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Estamos olhando "O nascimento de Vênus"
de Botticelli, na Galleria degli Uffizi.
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Está uma das imagens mais icônicas
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da história da arte ocidental.
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Vênus é incrivelmente linda.
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Como poderia ser diferente?
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Ela está de pé,
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nua em uma pintura da Renascença
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e não em um contexto cristão.
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Até esse ponto na Renascença,
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o único momento em que se poderia ver
nudez era com Eva.
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Mas aqui...
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-Está não é Eva.
- Não.
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O quadro de Botticelli é a antiga deusa
do amor,
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Vênus.
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E na verdade ele a retratou,
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baseado em uma antiga escultura romana.
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Que era uma cópia de uma mais antiga
escultura Grega
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conhecida como a Vênus modesta
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que estava na coleção dos Médici.
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Achamos que essa pintura foi feita para
alguém da corte de Médici,
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talvez para um primo de Lorenzo de Médici.
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Vênus fica no meio.
Nascida do mar.
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E parece estar sendo empurrada pelos
ventos de Zéfiro,
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personificado à esquerda.
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Ela fica em uma concha
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ou quase em cima dela.
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Existem tantas impossibilidades
nessa pintura.
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E quando ela chegar à margem,
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será recebida por uma pessoa pronta
para cobrir seu corpo nu.
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Mas estamos encantados pois ela ainda
não chegou lá.
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O corpo é muito bonito.
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Tão sensual.
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E é um tipo de pose impossível.
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Não é bem um contrapposto.
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Essa curva extraordinária para o corpo
sugere
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que ela tem um tipo de estrutura óssea
muito flexível.
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E até os zéfiros, que são estes ventos
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que a empurram para margem,
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estão entrelaçados de um modo impossível
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e toda as figuras aqui flutuam.
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Quando vemos pinturas
da Renascença
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geralmente esperamos ver
um naturalismo real.
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Esperamos ver figuras que tenham peso,
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com corpos que tenham sentido, existindo
em um espaço realista
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Isto é o que consideramos ao pensar
na Renascença.
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Mas isto não é o que Botticelli nos dá.
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Alguns historiadores sugerem que
Botticelli tem como referência
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pinturas Gregas antigas
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e as únicas pinturas que Botticelli tinha
disponível
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da tradição clássica Grega
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eram pinturas em vasos.
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As figuras estão muitas vezes
isoladas no plano.
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Isto é muito estático.
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Todas as figuras,
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e isto é uma característica
de Botticelli,
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são empurradas para frente...
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E ocupam um plano único.
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Isso mesmo,
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e estão meio que isolados, esses
3 grupos.
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E você pode imaginá-los como pinturas
em linha em um vaso.
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De fato, esta pintura é bem linear.
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E por causa do padrão, da qualidade
da linearidade
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ela meio que desafia o espaço.
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Você pode ver o espaço no fundo.
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Mas isto não é um Massachio.
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A tentativa aqui é diminuir
a importância do fundo
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e criar um padrão, uma beleza.
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Esta é uma pintura que,
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estamos supondo, não sabemos ao certo.
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Que é sobre beleza,
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talvez de um jeito neo platônico que vê
a beleza
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como física, sensual, erótica,
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que nos leva a uma noção de beleza
divina.
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Certo. E existem dois tipos de beleza
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e através da contemplação da beleza
física
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chegamos à beleza divina.
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Botticelli está criando um tipo de beleza
que é resultado da narrativa.
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Um resultado da elegância
da própria figura.
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Mas também através do uso do padrão,
de um tipo de qualidade decorativa.
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Podemos ver isso nos traços dourados
que ele colocou nos cabelos dela
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nas árvores á direita.
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Existe um tipo de sensualidade que
é irresistível, não é?
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Flores rosas,
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flutuando entre Vênus e os zéfiros,
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as belas linhas que criam as ondas
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as linhas de seus cabelos,
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vestes flutuando.
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É um lindo mundo
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que queremos entrar.
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[Traduzido por Alef Almeida]