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A matemática e a magia do "origami"

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    A minha palestra é "Pássaros que
    batem asas e telescópios espaciais".
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    Poderão pensar que os dois temas
    nada têm em comum,
  • 0:06 - 0:08
    mas espero que, no final
    destes 18 minutos,
  • 0:08 - 0:10
    vejam alguma relação.
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    Tem a ver com "origami".
    Deixem-me começar.
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    O que é "origami"?
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    A maioria das pessoas pensa saber
    o que é "origami".
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    É isto: pássaros que batem as asas,
    brinquedos, abre-e-fecha,
  • 0:19 - 0:20
    esse tipo de coisas.
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    Isso é o que o "origami" costumava ser.
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    Mas está a tornar-se outra coisa.
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    Está a tornar-se uma forma de arte,
    uma forma de escultura.
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    O tema comum – que o torna "origami" –
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    é a dobragem, como criamos a forma.
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    É muito antigo.
    Isto é uma gravura de 1797.
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    Mostra mulheres a brincar.
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    Se olharem melhor, é uma forma
    conhecida por garça.
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    Todas as crianças japonesas
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    aprendem a dobrar esta garça.
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    Esta arte existe há centenas de anos.
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    Poderão pensar que em relação a isto,
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    que existe há tanto tempo
    – tão restritivo, apenas dobragens –
  • 0:51 - 0:55
    tudo o que podia ser feito
    já foi feito há muito tempo.
  • 0:55 - 0:56
    Poderia ter sido assim.
  • 0:56 - 0:58
    Mas, no século XX,
  • 0:58 - 1:01
    apareceu um artista japonês
    chamado Yoshizawa.
  • 1:01 - 1:04
    Ele criou dezenas de milhares
    de novos desenhos.
  • 1:04 - 1:07
    Mas, mais importante,
    ele criou uma linguagem,
  • 1:07 - 1:09
    uma forma de comunicar,
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    um código de pontos, traços e setas.
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    Voltando à palestra de Susan Blackmore,
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    temos agora uma forma
    de transmitir informação
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    com hereditariedade e seleção.
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    Sabemos onde isso nos leva.
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    No "origami", isso levou-nos
  • 1:22 - 1:24
    a coisas destas.
  • 1:24 - 1:26
    Isto é uma figura em "origami",
  • 1:26 - 1:31
    – uma folha sem cortes, apenas
    dobragens, centenas de dobragens.
  • 1:32 - 1:34
    Isto também é "origami".
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    Mostra onde chegámos no mundo moderno.
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    Naturalismo. Detalhe.
  • 1:39 - 1:41
    Podem fazer chifres, armações de hastes,
  • 1:41 - 1:44
    – até cascos fendidos, se repararem.
  • 1:44 - 1:47
    Isto levanta uma questão: o que mudou?
  • 1:47 - 1:48
    O que mudou
  • 1:48 - 1:51
    foi algo que talvez não
    esperassem numa arte,
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    que é a matemática.
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    Isto é, as pessoas aplicaram
    princípios matemáticos à arte
  • 1:59 - 2:01
    para descobrirem as leis subjacentes.
  • 2:01 - 2:03
    Isso conduz a uma ferramenta
    muito poderosa.
  • 2:03 - 2:06
    O segredo da produtividade em tantas áreas
  • 2:06 - 2:08
    – e no "origami" –
  • 2:08 - 2:10
    é deixar as pessoas falecidas
    fazer o nosso trabalho.
  • 2:10 - 2:12
    (Risos)
  • 2:12 - 2:13
    O que podemos fazer
  • 2:13 - 2:15
    é pegar no nosso problema,
  • 2:15 - 2:18
    torná-lo num problema
    que alguém já resolveu
  • 2:18 - 2:20
    e usar as suas soluções.
  • 2:20 - 2:23
    Quero dizer-vos como
    fizemos isso no "origami".
  • 2:23 - 2:26
    O "origami" gira em torno
    de padrões de vincos.
  • 2:26 - 2:28
    O padrão de vincos aqui mostrado
    é o diagrama subjacente
  • 2:28 - 2:30
    a uma figura em "origami".
  • 2:30 - 2:32
    Não as podemos desenhar arbitrariamente.
  • 2:32 - 2:35
    Têm que obedecer a quatro simples leis.
  • 2:35 - 2:37
    São muito simples e fáceis de entender.
  • 2:37 - 2:39
    A primeira lei é a das duas cores.
  • 2:39 - 2:42
    Qualquer padrão de vincos pode ser
    colorido com apenas duas cores,
  • 2:42 - 2:46
    sem se ter a mesma cor
    em zonas adjacentes.
  • 2:46 - 2:48
    As indicações de dobragens em cada vértice
  • 2:48 - 2:51
    – o número de montes, o número de vales –
  • 2:51 - 2:54
    diferem sempre de dois.
    Mais dois ou menos dois.
  • 2:54 - 2:55
    Nada mais.
  • 2:55 - 2:57
    Se observarmos os ângulos
    em torno da dobra,
  • 2:57 - 3:00
    vemos que se numerarmos
    os ângulos num círculo,
  • 3:00 - 3:02
    todos os ângulos com número
    par formam uma linha reta
  • 3:02 - 3:06
    assim como todos os ângulos
    com número ímpar.
  • 3:06 - 3:08
    Se observarmos como
    as camadas se juntam,
  • 3:08 - 3:11
    vemos que, independentemente de como
    juntamos as dobras e as folhas,
  • 3:11 - 3:14
    uma folha nunca pode penetrar uma dobra.
  • 3:14 - 3:17
    São quatro leis simples.
    Tudo o que precisamos no "origami".
  • 3:17 - 3:19
    Todo o "origami" vem daí.
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    Poderão pensar:
    "Conseguem quatro simples leis
  • 3:21 - 3:23
    "dar origem a esta complexidade?"
  • 3:23 - 3:25
    De facto, as leis da mecânica quântica
  • 3:25 - 3:27
    podem ser escritas num guardanapo
  • 3:27 - 3:30
    e, no entanto, governam toda a química,
  • 3:30 - 3:31
    toda a Vida e toda a História.
  • 3:31 - 3:33
    Se obedecermos a estas leis
  • 3:33 - 3:35
    podemos fazer coisas fantásticas.
  • 3:35 - 3:38
    No "origami", para obedecermos
    a estas leis,
  • 3:38 - 3:39
    podemos pegar em padrões simples,
  • 3:39 - 3:42
    – como este padrão repetitivo de dobras,
    chamado textura –
  • 3:42 - 3:44
    que, por si só, não são nada.
  • 3:44 - 3:46
    Mas se seguirmos as leis do "origami",
  • 3:46 - 3:49
    podemos pôr estes padrões
    noutra dobragem,
  • 3:49 - 3:52
    que pode ser algo muito, muito simples,
  • 3:52 - 3:53
    mas quando colocados juntos,
  • 3:53 - 3:56
    temos algo um pouco diferente.
  • 3:56 - 3:59
    Este peixe com 400 escamas
  • 3:59 - 4:01
    – um simples quadrado sem cortes,
    só com dobragens.
  • 4:02 - 4:04
    Se não quisermos dobrar 400 escamas,
  • 4:04 - 4:06
    podemos recuar e fazer
    apenas algumas coisas
  • 4:06 - 4:09
    e adicionar placas à carapaça
    de uma tartaruga, ou dedos.
  • 4:09 - 4:11
    Ou podemos ir mais longe
  • 4:11 - 4:16
    e fazer 50 estrelas numa bandeira,
    com 13 faixas.
  • 4:16 - 4:18
    Se quisermos fazer uma loucura
  • 4:18 - 4:20
    podemos fazer 1000 escamas numa cascavel.
  • 4:20 - 4:22
    Este está em exposição lá em baixo.
  • 4:22 - 4:25
    Deem uma vista de olhos se puderem.
  • 4:25 - 4:27
    As ferramentas mais poderosas no "origami"
  • 4:27 - 4:30
    têm a ver com o modo como fazemos
    partes de criaturas.
  • 4:30 - 4:33
    Posso pôr isto numa equação simples.
  • 4:33 - 4:34
    Pegamos numa ideia,
  • 4:34 - 4:37
    combinamo-la com um quadrado
    e temos uma figura em origami.
  • 4:37 - 4:42
    (Risos)
  • 4:42 - 4:44
    O que importa é o que estes
    símbolos significam.
  • 4:44 - 4:46
    Poderão dizer: "Podemos ser
    tão específicos?
  • 4:46 - 4:49
    "Quer dizer, uma carocha
    tem duas maxilas, tem antenas,
  • 4:49 - 4:53
    "Podemos especificar um detalhe destes?"
  • 4:53 - 4:55
    Sim, podemos mesmo.
  • 4:55 - 4:56
    Como fazemos isso?
  • 4:56 - 5:00
    Bem, decompomos o problema
    em alguns passos mais simples.
  • 5:00 - 5:02
    Deixem-me explanar esta equação.
  • 5:02 - 5:05
    Começo com a minha ideia.
    Torno-a abstrata.
  • 5:05 - 5:08
    Qual é a forma mais abstrata?
    É uma figura linear.
  • 5:08 - 5:12
    A partir dessa figura linear, tenho
    que obter uma forma dobrada
  • 5:12 - 5:15
    que tenha uma parte para cada
    ponto do desenho,
  • 5:15 - 5:16
    uma aba para cada perna.
  • 5:16 - 5:20
    Uma vez conseguida essa forma,
    a que chamamos a base,
  • 5:20 - 5:22
    podemos estreitar as pernas,
    podemos curvá-las,
  • 5:22 - 5:25
    podemos transformá-la na forma final.
  • 5:25 - 5:26
    O primeiro passo é muito simples.
  • 5:26 - 5:29
    Peguem numa ideia, desenhem
    uma figura linear.
  • 5:29 - 5:32
    O último passo não é muito difícil,
    mas o passo intermédio,
  • 5:32 - 5:34
    – passar da descrição abstrata
    à forma dobrada –
  • 5:34 - 5:36
    esse é difícil.
  • 5:36 - 5:39
    Mas esse é o ponto
    em que as ideias matemáticas
  • 5:39 - 5:41
    nos podem ajudar.
  • 5:41 - 5:42
    Vou mostrar-vos como fazer isso,
  • 5:42 - 5:45
    para poderem dobrar algo
    quando saírem daqui.
  • 5:45 - 5:46
    Começamos com algo fácil.
  • 5:46 - 5:48
    Esta base tem uma série de abas.
  • 5:48 - 5:52
    Vamos aprender a fazer uma aba.
  • 5:52 - 5:53
    Como fazemos uma única aba?
  • 5:53 - 5:56
    Peguem num quadrado. Dobrem ao meio,
    uma e outra vez.
  • 5:56 - 5:58
    até que fique longo e estreito.
  • 5:58 - 6:00
    No final, dizemos que temos uma aba.
  • 6:00 - 6:03
    Posso usá-la para uma perna, braço,
    qualquer coisa do género.
  • 6:03 - 6:05
    Que parte do papel fez esta aba?
  • 6:05 - 6:07
    Se desdobrar e regressar
    ao padrão de vincos,
  • 6:07 - 6:12
    podemos ver que foi o canto superior
    esquerdo dessa forma que fez a aba.
  • 6:12 - 6:15
    Isto é uma aba e o resto
    do papel fica de lado.
  • 6:15 - 6:17
    Posso usá-lo para outra coisa.
  • 6:17 - 6:20
    Há outras formas de fazer uma aba.
  • 6:20 - 6:21
    Há outras dimensões para abas.
  • 6:21 - 6:24
    Se fizer abas mais estreitas,
    posso poupar algum papel.
  • 6:24 - 6:28
    Se fizer a aba o mais estreita possível,
  • 6:28 - 6:30
    chego ao limite do mínimo
    de papel necessário.
  • 6:30 - 6:35
    Podemos ver que é necessário um quarto
    de círculo de papel para fazer uma aba.
  • 6:35 - 6:36
    Há outras formas de fazer abas.
  • 6:36 - 6:40
    Se fizer a aba numa aresta,
    uso um quarto de círculo de papel.
  • 6:40 - 6:43
    Se fizer a aba no meio,
    uso um círculo completo.
  • 6:43 - 6:45
    Como quer que faça a aba,
  • 6:45 - 6:46
    preciso de uma parte
  • 6:46 - 6:49
    de uma região circular de papel.
  • 6:49 - 6:51
    Agora estamos prontos a extrapolar.
  • 6:51 - 6:53
    E se eu quiser fazer algo com muitas abas?
  • 6:53 - 6:57
    De que preciso? De muitos círculos.
  • 6:57 - 7:01
    Em 1990, os artistas de "origami"
    descobriram estes princípios
  • 7:01 - 7:05
    e perceberam que podíamos fazer figuras
    arbitrariamente complicadas
  • 7:05 - 7:07
    apenas empacotando círculos.
  • 7:07 - 7:10
    Foi aqui que as pessoas falecidas
    começaram a ajudar-nos.
  • 7:10 - 7:11
    (Risos)
  • 7:11 - 7:13
    Muitas pessoas estudaram
  • 7:13 - 7:15
    o problema do empacotamento de círculos.
  • 7:15 - 7:19
    Posso basear-me nessa vasta história
    de matemáticos e artistas
  • 7:19 - 7:21
    a estudar empacotamentos
    e arranjos de círculos.
  • 7:21 - 7:25
    Posso usar esses padrões agora
    para criar formas em "origami".
  • 7:25 - 7:28
    Descobrimos as regras
    para empacotar círculos,
  • 7:28 - 7:32
    decoramos os padrões de círculos
    com linhas, de acordo com mais regras.
  • 7:32 - 7:34
    Obtemos as dobragens
    que vão formar uma base.
  • 7:34 - 7:36
    Damos forma à base.
  • 7:36 - 7:39
    Obtemos uma forma dobrada
    – neste caso, uma barata.
  • 7:40 - 7:41
    É tão simples.
  • 7:41 - 7:44
    (Risos)
  • 7:44 - 7:47
    É tão simples que podia ser feito
    por um computador.
  • 7:47 - 7:49
    Dirão: "Bem, quão simples é isso?"
  • 7:49 - 7:51
    Com os computadores, temos
    que descrever as coisas
  • 7:51 - 7:54
    em termos muitos básicos
    e, neste caso, conseguimos.
  • 7:54 - 7:57
    Escrevi um programa há alguns
    anos chamado TreeMaker.
  • 7:57 - 7:59
    Podem transferi-lo do meu
    "website". É gratuito.
  • 7:59 - 8:02
    Corre na maior parte das
    plataformas – até no "Windows".
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:04 - 8:05
    Só têm que desenhar uma figura linear,
  • 8:05 - 8:07
    e ele calcula o padrão de dobragens.
  • 8:07 - 8:10
    Faz empacotamento de círculos
    e calcula o padrão de dobragens.
  • 8:10 - 8:13
    Se usarem a figura linear
    que acabei de mostrar
  • 8:13 - 8:16
    — que como podem ver
    é um veado, tem galhos —
  • 8:16 - 8:17
    obtêm este padrão de dobragens.
  • 8:17 - 8:20
    Se dobrarmos este padrão
    pelas linhas ponteadas,
  • 8:20 - 8:22
    obtemos uma base a que podemos depois
  • 8:22 - 8:24
    dar a forma de um veado,
  • 8:24 - 8:27
    que tem exatamente o padrão
    de dobragens que queríamos.
  • 8:27 - 8:29
    Se quisermos um veado diferente,
  • 8:29 - 8:32
    não um de cauda branca,
    mas um veado-mula ou um cervo,
  • 8:32 - 8:33
    mudamos o empacotamento
  • 8:33 - 8:35
    e podemos fazer um cervo.
  • 8:35 - 8:37
    Ou podemos fazer um alce.
  • 8:37 - 8:40
    Ou, na realidade, qualquer
    outro tipo de veado.
  • 8:40 - 8:42
    Estas técnicas revolucionaram esta arte.
  • 8:42 - 8:44
    Descobrimos que podemos fazer insetos,
  • 8:44 - 8:46
    aranhas, que são parecidas,
  • 8:46 - 8:50
    coisas com pernas, coisas
    com pernas e asas,
  • 8:50 - 8:52
    coisas com pernas e antenas.
  • 8:52 - 8:55
    Se dobrar um louva-a-deus a partir
    de um único quadrado sem cortes
  • 8:55 - 8:57
    não for suficientemente interessante,
  • 8:57 - 8:59
    podemos fazer dois louva-a-deus
  • 8:59 - 9:01
    de um único quadrado sem cortes.
  • 9:01 - 9:03
    Ela está a devorá-lo.
  • 9:03 - 9:06
    Dei-lhe o nome de "Hora do lanche".
  • 9:06 - 9:09
    Podemos fazer mais do que apenas insetos.
  • 9:09 - 9:12
    Podemos por detalhes, dedos, garras.
  • 9:12 - 9:14
    Um urso pardo tem garras.
  • 9:14 - 9:15
    Esta rã arbórea tem dedos.
  • 9:15 - 9:18
    De facto, muita gente põe dedos
    nos seus modelos de "origami".
  • 9:18 - 9:20
    Os dedos tornaram-se uma moda
    no "origami",
  • 9:20 - 9:23
    porque toda a gente os faz.
  • 9:23 - 9:25
    Podemos fazer múltiplos temas.
  • 9:25 - 9:28
    Isto é um conjunto de instrumentalistas.
  • 9:28 - 9:30
    O guitarrista é feito
    de um único quadrado,
  • 9:30 - 9:33
    assim como o baixo.
  • 9:33 - 9:36
    Se disserem: "Bem, a guitarra
    e o baixo não são muito fixes."
  • 9:36 - 9:38
    "Faça instrumentos um pouco
    mais complicados".
  • 9:38 - 9:40
    Bem, podemos fazer um órgão.
  • 9:40 - 9:43
    (Risos)
  • 9:43 - 9:46
    O que isto permitiu foi a criação
  • 9:46 - 9:47
    de "origami" a pedido.
  • 9:47 - 9:51
    Agora as pessoas podem dizer:
    "Quero exatamente isto e isto",
  • 9:51 - 9:53
    e podemos dobrar o que querem.
  • 9:53 - 9:55
    Por vezes, criamos arte complexa.
  • 9:55 - 9:58
    Por vezes, pagamos as contas
    fazendo trabalhos comerciais.
  • 9:58 - 10:00
    Quero mostrar-vos alguns exemplos.
  • 10:00 - 10:02
    Tudo o que vão ver aqui,
  • 10:02 - 10:05
    exceto o carro, é "origami".
  • 10:05 - 10:12
    (Vídeo)
  • 10:33 - 10:36
    (Aplausos)
  • 10:36 - 10:39
    Só para vos mostrar que isto
    era mesmo papel dobrado.
  • 10:39 - 10:41
    Os computadores aceleraram as coisas,
  • 10:41 - 10:44
    mas isto era real, eram
    dobragens feitas por nós.
  • 10:45 - 10:48
    Podemos usar isto para além de enfeites.
  • 10:48 - 10:51
    Mostra-se útil até no mundo real.
  • 10:51 - 10:53
    O "origami", surpreendentemente,
  • 10:53 - 10:55
    e as estruturas que desenvolvemos
    em "origami"
  • 10:55 - 10:58
    têm aplicações em medicina, em ciência,
  • 10:58 - 11:01
    no espaço, no corpo, eletrónica
    de consumo e outras coisas.
  • 11:01 - 11:04
    Quero mostrar-vos alguns destes exemplos.
  • 11:04 - 11:06
    Um dos mais antigos é este padrão,
  • 11:06 - 11:08
    este padrão de dobragens,
  • 11:08 - 11:11
    estudado pelo engenheiro
    japonês Koryo Miura.
  • 11:11 - 11:13
    Ele estudou um padrão
    de dobragens e percebeu
  • 11:13 - 11:17
    que isto poderia ser dobrado numa
    embalagem extremamente compacta,
  • 11:17 - 11:20
    com uma estrutura de abertura
    e fecho muito simples.
  • 11:20 - 11:22
    Ele usou isso para desenhar
    este painel solar.
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    É a visão de um artista,
  • 11:23 - 11:27
    mas voou num telescópio japonês em 1995.
  • 11:27 - 11:29
    Existe um pouco de "origami"
  • 11:29 - 11:32
    no telescópio espacial James Webb,
    mas é muito simples.
  • 11:32 - 11:35
    O telescópio, ao subir ao espaço,
  • 11:35 - 11:37
    desdobra-se em dois pontos.
  • 11:37 - 11:38
    Dobra-se em terços.
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    É um padrão muito simples.
    Nem pode ser considerado "origami".
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    Decerto não tiveram que falar
    com artistas de "origami".
  • 11:44 - 11:47
    Mas se quisermos ir mais além
    e algo maior do que isto,
  • 11:47 - 11:49
    talvez precisemos de algum "origami".
  • 11:49 - 11:52
    Os engenheiros do Laboratório
    Nacional Lawrence Livermore
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    tiveram uma ideia para um
    telescópio muito maior.
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    Chamaram-lhe "Olho de Vidro".
  • 11:56 - 11:59
    O desenho implicava uma
    órbita geossíncrona,
  • 11:59 - 12:00
    a uma altitude de 40 000 km,
  • 12:00 - 12:04
    e uma lente de 100 metros de diâmetro.
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    Imaginem uma lente do tamanho
    de um campo de futebol.
  • 12:07 - 12:09
    Havia dois grupos de pessoas
    interessadas nisto:
  • 12:09 - 12:12
    cientistas planetários,
    que querem olhar para cima,
  • 12:12 - 12:16
    e outras pessoas, que queriam
    olhar para baixo.
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    Quer se olhe para cima ou para baixo,
    como se coloca no espaço?
  • 12:19 - 12:21
    Tem que ser com um foguetão
    e os foguetões são pequenos,
  • 12:21 - 12:23
    por isso, tem que se fazer
    mais pequeno.
  • 12:23 - 12:26
    Como se reduz uma grande folha de vidro?
  • 12:26 - 12:28
    A solução, quase única, é dobrá-la
    de algum modo.
  • 12:28 - 12:30
    Temos que fazer algo deste género.
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    Isto é um modelo pequeno.
  • 12:32 - 12:36
    Uma lente dobrada, dividida
    em painéis, com fletores.
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    Mas este padrão não vai permitir
  • 12:38 - 12:41
    reduzir algo com 100 metros
    até alguns metros.
  • 12:41 - 12:43
    Os engenheiros de Livermore,
  • 12:43 - 12:46
    querendo usar o trabalho
    de pessoas falecidas,
  • 12:46 - 12:49
    ou talvez de origamistas vivos, disseram:
  • 12:49 - 12:52
    "Vamos ver se alguém está
    a fazer algo do género."
  • 12:52 - 12:54
    Observaram a comunidade de "origami",
  • 12:54 - 12:56
    contactámo-los e comecei
    a trabalhar com eles.
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    Desenvolvemos um padrão, em conjunto,
  • 12:58 - 13:01
    que se amplia até um tamanho arbitrário,
  • 13:01 - 13:04
    mas que permite um anel plano ou um disco
  • 13:04 - 13:07
    dobrar-se num cilindro muito compacto.
  • 13:07 - 13:10
    Adotaram isto para a sua primeira geração,
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    que não tinha 100 metros, mas cinco.
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    Mas é um telescópio de cinco metros,
    com uma distância focal de 400 metros.
  • 13:15 - 13:18
    Funciona perfeitamente
    dentro do seu alcance,
  • 13:18 - 13:21
    e, na realidade, dobra-se num
    conjunto muito arrumado.
  • 13:21 - 13:23
    Existe outro "origami" no espaço.
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    A Agência de Exploração Aeroespacial
    Japonesa lançou uma vela solar.
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    Podemos ver aqui que a vela se expande
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    e podemos até ver as linhas de dobragem.
  • 13:31 - 13:33
    O problema que está aqui a ser resolvido
  • 13:33 - 13:37
    é algo que precisa de ser grande
    e ter a forma de uma folha no seu destino,
  • 13:37 - 13:39
    mas tem que ser pequeno durante a viagem.
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    Isto coloca-se quer vamos ao espaço,
  • 13:42 - 13:45
    quer vamos ao interior de um corpo.
  • 13:45 - 13:47
    Isto é um exemplo disso.
  • 13:47 - 13:50
    Isto é um "stent" cardíaco
    desenvolvido por Zhong You,
  • 13:50 - 13:52
    na Universidade de Oxford.
  • 13:52 - 13:56
    Mantém aberta uma artéria bloqueada,
    quando chega ao seu destino,
  • 13:56 - 13:58
    mas deve ser muito menor,
    para viajar até lá,
  • 13:58 - 14:00
    através dos nossos vasos sanguíneos.
  • 14:00 - 14:04
    Este "stent" dobra-se segundo
    um padrão "origami",
  • 14:04 - 14:07
    baseado num modelo chamado
    "base de bomba de água."
  • 14:07 - 14:10
    Os "designers" de "airbags"
    também têm o problema
  • 14:10 - 14:12
    de colocar folhas planas
  • 14:12 - 14:14
    em espaços reduzidos.
  • 14:14 - 14:16
    Querem fazer a sua conceção
    usando simulações.
  • 14:16 - 14:18
    Têm que descobrir como
    achatar um airbag,
  • 14:18 - 14:20
    usando um computador.
  • 14:20 - 14:23
    Os algoritmos que desenvolvemos
  • 14:23 - 14:25
    para fazer os insetos
  • 14:25 - 14:28
    revelaram-se a solução para os "airbags",
  • 14:28 - 14:30
    nas suas simulações.
  • 14:30 - 14:33
    Podem, então, fazer uma
    simulação como esta.
  • 14:33 - 14:34
    Vemos os vincos de "origami" a formar-se.
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    Agora podemos ver o "airbag" a insuflar
  • 14:36 - 14:39
    e verificar se funciona.
  • 14:39 - 14:41
    Isto conduz a uma ideia
  • 14:41 - 14:44
    realmente interessante.
  • 14:44 - 14:46
    De onde é que isto veio?
  • 14:46 - 14:48
    O "stent" cardíaco
  • 14:48 - 14:51
    veio de uma pequena caixa de soprar
  • 14:51 - 14:53
    que talvez tenhamos aprendido na primária.
  • 14:53 - 14:56
    É o mesmo padrão, chamado
    "base de bomba de água".
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    O algoritmo de achatamento dos "airbags"
  • 14:58 - 15:00
    veio de todos os desenvolvimentos
  • 15:00 - 15:03
    de empacotamento de círculos
    e da teoria matemática
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    que, na realidade, foi desenvolvida
  • 15:05 - 15:09
    apenas para criar insetos
    – coisas com pernas.
  • 15:09 - 15:12
    A verdade é que isto é frequente
  • 15:12 - 15:13
    na matemática e na ciência.
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    Quando se envolve a matemática,
    os problemas resolvidos
  • 15:16 - 15:18
    apenas pelo seu valor estético,
  • 15:18 - 15:20
    ou para criar algo belo,
  • 15:20 - 15:24
    dão a volta e revelam ter aplicação
  • 15:24 - 15:25
    no mundo real.
  • 15:25 - 15:29
    Por muito estranho e surpreendente
    que possa parecer,
  • 15:29 - 15:32
    o "origami" poderá até um dia
    salvar uma vida.
  • 15:32 - 15:33
    Obrigado.
  • 15:33 - 15:36
    (Aplausos)
Title:
A matemática e a magia do "origami"
Speaker:
Robert Lang
Description:

Robert Lang é um pioneiro do género mais recente de "origami" — usando matemática e princípios de engenharia para dobrar modelos intrincados e impressionantes que são belos e, por vezes, úteis.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:36

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