atrás
  • 18:36 - 18:38
    este tipo na Bélgica estava a dizer, tipo, meu Deus,
  • 18:38 - 18:40
    se eu posso ir no museu de cera da Madame Tussauds
  • 18:40 - 18:44
    e ver a Jerry Hall replicada até à cor dos olhos dela,
  • 18:44 - 18:47
    parecendo tão real como se respirasse
  • 18:47 - 18:49
    porque não podem fazer membros para alguém
  • 18:49 - 18:53
    que pareça uma perna, ou um braço ou uma mão?
  • 18:53 - 18:55
    Eles fazem orelhas para vítimas de queimaduras.
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    Eles fazem coisas incríveis com silicone.
  • 18:57 - 19:00
    Cheryl: À duas semanas,a Aimee esteve nos prémios Arthur Ashe no ESPY.
  • 19:00 - 19:04
    E ela veio à cidade e estava toda apressada
  • 19:04 - 19:06
    e disse, "Tenho que comprar sapatos novos!"
  • 19:06 - 19:08
    Estamos a uma hora dos ESPY
  • 19:08 - 19:10
    e ela pensava que tinha comprado um salto de duas polegadas
  • 19:10 - 19:12
    mas na verdade comprou uma salto de três.
  • 19:12 - 19:14
    AM: E isso acarreta um problema para mim
  • 19:14 - 19:17
    porque significa que vou estar a andar assim a noite toda.
  • 19:17 - 19:21
    Cheryl: Durante 45 minutos, nós -- por sorte o hotel era óptimo.
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    Eles conseguiram alguém para serrar os sapatos.
  • 19:24 - 19:26
    (Risadas)
  • 19:26 - 19:30
    AM: Eu disse à recepcionista, quer dizer, estava preocupada, e a Cheryl ao meu lado.
  • 19:30 - 19:33
    Eu disse, "Olhe, você tem alguém que possa ajudar-me
  • 19:33 - 19:35
    porque tenho este problema?"
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    A princípio eles iam simplesmente ignorar-me,
  • 19:37 - 19:39
    olhe, sabe: se você não gosta dos seus sapatos, desculpe. É tarde demais.
  • 19:39 - 19:42
    "Não, não, não, não. Eu tenho uns pés especiais, ok,
  • 19:42 - 19:45
    que precisam de um salto de duas polegadas. Eu tenho um salto de três.
  • 19:45 - 19:47
    Preciso tirar um pouquinho."
  • 19:47 - 19:49
    Ok. Entendem, eles nem queriam tocar no assunto.
  • 19:49 - 19:52
    Nem queriam falar disso. Simplesmente fizeram.
  • 19:52 - 19:55
    Não, estas pernas são óptimas.
  • 19:55 - 19:59
    Na verdade vou voltar daqui a umas semanas
  • 19:59 - 20:01
    para conseguir uns melhoramentos.
  • 20:01 - 20:04
    Quero ter pernas como estas para pés descalços
  • 20:04 - 20:07
    para eu poder usar ténis porque com estas não posso.
  • 20:07 - 20:09
    Então... Moderador: É isso.
  • 20:09 - 20:11
    Cheryl: Esta é Aimee Mullins.
  • 20:11 - 20:14
    (Aplausos)
Title:
Mudar de pernas — e de mentalidade
Speaker:
Aimee Mullins
Description:

Neste vídeo do arquivo do TED de 1998, a corredora para-olímpica Aimee Mullins fala sobre a sua carreira de recordes, e sobre as incríveis pernas prostéticas de fibra de carbono (um protótipo na época) que a ajudaram a cruzar a linha de chegada.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
20:26

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