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Como ser um bom antepassado

  • 0:01 - 0:05
    Está na altura de a Humanidade
    reconhecer uma verdade dolorosa:
  • 0:05 - 0:08
    temos vindo a colonizar o futuro.
  • 0:08 - 0:09
    Sobretudo em países ricos,
  • 0:09 - 0:12
    o futuro é tratado como
    um posto colonial distante
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    para onde podemos atirar
    livremente o lixo ecológico
  • 0:14 - 0:19
    e os riscos tecnológicos
    como se não existisse ali ninguém.
  • 0:19 - 0:22
    A tragédia é que a próxima
    geração não está cá
  • 0:22 - 0:25
    para contestar esta pilhagem
    da sua herança.
  • 0:25 - 0:28
    Não se pode pôr à frente
    do cavalo do rei, como as sufragistas,
  • 0:28 - 0:31
    nem fazer uma manifestação passiva
    de luta pelos direitos humanos
  • 0:31 - 0:34
    nem fazer a Marcha do Sal e desafiar
    opressores coloniais, como Gandhi.
  • 0:34 - 0:38
    Não lhes concedemos direitos políticos
    ou representação política;
  • 0:38 - 0:40
    não têm influência no mercado.
  • 0:40 - 0:43
    A maior parte das futuras
    gerações silenciosas
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    foi reduzida à impotência.
  • 0:46 - 0:49
    Seria difícil classificar
    a dimensão desta injustiça,
  • 0:49 - 0:51
    portanto, vejamos:
  • 0:51 - 0:54
    há hoje 7700 milhões de pessoas.
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    Esta é uma pequena percentagem
    dos estimados 100 mil milhões
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    que viveram e morreram
    ao longo de 50 000 anos.
  • 1:02 - 1:06
    Mas ambos serão superados
    por cerca de sete biliões de pessoas
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    que nascerão nos próximos 50 000 anos,
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    pressupondo que a atual
    taxa de natalidade estabilize.
  • 1:12 - 1:17
    Nos próximos dois séculos, nascerão
    dezenas de milhares de milhões de pessoas,
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    entre eles, os vossos netos,
  • 1:19 - 1:21
    e os netos dos vossos netos,
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    e os amigos e comunidades
    de quem dependerão.
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    Como é que estas futuras gerações
    olharão para nós, no passado,
  • 1:27 - 1:30
    e para o legado que lhes deixamos?
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    Nós herdámos
    legados extraordinários
  • 1:32 - 1:35
    dos nossos antepassados:
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    a revolução agrícola,
  • 1:37 - 1:40
    as descobertas médicas
    e as cidades onde ainda vivemos.
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    Mas também herdámos
    legados destruidores.
  • 1:43 - 1:47
    Legados de escravatura,
    de colonialismo e racismo,
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    que criaram graves injustiças
    que agora têm de ser corrigidas.
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    Legados de economias
  • 1:52 - 1:54
    estruturalmente dependentes
    de combustíveis fósseis
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    e de crescimento permanente
    que têm de ser transformados.
  • 1:57 - 2:02
    Como podemos ser os bons antepassados
    que as gerações futuras merecem?
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    Bem, na década passada,
  • 2:04 - 2:06
    surgiu um movimento mundial
  • 2:06 - 2:09
    de pessoas empenhadas
    em descolonizar o futuro
  • 2:09 - 2:12
    e alargar o nosso horizonte temporal
    num horizonte mais prolongado.
  • 2:12 - 2:17
    Este movimento está ainda fragmentado
    e ainda não tem nome.
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    Chamo a estes pioneiros
    "rebeldes do tempo".
  • 2:21 - 2:25
    Pertencem ao movimento visionário
    Future Design, do Japão,
  • 2:25 - 2:28
    que visa superar os ciclos curtos
    que dominam a política,
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    baseando-se no princípio
    da tomada de decisão a sete gerações
  • 2:31 - 2:34
    praticado por muitas comunidades
    indígenas americanas.
  • 2:34 - 2:36
    O Future Design reúne residentes
  • 2:36 - 2:40
    para elaborar e debater planos
    para as cidades onde vivem.
  • 2:40 - 2:43
    Dizem a metade do grupo
    que são residentes do mundo atual.
  • 2:43 - 2:45
    À outra metade,
    dão túnicas de cerimónia
  • 2:45 - 2:50
    e pedem-lhes para imaginarem
    que vivem no ano 2060.
  • 2:50 - 2:52
    Acontece que os residentes de 2060
  • 2:52 - 2:56
    defendem sistematicamente
    planos mais transformadores para a cidade,
  • 2:56 - 2:59
    do investimento em cuidados de saúde
    à ação contra a alteração climática.
  • 2:59 - 3:02
    Esta forma inovadora
    de assembleia com futuros cidadãos
  • 3:02 - 3:04
    está a espalhar-se pelo Japão
  • 3:04 - 3:08
    das pequenas vilas como Yahaba
    a metrópoles como Quioto.
  • 3:08 - 3:12
    Que tal, se o Future Design fosse adotado
    por cidades de todo o mundo
  • 3:12 - 3:14
    de forma a revitalizar
    a tomada de decisão democrática
  • 3:14 - 3:17
    e ampliar a nossa visão
    para além do agora?
  • 3:17 - 3:20
    Os rebeldes do tempo também
    estão nos tribunais judiciais
  • 3:20 - 3:22
    a assegurar os direitos
    das futuras gerações.
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    A organização Our Children's Trust
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    apresentou uma queixa contra
    o governo dos EUA
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    em nome de 21 jovens
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    que lutam pelo direito a um clima seguro
    e uma atmosfera saudável
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    para as gerações de agora e futuras.
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    A sua luta, estilo David e Golias,
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    já inspirou processos-crime inspiradores
    por todo o mundo,
  • 3:41 - 3:45
    da Colômbia ao Paquistão,
    do Uganda aos Países Baixos.
  • 3:45 - 3:48
    E esta onda de ativismo
    está a crescer a par com o movimento
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    para que seja atribuída
    personalidade à natureza,
  • 3:50 - 3:54
    desde o rio Whanganui,
    em Aotearoa, na Nova Zelândia,
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    aos rios Ganges e Yamuna, na Índia.
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    Os rebeldes do tempo também
    agem nas urnas de voto.
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    Em 2019, adolescente por toda a Europa
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    pressionaram os pais e avós
  • 4:05 - 4:09
    para lhes darem os seus votos
    nas eleições parlamentares europeias.
  • 4:09 - 4:13
    O hashtag #givethekidsyourvote
    tornou-se viral nas redes sociais
  • 4:13 - 4:16
    e foi partilhado pelos militantes
    climáticos até mesmo na Austrália.
  • 4:16 - 4:18
    Eu e a minha companheira
  • 4:18 - 4:21
    decidimos dar os nossos votos
    das últimas eleições do Reino Unido
  • 4:21 - 4:23
    aos nossos filhos de 11 anos.
  • 4:23 - 4:27
    Sentámo-nos à mesa e debatemos
    os programas dos partidos.
  • 4:27 - 4:31
    Cada um disse onde colocar
    o X na folha de voto.
  • 4:31 - 4:32
    E, caso se questionem,
  • 4:32 - 4:36
    eles não têm as mesmas
    opiniões políticas dos pais.
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    A revolução do tempo começou.
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    Os rebeldes estão a chegar
    para descolonizar o futuro
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    fundando um movimento global
    que pensa a longo prazo
  • 4:45 - 4:47
    e na justiça entre gerações,
  • 4:47 - 4:48
    e que pode tornar-se
  • 4:48 - 4:51
    um dos movimentos políticos
    mais poderosos deste século.
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    Estão a ajudar-nos
    a escapar dos ciclos curtos
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    que nos prendem à distração digital
    e à cultura de consumo,
  • 4:56 - 4:58
    que tenta com o botão Compre Agora
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    e as notícias 24 horas por dia.
  • 5:00 - 5:03
    Inspiram-nos a alargar
    os nossos horizontes temporais
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    de segundos e minutos,
    para décadas e muito para além disso.
  • 5:07 - 5:09
    O projeto da artista Katie Paterson,
    Future Library,
  • 5:09 - 5:11
    demorará um século a ser concluído.
  • 5:11 - 5:13
    Todos os anos, um autor famoso
    doa um livro
  • 5:13 - 5:17
    que só será lido em 2114
  • 5:17 - 5:19
    quando toda a coleção
    estiver impressa em papel,
  • 5:19 - 5:23
    feito por uma floresta
    plantada para esse fim.
  • 5:23 - 5:26
    O Svalbard Global Seed Vault
    leva esta visão ainda mais além,
  • 5:26 - 5:28
    armazenando milhões de sementes
  • 5:28 - 5:31
    num abrigo de pedra indestrutível
    no Círculo Polar Ártico
  • 5:31 - 5:34
    concebido para durar 1000 anos.
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    Como é possível pensar e planear
    à escala de um milénio?
  • 5:40 - 5:44
    A resposta é talvez o que secretamente
    nos torna rebeldes do tempo,
  • 5:44 - 5:47
    e é dada pela "designer" biomimética
    Janine Benyus, que sugere
  • 5:47 - 5:51
    que aprendamos com os 3800 milhões
    de anos de evolução da Natureza.
  • 5:52 - 5:55
    Como é que outras espécies
    aprenderam a sobreviver e a desenvolver-se
  • 5:55 - 5:57
    durante 10 000 ou mais gerações?
  • 5:58 - 6:02
    Tomando conta do lugar
    que tomará conta das suas crias,
  • 6:03 - 6:06
    vivendo dentro do ecossistema
    em que estão integradas,
  • 6:06 - 6:09
    não poluindo o ninho,
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    como os seres humanos têm feito,
    com efeitos devastadores
  • 6:12 - 6:15
    a um ritmo e escala crescentes
    durante o século passado.
  • 6:15 - 6:18
    Um ponto de partida para
    os rebeldes to tempo em todo o mundo
  • 6:18 - 6:22
    seria não só ter em atenção
    o alongamento do tempo,
  • 6:22 - 6:25
    mas a regeneração do espaço.
  • 6:25 - 6:29
    Temos de recuperar, reparar
    e cuidar da nossa casa, o planeta,
  • 6:29 - 6:32
    que tomará conta da nossa descendência.
  • 6:32 - 6:34
    Pelos nossos filhos,
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    e pelos filhos dos nossos filhos,
  • 6:35 - 6:37
    e por todos os que estarão para vir,
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    temos de nos apaixonar
    pelos rios e pelas montanhas,
  • 6:40 - 6:42
    pelos mantos de gelo e pelas savanas,
  • 6:43 - 6:46
    e restabelecer a ligação
    com os ciclos duradouros da Natureza.
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    Tornemo-nos rebeldes do tempo
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    e inspiremo-nos na bênção Mohawk
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    proferida quando nasce uma criança:
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    "Obrigada, Terra.
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    "Tu sabes o caminho."
Title:
Como ser um bom antepassado
Speaker:
Roman Krznaric
Description:

Os nossos descendentes dominam o futuro, mas as decisões e ações que tomamos hoje terão um impacto tremendo nas gerações que se seguirão, diz o filósofo Roman Krznaric. Partindo de uma campanha mundial para garantir personalidade jurídica à Natureza, até a um processo revolucionário movido por uma coligação de jovens ativistas, Krznaric conta
formas de nos tornarmos bons antepassados ou, como lhes chama, "Rebeldes do Tempo", e adere a um movimento que redefine a esperança de vida, procurando a justiça entre gerações e a prática de um profundo amor pelo planeta.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
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