Filho de pastor, jogador de futebol e... gay | Brett Trapp | TEDxPeachtree
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0:08 - 0:12Minha mãe era professora,
e meu pai era pastor. -
0:12 - 0:14Nossa família morava
em Florence, no Alabama, -
0:14 - 0:18uma sonolenta cidadezinha ribeirinha
de batistas e artistas, -
0:18 - 0:20principalmente batistas.
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0:21 - 0:23Florence é sulista por excelência,
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0:23 - 0:25com almoços de domingo depois da igreja,
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0:25 - 0:28beisebol da pequena liga
e desfiles comemorativos das escolas. -
0:28 - 0:32Eu tinha boas notas, seguia
todas as regras e até jogava futebol. -
0:33 - 0:36Isso me tornava um bom filho do sul.
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0:37 - 0:39Desde cedo, nos ensinavam
a dizer a verdade, -
0:39 - 0:43mas ninguém nos ensina
a dizer a nossa verdade, -
0:43 - 0:46talvez um distúrbio alimentar
ou algum trauma de infância, -
0:46 - 0:50ou algo simples como amor à arte
num mundo cheio de atletas. -
0:50 - 0:51Não.
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0:52 - 0:54Ninguém nos ensina
a contar essas verdades. -
0:55 - 0:58Comecei a descobrir
minha verdade desde cedo. -
0:58 - 1:01É uma verdade que se descobre,
tenta entender e nega sozinho -
1:01 - 1:05e, quando você é jovem,
parece uma bola de chumbo na alma, -
1:05 - 1:07pesada e tóxica.
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1:08 - 1:11O filho jogador de futebol do pastor...
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1:11 - 1:12era gay!
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1:13 - 1:16Como vocês acham que se sentiriam
sendo um filho gay de pastor -
1:16 - 1:18no sul dos EUA?
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1:19 - 1:23Essa era minha verdade de duas toneladas,
mas dizê-la não era uma opção. -
1:23 - 1:26O fantasma do bom moço
da cultura do sul era claro: -
1:26 - 1:28"Calado, nem mais um pio.
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1:28 - 1:31Não falamos sobre isso
por aqui, menino do pastor". -
1:32 - 1:36Adoro minhas raízes do sul
e amo as pessoas com quem fui à igreja, -
1:36 - 1:38algumas das melhores do mundo.
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1:39 - 1:43Mas, em 1988, foi aprovada uma resolução
numa reunião de líderes da igreja do país, -
1:43 - 1:48que declarava que a homossexualidade era
"uma manifestação de natureza depravada, -
1:48 - 1:53uma perversão de padrões divinos
e uma abominação". -
1:53 - 1:57Esse linguajar muito feroz foi imitado
por muitas outras organizações religiosas -
1:57 - 1:58nos anos 1980 e 1990,
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1:58 - 2:04e aquelas palavras fortes não passaram
despercebidas nos bancos das igrejas. -
2:05 - 2:07Ser gay é ser uma minoria única,
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2:07 - 2:11que vive com uma fisiologia não escolhida,
em uma tribo que não é sua, -
2:11 - 2:13entre famílias que lutam
para entender você. -
2:13 - 2:16E ser uma pessoa gay de fé
no sul dos EUA -
2:16 - 2:19é seu próprio desafio único.
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2:19 - 2:22Flannery O'Connor escreveu notoriamente:
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2:22 - 2:28"Enquanto o sul não é centrado em Cristo,
é mais certamente assombrado por Cristo". -
2:29 - 2:31Ser gay em uma comunidade
saturada de religião -
2:31 - 2:34é saber que você é bem-vindo somente...
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2:34 - 2:36se permanecer solteiro e celibatário.
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2:36 - 2:40É se sentir forçado a escolher
entre a fé espiritual e o amor mundano. -
2:40 - 2:42É implorar a Deus para mudar você,
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2:42 - 2:45esperando por uma passagem de ouro
para a heterossexualidade. -
2:46 - 2:50Assim, segui rumo ao ensino médio
e à faculdade sem namoro, apenas negação. -
2:50 - 2:52Eu levava a sério minha fé,
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2:52 - 2:56esperando descobrir um dia
um tônico de disciplinas espirituais -
2:56 - 2:57que me curasse.
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2:59 - 3:03Enquanto isso, aperfeiçoei a arte
de atenuar a dor: -
3:03 - 3:06trabalho, trabalho, trabalho,
noites fora, longas férias -
3:06 - 3:08e o encantamento contínuo:
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3:08 - 3:10"Não preciso de amor, não preciso de amor,
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3:10 - 3:12não... preciso... de amor".
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3:13 - 3:15Eu não tinha mecanismos
pra lidar com isso. -
3:15 - 3:18Eu tinha todo um sistema
pra lidar com isso. -
3:18 - 3:20E funcionava!
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3:20 - 3:22Até que parou.
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3:23 - 3:25Certo momento, em torno dos 30 anos,
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3:25 - 3:26acordei
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3:26 - 3:30e me dei conta de que todos os meus amigos
haviam seguido com sua vida, -
3:30 - 3:32matriculando-se no mundo
dos vestidos de noiva -
3:32 - 3:34e das festas infantis de aniversário.
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3:34 - 3:38Minha solidão aumentou e, quando as noites
em claro começaram a se somar... -
3:38 - 3:40finalmente desisti.
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3:40 - 3:42Decidi parar de me esconder.
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3:43 - 3:45De uma conversa dolorosa após a outra,
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3:45 - 3:50comecei a me revelar para amigos
e familiares, a maioria muito religiosa. -
3:51 - 3:53As conversas foram difíceis no começo.
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3:53 - 3:57O vinho tinto era minha coragem;
o antiácido, minha paz. -
3:57 - 3:58(Risos)
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3:58 - 4:04Durante anos, imaginei as piores reações,
com pessoas surtando e me julgando, -
4:04 - 4:09mas, cada vez, toda vez,
eu encontrava amor -
4:09 - 4:10e lágrimas,
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4:10 - 4:15e um daqueles abraços demorados que damos
em quem está travando uma batalha difícil. -
4:15 - 4:17E assim, nos meus 30 anos,
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4:17 - 4:22finalmente, de modo desajeitado,
eu me deparei com a luz da minha verdade, -
4:22 - 4:25algo que eu gostaria
de ter feito muito mais cedo. -
4:26 - 4:27Muitos parecem achar
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4:27 - 4:31que as pessoas religiosas do sul
são alimentadas pelo ódio. -
4:31 - 4:34Mas sei que não é verdade,
porque eu as conheço. -
4:34 - 4:37São extremamente generosas
e bondosas demais. -
4:37 - 4:41Há séculos, elas têm ajudado
os pobres em nossos bairros -
4:41 - 4:44e proporcionado alívio após os desastres.
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4:44 - 4:46Precisamos de nossas comunidades de fé,
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4:46 - 4:51e os de fora que as chamam de intolerantes
estão propagando a falácia da composição. -
4:51 - 4:55Os fanáticos ferozes não representam
a maioria benevolente. -
4:56 - 4:59Acho que nossas comunidades de fé
não têm um problema com o ódio. -
5:00 - 5:02Acho que temos um problema com o amor.
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5:02 - 5:05Simplesmente não temos amado bem
nossos jovens LGBT! -
5:05 - 5:08(Aplausos)
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5:10 - 5:12Não temos amado bem nossos jovens LGBT.
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5:12 - 5:14Não temos escutado.
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5:14 - 5:17Temos oferecido a teologia
antes da empatia. -
5:18 - 5:22Protegemos um tabu que silenciosamente
os aniquila em sua própria vergonha. -
5:22 - 5:26Não temos dado a eles o espaço e a graça
que damos a todos os outros -
5:26 - 5:28e defendemos doutrinas
espirituais frias e impessoais -
5:28 - 5:32enquanto perdemos pessoas
em nossos bancos de igreja. -
5:32 - 5:37Os jovens de nossas comunidades religiosas
não ousam falar sua verdade, -
5:37 - 5:38por medo!
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5:38 - 5:42Muitos deles estão sofrendo sozinhos,
e precisamos nos perguntar: -
5:42 - 5:46"Por que a palavra A-J-U-D-A
é tão difícil para eles?" -
5:48 - 5:51Mas a boa notícia é que vejo
líderes religiosos se levantando, -
5:51 - 5:53mudando essa realidade.
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5:53 - 5:55Vejo nossas igrejas fazendo mudanças,
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5:55 - 5:59como têm feito tantas vezes
por séculos, em direção ao amor. -
5:59 - 6:02Vejo a retórica sendo substituída
por um léxico de graça. -
6:02 - 6:04Vejo pessoas de fé
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6:04 - 6:07aprendendo uma música sacra
que mantém o ritmo com ortodoxia, -
6:07 - 6:10enquanto gritam um coro de amor.
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6:10 - 6:12E vejo crentes
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6:12 - 6:13unidos,
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6:13 - 6:15lembrando a cada jovem:
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6:15 - 6:20"Você é amado e você é adorável,
e seu futuro é incrivelmente brilhante". -
6:20 - 6:21Obrigado.
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6:21 - 6:23(Vivas) (Aplausos)
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6:26 - 6:28Obrigado.
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6:28 - 6:30(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Filho de pastor, jogador de futebol e... gay | Brett Trapp | TEDxPeachtree
- Description:
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Brett Trapp dá uma palestra comovente sobre aceitar o fato de ser gay em uma comunidade profundamente religiosa no sul dos EUA, com uma compreensão surpreendente sobre si mesmo e sobre a comunidade.
Brett Trapp deixou recentemente a Corporate America para se dedicar a seu sonho de se tornar escritor e contador de histórias. Ele compartilha histórias de autodescoberta e identidade no site www.BlueBabiesPink.com, inspirado em sua experiência de aceitar o fato de ser gay no sul dos EUA.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 06:36