Janna Levin: O som que o universo produz
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0:00 - 0:03Quero pedir-vos que considerem por uns segundos
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0:03 - 0:05o facto muito simples
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0:05 - 0:07de que, de longe,
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0:07 - 0:09muito do que sabemos sobre o universo
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0:09 - 0:11vem até nós pela luz.
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0:11 - 0:14Podemos estar na Terra e olhar para cima para o céu nocturno
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0:14 - 0:17e ver as estrelas com os nossos próprios olhos.
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0:17 - 0:19O Sol queima a nossa visão periférica,
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0:19 - 0:22vemos a luz refletida pela Lua,
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0:22 - 0:26e desde que Galileu apontou aquele telescópio rudimentar
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0:26 - 0:29aos corpos celestes,
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0:29 - 0:32o universo conhecido vem até nós através da luz,
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0:32 - 0:35ao longo de vastas eras da história cósmica.
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0:35 - 0:38E com todos os nossos telescópios modernos,
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0:38 - 0:40temos conseguido recolher
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0:40 - 0:43este deslumbrante filme mudo do universo --
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0:43 - 0:46esta série de momentos instantâneos
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0:46 - 0:49que vão até ao Big Bang.
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0:49 - 0:52E contudo, o universo não é um filme mudo,
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0:52 - 0:54porque o universo não é mudo.
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0:54 - 0:56Eu gostaria de vos convencer
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0:56 - 0:58que o universo tem uma banda sonora,
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0:58 - 1:02e que essa banda sonora é tocada no próprio espaço.
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1:02 - 1:05Porque o espaço pode oscilar como um tambor.
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1:05 - 1:08Pode tocar uma espécie de registo
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1:08 - 1:10através do universo
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1:10 - 1:13de alguns dos eventos mais dramáticos à medida que eles acontecem.
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1:13 - 1:16Gostaríamos de ser capazes de adicionar,
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1:16 - 1:19a uma espécie de composição visual gloriosa
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1:19 - 1:21que temos do universo,
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1:21 - 1:23uma composição sónica.
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1:23 - 1:27E como nunca ouvimos os sons do espaço,
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1:27 - 1:30deveríamos realmente, nos próximos anos,
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1:30 - 1:32começar a aumentar o volume do que se passa lá fora.
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1:32 - 1:34Portanto nesta ambição
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1:34 - 1:37de capturar as músicas do universo,
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1:37 - 1:39colocamos a nossa atenção
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1:39 - 1:41nos buracos negros e na promessa que eles têm,
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1:41 - 1:44porque os buracos negros podem tocar no espaço-tempo
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1:44 - 1:46como marretas num tambor
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1:46 - 1:48e têm uma música muito característica,
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1:48 - 1:51e gostaria de tocar para vós algumas das nossas previsões
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1:51 - 1:53de como essa música será.
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1:53 - 1:56Agora, buracos negros são escuros num céu escuro.
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1:56 - 1:58Não os podemos ver diretamente.
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1:58 - 2:01Eles não são trazidos até nós com luz, pelo menos diretamente.
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2:01 - 2:03Podemos vê-los indiretamente,
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2:03 - 2:06porque os buracos negros provocam estragos no seu ambiente.
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2:06 - 2:08Eles destroem as estrelas ao seu redor.
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2:08 - 2:11Eles agitam os detritos nas suas redondezas.
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2:11 - 2:13Mas eles não virão até nós diretamente pela luz.
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2:13 - 2:15Poderemos um dia ver uma sombra
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2:15 - 2:18que um buraco negro pode emitir num fundo muito brilhante,
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2:18 - 2:20mas ainda não vimos.
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2:20 - 2:22Contundo, os buracos negros podem ser ouvidos
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2:22 - 2:24mesmo que não sejam vistos,
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2:24 - 2:28e isso é porque eles tocam no espaço-tempo como um tambor.
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2:28 - 2:31Devemos a ideia de que o espaço pode soar como um tambor
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2:31 - 2:34a Albert Einstein, a quem devemos muito.
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2:34 - 2:36Einstein tomou consciência de que se o espaço estivesse vazio,
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2:36 - 2:38se o universo estivesse vazio,
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2:38 - 2:41seria como esta fotografia,
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2:41 - 2:44exceto talvez sem a útil rede desenhada nela.
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2:44 - 2:47Mas se estivéssemos a cair livremente pelo espaço,
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2:47 - 2:49mesmo sem esta útil rede,
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2:49 - 2:51poderíamos ser capazes de a pintar nós próprios,
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2:51 - 2:54porque repararíamos que viajávamos ao longo de linha retas,
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2:54 - 2:56caminhos retos não deflectidos
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2:56 - 2:58através do universo.
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2:58 - 3:00Einstein também se apercebeu
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3:00 - 3:02e isto é o verdadeiro cerne do assunto --
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3:02 - 3:05que se se puséssemos energia ou massa no universo,
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3:05 - 3:07ela curvaria o espaço.
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3:07 - 3:09E um objeto a cair livremente
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3:09 - 3:11passaria, por exemplo, pelo sol
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3:11 - 3:13e seria deflectido
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3:13 - 3:15ao longo das curvas naturais no espaço.
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3:15 - 3:19Foi a fantástica teoria da relatividade geral de Einstein.
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3:19 - 3:22Agora até a luz será curvada por esses caminhos.
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3:22 - 3:24E pode curvar tanto
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3:24 - 3:26que somos capturados em órbita em volta do Sol,
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3:26 - 3:28tal como a Terra, ou a Lua em torno da Terra.
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3:28 - 3:31Estas são as curvas naturais no espaço.
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3:31 - 3:33Do que Einstein não se apercebeu
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3:33 - 3:35foi que, se tomarmos o nosso Sol
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3:35 - 3:38e o esmagarmos até seis quilómetros --
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3:38 - 3:41portanto tomámos uma massa um milhão de vezes a da Terra
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3:41 - 3:44e esmagámo-la até um diâmetro de seis quilómetros,
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3:44 - 3:46faríamos um buraco negro,
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3:46 - 3:48um objeto tão denso
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3:48 - 3:51que se a luz passar demasiado próximo, não escapará --
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3:51 - 3:54uma sombra escura contra o universo.
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3:54 - 3:56Não foi Einstein a aperceber-se disto.
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3:56 - 3:58foi Karl Schwarzchild
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3:58 - 4:00que foi um Judeu Alemão na 1.ª Guerra Mundial --
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4:00 - 4:03alistou-se no exercito Alemão já como um cientista realizado,
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4:03 - 4:06a trabalhar na frente Russa.
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4:06 - 4:09Eu gosto de imaginar o Schwarzchild na guerra nas trincheiras
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4:09 - 4:13a calcular as trajetórias balísticas dos tiros de canhão.
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4:13 - 4:15e então, no entretanto,
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4:15 - 4:17calculando as equações de Einstein --
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4:17 - 4:19como se faz normalmente nas trincheiras.
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4:19 - 4:21E ele estava a ler a recém publicada por Einstein
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4:21 - 4:23teoria da relatividade geral,
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4:23 - 4:25e estava entusiasmado por esta teoria.
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4:25 - 4:27E ele rapidamente conjeturou
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4:27 - 4:29uma solução matemática exata
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4:29 - 4:31que descreveu algo de muito extraordinário:
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4:31 - 4:33curvas tão fortes
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4:33 - 4:36que o espaço mergulharia para o seu interior,
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4:36 - 4:38o próprio espaço curvaria como uma cascata
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4:38 - 4:40caindo pela garganta do buraco.
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4:40 - 4:43E mesmo a luz não conseguiria escapar desta corrente.
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4:43 - 4:45A luz seria arrastada para o buraco
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4:45 - 4:47tal como tudo o resto seria,
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4:47 - 4:49e tudo o que restaria seria uma sombra.
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4:49 - 4:51Então ele escreveu a Einstein,
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4:51 - 4:53e disse, "Como poderá ver,
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4:53 - 4:56a guerra tem sido suficientemente generosa para comigo,
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4:56 - 4:59apesar dos fortes tiroteios.
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4:59 - 5:01Eu tenho conseguido escapar de tudo isso
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5:01 - 5:04e caminhado pela terra das suas ideias."
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5:04 - 5:07E Einstein ficou muito impressionado com as suas soluções exatas.
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5:07 - 5:10e espero que também com a dedicação do cientista.
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5:10 - 5:13Este é um cientista trabalhador sob condições perigosas.
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5:13 - 5:15E ele levou as ideias de Schwarzchild
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5:15 - 5:18para a Academia de Ciências Prussiana na semana seguinte.
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5:18 - 5:21Mas Einstein sempre pensou que os buracos negros eram umas excentricidades matemáticas.
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5:21 - 5:24Ele não acreditava que eles existissem na natureza.
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5:24 - 5:27Ele pensou que a natureza nos protegeria da sua formação.
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5:27 - 5:29Foram necessárias décadas
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5:29 - 5:31antes que o termo buraco negro fosse cunhado
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5:31 - 5:33e as pessoas se apercebessem
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5:33 - 5:35que os buracos negros são objetos astrofísicos reais --
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5:35 - 5:37de facto são o estado de morte
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5:37 - 5:39de estrelas muito massivas
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5:39 - 5:41que colapsam catastroficamente
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5:41 - 5:43no final das suas vidas.
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5:43 - 5:45Agora, o nosso Sol não colapsará para um buraco negro.
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5:45 - 5:47Não é na verdade massivo o suficiente.
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5:47 - 5:49Mas se fizermos uma pequena experiência de pensamento --
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5:49 - 5:51como Einstein gostava muito de fazer --
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5:51 - 5:53podemos imaginar
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5:53 - 5:56esmagar o Sol até seis quilómetros,
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5:56 - 5:59e colocar uma minúscula Terra à sua volta, a orbitar,
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5:59 - 6:01talvez 30 km
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6:01 - 6:04ao largo do buraco negro sol.
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6:04 - 6:06E ele seria auto-iluminado,
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6:06 - 6:08porque agora com o Sol desaparecido, não teríamos outra fonte de luz --
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6:08 - 6:11portanto vamos fazer a nossa pequena Terra auto-iluminada,
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6:11 - 6:13E aperceber-nos-íamos que poderíamos colocar a Terra uma órbita feliz
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6:13 - 6:15mesmo 30 km
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6:15 - 6:18ao largo deste buraco negro esmagado.
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6:18 - 6:20Este buraco negro esmagado
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6:20 - 6:22caberia dentro de Manhattan, mais ou menos.
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6:22 - 6:24Poderia transbordar um pouco para o Hudson
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6:24 - 6:26antes de destruir a Terra.
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6:26 - 6:28Mas basicamente é disso que estamos a falar.
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6:28 - 6:30Estamos a falar de um objecto que poderíamos esmagar
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6:30 - 6:32até metade da área de Manhattan.
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6:32 - 6:34Então movemos esta Terra para muito próximo --
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6:34 - 6:3630 km ao largo --
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6:36 - 6:39e apercebemos-nos de que ela orbita perfeitamente em torno do buraco negro.
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6:39 - 6:41Há uma espécie de mito
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6:41 - 6:43de que os buracos negros devoram tudo no universo,
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6:43 - 6:46mas na verdade tem de se chegar muito perto para cair nele.
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6:46 - 6:49Mas o que é muito impressionante é que, do nosso ponto de vista,
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6:49 - 6:51podemos ver sempre a Terra.
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6:51 - 6:53Ela não se pode esconder atrás do buraco negro.
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6:53 - 6:55A luz da Terra, alguma cai dentro do buraco negro,
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6:55 - 6:58mas alguma da luz sobre um efeito de lente e é trazida de volta até nós.
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6:58 - 7:00Logo não é possível esconder nada atrás de um buraco negro.
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7:00 - 7:02Se isto fosse Battlestar Galactica
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7:02 - 7:04e estiverem a lutar contra os Cylons,
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7:04 - 7:06não se escondam atrás do buraco negro.
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7:06 - 7:09Eles poderão vê-lo.
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7:09 - 7:11Agora, o nosso Sol não colapsará num buraco negro;
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7:11 - 7:13não tem massa suficiente,
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7:13 - 7:17mas existem dezenas de milhares de buracos negros na nossa galáxia.
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7:17 - 7:20E se um deles alguma vez eclipsar a Via Láctea,
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7:20 - 7:22seria este o aspecto.
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7:22 - 7:25Veríamos uma sombra daquele buraco negro
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7:25 - 7:27contra as centenas de biliões de estrelas
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7:27 - 7:30na Via Láctea e nas suas faixas de poeira luminosa.
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7:30 - 7:33E se caíssemos para este buraco negro,
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7:33 - 7:36veríamos toda essa luz a girar em torno dele,
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7:36 - 7:39e poderíamos até mesmo começar a atravessar essa sombra
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7:39 - 7:42e realmente nem perceber que algo dramático estava a acontecer.
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7:42 - 7:45Seria mau se tentássemos ligar os nossos foguetões e sair de lá
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7:45 - 7:47porque não conseguiríamos,
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7:47 - 7:49tal como a luz não consegue escapar.
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7:49 - 7:52Mas, apesar do buraco negro ser escuro visto de fora,
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7:52 - 7:54não é escuro por dentro,
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7:54 - 7:57porque toda a luz da galáxia pode cair atrás de nós.
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7:57 - 8:01E mesmo que, devido a um efeito relativístico conhecido como dilatação do tempo,
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8:01 - 8:04os nossos relógios parecessem abrandar
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8:04 - 8:07em relação ao tempo galáctico,
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8:07 - 8:10pareceria como se a evolução da galáxia
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8:10 - 8:12tivesse sido acelerada e atirada contra nós,
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8:12 - 8:15mesmo antes de sermos esmagados até à morte pelo buraco negro.
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8:15 - 8:17Seria como uma experiência de quase-morte
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8:17 - 8:19onde veríamos a luz ao fundo do túnel,
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8:19 - 8:21mas é uma experiência de morte total.
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8:21 - 8:23(Risos)
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8:23 - 8:25E não há forma de contar a ninguém
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8:25 - 8:27acerca da luz ao final do túnel.
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8:27 - 8:30Nós nunca vimos uma sombra como esta de um buraco negro,
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8:30 - 8:32mas os buracos negros podem ser ouvidos,
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8:32 - 8:34mesmo que não sejam vistos.
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8:34 - 8:38Imaginem agora tomando uma situação astrofísica realista --
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8:38 - 8:41imaginem dois buracos negros que viveram uma vida longa juntos.
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8:41 - 8:43Talvez tenham começado como estrelas
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8:43 - 8:45e colapsado em dois buracos negros --
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8:45 - 8:48cada um com 10 vezes a massa do sol.
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8:48 - 8:51Então agora vamos esmagá-los até 60 km de diâmetro.
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8:51 - 8:53Eles podem estar a girar
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8:53 - 8:55centenas de vezes por segundo.
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8:55 - 8:57No final das suas vidas,
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8:57 - 9:00eles estão a rodar em torno um do outro muito perto da velocidade da luz.
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9:00 - 9:02Então, eles estão a atravessar milhares de quilómetros
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9:02 - 9:04numa fração de segundo.
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9:04 - 9:06E ao fazê-lo, eles não só curvam o espaço,
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9:06 - 9:08mas deixam para trás em seu rasto
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9:08 - 9:10um som do espaço,
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9:10 - 9:12uma onda real no espaço-tempo.
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9:12 - 9:14O espaço comprime-se e alonga-se
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9:14 - 9:16à medida que emana destes buracos negros
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9:16 - 9:18batendo sobre o universo.
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9:18 - 9:20E eles viajam para o cosmos
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9:20 - 9:22à velocidade da luz.
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9:22 - 9:24Esta simulação de computador
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9:24 - 9:27foi feita por um grupo de relatividade da NASA Goddard.
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9:27 - 9:30Demorou quase 30 anos para que alguém no mundo resolvesse este problema.
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9:30 - 9:32Este foi um dos grupos.
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9:32 - 9:34Mostra dois buracos negros em órbita um em torno do outro,
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9:34 - 9:36novamente, com a ajuda destas curvas pintadas.
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9:36 - 9:39E se virem -- é um pouco desmaiado --
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9:39 - 9:42mas se virem as ondas vermelhas emanando para fora,
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9:42 - 9:44essas são as ondas gravitacionais.
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9:44 - 9:47Elas são, literalmente, os sons do espaço,
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9:47 - 9:49e viajam para fora desses buracos negros à velocidade da luz
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9:49 - 9:52à medida que soam e coalescem
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9:52 - 9:54para um buraco negro giratório e calmo
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9:54 - 9:56ao final do dia.
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9:56 - 9:58Se estivermos perto o suficiente,
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9:58 - 10:00o nosso ouvido ressoaria
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10:00 - 10:02com a compressão e o alongamento do espaço.
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10:02 - 10:04Poderiamos literalmente ouvir o som.
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10:04 - 10:08Agora, é claro, a nossa cabeça seria espremida e esticada inutilmente,
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10:08 - 10:11por isso poderiamos ter problemas para perceber o que estava a acontecer.
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10:11 - 10:13Mas gostaria de tocar para vós
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10:13 - 10:15o som que prevemos.
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10:15 - 10:17Isto é do meu grupo --
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10:17 - 10:20um modelo de computador ligeiramente menos glamoroso.
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10:20 - 10:22Imaginem um buraco negro mais leve
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10:22 - 10:24a cair para um buraco negro muito pesado.
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10:24 - 10:26O som que estão a ouvir
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10:26 - 10:29é a luz do buraco negro batendo sobre o espaço
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10:29 - 10:31cada vez que se aproxima.
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10:31 - 10:34Se ficar mais longe, será um pouco mais quieto.
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10:34 - 10:36Mas aproxima-se como um malho,
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10:36 - 10:38e, literalmente, fissura o espaço,
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10:38 - 10:40balançando como um tambor.
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10:40 - 10:43E podemos prever como o som será.
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10:43 - 10:45Sabemos que, enquanto ele cai,
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10:45 - 10:47fica mais rápido e soa mais alto.
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10:47 - 10:49E, a dada altura,
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10:49 - 10:52vamos ouvir o mais pequeno a cair para dentro do maior.
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10:52 - 11:09(Bater)
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11:09 - 11:11Depois desaparece.
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11:11 - 11:13Agora, nunca o ouvi tão alto -- na verdade é mais dramático.
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11:13 - 11:15Em casa soa mais como um anticlímax.
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11:15 - 11:17É uma espécie de ding, ding, ding.
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11:17 - 11:21Este é outro som do meu grupo.
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11:21 - 11:23Não, não estou a mostrar nenhumas imagens,
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11:23 - 11:25porque os buracos negros não deixam para trás
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11:25 - 11:27trilhos úteis de tinta,
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11:27 - 11:29e o espaço não é pintado,
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11:29 - 11:31mostrando-vos as curvas.
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11:31 - 11:33Mas se estiverem a flutuar pelo espaço num feriado espacial
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11:33 - 11:35e ouvirem isto,
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11:35 - 11:37é melhor porem-se a mexer.
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11:37 - 11:39(Risos)
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11:39 - 11:41É melhor afastarem-se do som.
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11:41 - 11:43Ambos os buracos negros se estão a mover.
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11:43 - 11:46Ambos os buracos negros se estão a aproximar.
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11:46 - 11:49Neste caso, ambos estão a oscilar bastante.
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11:49 - 11:51E então eles vão fundir-se.
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11:51 - 11:59(Bater)
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11:59 - 12:01Agora desapareceram.
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12:01 - 12:04Aquele chilro é muito característico dos buracos negros que se fundem --
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12:04 - 12:07chilra no final.
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12:07 - 12:09Agora, esta é a nossa previsão
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12:09 - 12:11para o que veremos.
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12:11 - 12:13Felizmente estamos a esta distância segura em Long Beach, Califórnia.
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12:13 - 12:15E seguramente, algures no universo
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12:15 - 12:17dois buracos negros fundiram-se.
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12:17 - 12:19E certamente, o espaço ao nosso redor
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12:19 - 12:21está a soar
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12:21 - 12:24depois de viajar talvez um milhão de anos luz, ou um milhão de anos,
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12:24 - 12:27à velocidade da luz para chegar até nós.
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12:27 - 12:30Mas o som é demasiado silencioso para qualquer um de nós o ouvir.
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12:30 - 12:33Há muitas experiências industriosas a serem construídas na Terra --
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12:33 - 12:35uma chamada LIGO --
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12:35 - 12:37que detetará desvios
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12:37 - 12:40na compressão e no alongamento do espaço
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12:40 - 12:43a menos do que a fração de um núcleo de um átomo
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12:43 - 12:45ao longo de quatro quilómetros.
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12:45 - 12:47É uma experiência extraordinariamente ambiciosa,
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12:47 - 12:49e estará numa sensibilidade avançada
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12:49 - 12:52nos próximos anos - para capturar isto.
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12:52 - 12:54Há também uma missão proposta para o espaço,
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12:54 - 12:56que será lançada, esperamos, nos próximos dez anos,
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12:56 - 12:58chamada LISA.
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12:58 - 13:01E a LISA será capaz de ver buracos negros super-massivos --
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13:01 - 13:04buracos negros de milhões ou biliões de vezes
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13:04 - 13:06a massa do Sol.
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13:06 - 13:09Nesta imagem do Hubble, vemos duas galáxias.
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13:09 - 13:12Elas parecem que estão congeladas num abraço.
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13:12 - 13:14E cada uma provavelmente aloja
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13:14 - 13:17um buraco negro massivo no seu centro.
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13:17 - 13:19Mas não estão congeladas,
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13:19 - 13:21estão de facto a fundir-se.
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13:21 - 13:23Estes dois buracos negros estão a colidir,
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13:23 - 13:26e vão fundir-se numa escala de tempo de biliões de anos.
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13:26 - 13:28Está para além da nossa perceção humana
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13:28 - 13:31captar uma canção com essa duração.
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13:31 - 13:33Mas a LISA poderá ver as fases finais
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13:33 - 13:35de dois buracos negros super-massivos
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13:35 - 13:37mais cedo na história do universo,
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13:37 - 13:40os últimos 15 minutos antes de caírem juntos.
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13:40 - 13:42E não é somente os buracos negros,
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13:42 - 13:45mas também qualquer grande perturbação no universo --
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13:45 - 13:47e o maior de todos eles é o Big Bang.
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13:47 - 13:50Quando essa expressão foi cunhada, era pejorativa --
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13:50 - 13:52tipo, "Oh, quem acreditaria num Big Bang?"
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13:52 - 13:54Mas agora realmente pode ser tecnicamente mais precisa,
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13:54 - 13:56porque talvez bata;
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13:56 - 13:58talvez faça um som.
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13:58 - 14:01Esta animação dos meus amigos da Proton Studios
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14:01 - 14:03mostra o que é ver o Big Bang de fora.
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14:03 - 14:06Não queremos nunca fazer tal coisa, queremos estar dentro do universo,
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14:06 - 14:09porque não existe tal coisa como estar fora do universo.
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14:09 - 14:11Portanto imaginem que estão dentro do Big Bang.
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14:11 - 14:13Está em todo o lado, está ao seu redor,
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14:13 - 14:15e o espaço está a balançar caoticamente.
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14:15 - 14:1714 mil milhões de anos passam
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14:17 - 14:20e esta canção está ainda a tocar ao nosso redor.
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14:20 - 14:22As galáxias formam-se,
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14:22 - 14:24e gerações de estrelas formam-se nessas galáxias.
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14:24 - 14:26E em volta de uma estrela,
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14:26 - 14:28pelo menos de uma estrela,
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14:28 - 14:30está um planeta habitável.
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14:30 - 14:33E cá estamos nós a construir freneticamente estas experiências,
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14:33 - 14:35fazendo estes cálculos, escrevendo este códigos de computador.
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14:35 - 14:38Imaginem mil milhões de anos atrás,
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14:38 - 14:40dois buracos negros a colidirem.
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14:40 - 14:42Essa canção tem estado a tocar através do espaço
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14:42 - 14:44durante esse tempo todo.
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14:44 - 14:46Nós nem sequer cá estávamos.
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14:46 - 14:48Aproxima-se mais e mais --
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14:48 - 14:5040,000 anos atrás, ainda estávamos a fazer pinturas nas cavernas.
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14:50 - 14:52é tipo despacha-te, constrói os teus instrumentos.
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14:52 - 14:55Está a aproximar-se mais e mais, e em 20 ..
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14:55 - 14:57qualquer que seja o ano
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14:57 - 14:59quando os nosso detectores estiverem finalmente com uma sensibilidade avançada --
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14:59 - 15:01iremos construí-los, ligaremos as máquinas
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15:01 - 15:04e, bang, vamos apanhá-la -- a primeira canção do espaço.
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15:04 - 15:06se fosse o Big Bang que captássemos,
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15:06 - 15:08soaria a isto.
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15:08 - 15:11(Estática) É um som terrível.
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15:11 - 15:13é literalmente a definição de barulho.
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15:13 - 15:15É ruído branco, é mesmo um som caótico.
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15:15 - 15:18Mas está ao nosso redor por todo o lado, presumivelmente,
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15:18 - 15:20se não foi varrido
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15:20 - 15:22por outro processo qualquer no universo.
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15:22 - 15:25E se o apanharmos, será musica para os nossos ouvidos,
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15:25 - 15:27porque será o eco silencioso
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15:27 - 15:29daquele momento da nossa criação,
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15:29 - 15:31do nosso universo observável.
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15:31 - 15:33Portanto nos próximos anos,
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15:33 - 15:36seremos capazes de aumentar um pouco o som da banda sonora,
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15:36 - 15:39traduzir o universo em áudio.
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15:39 - 15:42Mas se detetarmos esses momentos iniciais,
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15:42 - 15:44ficaremos muito mais próximos
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15:44 - 15:46de uma compreensão do big bang,
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15:46 - 15:49e, com isso, muito mais próximos
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15:49 - 15:52de perguntar algumas das questão mais duras, mais esquivas.
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15:52 - 15:55Se corrermos um filme do nosso universo para trás,
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15:55 - 15:58sabemos que existiu um Big Bang no nosso passado,
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15:58 - 16:02e podemos até ouvir o seu som cacofónico,
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16:02 - 16:04mas foi o nosso Big Bang o único Big Bang?
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16:04 - 16:07Quer dizer, temos de perguntar, terá acontecido antes?
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16:07 - 16:09Voltará a acontecer novamente?
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16:09 - 16:12Quer dizer, no espírito de estar à altura do desafio da TED,
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16:12 - 16:14para reacender o assombro,
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16:14 - 16:17podemos fazer questões, pelo menos durante este último minuto,
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16:17 - 16:19que honestamente poderão fugir-nos para sempre.
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16:19 - 16:21Mas temos de perguntar:
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16:21 - 16:23Será possível que o nosso universo
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16:23 - 16:26seja apenas uma pluma de alguma história maior?
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16:26 - 16:30Ou, será possível que sejamos apenas um ramo de um multiverso --
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16:30 - 16:34cada ramo com o seu próprio Big Bang no seu passado --
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16:34 - 16:36talvez alguns com buracos negros a tocar tambores,
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16:36 - 16:38talvez alguns sem --
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16:38 - 16:41talvez alguns com vida consciente, e talvez alguns sem --
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16:41 - 16:43não no nosso passado, não no nosso futuro,
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16:43 - 16:46mas de alguma forma fundamentalmente ligada a nós?
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16:46 - 16:48Portanto temos de nos perguntar, se existe um multiverso,
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16:48 - 16:50em qualquer outro ramo desse multiverso,
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16:50 - 16:52haverá criaturas?
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16:52 - 16:54Aqui estão as minhas criaturas do multiverso.
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16:54 - 16:56Haverá outras criaturas no multiverso,
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16:56 - 16:58questionando-se acerca de nós
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16:58 - 17:01e acerca das suas próprias origens?
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17:01 - 17:03E se existirem,
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17:03 - 17:06Consigo imaginá-los como nós,
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17:06 - 17:08calculando, escrevendo código de computador,
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17:08 - 17:10construindo instrumentos,
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17:10 - 17:13tentado detetar aquele som mais ténue
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17:13 - 17:15das suas origens
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17:15 - 17:17e perguntando-se quem mais está lá fora.
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17:17 - 17:20Obrigada. Obrigada.
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17:20 - 17:22(Aplausos)
- Title:
- Janna Levin: O som que o universo produz
- Speaker:
- Janna Levin
- Description:
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Pensamos no espaço como um local silencioso. Mas a física Janna Levin diz que o universo tem uma banda sonora -- uma composição sónica que grava alguns dos mais dramáticos eventos do espaço sideral. (Buracos negros, por exemplo, criam um estrondo no espaço-tempo como um tambor.) Um passeio sonoro acessível e que alargará os horizontes mentais pelo universo.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:23