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Açúcar: O elefante na cozinha | Dr. Robert Lustig | TEDxBermuda

  • 0:09 - 0:14
    Gostaria de falar sobre, talvez,
    a palavra mais usada
  • 0:14 - 0:18
    e mais mal-interpretada
    no idioma inglês: "liberdade".
  • 0:19 - 0:22
    Há dois tipos de liberdade:
    a "liberdade de algo",
  • 0:22 - 0:26
    como liberdade da opressão,
    ou da busca e apreensão,
  • 0:26 - 0:30
    e a "liberdade para algo",
    a liberdade para escolher.
  • 0:30 - 0:34
    Mas, a liberdade para escolher
    tem algumas ressalvas.
  • 0:34 - 0:38
    A que nos referimos é chamada
    de "responsabilidade pessoal",
  • 0:38 - 0:40
    que é uma ideologia.
  • 0:40 - 0:44
    E há alguns princípios básicos
  • 0:44 - 0:47
    que atribuímos à responsabilidade pessoal,
  • 0:47 - 0:50
    que significa termos conhecimento.
  • 0:50 - 0:55
    Um garoto de cinco anos que, por acidente,
    atirou no irmão não é culpado
  • 0:55 - 0:59
    porque ele não tinha o conhecimento.
  • 0:59 - 1:00
    Acesso.
  • 1:00 - 1:06
    Hoje, 57 mil pessoas nos Estados Unidos
    foram excluídas da lista de votação
  • 1:06 - 1:09
    devido à redistribuição eleitoral.
    Elas não têm acesso.
  • 1:09 - 1:12
    Elas não podem ter
    responsabilidade pessoal de voto.
  • 1:12 - 1:13
    E, finalmente, viabilidade.
  • 1:13 - 1:16
    Vocês devem arcar com suas escolhas
  • 1:16 - 1:20
    e a sociedade deve arcar com elas.
  • 1:20 - 1:21
    Um exemplo:
  • 1:21 - 1:26
    na Califórnia, foram libertados
    100 mil detentos
  • 1:26 - 1:28
    dependentes de drogas.
  • 1:28 - 1:31
    Contestamos: "Dependentes de drogas
    devem permanecer presos".
  • 1:31 - 1:33
    Mas não podemos arcar com isso.
  • 1:33 - 1:37
    Estas são ressalvas
    para a responsabilidade pessoal.
  • 1:37 - 1:39
    E por último, realmente importante,
  • 1:39 - 1:44
    é que suas ações não podem
    ferir mais ninguém,
  • 1:44 - 1:48
    porque se isso ocorrer,
    significa que está infringindo a lei.
  • 1:48 - 1:52
    O fato é que há uma crise
    no sistema de saúde;
  • 1:52 - 1:53
    e uma crise bem grande.
  • 1:53 - 1:57
    A organização de saúde Medicare
    estará falida até 2026.
  • 1:57 - 2:03
    Não temos dinheiro para continuar
    o que estamos fazendo.
  • 2:03 - 2:08
    E a crise na saúde não é decorrente
    dos reembolsos médicos,
  • 2:08 - 2:10
    dos encargos hospitalares,
  • 2:10 - 2:15
    nem da infraestrutura ou administração.
  • 2:15 - 2:19
    A crise na saúde é devido
    à doença crônica metabólica.
  • 2:19 - 2:21
    É para onde vai o dinheiro.
  • 2:21 - 2:25
    No ano passado, US$ 245 bilhões foram
    gastos nos Estados Unidos com diabetes.
  • 2:25 - 2:29
    US$ 200 bilhões com demência,
    outra doença crônica.
  • 2:29 - 2:33
    E o "Obamacare" nos promete poder
  • 2:33 - 2:36
    incluir 32 milhões de pessoas doentes
    na folha de pagamento
  • 2:36 - 2:39
    e faremos isso fornecendo
    serviços de prevenção.
  • 2:39 - 2:40
    Como?
  • 2:40 - 2:45
    Não há serviços de prevenção
    para doenças crônicas metabólicas.
  • 2:45 - 2:46
    Eles não existem.
  • 2:46 - 2:50
    A única coisa que funciona é a prevenção
    e não temos uma prevenção.
  • 2:50 - 2:53
    O que isso significa?
  • 2:53 - 2:57
    Significa que estamos "ferrados".
  • 2:57 - 2:58
    (Risos)
  • 3:00 - 3:05
    O fato é que não podemos permitir isso.
  • 3:10 - 3:11
    De onde isso vem?
  • 3:11 - 3:14
    Vem de uma coisa chamada
    obesidade epidêmica, certo?
  • 3:14 - 3:21
    Todos dizem: "Se essas pessoas pudessem
    comer menos e se exercitar mais,
  • 3:21 - 3:24
    resolveríamos esse problema;
    a culpa é delas."
  • 3:24 - 3:26
    É de onde isso vem.
  • 3:26 - 3:29
    Temos os chamados sete pecados capitais.
  • 3:29 - 3:33
    Absolvemos cinco deles.
  • 3:33 - 3:38
    Absolvemos a inveja, avareza,
    ira, soberba e luxúria.
  • 3:38 - 3:41
    De fato, há programas de TV
    que os estimulam.
  • 3:41 - 3:44
    Os únicos dois dos quais
    não podemos nos livrar
  • 3:44 - 3:48
    são os que ainda permanecem:
    a gula e a preguiça.
  • 3:48 - 3:50
    É culpa de vocês.
  • 3:50 - 3:52
    Sabem o que mais?
  • 3:52 - 3:56
    Sou pediatra e cuido de crianças.
  • 3:56 - 4:00
    É difícil atribuir responsabilidade
    pessoal à obesidade delas.
  • 4:00 - 4:06
    De fato, temos uma epidemia
    de recém-nascidos obesos.
  • 4:07 - 4:08
    Recém-nascidos obesos!
  • 4:08 - 4:12
    Vocês querem atribuir a eles
    a responsabilidade pessoal?
  • 4:12 - 4:16
    Eu trato de crianças com tumor cerebral.
  • 4:16 - 4:19
    Vejam esta seta apontando para um camarada
  • 4:19 - 4:23
    sentado no meio do caminho
    do equilíbrio de energia desse paciente.
  • 4:23 - 4:26
    Um tumor no cérebro
    causa obesidade massiva.
  • 4:26 - 4:30
    Deixem-me contar-lhes
    sobre esses dois pacientes.
  • 4:30 - 4:33
    Esta é uma paciente que tratei anos atrás.
  • 4:33 - 4:39
    Ela tinha um tumor no cérebro
    e ganhou 68 quilos.
  • 4:39 - 4:42
    Vocês podem vê-la aqui, com 100 quilos.
  • 4:42 - 4:48
    Demos a ela um medicamento experimental
    para diminuir seu nível de insulina.
  • 4:48 - 4:52
    Insulina é hormônio do diabetes
    e de armazenamento de energia.
  • 4:52 - 4:56
    É o hormônio que diz a suas células
    para absorver energia extra.
  • 4:56 - 4:59
    Não há ganho de peso sem insulina.
  • 4:59 - 5:02
    E sabíamos que esses pacientes
    tinham altos níveis de insulina.
  • 5:02 - 5:07
    Como experimento, demos a ela
    uma medicação para baixar sua insulina.
  • 5:07 - 5:11
    Uma semana depois, sua mãe ligou
    e disse que ela não havia perdido peso.
  • 5:11 - 5:14
    Ela disse: "Doutor Lustig,
    está acontecendo alguma coisa".
  • 5:14 - 5:16
    Eu perguntei: "Como assim?"
  • 5:16 - 5:19
    "Bem, nós costumávamos ir ao Taco Bell
  • 5:19 - 5:23
    e ela comia cinco tacos e um 'enchirito'
    e ainda ficava com fome.
  • 5:23 - 5:24
    Acabamos de ir ao Taco Bell,
  • 5:24 - 5:28
    ela só comeu dois tacos
    e já ficou satisfeita.
  • 5:28 - 5:30
    E ainda passou aspirador na casa toda!"
  • 5:30 - 5:31
    (Risos)
  • 5:32 - 5:35
    Eu disse: "Verdade? Que interessante!"
  • 5:35 - 5:38
    De fato, fizemos isso várias vezes
    e a mesma a coisa aconteceu.
  • 5:38 - 5:43
    E aqui está ela, um ano depois,
    com menos 22 quilos
  • 5:43 - 5:46
    e se sentindo muito melhor,
    como vocês podem imaginar.
  • 5:46 - 5:49
    A próxima que mostrarei
    não é minha paciente.
  • 5:49 - 5:52
    Esta é uma linda menina
    de 13 anos que mora no Havaí.
  • 5:52 - 5:54
    Vejam o lírio no cabelo dela.
  • 5:54 - 5:58
    Um mês após essa foto ter sido tirada,
    ela sofreu um acidente de carro
  • 5:58 - 6:00
    e seu hipotálamo foi atingido;
  • 6:00 - 6:04
    aquela área do cérebro onde estava
    o tumor da outra paciente.
  • 6:04 - 6:06
    E esta é ela, um ano depois.
  • 6:06 - 6:11
    Agora, alguém pode dizer
    que isso é responsabilidade pessoal?
  • 6:11 - 6:14
    Que isso foi culpa dessa linda jovem?
  • 6:14 - 6:18
    Eu estava em um ciclo de palestras
    no Centro Médico Kaiser, em Honolulu,
  • 6:18 - 6:21
    e eles disseram que talvez devêssemos
    administrar a mesma droga na jovem.
  • 6:21 - 6:23
    Eu estava ao lado dela.
  • 6:23 - 6:26
    E sua mãe disse:
    "Vão em frente, tentem".
  • 6:26 - 6:30
    E aqui está ela, um ano e meio depois,
    na sua formatura.
  • 6:30 - 6:33
    Agora, alguém realmente quer alegar
  • 6:33 - 6:36
    que isso é culpa da garota?
  • 6:36 - 6:38
    Para mim, é difícil.
  • 6:38 - 6:42
    De fato, o que aprendemos
    desses experimentos
  • 6:42 - 6:48
    é que o comportamento
    é secundário para a bioquímica.
  • 6:48 - 6:52
    Quando você trata a bioquímica
    o comportamento melhora,
  • 6:52 - 6:55
    inclusive em adultos, como vimos agora.
  • 6:55 - 6:58
    Todos dizem que o comportamento
    é o problema.
  • 6:58 - 6:59
    Não, não é.
  • 6:59 - 7:02
    A bioquímica de base é o problema.
  • 7:02 - 7:03
    Então, vocês me perguntam:
  • 7:03 - 7:06
    "E o restante de nós?
    Nós não temos tumores cerebrais".
  • 7:06 - 7:09
    Bem, de fato, é exatamente
    o mesmo problema.
  • 7:09 - 7:10
    Nada é diferente.
  • 7:10 - 7:15
    Hoje, todos nós temos níveis de insulina
    três vezes mais altos do que tínhamos.
  • 7:15 - 7:18
    E a pergunta, lógico, é de onde veio isso?
  • 7:18 - 7:20
    Quem na plateia tem diabetes?
  • 7:20 - 7:22
    Alguém?
  • 7:22 - 7:26
    Alguns de vocês devem ter porque
    agora diabetes é um grande problema.
  • 7:27 - 7:30
    Aqui está o problema:
    sete entre oito de vocês,
  • 7:30 - 7:34
    sete entre oito pessoas com diabetes,
    não sabem que o têm.
  • 7:34 - 7:39
    Vocês não enxergam o diabetes
    até que fiquem cegos por causa dele.
  • 7:39 - 7:43
    Vocês nem ao menos sabem
    que têm um problema.
  • 7:43 - 7:46
    Aqui é como vocês podem ver isso.
  • 7:46 - 7:51
    Vejamos a população americana:
    30% de obesos, 70% com peso normal.
  • 7:51 - 7:53
    O slogan padrão é:
  • 7:53 - 7:58
    "A culpa é da pessoa obesa porque
    80% das pessoas obesas estão doentes.
  • 7:58 - 8:02
    Elas têm dois tipos de diabetes;
    têm hiperlipidemia;
  • 8:02 - 8:05
    têm doenças cardiovasculares;
    têm hipertensão;
  • 8:05 - 8:08
    têm câncer, têm demência,
    e estão estourando o orçamento.
  • 8:08 - 8:11
    Daqueles 80%, 57 milhões de pessoas,
  • 8:11 - 8:14
    se conseguíssemos que elas
    fizessem dieta e se exercitassem,
  • 8:14 - 8:16
    poderíamos resolver esse problema".
  • 8:16 - 8:20
    É o mote padrão, mas está incorreto,
  • 8:20 - 8:24
    porque 20% dessas pessoas obesas
  • 8:24 - 8:27
    são metabolicamente saudáveis.
  • 8:27 - 8:30
    Elas terão uma vida normal,
    morrerão com idade normal
  • 8:30 - 8:32
    e não custarão um centavo ao contribuinte.
  • 8:32 - 8:34
    Elas são apenas gordas.
  • 8:34 - 8:39
    De modo inverso, mais de 40%
    da população com peso normal
  • 8:39 - 8:42
    têm as mesmas doenças.
  • 8:42 - 8:46
    Elas têm diabetes tipo 2, hipertensão,
    dislipidemia, doença cardiovascular.
  • 8:46 - 8:47
    E sabem o que mais?
  • 8:47 - 8:49
    Elas não sabem que têm um problema.
  • 8:49 - 8:52
    Se vocês somarem, é mais do que metade
    da população americana.
  • 8:52 - 8:56
    Em outras palavras,
    é a crise na saúde pública.
  • 8:56 - 8:59
    Aqui está um exemplo de como funciona.
  • 8:59 - 9:03
    Temos duas pessoas de pesos iguais;
    uma é saudável e a outra doente.
  • 9:03 - 9:06
    Querem dar um palpite?
    Qual é a pessoa doente?
  • 9:06 - 9:07
    Vocês podem adivinhar?
  • 9:07 - 9:09
    Eu posso dizer.
  • 9:10 - 9:12
    A de baixo é a doente. Por quê?
  • 9:12 - 9:15
    A de cima tem grandes pneuzinhos.
  • 9:15 - 9:19
    A pessoa de baixo tem gordura
    ao redor dos órgãos
  • 9:19 - 9:21
    e isso é o que o torna doente.
  • 9:21 - 9:24
    E isso é o que chamamos de TOFI,
  • 9:24 - 9:26
    magro por fora, gordo por dentro.
  • 9:26 - 9:29
    Atrevo-me a apostar que há
    alguns na sala, agora.
  • 9:29 - 9:34
    E se vocês acham que estão bem,
    não, vocês não estão.
  • 9:34 - 9:41
    Falando sobre a última crise
    que vivenciamos na saúde pública: o HIV.
  • 9:41 - 9:42
    Lembram-se do HIV?
  • 9:42 - 9:44
    Em 1979, Paciente Zero.
  • 9:44 - 9:47
    Em 1981, o termo "AIDS" foi criado.
  • 9:47 - 9:51
    Em 1986, Dr. Everett Koop disse:
    "Temos um problema".
  • 9:51 - 9:55
    Quando o HIV tornou-se
    uma crise de saúde pública?
  • 9:56 - 9:57
    Em 1991.
  • 9:57 - 9:59
    Por quê?
  • 9:59 - 10:01
    Porque Magic Johnson estava com HIV.
  • 10:01 - 10:06
    E todo mundo disse: "Caramba,
    isso poderia ter acontecido comigo".
  • 10:06 - 10:10
    Realmente, é algo
    com que todos correm risco.
  • 10:10 - 10:14
    Porque não é um comportamento,
    é uma exposição.
  • 10:15 - 10:18
    Então, a pergunta é:
    "Como resolvemos isso?"
  • 10:18 - 10:20
    Bem, aqui está o problema;
    neste slide, bem aqui.
  • 10:20 - 10:25
    Esta é campanha da Coca-Cola:
    "Vamos juntos combater a obesidade".
  • 10:25 - 10:28
    Combater a obesidade exige
    que todos nós façamos algo,
  • 10:28 - 10:30
    baseados num simples fato
    de senso comum:
  • 10:30 - 10:33
    todas as calorias contam,
    não importa de onde elas venham,
  • 10:33 - 10:36
    incluindo a Coca-Cola e tudo mais
    relacionado a calorias.
  • 10:36 - 10:38
    Uma caloria é uma caloria.
  • 10:38 - 10:42
    Você pode obter calorias de cenouras,
    de uma cheesecake,
  • 10:42 - 10:45
    da Coca-Cola, ou de qualquer
    outra coisa com a letra "C".
  • 10:45 - 10:48
    Não importa de onde as calorias vêm.
  • 10:49 - 10:53
    "Uma caloria é uma caloria",
    é o que dizem.
  • 10:53 - 10:54
    E sabem o que mais?
  • 10:54 - 10:56
    Não acredito em senso comum.
  • 10:56 - 10:57
    Acredito em dados.
  • 10:57 - 10:59
    E os dados dizem outra coisa.
  • 10:59 - 11:03
    Os dados dizem que algumas calorias
    causam mais doenças do que outras,
  • 11:03 - 11:06
    porque calorias diferentes são
    metabolizadas de maneira diferente;
  • 11:06 - 11:08
    uma caloria não é uma caloria.
  • 11:08 - 11:11
    Quando acreditamos que uma caloria
    não é uma caloria, o mundo se abre.
  • 11:11 - 11:16
    Torna-se mais clara a maneira
    de corrigir esse problema.
  • 11:17 - 11:21
    isso é devido à nossa nova dieta.
  • 11:21 - 11:25
    Ela faz 40 anos agora.
    É chamada de "Dieta do Ocidente",
  • 11:25 - 11:28
    ou de "Dieta da Indústria Mundial",
  • 11:28 - 11:30
    e é basicamente a dieta
    do alimento processado.
  • 11:30 - 11:34
    E todos vocês a comem
    o tempo todo, gostando ou não.
  • 11:34 - 11:36
    Há oito coisas erradas;
  • 11:36 - 11:40
    não uma, mas oito coisas erradas
    com alimento processado, e aqui estão.
  • 11:40 - 11:44
    Três coisas a menos e cinco a mais.
  • 11:44 - 11:47
    Insuficiência de fibras,
    e de ácidos graxos Omega 3,
  • 11:47 - 11:50
    obtidos de peixes do mar
    e não de cativeiro,
  • 11:50 - 11:54
    insuficiência de micronutrientes,
    todas as vitaminas e minerais.
  • 11:54 - 11:58
    Além disso, muitas gorduras trans;
    mas sabemos que estão diminuindo,
  • 11:58 - 12:00
    aminoácidos de cadeia ramificada;
  • 12:00 - 12:06
    são aminoácidos encontrados em gado,
    frangos e peixes alimentados com milho,
  • 12:06 - 12:10
    ácidos graxos Omega 6
    em sementes de óleo, álcool,
  • 12:10 - 12:13
    e por fim a grande estrela,
  • 12:13 - 12:18
    que manda os outros sete
    pelos ares: o açúcar.
  • 12:18 - 12:19
    Açúcar, certo?
  • 12:19 - 12:22
    Vamos falar sobre ele
    até o fim da palestra.
  • 12:23 - 12:26
    O açúcar causa diabetes?
  • 12:26 - 12:29
    Todos dizem: "Sim, claro,
    mas é devido às calorias".
  • 12:29 - 12:32
    "Açúcares são calorias vazias",
    esse é o mote.
  • 12:32 - 12:34
    Não são; não é verdade.
  • 12:34 - 12:36
    Açúcares são "calorias tóxicas".
  • 12:36 - 12:39
    Na verdade, estudos na Europa
    mostram que se você consumir
  • 12:39 - 12:41
    um refrigerante por dia
  • 12:41 - 12:45
    seu risco de diabetes aumenta 29%,
    independente das calorias,
  • 12:45 - 12:49
    independente de seu peso
    e de qualquer coisa que coma.
  • 12:49 - 12:53
    Nós mostramos que para cada
    150 calorias consumidas mundialmente,
  • 12:53 - 12:58
    a ocorrência do diabetes aumenta
    em um total de 0,1%, o que não é nada.
  • 12:58 - 13:01
    Mas se aquelas 150 calorias estiverem
    numa lata de refrigerante,
  • 13:01 - 13:04
    o diabetes aumenta 11 vezes, 1,1%;
  • 13:04 - 13:06
    e não consumimos
    só uma lata de refrigerante,
  • 13:06 - 13:08
    nós consumimos duas latas e meia.
  • 13:08 - 13:11
    Assim, 29% de todo o diabetes no mundo
  • 13:11 - 13:15
    é devido ao açúcar, somente ao açúcar.
  • 13:15 - 13:19
    Esse estudo na verdade atende
    os critérios científicos e legais
  • 13:19 - 13:21
    para apontar causa imediata.
  • 13:21 - 13:24
    Você tem que provar que uma coisa
    é a causa de outra coisa
  • 13:24 - 13:26
    antes de poder fazer algo a respeito.
  • 13:26 - 13:29
    Nós provamos; nós mostramos.
  • 13:30 - 13:32
    Está aqui também; a mesma coisa.
  • 13:32 - 13:36
    A questão é: por que isso ocorre?
  • 13:36 - 13:40
    Número 1: açúcar causa
    acúmulo de gordura no fígado.
  • 13:40 - 13:43
    Toda gordura ao redor dos órgãos
    que já mostrei a vocês?
  • 13:43 - 13:45
    Sim. Foi o açúcar que causou.
  • 13:45 - 13:49
    Não são os pneuzinhos,
    mas o que está dentro de vocês.
  • 13:49 - 13:52
    Número 2: açúcar vicia.
  • 13:52 - 13:55
    É leve, mas está em todo lugar,
    como o álcool.
  • 13:55 - 13:57
    E uns 20% da pessoas
    são dependentes do álcool,
  • 13:57 - 13:59
    provavelmente o mesmo com o açúcar.
  • 13:59 - 14:01
    Você não consegue parar.
  • 14:01 - 14:04
    Este slide aqui mostra
    a ocorrência do diabetes
  • 14:04 - 14:07
    no mundo todo, neste momento.
  • 14:07 - 14:09
    Quais países são os piores?
  • 14:09 - 14:14
    Arábia Saudita, Kuwait,
    Emirados Árabes, Qatar e Malásia.
  • 14:14 - 14:16
    Os piores.
  • 14:16 - 14:18
    Por que esses países?
  • 14:18 - 14:20
    Nada de álcool,
  • 14:20 - 14:23
    mas eles se entopem de refrigerantes.
  • 14:23 - 14:28
    Porque faz calor, e o abastecimento
    de água é um ponto de interrogação.
  • 14:28 - 14:31
    E, nada de álcool!
  • 14:31 - 14:32
    (Risos)
  • 14:32 - 14:34
    Essa é a recompensa.
  • 14:34 - 14:37
    Mas, querem saber,
    eu prefiro álcool.
  • 14:37 - 14:41
    Porque você só consegue
    se embebedar uma vez ao dia.
  • 14:41 - 14:43
    (Risos)
  • 14:47 - 14:51
    Mas, já refrigerantes?
    O dia todo, a noite toda.
  • 14:51 - 14:54
    Açúcar de manhã, no final da tarde,
    na hora do jantar.
  • 14:54 - 14:56
    Isso é o que estamos vendo.
  • 14:58 - 15:00
    Estamos tendo uma overdose.
  • 15:00 - 15:02
    A Associação Americana do Coração
  • 15:02 - 15:07
    diz que deveríamos consumir de seis a nove
    colheres de chá de açúcar por dia.
  • 15:07 - 15:09
    Consumimos 22.
  • 15:09 - 15:13
    E, hoje, 80% dos alimentos
  • 15:13 - 15:17
    disponíveis nas mercearias americanas
    são enriquecidos com adição de açúcar.
  • 15:17 - 15:21
    Isso é para benefício da indústria
    de alimentos, não para o nosso.
  • 15:21 - 15:24
    Então, nenhum acesso.
  • 15:24 - 15:27
    Vocês não têm acesso
    porque ele não existe.
  • 15:27 - 15:29
    Alimento verdadeiro
    é difícil de encontrar.
  • 15:29 - 15:31
    Número 2:
  • 15:31 - 15:34
    há 56 nomes para o açúcar.
  • 15:34 - 15:36
    Vocês nem mesmo sabem
    o que estão consumindo.
  • 15:36 - 15:38
    E aqui estão.
  • 15:38 - 15:40
    Nenhum conhecimento.
  • 15:40 - 15:43
    E tem mais: todos sabem o que significa
    a etiqueta "Fatores Nutricionais".
  • 15:43 - 15:46
    Há várias delas em roxo.
  • 15:46 - 15:48
    É chamado de "Valor Nutricional".
  • 15:49 - 15:51
    Notem que não há menção
    sobre o açúcar e é intencional,
  • 15:51 - 15:55
    porque eles não querem que vocês
    saibam quanto açúcar significa muito.
  • 15:55 - 15:57
    Então, nenhum conhecimento.
  • 15:57 - 16:01
    E o Programa Nacional
    de Merenda Escolar?
  • 16:01 - 16:04
    São US$ 0.06 extra.
  • 16:04 - 16:06
    Foi o que Michelle Obama
    conseguiu do Congresso.
  • 16:06 - 16:09
    E não é suficiente
    para comprar duas uvas.
  • 16:09 - 16:12
    Se você toma café da manhã na escola,
  • 16:12 - 16:15
    come sucrilhos e toma
    um copo de suco de laranja,
  • 16:15 - 16:20
    são 11 colheres de sopa de açúcar;
    você já ultrapassou seu limite.
  • 16:20 - 16:22
    Sabem por que nós temos um problema?
  • 16:22 - 16:25
    É por causa disso.
  • 16:25 - 16:27
    Então, todo mundo diz: "Educação!"
  • 16:27 - 16:31
    "Eduquem o público, eduquem a população,
    contem o que está acontecendo!"
  • 16:31 - 16:36
    Exceto por uma coisa: educação não
    funcionou para nenhum abuso de substância.
  • 16:36 - 16:39
    O slogan de Nancy Reagan
    "Diga Não" funcionou?
  • 16:39 - 16:41
    (Risos)
  • 16:41 - 16:42
    Realmente?
  • 16:42 - 16:44
    (Risos)
  • 16:44 - 16:46
    E sabem o que mais?
  • 16:46 - 16:50
    Posso provar que não funciona
    porque aqui estão os valores das ações,
  • 16:50 - 16:54
    no classificação S&P 500,
    para McDonald's, Coca-Cola e Pepsi.
  • 16:54 - 16:58
    E olhem o que aconteceu
    na recessão econômica de 2008.
  • 16:58 - 17:00
    Elas se deram bem, obrigado.
  • 17:00 - 17:04
    Se você quer ganhar dinheiro,
    invista em indústria alimentícia.
  • 17:05 - 17:07
    A que isso nos leva?
  • 17:07 - 17:11
    Nos leva à uma pergunta sobre liberdade
    e responsabilidade pessoal.
  • 17:11 - 17:14
    O que realmente significa
    responsabilidade pessoal?
  • 17:15 - 17:19
    Se a informação for mantida em segredo
    e você não tiver conhecimento,
  • 17:19 - 17:23
    se seu acesso for limitado porque
    você nem mesmo pode localizá-lo,
  • 17:23 - 17:26
    e se a sociedade não pode arcar com isso
  • 17:26 - 17:31
    e não pudermos dar aos nossos filhos
    algo saudável para comer,
  • 17:31 - 17:33
    isso é realmente responsabilidade pessoal?
  • 17:33 - 17:39
    E, por último, se sua decisão
    de beber um refrigerante
  • 17:39 - 17:42
    o leva para a sala de emergência
    e me custa dólares;
  • 17:42 - 17:46
    se sua decisão de engordar e ficar doente
  • 17:46 - 17:50
    custa ao seu empregador US$ 2,750
  • 17:50 - 17:54
    por funcionário, não importando
    se é obeso ou não, o que significa?
  • 17:54 - 17:57
    Que não é liberdade, mas sim anarquia.
  • 17:57 - 17:59
    É isso que temos.
  • 17:59 - 18:04
    Os libertários dizem: "Espera um segundo;
    não me diga o que tenho que comer!"
  • 18:04 - 18:07
    Bem, já lhes disseram o que comer.
  • 18:07 - 18:09
    Onde vocês estavam nos últimos 40 anos
  • 18:09 - 18:13
    quando alteravam o estoque de alimentos
    bem debaixo do seu nariz?
  • 18:13 - 18:15
    Vocês estavam protestando?
  • 18:15 - 18:18
    Os libertários dizem:
    "Tirem o governo da minha cozinha!"
  • 18:18 - 18:21
    Eu também não quero
    o governo na minha cozinha,
  • 18:21 - 18:26
    a menos que já haja alguém
    mais perigoso lá dentro.
  • 18:29 - 18:33
    A verdadeira pergunta é
    quem diabos você quer na sua cozinha?
  • 18:33 - 18:37
    O governo, que tirará sua liberdade
    e limpará sua carteira?
  • 18:37 - 18:39
    Ou a indústria alimentícia,
  • 18:39 - 18:43
    que já lhe tirou a liberdade,
    seu dinheiro e sua saúde?
  • 18:43 - 18:45
    A escolha é sua.
  • 18:45 - 18:48
    Agora, tendo dito tudo isso,
  • 18:49 - 18:53
    a indústria alimentícia
    é composta por muitas pessoas
  • 18:53 - 18:56
    Elas querem fazer
    a coisa certa; é verdade.
  • 18:56 - 18:59
    Cada uma, realmente,
    gostaria de fazer a coisa certa.
  • 18:59 - 19:03
    Eu me reuni com essas pessoas
    e elas são bem legais,
  • 19:03 - 19:07
    mas elas trabalham
    para uma indústria alimentícia.
  • 19:08 - 19:11
    E ao contrário do que a Suprema Corte diz,
  • 19:11 - 19:14
    empresas não são pessoas.
  • 19:14 - 19:19
    As empresas têm responsabilidade
    fiduciária com seus acionistas;
  • 19:19 - 19:21
    e as pessoas não.
  • 19:21 - 19:27
    Corporações obtêm lucros trimestrais
    e relatórios de ganho da bolsa de valores.
  • 19:27 - 19:29
    Elas têm que elaborar esses relatórios.
  • 19:29 - 19:33
    Eu me reuni com a indústria alimentícia
    e vou contar uma história,
  • 19:33 - 19:36
    sem mencionar nomes.
  • 19:36 - 19:40
    Dez cientistas, executivos empresariais,
    me contaram isso pessoalmente.
  • 19:40 - 19:43
    Eles disseram: "Nós podemos mudar.
  • 19:43 - 19:46
    Já mudamos antes nos anos 80
    quando lançamos o baixo teor de gordura,
  • 19:47 - 19:49
    com duas ressalvas:
  • 19:50 - 19:54
    não faremos sozinhos
    e não podemos perder dinheiro".
  • 19:56 - 19:58
    As duas condições
    inviabilizam o projeto hoje.
  • 19:58 - 19:59
    O que isso significa?
  • 19:59 - 20:02
    Significa que precisam
    que digam a elas o que fazer,
  • 20:02 - 20:04
    e que têm que fazer
    todas ao mesmo tempo,
  • 20:04 - 20:06
    para não haver desvantagem competitiva.
  • 20:06 - 20:08
    O que isso significa?
  • 20:08 - 20:09
    Significa governo.
  • 20:11 - 20:13
    Mas governos são coniventes
    e complacentes.
  • 20:13 - 20:15
    Eles estão sendo pagos.
  • 20:15 - 20:18
    Mais da metade do Congresso
    ganha dinheiro da indústria alimentícia.
  • 20:18 - 20:21
    E 6% de nossas exportações são alimentos.
  • 20:21 - 20:24
    O que aconteceria se, de repente,
    disséssemos ao mundo:
  • 20:24 - 20:26
    "Sabem essa porcaria
    que colocamos na comida?
  • 20:26 - 20:29
    Realmente, não é bom para vocês".
  • 20:29 - 20:33
    O que aconteceu quando uma vaca doente
    foi exportada do Canadá para Washington?
  • 20:33 - 20:37
    Foi o fim da venda de carne por dois anos
    para a Grã-Bretanha e Coréia do Sul.
  • 20:37 - 20:40
    Eles estão do outro lado.
  • 20:41 - 20:47
    Mas, nós temos uma crise
    porque não teremos assistência médica.
  • 20:48 - 20:50
    Aqui está um relatório recém-publicado
  • 20:50 - 20:54
    por um banco internacional
    de investimento, Credit Suisse,
  • 20:54 - 20:59
    chamado de "Sugar Consumption
    at a Crossroads" com uma citação direta:
  • 21:00 - 21:04
    "Cremos que uma taxação maior
    sobre alimentos e bebidas açucaradas
  • 21:04 - 21:07
    seria a melhor opção
    para reduzir a ingestão
  • 21:07 - 21:10
    e financiar custos com assistência médica
    relacionados ao diabetes e à obesidade".
  • 21:10 - 21:14
    Um banco de investimento exige tributação.
  • 21:14 - 21:19
    Isso mostra a proporção e a gravidade
    que esse problema atingiu.
  • 21:21 - 21:26
    Eu acredito que o alimento deveria
    prover bem-estar, não doença;
  • 21:27 - 21:28
    e isso costumava ser assim.
  • 21:29 - 21:31
    Essa é uma crise de saúde pública
  • 21:31 - 21:36
    que não pode ser resolvida
    por uma pessoa de cada vez.
  • 21:36 - 21:41
    Aqui está uma lista de doenças
    que eram de responsabilidade pessoal,
  • 21:41 - 21:45
    exceto pela absoluta gravidade
    de cada uma delas,
  • 21:45 - 21:48
    elas se tornaram crise na saúde pública.
  • 21:48 - 21:52
    Por que adicionamos açúcar a essa lista?
  • 21:54 - 21:57
    Responsabilidade pessoal não é ideologia.
  • 21:57 - 22:01
    É o elefante na cozinha
    e não podemos permitir isso.
  • 22:01 - 22:05
    O que precisamos é de uma política
    baseada na biologia.
  • 22:05 - 22:07
    E ela já existe.
  • 22:07 - 22:10
    É chamada comida de verdade.
  • 22:10 - 22:12
    E a única maneira para resolvermos isso
  • 22:12 - 22:14
    é expulsando o elefante da cozinha.
  • 22:14 - 22:16
    Obrigado.
  • 22:16 - 22:17
    (Aplausos)
Title:
Açúcar: O elefante na cozinha | Dr. Robert Lustig | TEDxBermuda
Description:

Dr. Robert H. Lustig é um pediatra endocrinologista americano, professor de pediatria clínica da Universidade da Califórnia, São Francisco (USCF).

Dr. Lustig investiga os perigos do açúcar na saúde e sua relação com o diabetes tipo 2 e a epidemia global da obesidade. Ele é autor de vários livros e muitos artigos sobre a obesidade infantil, incluindo o recente "Obesidade antes do Nascimento".

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
22:24

Portuguese, Brazilian subtitles

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