A matemática e a magia do "origami"
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0:00 - 0:03A minha palestra é "Pássaros que
batem asas e telescópios espaciais". -
0:03 - 0:06Poderão pensar que os dois temas
nada têm em comum, -
0:06 - 0:08mas espero que, no final
destes 18 minutos, -
0:08 - 0:10vejam alguma relação.
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0:10 - 0:12Tem a ver com "origami".
Deixem-me começar. -
0:12 - 0:14O que é "origami"?
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0:14 - 0:16A maioria das pessoas pensa saber
o que é "origami". -
0:16 - 0:19É isto: pássaros que batem as asas,
brinquedos, abre-e-fecha, -
0:19 - 0:20esse tipo de coisas.
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0:20 - 0:22Isso é o que o "origami" costumava ser.
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0:22 - 0:24Mas está a tornar-se outra coisa.
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0:24 - 0:27Está a tornar-se uma forma de arte,
uma forma de escultura. -
0:27 - 0:29O tema comum – que o torna "origami" –
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0:29 - 0:32é a dobragem, como criamos a forma.
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0:32 - 0:35É muito antigo.
Isto é uma gravura de 1797. -
0:35 - 0:37Mostra mulheres a brincar.
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0:37 - 0:40Se olharem melhor, é uma forma
conhecida por garça. -
0:40 - 0:42Todas as crianças japonesas
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0:42 - 0:44aprendem a dobrar esta garça.
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0:44 - 0:46Esta arte existe há centenas de anos.
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0:46 - 0:48Poderão pensar que em relação a isto,
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0:48 - 0:51que existe há tanto tempo
– tão restritivo, apenas dobragens – -
0:51 - 0:55tudo o que podia ser feito
já foi feito há muito tempo. -
0:55 - 0:56Poderia ter sido assim.
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0:56 - 0:58Mas, no século XX,
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0:58 - 1:01apareceu um artista japonês
chamado Yoshizawa. -
1:01 - 1:04Ele criou dezenas de milhares
de novos desenhos. -
1:04 - 1:07Mas, mais importante,
ele criou uma linguagem, -
1:07 - 1:09uma forma de comunicar,
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1:09 - 1:11um código de pontos, traços e setas.
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1:11 - 1:14Voltando à palestra de Susan Blackmore,
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1:14 - 1:16temos agora uma forma
de transmitir informação -
1:16 - 1:18com hereditariedade e seleção.
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1:18 - 1:20Sabemos onde isso nos leva.
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1:20 - 1:22No "origami", isso levou-nos
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1:22 - 1:24a coisas destas.
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1:24 - 1:26Isto é uma figura em "origami",
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1:26 - 1:31– uma folha sem cortes, apenas
dobragens, centenas de dobragens. -
1:32 - 1:34Isto também é "origami".
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1:34 - 1:38Mostra onde chegámos no mundo moderno.
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1:38 - 1:39Naturalismo. Detalhe.
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1:39 - 1:41Podem fazer chifres, armações de hastes,
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1:41 - 1:44– até cascos fendidos, se repararem.
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1:44 - 1:47Isto levanta uma questão: o que mudou?
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1:47 - 1:48O que mudou
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1:48 - 1:51foi algo que talvez não
esperassem numa arte, -
1:51 - 1:53que é a matemática.
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1:53 - 1:59Isto é, as pessoas aplicaram
princípios matemáticos à arte -
1:59 - 2:01para descobrirem as leis subjacentes.
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2:01 - 2:03Isso conduz a uma ferramenta
muito poderosa. -
2:03 - 2:06O segredo da produtividade em tantas áreas
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2:06 - 2:08– e no "origami" –
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2:08 - 2:10é deixar as pessoas falecidas
fazer o nosso trabalho. -
2:10 - 2:12(Risos)
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2:12 - 2:13O que podemos fazer
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2:13 - 2:15é pegar no nosso problema,
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2:15 - 2:18torná-lo num problema
que alguém já resolveu -
2:18 - 2:20e usar as suas soluções.
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2:20 - 2:23Quero dizer-vos como
fizemos isso no "origami". -
2:23 - 2:26O "origami" gira em torno
de padrões de vincos. -
2:26 - 2:28O padrão de vincos aqui mostrado
é o diagrama subjacente -
2:28 - 2:30a uma figura em "origami".
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2:30 - 2:32Não as podemos desenhar arbitrariamente.
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2:32 - 2:35Têm que obedecer a quatro simples leis.
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2:35 - 2:37São muito simples e fáceis de entender.
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2:37 - 2:39A primeira lei é a das duas cores.
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2:39 - 2:42Qualquer padrão de vincos pode ser
colorido com apenas duas cores, -
2:42 - 2:46sem se ter a mesma cor
em zonas adjacentes. -
2:46 - 2:48As indicações de dobragens em cada vértice
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2:48 - 2:51– o número de montes, o número de vales –
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2:51 - 2:54diferem sempre de dois.
Mais dois ou menos dois. -
2:54 - 2:55Nada mais.
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2:55 - 2:57Se observarmos os ângulos
em torno da dobra, -
2:57 - 3:00vemos que se numerarmos
os ângulos num círculo, -
3:00 - 3:02todos os ângulos com número
par formam uma linha reta -
3:02 - 3:06assim como todos os ângulos
com número ímpar. -
3:06 - 3:08Se observarmos como
as camadas se juntam, -
3:08 - 3:11vemos que, independentemente de como
juntamos as dobras e as folhas, -
3:11 - 3:14uma folha nunca pode penetrar uma dobra.
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3:14 - 3:17São quatro leis simples.
Tudo o que precisamos no "origami". -
3:17 - 3:19Todo o "origami" vem daí.
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3:19 - 3:21Poderão pensar:
"Conseguem quatro simples leis -
3:21 - 3:23"dar origem a esta complexidade?"
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3:23 - 3:25De facto, as leis da mecânica quântica
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3:25 - 3:27podem ser escritas num guardanapo
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3:27 - 3:30e, no entanto, governam toda a química,
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3:30 - 3:31toda a Vida e toda a História.
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3:31 - 3:33Se obedecermos a estas leis
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3:33 - 3:35podemos fazer coisas fantásticas.
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3:35 - 3:38No "origami", para obedecermos
a estas leis, -
3:38 - 3:39podemos pegar em padrões simples,
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3:39 - 3:42– como este padrão repetitivo de dobras,
chamado textura – -
3:42 - 3:44que, por si só, não são nada.
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3:44 - 3:46Mas se seguirmos as leis do "origami",
-
3:46 - 3:49podemos pôr estes padrões
noutra dobragem, -
3:49 - 3:52que pode ser algo muito, muito simples,
-
3:52 - 3:53mas quando colocados juntos,
-
3:53 - 3:56temos algo um pouco diferente.
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3:56 - 3:59Este peixe com 400 escamas
-
3:59 - 4:01– um simples quadrado sem cortes,
só com dobragens. -
4:02 - 4:04Se não quisermos dobrar 400 escamas,
-
4:04 - 4:06podemos recuar e fazer
apenas algumas coisas -
4:06 - 4:09e adicionar placas à carapaça
de uma tartaruga, ou dedos. -
4:09 - 4:11Ou podemos ir mais longe
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4:11 - 4:16e fazer 50 estrelas numa bandeira,
com 13 faixas. -
4:16 - 4:18Se quisermos fazer uma loucura
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4:18 - 4:20podemos fazer 1000 escamas numa cascavel.
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4:20 - 4:22Este está em exposição lá em baixo.
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4:22 - 4:25Deem uma vista de olhos se puderem.
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4:25 - 4:27As ferramentas mais poderosas no "origami"
-
4:27 - 4:30têm a ver com o modo como fazemos
partes de criaturas. -
4:30 - 4:33Posso pôr isto numa equação simples.
-
4:33 - 4:34Pegamos numa ideia,
-
4:34 - 4:37combinamo-la com um quadrado
e temos uma figura em origami. -
4:37 - 4:42(Risos)
-
4:42 - 4:44O que importa é o que estes
símbolos significam. -
4:44 - 4:46Poderão dizer: "Podemos ser
tão específicos? -
4:46 - 4:49"Quer dizer, uma carocha
tem duas maxilas, tem antenas, -
4:49 - 4:53"Podemos especificar um detalhe destes?"
-
4:53 - 4:55Sim, podemos mesmo.
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4:55 - 4:56Como fazemos isso?
-
4:56 - 5:00Bem, decompomos o problema
em alguns passos mais simples. -
5:00 - 5:02Deixem-me explanar esta equação.
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5:02 - 5:05Começo com a minha ideia.
Torno-a abstrata. -
5:05 - 5:08Qual é a forma mais abstrata?
É uma figura linear. -
5:08 - 5:12A partir dessa figura linear, tenho
que obter uma forma dobrada -
5:12 - 5:15que tenha uma parte para cada
ponto do desenho, -
5:15 - 5:16uma aba para cada perna.
-
5:16 - 5:20Uma vez conseguida essa forma,
a que chamamos a base, -
5:20 - 5:22podemos estreitar as pernas,
podemos curvá-las, -
5:22 - 5:25podemos transformá-la na forma final.
-
5:25 - 5:26O primeiro passo é muito simples.
-
5:26 - 5:29Peguem numa ideia, desenhem
uma figura linear. -
5:29 - 5:32O último passo não é muito difícil,
mas o passo intermédio, -
5:32 - 5:34– passar da descrição abstrata
à forma dobrada – -
5:34 - 5:36esse é difícil.
-
5:36 - 5:39Mas esse é o ponto
em que as ideias matemáticas -
5:39 - 5:41nos podem ajudar.
-
5:41 - 5:42Vou mostrar-vos como fazer isso,
-
5:42 - 5:45para poderem dobrar algo
quando saírem daqui. -
5:45 - 5:46Começamos com algo fácil.
-
5:46 - 5:48Esta base tem uma série de abas.
-
5:48 - 5:52Vamos aprender a fazer uma aba.
-
5:52 - 5:53Como fazemos uma única aba?
-
5:53 - 5:56Peguem num quadrado. Dobrem ao meio,
uma e outra vez. -
5:56 - 5:58até que fique longo e estreito.
-
5:58 - 6:00No final, dizemos que temos uma aba.
-
6:00 - 6:03Posso usá-la para uma perna, braço,
qualquer coisa do género. -
6:03 - 6:05Que parte do papel fez esta aba?
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6:05 - 6:07Se desdobrar e regressar
ao padrão de vincos, -
6:07 - 6:12podemos ver que foi o canto superior
esquerdo dessa forma que fez a aba. -
6:12 - 6:15Isto é uma aba e o resto
do papel fica de lado. -
6:15 - 6:17Posso usá-lo para outra coisa.
-
6:17 - 6:20Há outras formas de fazer uma aba.
-
6:20 - 6:21Há outras dimensões para abas.
-
6:21 - 6:24Se fizer abas mais estreitas,
posso poupar algum papel. -
6:24 - 6:28Se fizer a aba o mais estreita possível,
-
6:28 - 6:30chego ao limite do mínimo
de papel necessário. -
6:30 - 6:35Podemos ver que é necessário um quarto
de círculo de papel para fazer uma aba. -
6:35 - 6:36Há outras formas de fazer abas.
-
6:36 - 6:40Se fizer a aba numa aresta,
uso um quarto de círculo de papel. -
6:40 - 6:43Se fizer a aba no meio,
uso um círculo completo. -
6:43 - 6:45Como quer que faça a aba,
-
6:45 - 6:46preciso de uma parte
-
6:46 - 6:49de uma região circular de papel.
-
6:49 - 6:51Agora estamos prontos a extrapolar.
-
6:51 - 6:53E se eu quiser fazer algo com muitas abas?
-
6:53 - 6:57De que preciso? De muitos círculos.
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6:57 - 7:01Em 1990, os artistas de "origami"
descobriram estes princípios -
7:01 - 7:05e perceberam que podíamos fazer figuras
arbitrariamente complicadas -
7:05 - 7:07apenas empacotando círculos.
-
7:07 - 7:10Foi aqui que as pessoas falecidas
começaram a ajudar-nos. -
7:10 - 7:11(Risos)
-
7:11 - 7:13Muitas pessoas estudaram
-
7:13 - 7:15o problema do empacotamento de círculos.
-
7:15 - 7:19Posso basear-me nessa vasta história
de matemáticos e artistas -
7:19 - 7:21a estudar empacotamentos
e arranjos de círculos. -
7:21 - 7:25Posso usar esses padrões agora
para criar formas em "origami". -
7:25 - 7:28Descobrimos as regras
para empacotar círculos, -
7:28 - 7:32decoramos os padrões de círculos
com linhas, de acordo com mais regras. -
7:32 - 7:34Obtemos as dobragens
que vão formar uma base. -
7:34 - 7:36Damos forma à base.
-
7:36 - 7:39Obtemos uma forma dobrada
– neste caso, uma barata. -
7:40 - 7:41É tão simples.
-
7:41 - 7:44(Risos)
-
7:44 - 7:47É tão simples que podia ser feito
por um computador. -
7:47 - 7:49Dirão: "Bem, quão simples é isso?"
-
7:49 - 7:51Com os computadores, temos
que descrever as coisas -
7:51 - 7:54em termos muitos básicos
e, neste caso, conseguimos. -
7:54 - 7:57Escrevi um programa há alguns
anos chamado TreeMaker. -
7:57 - 7:59Podem transferi-lo do meu
"website". É gratuito. -
7:59 - 8:02Corre na maior parte das
plataformas – até no "Windows". -
8:02 - 8:04(Risos)
-
8:04 - 8:05Só têm que desenhar uma figura linear,
-
8:05 - 8:07e ele calcula o padrão de dobragens.
-
8:07 - 8:10Faz empacotamento de círculos
e calcula o padrão de dobragens. -
8:10 - 8:13Se usarem a figura linear
que acabei de mostrar -
8:13 - 8:16— que como podem ver
é um veado, tem galhos — -
8:16 - 8:17obtêm este padrão de dobragens.
-
8:17 - 8:20Se dobrarmos este padrão
pelas linhas ponteadas, -
8:20 - 8:22obtemos uma base a que podemos depois
-
8:22 - 8:24dar a forma de um veado,
-
8:24 - 8:27que tem exatamente o padrão
de dobragens que queríamos. -
8:27 - 8:29Se quisermos um veado diferente,
-
8:29 - 8:32não um de cauda branca,
mas um veado-mula ou um cervo, -
8:32 - 8:33mudamos o empacotamento
-
8:33 - 8:35e podemos fazer um cervo.
-
8:35 - 8:37Ou podemos fazer um alce.
-
8:37 - 8:40Ou, na realidade, qualquer
outro tipo de veado. -
8:40 - 8:42Estas técnicas revolucionaram esta arte.
-
8:42 - 8:44Descobrimos que podemos fazer insetos,
-
8:44 - 8:46aranhas, que são parecidas,
-
8:46 - 8:50coisas com pernas, coisas
com pernas e asas, -
8:50 - 8:52coisas com pernas e antenas.
-
8:52 - 8:55Se dobrar um louva-a-deus a partir
de um único quadrado sem cortes -
8:55 - 8:57não for suficientemente interessante,
-
8:57 - 8:59podemos fazer dois louva-a-deus
-
8:59 - 9:01de um único quadrado sem cortes.
-
9:01 - 9:03Ela está a devorá-lo.
-
9:03 - 9:06Dei-lhe o nome de "Hora do lanche".
-
9:06 - 9:09Podemos fazer mais do que apenas insetos.
-
9:09 - 9:12Podemos por detalhes, dedos, garras.
-
9:12 - 9:14Um urso pardo tem garras.
-
9:14 - 9:15Esta rã arbórea tem dedos.
-
9:15 - 9:18De facto, muita gente põe dedos
nos seus modelos de "origami". -
9:18 - 9:20Os dedos tornaram-se uma moda
no "origami", -
9:20 - 9:23porque toda a gente os faz.
-
9:23 - 9:25Podemos fazer múltiplos temas.
-
9:25 - 9:28Isto é um conjunto de instrumentalistas.
-
9:28 - 9:30O guitarrista é feito
de um único quadrado, -
9:30 - 9:33assim como o baixo.
-
9:33 - 9:36Se disserem: "Bem, a guitarra
e o baixo não são muito fixes." -
9:36 - 9:38"Faça instrumentos um pouco
mais complicados". -
9:38 - 9:40Bem, podemos fazer um órgão.
-
9:40 - 9:43(Risos)
-
9:43 - 9:46O que isto permitiu foi a criação
-
9:46 - 9:47de "origami" a pedido.
-
9:47 - 9:51Agora as pessoas podem dizer:
"Quero exatamente isto e isto", -
9:51 - 9:53e podemos dobrar o que querem.
-
9:53 - 9:55Por vezes, criamos arte complexa.
-
9:55 - 9:58Por vezes, pagamos as contas
fazendo trabalhos comerciais. -
9:58 - 10:00Quero mostrar-vos alguns exemplos.
-
10:00 - 10:02Tudo o que vão ver aqui,
-
10:02 - 10:05exceto o carro, é "origami".
-
10:05 - 10:12(Vídeo)
-
10:33 - 10:36(Aplausos)
-
10:36 - 10:39Só para vos mostrar que isto
era mesmo papel dobrado. -
10:39 - 10:41Os computadores aceleraram as coisas,
-
10:41 - 10:44mas isto era real, eram
dobragens feitas por nós. -
10:45 - 10:48Podemos usar isto para além de enfeites.
-
10:48 - 10:51Mostra-se útil até no mundo real.
-
10:51 - 10:53O "origami", surpreendentemente,
-
10:53 - 10:55e as estruturas que desenvolvemos
em "origami" -
10:55 - 10:58têm aplicações em medicina, em ciência,
-
10:58 - 11:01no espaço, no corpo, eletrónica
de consumo e outras coisas. -
11:01 - 11:04Quero mostrar-vos alguns destes exemplos.
-
11:04 - 11:06Um dos mais antigos é este padrão,
-
11:06 - 11:08este padrão de dobragens,
-
11:08 - 11:11estudado pelo engenheiro
japonês Koryo Miura. -
11:11 - 11:13Ele estudou um padrão
de dobragens e percebeu -
11:13 - 11:17que isto poderia ser dobrado numa
embalagem extremamente compacta, -
11:17 - 11:20com uma estrutura de abertura
e fecho muito simples. -
11:20 - 11:22Ele usou isso para desenhar
este painel solar. -
11:22 - 11:23É a visão de um artista,
-
11:23 - 11:27mas voou num telescópio japonês em 1995.
-
11:27 - 11:29Existe um pouco de "origami"
-
11:29 - 11:32no telescópio espacial James Webb,
mas é muito simples. -
11:32 - 11:35O telescópio, ao subir ao espaço,
-
11:35 - 11:37desdobra-se em dois pontos.
-
11:37 - 11:38Dobra-se em terços.
-
11:38 - 11:41É um padrão muito simples.
Nem pode ser considerado "origami". -
11:41 - 11:44Decerto não tiveram que falar
com artistas de "origami". -
11:44 - 11:47Mas se quisermos ir mais além
e algo maior do que isto, -
11:47 - 11:49talvez precisemos de algum "origami".
-
11:49 - 11:52Os engenheiros do Laboratório
Nacional Lawrence Livermore -
11:52 - 11:54tiveram uma ideia para um
telescópio muito maior. -
11:54 - 11:56Chamaram-lhe "Olho de Vidro".
-
11:56 - 11:59O desenho implicava uma
órbita geossíncrona, -
11:59 - 12:00a uma altitude de 40 000 km,
-
12:00 - 12:04e uma lente de 100 metros de diâmetro.
-
12:04 - 12:07Imaginem uma lente do tamanho
de um campo de futebol. -
12:07 - 12:09Havia dois grupos de pessoas
interessadas nisto: -
12:09 - 12:12cientistas planetários,
que querem olhar para cima, -
12:12 - 12:16e outras pessoas, que queriam
olhar para baixo. -
12:16 - 12:19Quer se olhe para cima ou para baixo,
como se coloca no espaço? -
12:19 - 12:21Tem que ser com um foguetão
e os foguetões são pequenos, -
12:21 - 12:23por isso, tem que se fazer
mais pequeno. -
12:23 - 12:26Como se reduz uma grande folha de vidro?
-
12:26 - 12:28A solução, quase única, é dobrá-la
de algum modo. -
12:28 - 12:30Temos que fazer algo deste género.
-
12:30 - 12:32Isto é um modelo pequeno.
-
12:32 - 12:36Uma lente dobrada, dividida
em painéis, com fletores. -
12:36 - 12:38Mas este padrão não vai permitir
-
12:38 - 12:41reduzir algo com 100 metros
até alguns metros. -
12:41 - 12:43Os engenheiros de Livermore,
-
12:43 - 12:46querendo usar o trabalho
de pessoas falecidas, -
12:46 - 12:49ou talvez de origamistas vivos, disseram:
-
12:49 - 12:52"Vamos ver se alguém está
a fazer algo do género." -
12:52 - 12:54Observaram a comunidade de "origami",
-
12:54 - 12:56contactámo-los e comecei
a trabalhar com eles. -
12:56 - 12:58Desenvolvemos um padrão, em conjunto,
-
12:58 - 13:01que se amplia até um tamanho arbitrário,
-
13:01 - 13:04mas que permite um anel plano ou um disco
-
13:04 - 13:07dobrar-se num cilindro muito compacto.
-
13:07 - 13:10Adotaram isto para a sua primeira geração,
-
13:10 - 13:12que não tinha 100 metros, mas cinco.
-
13:12 - 13:15Mas é um telescópio de cinco metros,
com uma distância focal de 400 metros. -
13:15 - 13:18Funciona perfeitamente
dentro do seu alcance, -
13:18 - 13:21e, na realidade, dobra-se num
conjunto muito arrumado. -
13:21 - 13:23Existe outro "origami" no espaço.
-
13:23 - 13:26A Agência de Exploração Aeroespacial
Japonesa lançou uma vela solar. -
13:26 - 13:29Podemos ver aqui que a vela se expande
-
13:29 - 13:31e podemos até ver as linhas de dobragem.
-
13:31 - 13:33O problema que está aqui a ser resolvido
-
13:33 - 13:37é algo que precisa de ser grande
e ter a forma de uma folha no seu destino, -
13:37 - 13:39mas tem que ser pequeno durante a viagem.
-
13:39 - 13:42Isto coloca-se quer vamos ao espaço,
-
13:42 - 13:45quer vamos ao interior de um corpo.
-
13:45 - 13:47Isto é um exemplo disso.
-
13:47 - 13:50Isto é um "stent" cardíaco
desenvolvido por Zhong You, -
13:50 - 13:52na Universidade de Oxford.
-
13:52 - 13:56Mantém aberta uma artéria bloqueada,
quando chega ao seu destino, -
13:56 - 13:58mas deve ser muito menor,
para viajar até lá, -
13:58 - 14:00através dos nossos vasos sanguíneos.
-
14:00 - 14:04Este "stent" dobra-se segundo
um padrão "origami", -
14:04 - 14:07baseado num modelo chamado
"base de bomba de água." -
14:07 - 14:10Os "designers" de "airbags"
também têm o problema -
14:10 - 14:12de colocar folhas planas
-
14:12 - 14:14em espaços reduzidos.
-
14:14 - 14:16Querem fazer a sua conceção
usando simulações. -
14:16 - 14:18Têm que descobrir como
achatar um airbag, -
14:18 - 14:20usando um computador.
-
14:20 - 14:23Os algoritmos que desenvolvemos
-
14:23 - 14:25para fazer os insetos
-
14:25 - 14:28revelaram-se a solução para os "airbags",
-
14:28 - 14:30nas suas simulações.
-
14:30 - 14:33Podem, então, fazer uma
simulação como esta. -
14:33 - 14:34Vemos os vincos de "origami" a formar-se.
-
14:34 - 14:36Agora podemos ver o "airbag" a insuflar
-
14:36 - 14:39e verificar se funciona.
-
14:39 - 14:41Isto conduz a uma ideia
-
14:41 - 14:44realmente interessante.
-
14:44 - 14:46De onde é que isto veio?
-
14:46 - 14:48O "stent" cardíaco
-
14:48 - 14:51veio de uma pequena caixa de soprar
-
14:51 - 14:53que talvez tenhamos aprendido na primária.
-
14:53 - 14:56É o mesmo padrão, chamado
"base de bomba de água". -
14:56 - 14:58O algoritmo de achatamento dos "airbags"
-
14:58 - 15:00veio de todos os desenvolvimentos
-
15:00 - 15:03de empacotamento de círculos
e da teoria matemática -
15:03 - 15:05que, na realidade, foi desenvolvida
-
15:05 - 15:09apenas para criar insetos
– coisas com pernas. -
15:09 - 15:12A verdade é que isto é frequente
-
15:12 - 15:13na matemática e na ciência.
-
15:13 - 15:16Quando se envolve a matemática,
os problemas resolvidos -
15:16 - 15:18apenas pelo seu valor estético,
-
15:18 - 15:20ou para criar algo belo,
-
15:20 - 15:24dão a volta e revelam ter aplicação
-
15:24 - 15:25no mundo real.
-
15:25 - 15:29Por muito estranho e surpreendente
que possa parecer, -
15:29 - 15:32o "origami" poderá até um dia
salvar uma vida. -
15:32 - 15:33Obrigado.
-
15:33 - 15:36(Aplausos)
- Title:
- A matemática e a magia do "origami"
- Speaker:
- Robert Lang
- Description:
-
Robert Lang é um pioneiro do género mais recente de "origami" — usando matemática e princípios de engenharia para dobrar modelos intrincados e impressionantes que são belos e, por vezes, úteis.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:36
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The math and magic of origami | |
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The math and magic of origami | |
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The math and magic of origami | |
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The math and magic of origami |