O que realmente importa no fim da vida
-
0:03 - 0:05Todos precisamos
de uma razão para acordar. -
0:08 - 0:10Para mim, foram precisos 11 000 volts.
-
0:11 - 0:13Vocês são muito
educados para perguntar, -
0:13 - 0:16por isso vou contar-vos.
-
0:16 - 0:18Uma noite, no segundo ano da universidade,
-
0:18 - 0:21quando voltei das férias
do dia de Ação de Graças, -
0:21 - 0:24alguns dos meus amigos e eu
andávamos no passeio -
0:24 - 0:28e decidimos subir para cima
de um comboio estacionado. -
0:28 - 0:32Estava ali parado,
com as linhas elétricas por cima. -
0:32 - 0:35Na altura, pareceu-nos uma ótima ideia.
-
0:35 - 0:37Já tínhamos certamente
feito coisas mais estúpidas. -
0:39 - 0:41Subi rapidamente
pela escada da traseira -
0:41 - 0:43e, quando me pus de pé,
-
0:43 - 0:47a corrente elétrica entrou pelo meu braço,
-
0:47 - 0:50e saiu pelos meus pés... e foi o fim.
-
0:52 - 0:55Acreditam que o meu relógio
ainda funciona? -
0:56 - 0:58"Levou cá um choque!"
-
0:58 - 0:59(Risos)
-
0:59 - 1:02O meu pai usa-o agora,
por solidariedade. -
1:03 - 1:09Naquela noite, começou a minha relação
formal com a morte, a minha morte, -
1:09 - 1:13e começou também o meu
longo percurso de paciente. -
1:13 - 1:15É uma boa palavra.
-
1:15 - 1:17Significa aquele que sofre.
-
1:17 - 1:19Por isso acho que
somos todos pacientes. -
1:20 - 1:22O sistema de saúde norte-americano
-
1:22 - 1:25está longe de ser perfeito
-
1:25 - 1:28apesar de, em certos aspetos,
ser brilhante. -
1:28 - 1:32Hoje sou médico, trabalho em
medicina geriátrica e paliativa, -
1:32 - 1:35por isso já vi os dois lados
dos tratamentos. -
1:35 - 1:39E acreditem em mim: quase
toda a gente que vai para a saúde -
1:39 - 1:43só quer mesmo fazer bem
— estou a falar a sério. -
1:43 - 1:47Mas nós que trabalhamos na saúde
também somos agentes involuntários -
1:47 - 1:51de um sistema que, demasiadas vezes,
não serve. -
1:52 - 1:53Porquê?
-
1:54 - 1:57Na verdade, há uma resposta
muito fácil para esta pergunta, -
1:57 - 2:01que explica muita coisa.
-
2:01 - 2:06O sistema de saúde foi concebido
para as doenças, não para as pessoas. -
2:06 - 2:10O que é o mesmo que dizer, claro,
que está mal concebido. -
2:10 - 2:16Nunca os efeitos de uma conceção
mal feita são mais dececionantes -
2:16 - 2:20nunca a oportunidade para uma boa conceção
é mais imperiosa -
2:20 - 2:22do que no final da vida,
-
2:22 - 2:25em que tudo está tão destilado
e concentrado. -
2:27 - 2:29Não pode haver uma segunda oportunidade.
-
2:30 - 2:35A minha proposta hoje
é envolver outras disciplinas -
2:35 - 2:39e utilizar a reflexão de conceção
numa grande conversa, -
2:40 - 2:45isto é, incorporar a intenção e a criatividade
-
2:45 - 2:48na experiência da morte.
-
2:49 - 2:53Nós temos uma oportunidade monumental
à nossa frente -
2:53 - 2:58perante um dos poucos problemas
universais, -
2:58 - 3:01tanto como indivíduos
como sociedade civil: -
3:01 - 3:05repensar e redesenhar
a forma como morremos. -
3:07 - 3:10Então, vamos começar pelo final.
-
3:12 - 3:16Para a maioria das pessoas, a coisa mais
assustadora da morte não é estar morto, -
3:16 - 3:18é morrer, sofrer.
-
3:18 - 3:20É uma distinção fundamental.
-
3:20 - 3:23Para ir ao fundo, pode ser muito útil
-
3:23 - 3:27distinguir o sofrimento, que é
necessário enquanto tal, -
3:27 - 3:30do sofrimento que podemos mudar.
-
3:31 - 3:35O primeiro é uma parte natural,
essencial da vida, faz parte do jogo. -
3:36 - 3:41Para isso, precisamos de lhe dar espaço,
de nos adaptarmos, de crescer com ele. -
3:43 - 3:49Pode ser benéfico compreender
as forças superiores a nós mesmos. -
3:49 - 3:52Elas dão-nos uma proporcionalidade,
-
3:52 - 3:55uma espécie de ajustamento cósmico.
-
3:57 - 4:00Depois de ter perdido os meus membros,
-
4:00 - 4:04essa perda, por exemplo,
tornou-se um facto, fixo. -
4:04 - 4:07Passou a fazer parte da minha vida.
-
4:07 - 4:14Aprendi que nunca mais poderia
rejeitar esse facto sem me rejeitar. -
4:15 - 4:18Demorou algum tempo,
mas acabei por aprender. -
4:19 - 4:21Outra coisa maravilhosa
sobre o sofrimento necessário -
4:21 - 4:25é que isso é exatamente
-
4:25 - 4:30o que une aquele que precisa de ajuda
e aquele que presta essa ajuda -
4:30 - 4:32— os seres humanos.
-
4:33 - 4:37Finalmente, estamos a perceber
que é nisso que consiste a cura. -
4:38 - 4:41Sim, a compaixão
— como aprendemos ontem — -
4:41 - 4:43sofrendo juntos.
-
4:45 - 4:48Por outro lado, do lado do sistema,
-
4:48 - 4:52muito do sofrimento
é desnecessário, é inventado. -
4:52 - 4:55Não serve para nada.
-
4:55 - 4:59Mas felizmente, já que esse tipo
de sofrimento é inventado, -
4:59 - 5:01nós podemos mudá-lo.
-
5:02 - 5:03A maneira como morremos
-
5:03 - 5:06é uma coisa que, sem dúvida.
podemos influenciar. -
5:07 - 5:11Tornar o sistema sensível
a essa distinção fundamental -
5:11 - 5:14entre o sofrimento necessário
e o desnecessário -
5:14 - 5:18dá-nos a primeira
das três sugestões para hoje. -
5:18 - 5:22Afinal, o nosso papel
como profissionais da saúde, -
5:22 - 5:23como pessoas que se preocupam,
-
5:23 - 5:28é aliviar o sofrimento,
não é adicionar mais uma camada. -
5:30 - 5:33Fiel aos princípios
dos cuidados paliativos, -
5:33 - 5:36a minha função é parecida
com a de um advogado que reflete, -
5:36 - 5:39tanto quanto um médico que receita.
-
5:40 - 5:42Um rápido parênteses:
os cuidados paliativos -
5:42 - 5:45—um campo muito importante
e pouco estudado — -
5:45 - 5:48embora incluam os doentes terminais,
não se limitam a eles. -
5:48 - 5:51Não se limitam aos doentes idosos.
-
5:51 - 5:55Trata-se do conforto e de viver bem
em qualquer fase. -
5:55 - 5:58Portanto, por favor, saibam
que não precisam de estar moribundos -
5:58 - 6:00para beneficiarem de cuidados paliativos.
-
6:01 - 6:04Agora, vou apresentá-los a Frank.
-
6:06 - 6:07Ele serve de exemplo.
-
6:07 - 6:09Venho acompanhando Frank há anos.
-
6:09 - 6:14Ele tem um cancro da próstata avançado,
somado a um longo e persistente IHV. -
6:14 - 6:16Trabalhamos na sua dor nos ossos
e na fadiga -
6:16 - 6:21mas passamos a maior parte do tempo
a falar da vida dele -
6:21 - 6:23ou melhor, nas nossas vidas.
-
6:23 - 6:25Dessa forma,
o Frank gere o seu sofrimento. -
6:25 - 6:29Dessa forma, ele acompanha
as suas perdas à medida que elas ocorrem, -
6:29 - 6:32e assim está preparado
para o momento que se segue. -
6:34 - 6:38A perda é uma coisa,
a lamentação é outra coisa muito diferente. -
6:39 - 6:41Frank foi sempre um aventureiro
-
6:41 - 6:44— parece uma personagem
dum quadro de Norman Rockwell — -
6:44 - 6:46e não é fã da lamentação.
-
6:47 - 6:50Por isso não foi surpresa
quando, um dia, ele veio à clínica, -
6:50 - 6:52dizendo que queria descer
o rio Colorado, de caiaque. -
6:53 - 6:55Isso seria uma boa ideia?
-
6:56 - 7:00Com todos os riscos para a sua segurança
e para a saúde, alguns diriam que não. -
7:00 - 7:03Muitos disseram mas, mesmo assim,
ele foi enquanto podia. -
7:04 - 7:08Foi uma viagem gloriosa e maravilhosa:
-
7:09 - 7:14a água gelada, um calor abrasador,
os escorpiões, as cobras, -
7:14 - 7:19os paredões flamejantes do Grand Canyon
ecoando aos uivos dos lobos, -
7:20 - 7:24todo o lado glorioso do mundo
para além do nosso controlo. -
7:24 - 7:27A decisão de Frank, embora dramática,
-
7:27 - 7:29é exatamente aquela
que muitos de nós tomaríamos, -
7:29 - 7:34se tivéssemos meios para
descobrir o que é o melhor para nós, -
7:34 - 7:36ao longo do tempo.
-
7:37 - 7:41Muito do que estamos a falar hoje,
é sobre uma mudança de perspetiva. -
7:43 - 7:45Depois do meu acidente,
quando voltei para a faculdade, -
7:45 - 7:48mudei de curso para História da Arte.
-
7:48 - 7:53Pensei que, com o estudo de artes visuais,
aprenderia a ver -
7:54 - 7:57— uma lição muito importante
para um jovem que não podia mudar -
7:57 - 8:00muito do que estava a ver.
-
8:01 - 8:04A perspetiva, essa alquimia
com que nós, seres humanos, brincamos, -
8:04 - 8:07transformando a angústia numa flor.
-
8:10 - 8:14Adiante: agora trabalho
num lugar incrível em São Francisco -
8:14 - 8:16chamado Projeto do Lar Zen,
-
8:16 - 8:20onde temos um pequeno ritual que ajuda
a mudar de perspetiva. -
8:20 - 8:25Quando um dos residentes morre,
e vêm os homens da funerária, -
8:25 - 8:28enquanto transportamos
o corpo pelo jardim, -
8:28 - 8:30fazemos uma pausa. diante do portão.
-
8:30 - 8:32Todos os que quiserem
-
8:32 - 8:35— residentes, familiares,
enfermeiras, voluntários, -
8:35 - 8:38os motoristas
dos carros funerários também — -
8:38 - 8:43podem partilhar uma história,
uma canção ou um momento de silêncio, -
8:43 - 8:45enquanto deitamos pétalas
de flores sobre o corpo. -
8:45 - 8:48Isso demora alguns minutos.
-
8:48 - 8:53É uma doce e simples imagem de despedida,
para acompanhar a dor com carinho, -
8:53 - 8:55em vez de desgosto.
-
8:56 - 9:00Comparem isso com a experiência
habitual num hospital. -
9:01 - 9:06Um quarto bem iluminado,
tubos e máquinas a apitar, -
9:06 - 9:10luzes a piscar, que não param, mesmo
depois de o doente ter morrido. -
9:11 - 9:14O pessoal da limpeza entra rapidamente,
o corpo é retirado, -
9:14 - 9:20até parece que aquela pessoa
nunca existiu. -
9:21 - 9:24É uma boa intenção, é claro,
para se esterilizar tudo. -
9:24 - 9:27Mas os hospitais tendem a agredir
os nossos sentidos -
9:27 - 9:33e o máximo que podemos esperar
dentro daquelas paredes é um entorpecimento -
9:33 - 9:37— uma anestesia, literalmente,
o oposto da estética. -
9:38 - 9:43Eu admiro o que os hospitais fazem,
estou vivo graças a eles. -
9:44 - 9:47Mas nós pedimos demasiado
aos nossos hospitais. -
9:47 - 9:51São lugares bons para traumas graves
e doenças curáveis. -
9:51 - 9:55Não são lugares para viver e morrer,
não foram concebidos para isso. -
9:58 - 10:00Reparem, eu não estou
a abdicar da noção -
10:00 - 10:04de que as nossas instituições
podem tornar-se mais humanas. -
10:04 - 10:07Podemos encontrar a beleza
em qualquer lugar. -
10:09 - 10:11Eu passei uns meses
numa unidade de queimados -
10:11 - 10:14no Hospital Santa Barnabas,
em Livingston, na Nova Jérsei, -
10:14 - 10:18onde fui sempre muito bem tratado,
-
10:18 - 10:22incluindo bons cuidados paliativos
para o meu sofrimento. -
10:21 - 10:25Uma noite, começou a nevar lá fora.
-
10:25 - 10:30Lembro-me das enfermeiras a queixar-se
por terem que conduzir na neve. -
10:30 - 10:32O meu quarto não tinha janelas,
-
10:32 - 10:36mas era incrível imaginar a neve
a cair, bem espessa. -
10:37 - 10:41No dia seguinte, uma das enfermeiras
trouxe-me uma bola de neve às escondidas. -
10:41 - 10:43Trouxe-a para dentro da unidade.
-
10:45 - 10:50Não consigo descrever o êxtase que senti
ao segurá-la nas minhas mãos, -
10:50 - 10:53com o gelo a pingar
na minha pele queimada, -
10:53 - 10:56todo aquele milagre,
-
10:56 - 11:00o fascínio, ao ver a neve a derreter-se
e a transformar-se em água. -
11:03 - 11:06Naquele momento,
foi mais importante para mim -
11:06 - 11:10sentir-me a fazer parte deste planeta.
deste universo, -
11:10 - 11:12do que estar vivo ou morto.
-
11:12 - 11:16Aquela pequena bola de neve
continha toda a inspiração necessária -
11:16 - 11:19para tentar viver ou para sentir-me bem
se não vivesse. -
11:19 - 11:23Num hospital, esse é um momento precioso.
-
11:24 - 11:28No meu trabalho, ao longo do tempo,
conheci muitas pessoas -
11:28 - 11:30que estavam prontas para partir,
para morrer. -
11:31 - 11:36Não por terem encontrado uma paz final
ou uma transcendência, -
11:36 - 11:40mas por rejeitarem aquilo
em que a vida deles se tinha tornado, -
11:43 - 11:47numa palavra, uma vida isolada, feia.
-
11:51 - 11:55Já há um número recorde de pessoas
-
11:55 - 11:58que vivem com doenças
crónicas ou terminais, -
11:58 - 12:01e em idades cada vez mais avançadas.
-
12:01 - 12:05Nós não estamos de forma alguma
preparados para este tsunami cinzento. -
12:07 - 12:11Precisamos de uma estrutura
bastante dinâmica -
12:11 - 12:15para lidar com essas mudanças sísmicas
na nossa população. -
12:16 - 12:19Agora é altura de criar algo novo, vital.
-
12:19 - 12:21Eu sei que podemos,
porque temos que o fazer. -
12:21 - 12:24As alternativas são inaceitáveis.
-
12:24 - 12:26Os ingredientes fundamentais
são conhecidos: -
12:26 - 12:29as políticas, a educação e a formação,
-
12:29 - 12:32sistemas, tijolos e argamassa.
-
12:33 - 12:37Temos toneladas de material para
"designers" de várias áreas trabalharem -
12:37 - 12:39Sabemos, por exemplo,
através da investigação, -
12:39 - 12:43o que é mais importante para as pessoas
que estão mais próximas da morte: -
12:43 - 12:50o conforto, não serem um fardo
para aqueles que amam. -
12:50 - 12:55a paz existencial, uma sensação
de maravilha e espiritualidade -
12:57 - 13:01No hospital Zen, durante 30 anos,
-
13:01 - 13:05temos aprendido muito mais
detalhes subtis sobre os residentes. -
13:06 - 13:08Pequenas coisas
que não são assim tão pequenas. -
13:09 - 13:11Vejam a Janette.
-
13:11 - 13:13Cada vez tem mais dificuldade em respirar,
-
13:13 - 13:15por causa da sua esclerose
lateral amiotrófica. -
13:15 - 13:17Sabem que mais?
-
13:17 - 13:20Ela quer voltar a fumar
-
13:20 - 13:23— cigarros franceses, por favor.
-
13:25 - 13:27Não por pretender a autodestruição,
-
13:27 - 13:31mas para sentir os pulmões cheios,
enquanto os tem. -
13:33 - 13:35As prioridades mudam.
-
13:36 - 13:39Ou a Kate — ela só quer saber
-
13:39 - 13:42que o seu cachorro Austin
está deitado aos pés da cama, -
13:42 - 13:46com o focinho gelado
contra a sua pele seca, -
13:46 - 13:49em vez de mais quimioterapia
a correr pelas suas veias. -
13:49 - 13:50É o que ela quer.
-
13:51 - 13:56Uma gratificação estética e sensorial,
quando, num momento, num instante, -
13:56 - 14:00somos recompensados apenas por existirmos.
-
14:03 - 14:08Trata-se de utilizarmos os nossos sentidos
para apreciarmos o tempo, -
14:08 - 14:13utilizarmos o corpo — exatamente
o que faz a vida e a morte. -
14:14 - 14:17A divisão mais triste do hospital Zen
-
14:17 - 14:18é provavelmente a nossa cozinha,
-
14:18 - 14:21o que é um pouco estranho
quando damos conta -
14:21 - 14:24de que muito dos residentes
comem muito pouco, se é que comem. -
14:24 - 14:30Mas sabemos que estamos a fornecer
alimentação a diversos níveis: -
14:30 - 14:33com cheiros, a um nível simbólico.
-
14:34 - 14:39A sério, com todas as coisas pesadas
que ocorrem debaixo do nosso teto, -
14:39 - 14:43uma das intervenções mais utilizadas
e verdadeiras que conhecemos -
14:43 - 14:47é fazer biscoitos.
-
14:58 - 15:00Enquanto tivermos os nossos sentidos
-
15:00 - 15:02— mesmo que seja só um —
-
15:02 - 15:05temos, pelo menos,
a possibilidade de aceder -
15:05 - 15:09ao que nos faz sentirmo-nos humanos,
relacionados. -
15:11 - 15:14Imaginem os efeitos desta ideia
-
15:14 - 15:17para os milhões de pessoas
que vivem e morrem com demência. -
15:18 - 15:19Os prazeres sensoriais primários,
-
15:19 - 15:22que dizem coisas
para as quais não temos palavras, -
15:22 - 15:25os impulsos que nos fazem ficar presentes,
-
15:25 - 15:28sem necessidade de um passado
ou de um futuro. -
15:31 - 15:34Se o nosso primeiro objetivo
-
15:34 - 15:38era tirar o sofrimento
desnecessário do sistema, -
15:38 - 15:42o nosso segundo objetivo
é chegar à dignidade através dos sentidos, -
15:42 - 15:48através do corpo, do domínio estético.
-
15:48 - 15:52Isso leva-nos rapidamente
à terceira e última sugestão para hoje. -
15:52 - 15:59Devemos elevar as nossas aspirações,
ajustá-las ao bem-estar, -
15:59 - 16:02para que a vida, a saúde
e a assistência médica -
16:02 - 16:04possam tornar a vida mais maravilhosa,
-
16:04 - 16:07em vez de apenas menos horrível.
-
16:08 - 16:10Beneficência.
-
16:11 - 16:13Aqui, isto leva diretamente à distinção
-
16:13 - 16:19entre um modelo de assistência centrado
na doença ou centrado no ser humano. -
16:19 - 16:22É aqui que os cuidados
se tornam criativos, geradores, -
16:22 - 16:24até mesmo divertidos.
-
16:25 - 16:27"Divertir-se" pode parecer
uma palavra estranha, -
16:28 - 16:31mas é também uma das nossas
melhores formas de adaptação. -
16:31 - 16:35Imaginem todo o esforço compulsivo
que é necessário para se ser humano. -
16:35 - 16:38A necessidade de alimentos
gerou a culinária. -
16:39 - 16:41A necessidade de abrigo
gerou a arquitetura. -
16:41 - 16:43A necessidade de vestuário
gerou a moda. -
16:43 - 16:45E, por estarmos sujeitos ao relógio,
-
16:45 - 16:49inventámos a música.
-
16:52 - 16:55Então, se morrer
faz parte obrigatoriamente da vida, -
16:55 - 16:58que é que podemos criar
a partir deste facto? -
17:00 - 17:04Por "divertir-se" não estou a sugerir
que se encare a morte de forma leve -
17:04 - 17:06ou que seja preciso morrer
duma forma particular. -
17:06 - 17:09Há montanhas de mágoas
que não podem ser removidas -
17:09 - 17:13e, de uma forma ou de outra,
todos nos ajoelharemos perante elas. -
17:13 - 17:16Pelo contrário, estou a pedir
para abrirmos espaço, -
17:17 - 17:22espaço físico, psíquico, para permitir
que a vida real chegue até ao fim, -
17:22 - 17:28para que envelhecer e morrer
seja um crescendo até ao fim, -
17:28 - 17:31em vez de ser apenas um desaparecer.
-
17:33 - 17:37Não há solução para a morte.
-
17:38 - 17:41Eu sei que há quem esteja
a trabalhar nisso. -
17:41 - 17:44(Risos)
-
17:45 - 17:47Enquanto esperamos...
-
17:47 - 17:49(Risos)
-
17:49 - 17:51... podemos tentar repensá-la.
-
17:52 - 17:54Partes de mim morreram cedo,
-
17:54 - 17:56mas todos podemos dizer o mesmo,
de certa maneira. -
17:57 - 17:59Eu tive que repensar a minha vida
a partir daí -
17:59 - 18:03e, digo-vos, tem sido uma libertação
-
18:03 - 18:06perceber que podemos encontrar sempre
beleza ou significado -
18:06 - 18:08na vida que nos resta,
-
18:08 - 18:11como aquela bola de neve
que durou um momento perfeito, -
18:11 - 18:13enquanto se ia derretendo.
-
18:15 - 18:21Se amarmos esses momentos
ardentemente, -
18:21 - 18:23talvez possamos aprender a viver bem,
-
18:23 - 18:25— não apesar da morte,
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18:25 - 18:27mas por causa dela.
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18:31 - 18:33Deixemos que seja a morte
a levar-nos, -
18:33 - 18:36e não a falta de imaginação.
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18:37 - 18:38Obrigado.
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18:38 - 18:41(Aplausos)
- Title:
- O que realmente importa no fim da vida
- Speaker:
- BJ Miller
- Description:
-
No fim da nossa vida, o que é que mais desejamos? Para muitos, é simplesmente conforto, respeito, amor. BJ Miller é médico num lar e pensa profundamente em como criar um fim de vida digno e feliz para os seus doentes. Saboreiem esta emocionante palestra, que faz perguntas importantes sobre como pensamos a morte e sobre como homenagear a vida.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:07
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for What really matters at the end of life | |
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