Açúcar: O elefante na cozinha | Dr. Robert Lustig | TEDxBermuda
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0:09 - 0:14Gostaria de falar sobre, talvez,
a palavra mais usada -
0:14 - 0:18e mais mal-interpretada
no idioma inglês: "liberdade". -
0:19 - 0:22Há dois tipos de liberdade:
a "liberdade de algo", -
0:22 - 0:26como liberdade da opressão,
ou da busca e apreensão, -
0:26 - 0:30e a "liberdade para algo",
a liberdade para escolher. -
0:30 - 0:34Mas, a liberdade para escolher
tem algumas ressalvas. -
0:34 - 0:38A que nos referimos é chamada
de "responsabilidade pessoal", -
0:38 - 0:40que é uma ideologia.
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0:40 - 0:44E há alguns princípios básicos
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0:44 - 0:47que atribuímos à responsabilidade pessoal,
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0:47 - 0:50que significa termos conhecimento.
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0:50 - 0:55Um garoto de cinco anos que, por acidente,
atirou no irmão não é culpado -
0:55 - 0:59porque ele não tinha o conhecimento.
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0:59 - 1:00Acesso.
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1:00 - 1:06Hoje, 57 mil pessoas nos Estados Unidos
foram excluídas da lista de votação -
1:06 - 1:09devido à redistribuição eleitoral.
Elas não têm acesso. -
1:09 - 1:12Elas não podem ter
responsabilidade pessoal de voto. -
1:12 - 1:13E, finalmente, viabilidade.
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1:13 - 1:16Vocês devem arcar com suas escolhas
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1:16 - 1:20e a sociedade deve arcar com elas.
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1:20 - 1:21Um exemplo:
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1:21 - 1:26na Califórnia, foram libertados
100 mil detentos -
1:26 - 1:28dependentes de drogas.
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1:28 - 1:31Contestamos: "Dependentes de drogas
devem permanecer presos". -
1:31 - 1:33Mas não podemos arcar com isso.
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1:33 - 1:37Estas são ressalvas
para a responsabilidade pessoal. -
1:37 - 1:39E por último, realmente importante,
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1:39 - 1:44é que suas ações não podem
ferir mais ninguém, -
1:44 - 1:48porque se isso ocorrer,
significa que está infringindo a lei. -
1:48 - 1:52O fato é que há uma crise
no sistema de saúde; -
1:52 - 1:53e uma crise bem grande.
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1:53 - 1:57A organização de saúde Medicare
estará falida até 2026. -
1:57 - 2:03Não temos dinheiro para continuar
o que estamos fazendo. -
2:03 - 2:08E a crise na saúde não é decorrente
dos reembolsos médicos, -
2:08 - 2:10dos encargos hospitalares,
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2:10 - 2:15nem da infraestrutura ou administração.
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2:15 - 2:19A crise na saúde é devido
à doença crônica metabólica. -
2:19 - 2:21É para onde vai o dinheiro.
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2:21 - 2:25No ano passado, US$ 245 bilhões foram
gastos nos Estados Unidos com diabetes. -
2:25 - 2:29US$ 200 bilhões com demência,
outra doença crônica. -
2:29 - 2:33E o "Obamacare" nos promete poder
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2:33 - 2:36incluir 32 milhões de pessoas doentes
na folha de pagamento -
2:36 - 2:39e faremos isso fornecendo
serviços de prevenção. -
2:39 - 2:40Como?
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2:40 - 2:45Não há serviços de prevenção
para doenças crônicas metabólicas. -
2:45 - 2:46Eles não existem.
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2:46 - 2:50A única coisa que funciona é a prevenção
e não temos uma prevenção. -
2:50 - 2:53O que isso significa?
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2:53 - 2:57Significa que estamos "ferrados".
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2:57 - 2:58(Risos)
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3:00 - 3:05O fato é que não podemos permitir isso.
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3:10 - 3:11De onde isso vem?
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3:11 - 3:14Vem de uma coisa chamada
obesidade epidêmica, certo? -
3:14 - 3:21Todos dizem: "Se essas pessoas pudessem
comer menos e se exercitar mais, -
3:21 - 3:24resolveríamos esse problema;
a culpa é delas." -
3:24 - 3:26É de onde isso vem.
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3:26 - 3:29Temos os chamados sete pecados capitais.
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3:29 - 3:33Absolvemos cinco deles.
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3:33 - 3:38Absolvemos a inveja, avareza,
ira, soberba e luxúria. -
3:38 - 3:41De fato, há programas de TV
que os estimulam. -
3:41 - 3:44Os únicos dois dos quais
não podemos nos livrar -
3:44 - 3:48são os que ainda permanecem:
a gula e a preguiça. -
3:48 - 3:50É culpa de vocês.
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3:50 - 3:52Sabem o que mais?
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3:52 - 3:56Sou pediatra e cuido de crianças.
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3:56 - 4:00É difícil atribuir responsabilidade
pessoal à obesidade delas. -
4:00 - 4:06De fato, temos uma epidemia
de recém-nascidos obesos. -
4:07 - 4:08Recém-nascidos obesos!
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4:08 - 4:12Vocês querem atribuir a eles
a responsabilidade pessoal? -
4:12 - 4:16Eu trato de crianças com tumor cerebral.
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4:16 - 4:19Vejam esta seta apontando para um camarada
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4:19 - 4:23sentado no meio do caminho
do equilíbrio de energia desse paciente. -
4:23 - 4:26Um tumor no cérebro
causa obesidade massiva. -
4:26 - 4:30Deixem-me contar-lhes
sobre esses dois pacientes. -
4:30 - 4:33Esta é uma paciente que tratei anos atrás.
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4:33 - 4:39Ela tinha um tumor no cérebro
e ganhou 68 quilos. -
4:39 - 4:42Vocês podem vê-la aqui, com 100 quilos.
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4:42 - 4:48Demos a ela um medicamento experimental
para diminuir seu nível de insulina. -
4:48 - 4:52Insulina é hormônio do diabetes
e de armazenamento de energia. -
4:52 - 4:56É o hormônio que diz a suas células
para absorver energia extra. -
4:56 - 4:59Não há ganho de peso sem insulina.
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4:59 - 5:02E sabíamos que esses pacientes
tinham altos níveis de insulina. -
5:02 - 5:07Como experimento, demos a ela
uma medicação para baixar sua insulina. -
5:07 - 5:11Uma semana depois, sua mãe ligou
e disse que ela não havia perdido peso. -
5:11 - 5:14Ela disse: "Doutor Lustig,
está acontecendo alguma coisa". -
5:14 - 5:16Eu perguntei: "Como assim?"
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5:16 - 5:19"Bem, nós costumávamos ir ao Taco Bell
-
5:19 - 5:23e ela comia cinco tacos e um 'enchirito'
e ainda ficava com fome. -
5:23 - 5:24Acabamos de ir ao Taco Bell,
-
5:24 - 5:28ela só comeu dois tacos
e já ficou satisfeita. -
5:28 - 5:30E ainda passou aspirador na casa toda!"
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5:30 - 5:31(Risos)
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5:32 - 5:35Eu disse: "Verdade? Que interessante!"
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5:35 - 5:38De fato, fizemos isso várias vezes
e a mesma a coisa aconteceu. -
5:38 - 5:43E aqui está ela, um ano depois,
com menos 22 quilos -
5:43 - 5:46e se sentindo muito melhor,
como vocês podem imaginar. -
5:46 - 5:49A próxima que mostrarei
não é minha paciente. -
5:49 - 5:52Esta é uma linda menina
de 13 anos que mora no Havaí. -
5:52 - 5:54Vejam o lírio no cabelo dela.
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5:54 - 5:58Um mês após essa foto ter sido tirada,
ela sofreu um acidente de carro -
5:58 - 6:00e seu hipotálamo foi atingido;
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6:00 - 6:04aquela área do cérebro onde estava
o tumor da outra paciente. -
6:04 - 6:06E esta é ela, um ano depois.
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6:06 - 6:11Agora, alguém pode dizer
que isso é responsabilidade pessoal? -
6:11 - 6:14Que isso foi culpa dessa linda jovem?
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6:14 - 6:18Eu estava em um ciclo de palestras
no Centro Médico Kaiser, em Honolulu, -
6:18 - 6:21e eles disseram que talvez devêssemos
administrar a mesma droga na jovem. -
6:21 - 6:23Eu estava ao lado dela.
-
6:23 - 6:26E sua mãe disse:
"Vão em frente, tentem". -
6:26 - 6:30E aqui está ela, um ano e meio depois,
na sua formatura. -
6:30 - 6:33Agora, alguém realmente quer alegar
-
6:33 - 6:36que isso é culpa da garota?
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6:36 - 6:38Para mim, é difícil.
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6:38 - 6:42De fato, o que aprendemos
desses experimentos -
6:42 - 6:48é que o comportamento
é secundário para a bioquímica. -
6:48 - 6:52Quando você trata a bioquímica
o comportamento melhora, -
6:52 - 6:55inclusive em adultos, como vimos agora.
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6:55 - 6:58Todos dizem que o comportamento
é o problema. -
6:58 - 6:59Não, não é.
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6:59 - 7:02A bioquímica de base é o problema.
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7:02 - 7:03Então, vocês me perguntam:
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7:03 - 7:06"E o restante de nós?
Nós não temos tumores cerebrais". -
7:06 - 7:09Bem, de fato, é exatamente
o mesmo problema. -
7:09 - 7:10Nada é diferente.
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7:10 - 7:15Hoje, todos nós temos níveis de insulina
três vezes mais altos do que tínhamos. -
7:15 - 7:18E a pergunta, lógico, é de onde veio isso?
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7:18 - 7:20Quem na plateia tem diabetes?
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7:20 - 7:22Alguém?
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7:22 - 7:26Alguns de vocês devem ter porque
agora diabetes é um grande problema. -
7:27 - 7:30Aqui está o problema:
sete entre oito de vocês, -
7:30 - 7:34sete entre oito pessoas com diabetes,
não sabem que o têm. -
7:34 - 7:39Vocês não enxergam o diabetes
até que fiquem cegos por causa dele. -
7:39 - 7:43Vocês nem ao menos sabem
que têm um problema. -
7:43 - 7:46Aqui é como vocês podem ver isso.
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7:46 - 7:51Vejamos a população americana:
30% de obesos, 70% com peso normal. -
7:51 - 7:53O slogan padrão é:
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7:53 - 7:58"A culpa é da pessoa obesa porque
80% das pessoas obesas estão doentes. -
7:58 - 8:02Elas têm dois tipos de diabetes;
têm hiperlipidemia; -
8:02 - 8:05têm doenças cardiovasculares;
têm hipertensão; -
8:05 - 8:08têm câncer, têm demência,
e estão estourando o orçamento. -
8:08 - 8:11Daqueles 80%, 57 milhões de pessoas,
-
8:11 - 8:14se conseguíssemos que elas
fizessem dieta e se exercitassem, -
8:14 - 8:16poderíamos resolver esse problema".
-
8:16 - 8:20É o mote padrão, mas está incorreto,
-
8:20 - 8:24porque 20% dessas pessoas obesas
-
8:24 - 8:27são metabolicamente saudáveis.
-
8:27 - 8:30Elas terão uma vida normal,
morrerão com idade normal -
8:30 - 8:32e não custarão um centavo ao contribuinte.
-
8:32 - 8:34Elas são apenas gordas.
-
8:34 - 8:39De modo inverso, mais de 40%
da população com peso normal -
8:39 - 8:42têm as mesmas doenças.
-
8:42 - 8:46Elas têm diabetes tipo 2, hipertensão,
dislipidemia, doença cardiovascular. -
8:46 - 8:47E sabem o que mais?
-
8:47 - 8:49Elas não sabem que têm um problema.
-
8:49 - 8:52Se vocês somarem, é mais do que metade
da população americana. -
8:52 - 8:56Em outras palavras,
é a crise na saúde pública. -
8:56 - 8:59Aqui está um exemplo de como funciona.
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8:59 - 9:03Temos duas pessoas de pesos iguais;
uma é saudável e a outra doente. -
9:03 - 9:06Querem dar um palpite?
Qual é a pessoa doente? -
9:06 - 9:07Vocês podem adivinhar?
-
9:07 - 9:09Eu posso dizer.
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9:10 - 9:12A de baixo é a doente. Por quê?
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9:12 - 9:15A de cima tem grandes pneuzinhos.
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9:15 - 9:19A pessoa de baixo tem gordura
ao redor dos órgãos -
9:19 - 9:21e isso é o que o torna doente.
-
9:21 - 9:24E isso é o que chamamos de TOFI,
-
9:24 - 9:26magro por fora, gordo por dentro.
-
9:26 - 9:29Atrevo-me a apostar que há
alguns na sala, agora. -
9:29 - 9:34E se vocês acham que estão bem,
não, vocês não estão. -
9:34 - 9:41Falando sobre a última crise
que vivenciamos na saúde pública: o HIV. -
9:41 - 9:42Lembram-se do HIV?
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9:42 - 9:44Em 1979, Paciente Zero.
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9:44 - 9:47Em 1981, o termo "AIDS" foi criado.
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9:47 - 9:51Em 1986, Dr. Everett Koop disse:
"Temos um problema". -
9:51 - 9:55Quando o HIV tornou-se
uma crise de saúde pública? -
9:56 - 9:57Em 1991.
-
9:57 - 9:59Por quê?
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9:59 - 10:01Porque Magic Johnson estava com HIV.
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10:01 - 10:06E todo mundo disse: "Caramba,
isso poderia ter acontecido comigo". -
10:06 - 10:10Realmente, é algo
com que todos correm risco. -
10:10 - 10:14Porque não é um comportamento,
é uma exposição. -
10:15 - 10:18Então, a pergunta é:
"Como resolvemos isso?" -
10:18 - 10:20Bem, aqui está o problema;
neste slide, bem aqui. -
10:20 - 10:25Esta é campanha da Coca-Cola:
"Vamos juntos combater a obesidade". -
10:25 - 10:28Combater a obesidade exige
que todos nós façamos algo, -
10:28 - 10:30baseados num simples fato
de senso comum: -
10:30 - 10:33todas as calorias contam,
não importa de onde elas venham, -
10:33 - 10:36incluindo a Coca-Cola e tudo mais
relacionado a calorias. -
10:36 - 10:38Uma caloria é uma caloria.
-
10:38 - 10:42Você pode obter calorias de cenouras,
de uma cheesecake, -
10:42 - 10:45da Coca-Cola, ou de qualquer
outra coisa com a letra "C". -
10:45 - 10:48Não importa de onde as calorias vêm.
-
10:49 - 10:53"Uma caloria é uma caloria",
é o que dizem. -
10:53 - 10:54E sabem o que mais?
-
10:54 - 10:56Não acredito em senso comum.
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10:56 - 10:57Acredito em dados.
-
10:57 - 10:59E os dados dizem outra coisa.
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10:59 - 11:03Os dados dizem que algumas calorias
causam mais doenças do que outras, -
11:03 - 11:06porque calorias diferentes são
metabolizadas de maneira diferente; -
11:06 - 11:08uma caloria não é uma caloria.
-
11:08 - 11:11Quando acreditamos que uma caloria
não é uma caloria, o mundo se abre. -
11:11 - 11:16Torna-se mais clara a maneira
de corrigir esse problema. -
11:17 - 11:21isso é devido à nossa nova dieta.
-
11:21 - 11:25Ela faz 40 anos agora.
É chamada de "Dieta do Ocidente", -
11:25 - 11:28ou de "Dieta da Indústria Mundial",
-
11:28 - 11:30e é basicamente a dieta
do alimento processado. -
11:30 - 11:34E todos vocês a comem
o tempo todo, gostando ou não. -
11:34 - 11:36Há oito coisas erradas;
-
11:36 - 11:40não uma, mas oito coisas erradas
com alimento processado, e aqui estão. -
11:40 - 11:44Três coisas a menos e cinco a mais.
-
11:44 - 11:47Insuficiência de fibras,
e de ácidos graxos Omega 3, -
11:47 - 11:50obtidos de peixes do mar
e não de cativeiro, -
11:50 - 11:54insuficiência de micronutrientes,
todas as vitaminas e minerais. -
11:54 - 11:58Além disso, muitas gorduras trans;
mas sabemos que estão diminuindo, -
11:58 - 12:00aminoácidos de cadeia ramificada;
-
12:00 - 12:06são aminoácidos encontrados em gado,
frangos e peixes alimentados com milho, -
12:06 - 12:10ácidos graxos Omega 6
em sementes de óleo, álcool, -
12:10 - 12:13e por fim a grande estrela,
-
12:13 - 12:18que manda os outros sete
pelos ares: o açúcar. -
12:18 - 12:19Açúcar, certo?
-
12:19 - 12:22Vamos falar sobre ele
até o fim da palestra. -
12:23 - 12:26O açúcar causa diabetes?
-
12:26 - 12:29Todos dizem: "Sim, claro,
mas é devido às calorias". -
12:29 - 12:32"Açúcares são calorias vazias",
esse é o mote. -
12:32 - 12:34Não são; não é verdade.
-
12:34 - 12:36Açúcares são "calorias tóxicas".
-
12:36 - 12:39Na verdade, estudos na Europa
mostram que se você consumir -
12:39 - 12:41um refrigerante por dia
-
12:41 - 12:45seu risco de diabetes aumenta 29%,
independente das calorias, -
12:45 - 12:49independente de seu peso
e de qualquer coisa que coma. -
12:49 - 12:53Nós mostramos que para cada
150 calorias consumidas mundialmente, -
12:53 - 12:58a ocorrência do diabetes aumenta
em um total de 0,1%, o que não é nada. -
12:58 - 13:01Mas se aquelas 150 calorias estiverem
numa lata de refrigerante, -
13:01 - 13:04o diabetes aumenta 11 vezes, 1,1%;
-
13:04 - 13:06e não consumimos
só uma lata de refrigerante, -
13:06 - 13:08nós consumimos duas latas e meia.
-
13:08 - 13:11Assim, 29% de todo o diabetes no mundo
-
13:11 - 13:15é devido ao açúcar, somente ao açúcar.
-
13:15 - 13:19Esse estudo na verdade atende
os critérios científicos e legais -
13:19 - 13:21para apontar causa imediata.
-
13:21 - 13:24Você tem que provar que uma coisa
é a causa de outra coisa -
13:24 - 13:26antes de poder fazer algo a respeito.
-
13:26 - 13:29Nós provamos; nós mostramos.
-
13:30 - 13:32Está aqui também; a mesma coisa.
-
13:32 - 13:36A questão é: por que isso ocorre?
-
13:36 - 13:40Número 1: açúcar causa
acúmulo de gordura no fígado. -
13:40 - 13:43Toda gordura ao redor dos órgãos
que já mostrei a vocês? -
13:43 - 13:45Sim. Foi o açúcar que causou.
-
13:45 - 13:49Não são os pneuzinhos,
mas o que está dentro de vocês. -
13:49 - 13:52Número 2: açúcar vicia.
-
13:52 - 13:55É leve, mas está em todo lugar,
como o álcool. -
13:55 - 13:57E uns 20% da pessoas
são dependentes do álcool, -
13:57 - 13:59provavelmente o mesmo com o açúcar.
-
13:59 - 14:01Você não consegue parar.
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14:01 - 14:04Este slide aqui mostra
a ocorrência do diabetes -
14:04 - 14:07no mundo todo, neste momento.
-
14:07 - 14:09Quais países são os piores?
-
14:09 - 14:14Arábia Saudita, Kuwait,
Emirados Árabes, Qatar e Malásia. -
14:14 - 14:16Os piores.
-
14:16 - 14:18Por que esses países?
-
14:18 - 14:20Nada de álcool,
-
14:20 - 14:23mas eles se entopem de refrigerantes.
-
14:23 - 14:28Porque faz calor, e o abastecimento
de água é um ponto de interrogação. -
14:28 - 14:31E, nada de álcool!
-
14:31 - 14:32(Risos)
-
14:32 - 14:34Essa é a recompensa.
-
14:34 - 14:37Mas, querem saber,
eu prefiro álcool. -
14:37 - 14:41Porque você só consegue
se embebedar uma vez ao dia. -
14:41 - 14:43(Risos)
-
14:47 - 14:51Mas, já refrigerantes?
O dia todo, a noite toda. -
14:51 - 14:54Açúcar de manhã, no final da tarde,
na hora do jantar. -
14:54 - 14:56Isso é o que estamos vendo.
-
14:58 - 15:00Estamos tendo uma overdose.
-
15:00 - 15:02A Associação Americana do Coração
-
15:02 - 15:07diz que deveríamos consumir de seis a nove
colheres de chá de açúcar por dia. -
15:07 - 15:09Consumimos 22.
-
15:09 - 15:13E, hoje, 80% dos alimentos
-
15:13 - 15:17disponíveis nas mercearias americanas
são enriquecidos com adição de açúcar. -
15:17 - 15:21Isso é para benefício da indústria
de alimentos, não para o nosso. -
15:21 - 15:24Então, nenhum acesso.
-
15:24 - 15:27Vocês não têm acesso
porque ele não existe. -
15:27 - 15:29Alimento verdadeiro
é difícil de encontrar. -
15:29 - 15:31Número 2:
-
15:31 - 15:34há 56 nomes para o açúcar.
-
15:34 - 15:36Vocês nem mesmo sabem
o que estão consumindo. -
15:36 - 15:38E aqui estão.
-
15:38 - 15:40Nenhum conhecimento.
-
15:40 - 15:43E tem mais: todos sabem o que significa
a etiqueta "Fatores Nutricionais". -
15:43 - 15:46Há várias delas em roxo.
-
15:46 - 15:48É chamado de "Valor Nutricional".
-
15:49 - 15:51Notem que não há menção
sobre o açúcar e é intencional, -
15:51 - 15:55porque eles não querem que vocês
saibam quanto açúcar significa muito. -
15:55 - 15:57Então, nenhum conhecimento.
-
15:57 - 16:01E o Programa Nacional
de Merenda Escolar? -
16:01 - 16:04São US$ 0.06 extra.
-
16:04 - 16:06Foi o que Michelle Obama
conseguiu do Congresso. -
16:06 - 16:09E não é suficiente
para comprar duas uvas. -
16:09 - 16:12Se você toma café da manhã na escola,
-
16:12 - 16:15come sucrilhos e toma
um copo de suco de laranja, -
16:15 - 16:20são 11 colheres de sopa de açúcar;
você já ultrapassou seu limite. -
16:20 - 16:22Sabem por que nós temos um problema?
-
16:22 - 16:25É por causa disso.
-
16:25 - 16:27Então, todo mundo diz: "Educação!"
-
16:27 - 16:31"Eduquem o público, eduquem a população,
contem o que está acontecendo!" -
16:31 - 16:36Exceto por uma coisa: educação não
funcionou para nenhum abuso de substância. -
16:36 - 16:39O slogan de Nancy Reagan
"Diga Não" funcionou? -
16:39 - 16:41(Risos)
-
16:41 - 16:42Realmente?
-
16:42 - 16:44(Risos)
-
16:44 - 16:46E sabem o que mais?
-
16:46 - 16:50Posso provar que não funciona
porque aqui estão os valores das ações, -
16:50 - 16:54no classificação S&P 500,
para McDonald's, Coca-Cola e Pepsi. -
16:54 - 16:58E olhem o que aconteceu
na recessão econômica de 2008. -
16:58 - 17:00Elas se deram bem, obrigado.
-
17:00 - 17:04Se você quer ganhar dinheiro,
invista em indústria alimentícia. -
17:05 - 17:07A que isso nos leva?
-
17:07 - 17:11Nos leva à uma pergunta sobre liberdade
e responsabilidade pessoal. -
17:11 - 17:14O que realmente significa
responsabilidade pessoal? -
17:15 - 17:19Se a informação for mantida em segredo
e você não tiver conhecimento, -
17:19 - 17:23se seu acesso for limitado porque
você nem mesmo pode localizá-lo, -
17:23 - 17:26e se a sociedade não pode arcar com isso
-
17:26 - 17:31e não pudermos dar aos nossos filhos
algo saudável para comer, -
17:31 - 17:33isso é realmente responsabilidade pessoal?
-
17:33 - 17:39E, por último, se sua decisão
de beber um refrigerante -
17:39 - 17:42o leva para a sala de emergência
e me custa dólares; -
17:42 - 17:46se sua decisão de engordar e ficar doente
-
17:46 - 17:50custa ao seu empregador US$ 2,750
-
17:50 - 17:54por funcionário, não importando
se é obeso ou não, o que significa? -
17:54 - 17:57Que não é liberdade, mas sim anarquia.
-
17:57 - 17:59É isso que temos.
-
17:59 - 18:04Os libertários dizem: "Espera um segundo;
não me diga o que tenho que comer!" -
18:04 - 18:07Bem, já lhes disseram o que comer.
-
18:07 - 18:09Onde vocês estavam nos últimos 40 anos
-
18:09 - 18:13quando alteravam o estoque de alimentos
bem debaixo do seu nariz? -
18:13 - 18:15Vocês estavam protestando?
-
18:15 - 18:18Os libertários dizem:
"Tirem o governo da minha cozinha!" -
18:18 - 18:21Eu também não quero
o governo na minha cozinha, -
18:21 - 18:26a menos que já haja alguém
mais perigoso lá dentro. -
18:29 - 18:33A verdadeira pergunta é
quem diabos você quer na sua cozinha? -
18:33 - 18:37O governo, que tirará sua liberdade
e limpará sua carteira? -
18:37 - 18:39Ou a indústria alimentícia,
-
18:39 - 18:43que já lhe tirou a liberdade,
seu dinheiro e sua saúde? -
18:43 - 18:45A escolha é sua.
-
18:45 - 18:48Agora, tendo dito tudo isso,
-
18:49 - 18:53a indústria alimentícia
é composta por muitas pessoas -
18:53 - 18:56Elas querem fazer
a coisa certa; é verdade. -
18:56 - 18:59Cada uma, realmente,
gostaria de fazer a coisa certa. -
18:59 - 19:03Eu me reuni com essas pessoas
e elas são bem legais, -
19:03 - 19:07mas elas trabalham
para uma indústria alimentícia. -
19:08 - 19:11E ao contrário do que a Suprema Corte diz,
-
19:11 - 19:14empresas não são pessoas.
-
19:14 - 19:19As empresas têm responsabilidade
fiduciária com seus acionistas; -
19:19 - 19:21e as pessoas não.
-
19:21 - 19:27Corporações obtêm lucros trimestrais
e relatórios de ganho da bolsa de valores. -
19:27 - 19:29Elas têm que elaborar esses relatórios.
-
19:29 - 19:33Eu me reuni com a indústria alimentícia
e vou contar uma história, -
19:33 - 19:36sem mencionar nomes.
-
19:36 - 19:40Dez cientistas, executivos empresariais,
me contaram isso pessoalmente. -
19:40 - 19:43Eles disseram: "Nós podemos mudar.
-
19:43 - 19:46Já mudamos antes nos anos 80
quando lançamos o baixo teor de gordura, -
19:47 - 19:49com duas ressalvas:
-
19:50 - 19:54não faremos sozinhos
e não podemos perder dinheiro". -
19:56 - 19:58As duas condições
inviabilizam o projeto hoje. -
19:58 - 19:59O que isso significa?
-
19:59 - 20:02Significa que precisam
que digam a elas o que fazer, -
20:02 - 20:04e que têm que fazer
todas ao mesmo tempo, -
20:04 - 20:06para não haver desvantagem competitiva.
-
20:06 - 20:08O que isso significa?
-
20:08 - 20:09Significa governo.
-
20:11 - 20:13Mas governos são coniventes
e complacentes. -
20:13 - 20:15Eles estão sendo pagos.
-
20:15 - 20:18Mais da metade do Congresso
ganha dinheiro da indústria alimentícia. -
20:18 - 20:21E 6% de nossas exportações são alimentos.
-
20:21 - 20:24O que aconteceria se, de repente,
disséssemos ao mundo: -
20:24 - 20:26"Sabem essa porcaria
que colocamos na comida? -
20:26 - 20:29Realmente, não é bom para vocês".
-
20:29 - 20:33O que aconteceu quando uma vaca doente
foi exportada do Canadá para Washington? -
20:33 - 20:37Foi o fim da venda de carne por dois anos
para a Grã-Bretanha e Coréia do Sul. -
20:37 - 20:40Eles estão do outro lado.
-
20:41 - 20:47Mas, nós temos uma crise
porque não teremos assistência médica. -
20:48 - 20:50Aqui está um relatório recém-publicado
-
20:50 - 20:54por um banco internacional
de investimento, Credit Suisse, -
20:54 - 20:59chamado de "Sugar Consumption
at a Crossroads" com uma citação direta: -
21:00 - 21:04"Cremos que uma taxação maior
sobre alimentos e bebidas açucaradas -
21:04 - 21:07seria a melhor opção
para reduzir a ingestão -
21:07 - 21:10e financiar custos com assistência médica
relacionados ao diabetes e à obesidade". -
21:10 - 21:14Um banco de investimento exige tributação.
-
21:14 - 21:19Isso mostra a proporção e a gravidade
que esse problema atingiu. -
21:21 - 21:26Eu acredito que o alimento deveria
prover bem-estar, não doença; -
21:27 - 21:28e isso costumava ser assim.
-
21:29 - 21:31Essa é uma crise de saúde pública
-
21:31 - 21:36que não pode ser resolvida
por uma pessoa de cada vez. -
21:36 - 21:41Aqui está uma lista de doenças
que eram de responsabilidade pessoal, -
21:41 - 21:45exceto pela absoluta gravidade
de cada uma delas, -
21:45 - 21:48elas se tornaram crise na saúde pública.
-
21:48 - 21:52Por que adicionamos açúcar a essa lista?
-
21:54 - 21:57Responsabilidade pessoal não é ideologia.
-
21:57 - 22:01É o elefante na cozinha
e não podemos permitir isso. -
22:01 - 22:05O que precisamos é de uma política
baseada na biologia. -
22:05 - 22:07E ela já existe.
-
22:07 - 22:10É chamada comida de verdade.
-
22:10 - 22:12E a única maneira para resolvermos isso
-
22:12 - 22:14é expulsando o elefante da cozinha.
-
22:14 - 22:16Obrigado.
-
22:16 - 22:17(Aplausos)
- Title:
- Açúcar: O elefante na cozinha | Dr. Robert Lustig | TEDxBermuda
- Description:
-
Dr. Robert H. Lustig é um pediatra endocrinologista americano, professor de pediatria clínica da Universidade da Califórnia, São Francisco (USCF).
Dr. Lustig investiga os perigos do açúcar na saúde e sua relação com o diabetes tipo 2 e a epidemia global da obesidade. Ele é autor de vários livros e muitos artigos sobre a obesidade infantil, incluindo o recente "Obesidade antes do Nascimento".
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 22:24