A curiosidade e o método cientifico | Kawoana Vianna | TEDxLaçador
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0:09 - 0:13O que nós sabemos e o que já vivemos
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0:13 - 0:15nos tornam quem nós somos hoje.
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0:15 - 0:17As nossas perguntas,
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0:17 - 0:22aquelas para as quais
estamos buscando respostas, -
0:22 - 0:25nos tornarão quem nós seremos amanhã.
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0:27 - 0:29A curiosidade é o que está
por trás dessas perguntas. -
0:30 - 0:35E a curiosidade é algo que descobri
desde que comecei a fazer pesquisa -
0:35 - 0:36lá no ensino médio.
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0:37 - 0:39Só que demorou algum tempo
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0:39 - 0:42e foi preciso que eu atravessasse
um oceano, literalmente, -
0:42 - 0:45pra entender o poder disso.
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0:46 - 0:49Durante o ensino médio,
eu fiz pesquisa, estudei numa escola -
0:49 - 0:51que se chama Fundação Liberato,
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0:51 - 0:54que fica relativamente próxima daqui.
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0:54 - 0:57Lá, fazer pesquisa científica
é uma verdadeira tradição, -
0:57 - 1:00então todos os alunos fazem pesquisa.
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1:00 - 1:05Desde o primeiro ano naquela escola,
eu comecei a fazer projetos científicos. -
1:05 - 1:08Meu primeiro projeto,
junto da Viviane e da Gabriela, -
1:08 - 1:11duas colegas do curso técnico,
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1:11 - 1:17era lá por 2007 e a gente escutava muito
falar de aquecimento global -
1:17 - 1:19e dos gases que causavam efeito estufa
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1:19 - 1:22e nós estávamos preocupadíssimas com isso.
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1:23 - 1:24Afinal, será que nossa escola,
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1:24 - 1:26as atividades escolares
que a gente fazia ali, -
1:26 - 1:29contribuíam pro aquecimento global?
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1:30 - 1:33E aí, a gente fez nosso primeiro projeto,
que foi calcular matematicamente -
1:33 - 1:35e com muita coleta de dados,
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1:35 - 1:40o quanto a nossa escola emitia
de gás, de dióxido de carbono, -
1:40 - 1:42durante suas atividades escolares;
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1:42 - 1:43e o quanta absorvia,
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1:43 - 1:46porque dentro da escola
havia uma plantação de eucalipto. -
1:46 - 1:50Era uma conta matemática,
somava e subtraía ali, -
1:50 - 1:52e a gente descobriu
que o saldo era positivo. -
1:52 - 1:57A escola absorvia mais gás do que emitia,
isso era ótimo pro meio ambiente. -
1:58 - 2:01A gente fez esse projeto,
apresentou nas feiras de ciência... -
2:01 - 2:03e não ganhamos nada.
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2:03 - 2:05Mas, tudo bem.
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2:05 - 2:08A gente foi pra próxima etapa,
que era fazer um novo projeto. -
2:08 - 2:10Por conta das plantações de eucalipto,
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2:10 - 2:13a gente percebeu que nada crescia
em volta das árvores de eucalipto. -
2:13 - 2:16E aí nosso segundo projeto foi criar
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2:16 - 2:19um herbicida natural
com folhas de eucalipto. -
2:19 - 2:23O que a gente fazia, basicamente, era
misturar as folhas de eucalipto com água, -
2:23 - 2:27criar um extrato que conseguia
impedir o crescimento de ervas daninhas. -
2:27 - 2:32E aí a gente de novo foi pra uma feira
de ciências, mostrou esse projeto -
2:32 - 2:33e não ganhamos nada.
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2:33 - 2:36Mas tudo bem, a gente estava
aprendendo muito com esse processo. -
2:36 - 2:40E aí, no terceiro ano,
já não era mais obrigado a fazer projeto, -
2:40 - 2:43mas a gente gostava tanto daquilo,
de ir pras feiras e não ganhar nada, -
2:43 - 2:46que fazia muito sentido continuar.
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2:46 - 2:49E aí a gente queria
fazer algo mais desafiador, -
2:49 - 2:51já era nosso terceiro projeto.
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2:51 - 2:53Decidimos mudar completamente de área,
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2:53 - 2:56talvez a "zica" fosse por estarmos
trabalhando com o meio ambiente, -
2:56 - 2:57então vamos pra área da saúde.
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2:57 - 3:03E aí a gente decidiu criar
um curativo com nanopartículas. -
3:03 - 3:07Por uma história familiar, eu já conhecia
um pouco do processo de amputação. -
3:07 - 3:10A ideia era criar um curativo
que pudesse ser utilizado -
3:10 - 3:13no pós-operatório de amputação
e reimplante de membros. -
3:13 - 3:16Basicamente o que a gente fazia
-
3:16 - 3:19era colocar nesse tecido
algumas nanopartículas -
3:19 - 3:21que tinham efeito antimicrobiano,
-
3:21 - 3:24então impediam que bactérias
e fungos se proliferassem, -
3:24 - 3:26e outra que tinha efeito isolante térmico,
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3:26 - 3:29assim aqueceria a pele
e aumentaria o fluxo sanguíneo. -
3:29 - 3:33De novo a gente foi
com esse projeto pra uma feira. -
3:33 - 3:35E a gente não ganhou nada.
-
3:35 - 3:39Mas depois a gente foi em outra
e começou a conquistar alguns prêmios. -
3:39 - 3:43Um pouco dessa experiência
me levou pro quarto projeto, -
3:43 - 3:46que é, basicamente,
uma continuação desse terceiro. -
3:46 - 3:50Depois de estudar tanto sobre o processo
de amputação e reimplante de membros, -
3:50 - 3:54percebi que a maior parte das amputações
ocorriam em pessoas com diabetes, -
3:54 - 3:56geralmente em membros inferiores,
-
3:56 - 3:59porque essas pessoas desenvolvem
alguns problemas típicos, -
3:59 - 4:01que a gente chama de pé diabético.
-
4:01 - 4:04E a ideia foi usar aquele mesmo tecido
-
4:04 - 4:08pra criar uma meia que pudesse
tratar o pé diabético. -
4:08 - 4:13Por conta desses projetos, eu vivi
experiências que foram incríveis. -
4:13 - 4:18Comecei a conquistar alguns prêmios
e isso me ensinou muito. -
4:18 - 4:22Mas, basicamente, vamos pensar
como é que ocorrem esses projetos, -
4:22 - 4:26como é que eles surgem,
como é que os cientistas trabalham. -
4:26 - 4:28E aí eu queria que vocês
fechassem os olhos -
4:28 - 4:32e pensassem em uma fase
da vida de vocês, maravilhosa. -
4:32 - 4:35Isso, a puberdade, podem abrir os olhos.
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4:35 - 4:39A puberdade é uma fase maravilhosa,
um caos da fisiologia. -
4:39 - 4:43E na puberdade, a gente
usa muito o método científico. -
4:43 - 4:46Imaginem vocês lá pelos 13 anos
quando se olhavam no espelho -
4:46 - 4:51e de repente notavam um ponto vermelho
bem no meio da testa. -
4:51 - 4:53Era uma espinha.
-
4:53 - 4:56Os cientistas começam justamente
por aí, pela observação -
4:56 - 4:57e aí eles identificam o problema.
-
4:57 - 5:00Esse definitivamente é um problema.
-
5:00 - 5:01No final de semana você tem uma festa
-
5:01 - 5:05e, poxa, ninguém quer
levar espinha na festa. -
5:05 - 5:07E aí você parte pra hipótese.
-
5:07 - 5:09E a sua hipótese talvez seja
-
5:09 - 5:12de que você consegue remover
essa espinha usando as mãos. -
5:13 - 5:15E aí o cientista parte pra próxima etapa,
-
5:15 - 5:17que é o planejamento e execução
de algum experimento. -
5:17 - 5:20Você vai na frente do espelho
e espreme a sua espinha. -
5:20 - 5:22E aí a gente vai pro resultado.
-
5:22 - 5:26O resultado foi péssimo: sua espinha
agora é visível a 10 metros de distância. -
5:26 - 5:30Antes de você chegar na festa, ela vai
chegar antes e dar "oi" pra galera. -
5:30 - 5:33E aí a gente vai pra conclusão,
que é a etapa final. -
5:33 - 5:35Mas, na verdade, nunca tem fim,
-
5:35 - 5:38porque sempre, na ciência,
quando você chega a uma conclusão -
5:38 - 5:41isso te traz muitas outras perguntas.
-
5:41 - 5:46Basicamente então, a gente
começa com a observação, -
5:46 - 5:48e a gente encontra um problema.
-
5:48 - 5:50Cria uma hipótese,
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5:50 - 5:53planeja e executa um experimento
que traga resultados, -
5:53 - 5:56uma conclusão e de novo novas perguntas.
-
5:56 - 6:00Eu aprendi muito quando fazia pesquisa;
-
6:00 - 6:02mas eu ainda não havia aprendido
-
6:02 - 6:06o que existia de mais especial
e essencial em ser cientista. -
6:06 - 6:11E foi preciso que eu fosse pra Israel
pra conseguir enxergar isso. -
6:11 - 6:16Em 2013, eu fui selecionada
pra ir pra Israel, -
6:16 - 6:19pra um intercâmbio de pesquisa
de cinco semanas, no Instituto Weizmann, -
6:19 - 6:22que é um dos maiores
institutos de pesquisa do mundo. -
6:22 - 6:25E eu estava lá, no meio
de mais 80 jovens do mundo todo, -
6:25 - 6:27todos prestes a entrar na universidade.
-
6:27 - 6:30E eu fui colocada pra trabalhar
com a minha mentora, -
6:30 - 6:33que era uma neurocientista
chamada Hila Harris. -
6:33 - 6:37Com ela, o que eu estava fazendo,
basicamente, era tentar compreender -
6:37 - 6:40algumas funcionalidades do cérebro.
-
6:40 - 6:42Eu sempre chegava pra ela e perguntava:
-
6:42 - 6:47"Hila, o que a gente vai conseguir
resolver quando entender -
6:47 - 6:49o que o teu projeto quer desvendar.
-
6:49 - 6:51Qual problema a gente vai resolver?"
-
6:51 - 6:55Ela falava "Kawoana, eu não sei
pra que isso vai servir". -
6:55 - 6:58Eu ficava tão frustrada com aquilo,
-
6:58 - 7:01porque na minha vasta
experiência de cientista -
7:01 - 7:04ao longo de todo meu ensino médio,
-
7:04 - 7:06eu achava que cientistas eram pessoas
-
7:06 - 7:09que usavam o método científico
pra resolver problemas. -
7:09 - 7:11Na verdade não era nada disso.
-
7:11 - 7:18Num jantar com o presidente do instituto,
ele nos disse que lá naquele instituto -
7:18 - 7:23os cientistas eram selecionados
pelo seu grau de curiosidade. -
7:23 - 7:25Curiosidade era a palavra.
-
7:25 - 7:26Não importava
-
7:26 - 7:30para o que serviria seu projeto,
-
7:30 - 7:36o que importava era o quão motivado
ele estava a responder alguma pergunta. -
7:37 - 7:39E eu nunca havia parado
pra pensar dessa forma. -
7:39 - 7:44Eu sempre pensava para que serviriam
os projetos que eu estava fazendo. -
7:44 - 7:47Mas, quando você trabalha
motivado pela sua curiosidade, -
7:47 - 7:51pra responder algumas perguntas
pras quais a gente ainda não tem resposta, -
7:51 - 7:54você vai além das fronteiras
do conhecimento, -
7:54 - 7:57porque você não estava
prevendo aquele resultado -
7:57 - 8:00e geralmente os resultados
que a gente não prevê são grandiosos. -
8:00 - 8:03Assim, com muita frequência,
problemas reais são resolvidos -
8:03 - 8:06por meio do resultado
dessas pesquisas que surgiram -
8:06 - 8:11da mera e genuína
curiosidade dos cientistas. -
8:11 - 8:17Então curiosidade parecia ser
a palavra-chave desse processo. -
8:17 - 8:18Mas não é qualquer curiosidade.
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8:18 - 8:21Tem uma frase do Eça de Queiroz que diz:
-
8:21 - 8:26"Curiosidade é o instinto que leva alguns
a olharem pelo buraco da fechadura -
8:26 - 8:29e outros a descobrirem a América".
-
8:29 - 8:34Então, isso parecia me dizer que havia
perguntas que mereciam ser feitas. -
8:35 - 8:39E é sobre esse olhar de cientista,
sobre esse olhar curioso, -
8:39 - 8:42que eu gostaria de falar com vocês.
-
8:42 - 8:46Quais são as perguntas
que vocês querem responder? -
8:46 - 8:50E pra resgatar esse olhar é preciso
voltar um pouco a ser criança. -
8:50 - 8:52As crianças são sempre
cheias de perguntas. -
8:52 - 8:54Afinal de onde vêm os bebês?
-
8:54 - 8:56Afinal por que o céu azul,
-
8:56 - 9:00por que eu tenho que dormir a essa hora
e por que eu tenho que ir pro banho? -
9:00 - 9:02As crianças são sempre
cheias de perguntas, -
9:02 - 9:06mas quando a gente se torna adulto
a gente passa a ser cheio de certezas. -
9:06 - 9:10A gente acha que a gente sabe
quem a gente é e como o mundo funciona. -
9:10 - 9:12E a gente esquece de fazer perguntas.
-
9:12 - 9:16E aí a gente esquece que ser cientista
é querer quebrar paradigmas; -
9:16 - 9:21ter uma curiosidade que seja genuína
e uma vontade de mudar o mundo. -
9:21 - 9:25Quando a gente liga a TV,
abre as redes sociais, o jornal, -
9:25 - 9:31todos os dias, o que a gente olha é
um mundo cheio de certezas, de fatos: -
9:31 - 9:37os políticos no Brasil são corruptos,
a saúde pública no Brasil não funciona, -
9:37 - 9:40e a educação pública é péssima;
-
9:40 - 9:45você tem que cuidar quando sai na rua
porque está tudo tão violento. -
9:45 - 9:49E a gente esquece que a certeza
nos deixa na nossa zona de conforto -
9:49 - 9:52e que é nas perguntas que a gente cresce.
-
9:52 - 9:53Se a gente fosse mais cientista,
-
9:53 - 9:56se cada um aqui
se enxergasse como cientista, -
9:56 - 9:59a gente ia esquecer as certezas
e fazer perguntas. -
9:59 - 10:04Afinal, como eu consigo melhorar
a educação no nosso país? -
10:04 - 10:06Será que, se eu reduzir
as desigualdades sociais, -
10:06 - 10:09eu consigo interferir na violência urbana?
-
10:09 - 10:13Então ser cientista é trazer
mais perguntas pro jogo. -
10:13 - 10:17E é sobre essas perguntas que eu gostaria
de compartilhar com vocês -
10:17 - 10:18as minhas perguntas atuais
-
10:18 - 10:22Porque desde que comecei a fazer pesquisa,
eu comecei a ser mais inquieta. -
10:22 - 10:24Eu descobri que eu podia ser protagonista,
-
10:24 - 10:27e que de todos esses problemas
que a gente enxerga no jornal, -
10:27 - 10:31eu poderia escolher um, aquele que talvez
fizesse meu coração bater mais forte -
10:31 - 10:35e tentar criar uma pergunta,
assim traçar um experimento, -
10:35 - 10:38chegar a algum resultado
e talvez mudar um pouco da realidade. -
10:38 - 10:43Dessa forma surgiu um projeto
chamado Cientista Beta. -
10:43 - 10:45Eu fiz pesquisa
durante todo meu ensino médio, -
10:45 - 10:49e depois de algum tempo, eu já não sabia
muito o que fazer daquela experiência, -
10:49 - 10:54que não fosse simplesmente contar
pras pessoas que eu tinha feito aquilo. -
10:54 - 10:58Eu tenho um pai em casa que sempre falava
que eu tinha que escrever sobre aquilo, -
10:58 - 11:01falar pros jovens
que eles poderiam viver aquilo, -
11:01 - 11:04havia tantos jovens que não sabiam
que poderiam fazer aquilo. -
11:04 - 11:09Dentro de mim tinha uma pergunta que fazia
meu coração dormir todos os dias apertado, -
11:09 - 11:14que era o que eu posso fazer
com tudo isso que eu vivi. -
11:14 - 11:17Será que é possível transformar
a vida de outros jovens, -
11:17 - 11:20como a minha foi transformada?
-
11:20 - 11:24Uma vez que você é cientista, que você tem
uma pergunta, você tem duas escolhas: -
11:24 - 11:29ou você coloca ela na gaveta e esquece,
ou você vai fazer um experimento. -
11:29 - 11:32E assim surgiu uma iniciativa
que se chama Cientista Beta, -
11:32 - 11:35que conecta os jovens
brasileiros com a ciência. -
11:35 - 11:38O que a gente faz é, com grupo de pessoas
-
11:38 - 11:42muito engajadas e muito comprometidas,
-
11:42 - 11:46a gente conecta o jovens que estão
no ensino médio a projeto científicos. -
11:46 - 11:49A gente estimula que esses jovens
passem a olhar o mundo -
11:49 - 11:51com um olhar curioso de um cientista.
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11:51 - 11:55A gente fala que eles podem ser inquietos
e não há problema, isso é ótimo. -
11:55 - 12:00Que aqueles problemas que eles enxergam
no mundo ao seu redor podem ser resolvidos -
12:00 - 12:02e que eles podem criar
um projeto científico -
12:02 - 12:05pra propor algum tipo de solução.
-
12:05 - 12:09O que a gente faz é oferecer
um conteúdo sobre como fazer pesquisa, -
12:09 - 12:12mentores do país todo
que já fizeram pesquisa -
12:12 - 12:15e passam a acompanhar esses jovens,
-
12:15 - 12:16e desafios.
-
12:17 - 12:20Assim eu acabei, de alguma forma,
-
12:20 - 12:23respondendo um pouco
dos meus questionamentos. -
12:23 - 12:27Aquela pergunta que ficava apertada
agora tinha uma resposta: sim. -
12:27 - 12:30Fazer um projeto científico
durante o ensino médio, -
12:30 - 12:33ter o olhar de um cientista,
pode mudar a vida desses jovens -
12:33 - 12:36e está mudando a vida
de jovens brasileiros. -
12:38 - 12:42Eu consigo ver no futuro, o quanto isso
-
12:42 - 12:45pode transformar um pouco da nossa
realidade na educação, no nosso país. -
12:45 - 12:49O quanto esses jovens,
mais do que criarem projetos, -
12:49 - 12:54o que a gente está criando são jovens
que criam projetos e criam soluções. -
12:54 - 12:56Jovens que são mais protagonistas
-
12:56 - 13:00e que se enxergam como parte
não do problema, mas da solução. -
13:01 - 13:06Mas como eu sou cientista e pra mim
o que importa são as perguntas, -
13:06 - 13:08a pergunta que hoje está dentro de mim é:
-
13:08 - 13:11o que de grandioso
esses jovens ainda vão fazer? -
13:11 - 13:13Como eles ainda vão nos surpreender?
-
13:15 - 13:19E pra vocês, eu queria perguntar
-
13:19 - 13:23qual é a pergunta que move vocês?
-
13:24 - 13:27É sobre ter um novo olhar,
é sobre a nossa própria existência. -
13:28 - 13:33Qual é a pergunta que dorme
e acorda com vocês todos os dias? -
13:33 - 13:36Será que você está dando vazão
pra essa pergunta, -
13:36 - 13:39criando um experimento, que te traga
algum resultado uma conclusão, -
13:39 - 13:40e de novo novas perguntas?
-
13:42 - 13:45Em 2010, depois
daquela sucessão de eventos -
13:45 - 13:48de fazer um projeto,
ir pruma feira, não ganhar nada, -
13:48 - 13:51fazer outro projeto, ir pruma feira
e de novo não ganhar nada, -
13:51 - 13:54chegou um momento
em que eu saí do placar zero, -
13:54 - 13:57que era ir pruma feira e não ganhar nada,
-
13:57 - 14:00e aí eu consegui conquistar uma vaga
na maior feira de ciências do mundo, -
14:00 - 14:02que acontece nos Estados Unidos.
-
14:02 - 14:04E estar lá, representando meu país,
-
14:04 - 14:08transformou completamente a minha vida.
-
14:08 - 14:11E eu lembro que eu estava
entrando na feira, -
14:11 - 14:13primeira vez nos Estados Unidos,
-
14:13 - 14:16primeira vez num evento internacional,
-
14:16 - 14:19primeira vez indo mostrar
o que eu estava fazendo, -
14:19 - 14:22pra pessoas que falavam outra língua.
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14:22 - 14:25E aí eu entro na feira
e tem uma placa bem grande escrita: -
14:25 - 14:27(Inglês) "Welcome to tomorrow".
-
14:27 - 14:29Bem-vinda ao amanhã.
-
14:29 - 14:34E aí eu entendi que toda aquela
minha busca pelas respostas, -
14:34 - 14:35enquanto eu fazia projetos,
-
14:35 - 14:39me fizeram construir
um amanhã que não existia. -
14:40 - 14:43Então, o que eu posso deixar talvez seja
-
14:43 - 14:45vocês pensarem qual é o amanhã
que vocês querem construir. -
14:45 - 14:48Escutem as perguntas
que estão dentro de vocês. -
14:48 - 14:50Pois quando a gente busca essas respostas,
-
14:50 - 14:52a gente constrói um futuro
que ainda não existe -
14:52 - 14:54e vai além das fronteiras
do que a gente conhece. -
14:54 - 14:56A gente cria um mundo melhor,
-
14:56 - 15:00ou ao menos nós
nos tornamos pessoas melhores. -
15:00 - 15:07Afinal, o que nós somos
e o que já vivemos, -
15:07 - 15:10o que sabemos nos torna quem somos hoje.
-
15:11 - 15:13E são as perguntas,
-
15:13 - 15:16aquelas para as quais nós estamos
-
15:16 - 15:20incessantemente buscando respostas,
-
15:20 - 15:22que nos tornam quem nós seremos amanhã.
-
15:23 - 15:25Muito obrigada.
-
15:25 - 15:26(Aplausos)
- Title:
- A curiosidade e o método cientifico | Kawoana Vianna | TEDxLaçador
- Description:
-
Curiosa e inquieta, e usando um exemplo simples, baseado em uma experiência pela qual todos passamos, Kawoana Vianna apresenta as etapas do pensamento e da pesquisa científica e nos mostra que fazer ciência no ensino médio pode transformar a vida dos jovens.
“O que vivemos e o que sabemos nos torna quem somos hoje.
Mas as perguntas que fazemos definem quem seremos amanhã.”“Ser cientista é trazer mais perguntas pro jogo, é ser protagonista.”
Empreendedora, cientista e estudante de Medicina. Sua paixão por essas três áreas começou quando, ainda no Ensino Médio, iniciou um projeto científico que consiste no uso da nanotecnologia para criar um tecido inovador na produção de curativos e até meias para diabéticos. Em 2015 fundou o Cientista Beta.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:30
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for A curiosidade e o método cientifico | Kawoana Vianna | TEDxLaçador | ||
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