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A jornada de um herói | Robin Turner | TEDxYouth@BLIS

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    Ok. Tal como muita gente aqui,
  • 0:11 - 0:15
    a noite passada, a minha mulher e eu
    estivemos a ver os Óscares.
  • 0:15 - 0:17
    Fiquei imediatamente chocado
  • 0:17 - 0:20
    com o discurso de agradecimento
    de Christoph Waltz,
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    Se bem me lembro, ele disse:
  • 0:23 - 0:28
    "Fomos levados na jornada
    de um herói, que era Quentin",
  • 0:28 - 0:30
    Quentin Tarantino.
  • 0:30 - 0:32
    O meu primeiro pensamento foi:
  • 0:32 - 0:35
    "O quê? Vocês fizeram um filme.
  • 0:36 - 0:39
    "Não mataram dragões,
    não salvaram princesas".
  • 0:40 - 0:42
    O meu segundo pensamento foi:
  • 0:42 - 0:46
    "Uau! É disso que vou falar no TEDx".
  • 0:47 - 0:51
    Porque ele estava a referir-se
  • 0:51 - 0:55
    a uma coisa que todos os guionistas
    naquela sala devem ter percebido.
  • 0:55 - 0:57
    Estava a falar sobre este livro:
  • 0:57 - 1:00
    "O Herói de Mil Faces"
    de Joseph Campbell
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    que trata da jornada de um herói.
  • 1:02 - 1:07
    Mas, antes de chegarmos
    a "O Herói de Mil Faces",
  • 1:07 - 1:09
    preciso de recuar um pouco.
  • 1:10 - 1:11
    Reparem na linguagem
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    — "chegar a",
  • 1:13 - 1:14
    "recuar" —
  • 1:15 - 1:17
    porque vou falar sobre a metáfora.
  • 1:17 - 1:20
    Uma das diversas áreas académicas
  • 1:20 - 1:25
    por onde passeei um pouco
    é a linguística cognitiva.
  • 1:25 - 1:30
    Trata da relação
    entre a linguagem e o espírito.
  • 1:30 - 1:33
    Muito em especial,
    na linguística cognitiva,
  • 1:33 - 1:36
    interessamo-nos por aquilo
    a que chamamos "metáfora conceptual".
  • 1:38 - 1:41
    Todos os alunos da BLIS
    conhecem a metáfora
  • 1:41 - 1:43
    das lições de literatura inglesa,
    segundo creio.
  • 1:44 - 1:46
    "Ele tinha músculos de aço",
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    "Ela estava a arder de paixão".
  • 1:49 - 1:50
    Conhecemos estas metáforas
  • 1:50 - 1:53
    porque sabemos que ele não era um robô,
  • 1:53 - 1:56
    e sabemos que ela não está
    a arder realmente.
  • 1:57 - 2:00
    Sabemos que são metáforas;
    são comparações.
  • 2:00 - 2:03
    Mas a linguagem quotidiana
    também está cheia de metáforas.
  • 2:03 - 2:06
    Por exemplo,
    todos esses verbos idiomáticos,
  • 2:07 - 2:10
    que os estudantes de inglês
    têm tanta dificuldade em aprender
  • 2:11 - 2:15
    — "get in", "get up", "get over",
    "get up off that thing" —
  • 2:15 - 2:19
    todos esses verbos idiomáticos
    ou quase todos, são metafóricos.
  • 2:19 - 2:22
    Se eu disser:
    "I ran into Joe the other day",
  • 2:22 - 2:25
    vocês não dizem:
    "Pobrezinho, ele ficou bem?"
  • 2:25 - 2:30
    Vocês sabem que eu não "corri contra ele",
    estou a usar uma metáfora.
  • 2:30 - 2:34
    Uma metáfora conceptual muito poderosa
    é "a vida é uma viagem"
  • 2:35 - 2:38
    O linguista George Lakoff
    e o filósofo Mark Johnson
  • 2:38 - 2:40
    estudaram isto extensamente
  • 2:40 - 2:44
    e conseguiram mapear coisas na vida
  • 2:44 - 2:47
    nesta ideia de uma viagem.
  • 2:47 - 2:49
    Até a palavra "mapear" aqui,
    claro que é uma metáfora.
  • 2:49 - 2:54
    Assim, enquanto vivemos a nossa vida,
    estamos a fazer uma viagem.
  • 2:54 - 2:58
    Os nossos objetivos na vida
    são os nossos destinos.
  • 2:58 - 3:03
    Os meios que usamos para atingir
    esses objetivos são os "caminhos".
  • 3:04 - 3:07
    As decisões que tomamos
    são "encruzilhadas".
  • 3:08 - 3:13
    As pessoas que nos ajudam a atingir
    esses objetivos são "guias" pelo caminho.
  • 3:13 - 3:18
    E é assim que chegamos finalmente
    a este livro, outra vez,
  • 3:18 - 3:20
    "O Herói de Mil Faces".
  • 3:20 - 3:22
    Porque Joseph Campbell teve a ideia
  • 3:22 - 3:26
    de que a suprema viagem
    é a viagem do herói.
  • 3:26 - 3:31
    Vemos isso na mitologia, nas lendas
    de todos os países do mundo.
  • 3:32 - 3:39
    Há um herói que nasce, com frequência,
    em circunstâncias vulgares,
  • 3:39 - 3:41
    abandona a sua vida vulgar,
  • 3:41 - 3:44
    passa por diversas provas,
    testes e combates,
  • 3:44 - 3:46
    para se tornar num verdadeiro herói,
  • 3:46 - 3:50
    e depois regressa à sua gente
    com qualquer coisa de valor.
  • 3:51 - 3:54
    Estamos a falar dos heróis clássicos
    da Antiguidade, como Teseu.
  • 3:55 - 4:00
    Grandes líderes religiosos, como Moisés,
    também se encaixam neste padrão.
  • 4:01 - 4:05
    Mas vou falar de três heróis do cinema:
  • 4:06 - 4:09
    Frodo, Harry Potter e Luke Skywalker.
  • 4:10 - 4:12
    Luke Skywalker é especialmente importante,
  • 4:12 - 4:15
    porque, quando George Lucas
    estava a escrever "A Guerra das Estrelas",
  • 4:15 - 4:17
    leu aquele livro
  • 4:17 - 4:20
    e assegurou-se de que obedeceria
    ao caminho mítico.
  • 4:20 - 4:23
    Portanto, vou dar-vos uma versão
  • 4:23 - 4:27
    muito reduzida, tipo cultura pop
  • 4:27 - 4:30
    da viagem do herói.
  • 4:30 - 4:32
    Em parte, porque não temos
    tempo para mais
  • 4:32 - 4:37
    e também porque há umas partes
    que penso que não se encaixam muito bem,
  • 4:37 - 4:39
    conforme explicarei depois.
  • 4:39 - 4:42
    Basicamente, começa
    com o nascimento do herói, claro.
  • 4:42 - 4:46
    Ele nasce em circunstâncias muito vulgares
  • 4:46 - 4:50
    mas tem qualquer coisa de extraordinário.
  • 4:50 - 4:52
    Frequentemente, é órfão.
  • 4:52 - 4:54
    Voltem a pensar nos três heróis.
  • 4:54 - 4:56
    Frodo era órfão,
  • 4:56 - 4:59
    Todos sabem que Harry Potter é órfão,
  • 4:59 - 5:02
    Luke Skywalker julga que é órfão
  • 5:02 - 5:05
    porque não sabe
    que Darth Vader é o seu pai
  • 5:05 - 5:08
    — as família Jedi são
    um bocado disfuncionais.
  • 5:10 - 5:14
    Portanto, temos esta pessoa invulgar
    em circunstâncias vulgares.
  • 5:14 - 5:16
    Temos que o tirar dessas circunstâncias.
  • 5:17 - 5:20
    É a isto que Joseph Campbell
    chama "o apelo da aventura".
  • 5:22 - 5:24
    Frodo está a preparar-se
    para a festa de aniversário do tio.
  • 5:25 - 5:28
    De repente, Bilbo diz: "Ah, Frodo,
    vou partir numa viagem
  • 5:28 - 5:32
    "e queria que guardasses este anel
    mágico, com um poder incrível".
  • 5:32 - 5:35
    Ele diz: "O quê? Ok, como queiras".
  • 5:37 - 5:41
    Ou Harry Potter, recebe uma carta
    convidando-o a ir para Hogwarts.
  • 5:41 - 5:43
    Na verdade, ele recebe
    cerca de 200 cartas.
  • 5:44 - 5:45
    Luke Skywalker:
  • 5:46 - 5:48
    "Ajuda-me, Obi-Wan.
    És a minha única esperança.
  • 5:48 - 5:51
    "Ajuda-me, Obi-Wan.
    És a minha única esperança. Ajuda-me.
  • 5:51 - 5:53
    Recebe uma mensagem duma princesa.
  • 5:54 - 5:56
    Todos são chamados para a aventura
  • 5:56 - 5:59
    por vezes por uma personagem
    a que Campbell chama "o arauto".
  • 5:59 - 6:01
    O arauto era a pessoa, na Idade Média,
  • 6:01 - 6:04
    que soprava na corneta e dizia;
    "Vem aí o Rei".
  • 6:05 - 6:07
    Na vida quotidiana,
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    é como Steve Jobs a fazer uma palestra
    numa cerimónia de formatura,
  • 6:11 - 6:12
    ou coisa parecida.
  • 6:12 - 6:14
    É dizer: "Venham, vamos ter uma aventura".
  • 6:14 - 6:16
    Aqui, o arauto é Bilbo,
  • 6:17 - 6:20
    é Hagrid, é R2-D2.
  • 6:23 - 6:25
    Mas, curiosamente,
    o herói nem sempre diz:
  • 6:25 - 6:28
    "Ótimo, vamos entrar numa aventura".
  • 6:28 - 6:30
    Há uma recusa à chamada.
  • 6:31 - 6:34
    Frodo, sendo um "hobbit"
    muito sensível, diz a Gandalf:
  • 6:35 - 6:37
    "Olha, podes guardar o anel,
    não estou interessado".
  • 6:37 - 6:39
    Harry não se recusa
  • 6:39 - 6:42
    mas o padrasto tenta impedi-lo de ir.
  • 6:42 - 6:44
    E Luke fica a murmurar:
  • 6:44 - 6:46
    "Pois, mas tenho a colheita para fazer
  • 6:46 - 6:48
    "e quero ir para a Academia Espacial.
  • 6:48 - 6:51
    "Estou a estudar para o exame
    de admissão à universidade".
  • 6:51 - 6:54
    Todo esse tipo de coisas que nos impedem
    de encetar a nossa viagem.
  • 6:55 - 6:58
    Por vezes, há um pequeno empurrão
    para o herói encetar a sua viagem.
  • 6:58 - 7:01
    A aldeia ter ardido
    e toda a família ter sido massacrada
  • 7:02 - 7:03
    serve perfeitamente.
  • 7:03 - 7:05
    Mas também há métodos mais suaves.
  • 7:08 - 7:11
    O herói, por vezes,
    é ajudado por um mentor.
  • 7:12 - 7:14
    No caso de Frodo, o mentor é Gandalf.
  • 7:15 - 7:19
    Harry tem Dumbledore,
    que é um Gandalf com um nó na barba.
  • 7:20 - 7:22
    Luke é um aprendiz bastante lento;
  • 7:22 - 7:26
    tem dois mentores, Obi-Wan e Yoda.
  • 7:26 - 7:29
    Isto também porque todos os filmes
    de A Guerra das Estrelas
  • 7:29 - 7:31
    contam a mesma história.
  • 7:32 - 7:35
    Por isso, juntamente com o mentor,
    eles atravessam o limiar,
  • 7:35 - 7:38
    o portão para o país da aventura.
  • 7:38 - 7:41
    Isto é como passar do liceu
    para a universidade.
  • 7:42 - 7:46
    Frodo atravessa para Rivendell.
  • 7:46 - 7:47
    Sai do Shire.
  • 7:47 - 7:51
    Entra no mundo dos duendes,
    dos anões, das coisas mágicas.
  • 7:52 - 7:55
    Harry, claro, vai para a Diagonal
  • 7:55 - 7:58
    e depois apanha o Expresso para Hogwarts.
  • 7:58 - 8:02
    Luke acaba com um bar
    de extraterrestres mauzões
  • 8:02 - 8:08
    onde conhece o piloto da nave espacial
    Han Solo, e Wookiee Chewbacca.
  • 8:08 - 8:10
    Todos eles prontos
    e preparados para partir,
  • 8:10 - 8:13
    e agora, estão a sentir-se como o herói.
  • 8:13 - 8:15
    É um pouco como a licenciatura
    da universidade.
  • 8:15 - 8:18
    "Agora, estou pronto
    para a minha aventura".
  • 8:18 - 8:22
    Depois, chegamos à fase a que Campbell
    chama "a estrada das provas".
  • 8:23 - 8:26
    O herói é testado por diversas forças.
  • 8:26 - 8:28
    Normalmente, coisas que tentam matá-lo,
  • 8:28 - 8:31
    como Orcs, Devoradores da Morte,
  • 8:31 - 8:35
    Dementors, tropas imperiais,
    o que quer que seja.
  • 8:35 - 8:38
    Derrota-os a todos, um de cada vez.
  • 8:38 - 8:42
    Nesta altura, Campbell
    entra na psicanálise:
  • 8:42 - 8:45
    começa a falar na expiação do pai
  • 8:46 - 8:47
    e na mulher como tentação
  • 8:47 - 8:51
    por isso, vou passar por cima disso
    e entrar no âmago do espetáculo
  • 8:51 - 8:54
    — a propósito, este termo é meu,
    não é de Campbell.
  • 8:54 - 8:58
    A certa altura, o herói tem de derrotar
    o vilão, o Senhor das Trevas:
  • 8:59 - 9:03
    Sauron, Voldemort, o Imperador
    — quem quer que seja.
  • 9:05 - 9:08
    Nesta altura, por vezes,
    pode receber um prémio.
  • 9:08 - 9:13
    O prémio pode ser um tesouro,
    uma espada mágica, uma princesa,
  • 9:13 - 9:15
    qualquer coisa que ele possa
    levar para casa.
  • 9:15 - 9:17
    Curiosamente,
  • 9:17 - 9:21
    todos os nossos três heróis
    destroem uma coisa.
  • 9:21 - 9:25
    Frodo atira com o anel
    para a Montanha da Perdição.
  • 9:25 - 9:29
    Harry Potter destrói
    toda uma sequência de Horcruxes,
  • 9:29 - 9:31
    na ideia de acabar consigo mesmo.
  • 9:33 - 9:37
    E Luke Skywalker destrói
    a Estrela da Morte,
  • 9:37 - 9:38
    depois outra Estrela da Morte,
  • 9:38 - 9:40
    depois uma central de energia,
  • 9:40 - 9:42
    e assim destrói coisas,
  • 9:43 - 9:45
    Por fim, a fase a que Campbell
    chama "regresso".
  • 9:45 - 9:47
    Obviamente, o herói volta a casa.
  • 9:47 - 9:51
    Fomos lá, ganhámos o prémio,
    é altura de voltar a casa.
  • 9:51 - 9:53
    Frodo regressa ao Shire,
  • 9:53 - 9:55
    Harry regressa ao mundo dos Muggles,
  • 9:55 - 9:59
    casa com Ginny e cria
    a geração seguinte de feiticeiros.
  • 10:00 - 10:03
    Luke Skywalker regressa
    à base dos Rebeldes
  • 10:03 - 10:05
    e é condecorado pela Princesa Leia.
  • 10:06 - 10:07
    Um final feliz.
  • 10:08 - 10:10
    Esta é a fórmula básica.
  • 10:10 - 10:13
    E é extraordinariamente popular.
  • 10:13 - 10:16
    Eu procurei-a na fantasia
    porque é mais óbvia na fantasia,
  • 10:16 - 10:18
    mas vemo-la por toda a parte.
  • 10:18 - 10:22
    Vemos muito a figura do mentor,
    por exemplo, nos filmes "kung fu".
  • 10:22 - 10:25
    Há um miúdo americano, atrevido,
  • 10:25 - 10:28
    que vai para o Extremo Oriente,
    conhece um idoso sábio
  • 10:28 - 10:31
    que o treina para matar pessoas,
    de formas interessantes,
  • 10:31 - 10:34
    e para ser uma boa pessoa
    enquanto faz isso.
  • 10:36 - 10:39
    Este é o caso mais extremo
    de "a vida como uma viagem"
  • 10:39 - 10:40
    enquanto metáfora.
  • 10:40 - 10:42
    Mas não é uma metáfora má.
  • 10:42 - 10:45
    Se a nossa vida seguir esta fórmula,
    é realmente brilhante.
  • 10:45 - 10:48
    Mas também tem alguns problemas.
  • 10:48 - 10:52
    Um deles é que pode distorcer
    a nossa perceção da realidade
  • 10:52 - 10:57
    porque queremos acontecimentos
    iguais aos das histórias.
  • 10:58 - 11:04
    É por isso que há muito mais filmes
    sobre a II Guerra Mundial
  • 11:04 - 11:06
    do que sobre a I Guerra Mundial.
  • 11:06 - 11:08
    A II Guerra Mundial encaixa neste padrão.
  • 11:08 - 11:10
    Tivemos um Senhor da Trevas, Hitler.
  • 11:10 - 11:14
    Há uma grande batalha, há espetáculo
    e depois voltam todos para casa.
  • 11:14 - 11:18
    A I Guerra Mundial — ninguém sabe
    porque é que a travámos.
  • 11:18 - 11:21
    Até parece que caímos
    na I Guerra Mundial.
  • 11:21 - 11:25
    Foi terrível, todos saíram dela
    psicologicamente traumatizados.
  • 11:27 - 11:30
    Outro exemplo,
    "Braveheart - O Desafio do Guerreiro".
  • 11:30 - 11:34
    Um conto comovente de rebelião
    baseado em acontecimentos históricos.
  • 11:34 - 11:37
    Exceto que é tão baseado
    em acontecimentos históricos
  • 11:37 - 11:39
    como "O Senhor dos Anéis".
  • 11:39 - 11:44
    Ganhou prémios por ser o filme
    mais incorreto historicamente de sempre.
  • 11:44 - 11:48
    Embora eu pense que Cüneyt Arkın
    é que devia receber esse prémio.
  • 11:49 - 11:52
    Não posso listar todos os erros
    de "Braveheart"
  • 11:52 - 11:54
    porque isso levaria muito tempo.
  • 11:54 - 11:56
    Mas apenas um deles.
  • 11:56 - 12:02
    No filme, William Wallace
    é um humilde camponês escocês.
  • 12:02 - 12:08
    Só quer viver na sua cabana de lama
    com a sua bonita mulher e as suas ovelhas
  • 12:08 - 12:10
    e viver em paz.
  • 12:10 - 12:13
    Depois, chega o inglês malvado
    e chacina toda a gente
  • 12:13 - 12:17
    e ele está fadado para ser um herói,
    tal como Luke Skywalker.
  • 12:18 - 12:23
    Na verdade, William Wallace
    era um cavaleiro normando.
  • 12:24 - 12:27
    Nascera na Escócia
    — essa parte é verdade.
  • 12:27 - 12:29
    Mas o pai dele fora viver para ali
  • 12:29 - 12:32
    porque o Rei da Escócia
    lhe ofereceu terras
  • 12:32 - 12:35
    em troca de serviços militares.
  • 12:35 - 12:37
    Antes disso, andava pelo País de Gales,
  • 12:37 - 12:39
    que é de onde provém o nome Wallace.
  • 12:39 - 12:44
    Provavelmente, a sua língua nativa
    não era o escocês,
  • 12:44 - 12:49
    nem sequer o inglês escocês-australiano
    de Mel Gibson.
  • 12:49 - 12:52
    Certamente seria o francês,
  • 12:52 - 12:54
    porque era o que os aristocratas
    falavam nessa época.
  • 12:54 - 12:58
    O Rei de Inglaterra, na altura,
    também falava francês.
  • 12:58 - 13:03
    Estes factos foram ignorados,
    porque não encaixam no mito.
  • 13:03 - 13:06
    Um dos problemas com o mito,
    ou metáfora,
  • 13:06 - 13:09
    é que distorce a nossa visão do mundo.
  • 13:09 - 13:12
    O outro problema é quando
    o aplicamos à nossa vida.
  • 13:12 - 13:16
    Podemos criar expetativas pouco razoáveis
  • 13:16 - 13:19
    e fixarmo-nos em fazer uma só coisa.
  • 13:20 - 13:24
    O herói, na viagem do herói,
    tem um só objetivo, uma só demanda,
  • 13:24 - 13:26
    Destruir o anel.
  • 13:26 - 13:27
    Derrotar Voldemort.
  • 13:27 - 13:29
    Repor a antiga República.
  • 13:30 - 13:34
    Mas já vimos que, na vida,
    não temos apenas uma coisa.
  • 13:34 - 13:38
    Dissemos que podemos ser
    um jogador de basquetebol,
  • 13:38 - 13:40
    e conceber aviões e voar neles.
  • 13:41 - 13:44
    E fazer todas essas coisas muito bem.
  • 13:45 - 13:48
    Claro que, se pusermos
    todos os ovos no mesmo cesto
  • 13:48 - 13:50
    — para usar outra metáfora —
  • 13:51 - 13:53
    há uma forte probabilidade de fracasso.
  • 13:53 - 13:56
    Isto é o tipo de coisas
    de que não nos falam muito
  • 13:56 - 13:58
    nos discursos de formatura.
  • 13:58 - 14:01
    Quando nos dizem:
    "Sigam os vossos sonhos",
  • 14:01 - 14:03
    "Sigam as vossas paixões",
  • 14:04 - 14:07
    é como o nosso amigo aqui
    estava a dizer:
  • 14:07 - 14:09
    (em turco): Cantor pop
    ou jogador de futebol?
  • 14:10 - 14:13
    Se a vossa paixão, o vosso sonho
  • 14:13 - 14:17
    é ser professor,
  • 14:17 - 14:19
    ótimo, esforcem-se por isso.
  • 14:19 - 14:20
    Foi o que eu fiz.
  • 14:20 - 14:22
    Mas o meu sonho era
    vir a ser uma estrela do "rock".
  • 14:23 - 14:24
    Depois, acabei por ser professor.
  • 14:24 - 14:26
    Pois é. Isto é um problema.
  • 14:27 - 14:29
    A sociedade diz-nos
    para seguirmos os nossos sonhos
  • 14:29 - 14:31
    porque precisa de génios criativos,
  • 14:31 - 14:35
    precisa de estrelas de "rock",
    precisa de campeões no desporto.
  • 14:35 - 14:40
    Mas não se preocupa com a quantidade
    de sonhos desfeitos pelo caminho.
  • 14:40 - 14:43
    Embora eu possa dizer:
    "Sim, sigam os vossos sonhos",
  • 14:43 - 14:46
    tenham mais alguns sonhos de reserva.
  • 14:46 - 14:49
    Vocês não são o Frodo
    — nem vocês nem ninguém.
  • 14:49 - 14:52
    Vocês são os 95% daqueles
    de que falámos:
  • 14:52 - 14:53
    somos o Sam.
  • 14:54 - 14:56
    Claro, percorram a jornada do herói,
    façam essas coisas todas
  • 14:57 - 15:00
    — acabem a universidade, voem num avião,
    joguem basquetebol, soprem vidro —
  • 15:00 - 15:02
    façam o que vos apetecer.
  • 15:02 - 15:05
    Mas lembrem-se, não é essa a vossa missão,
  • 15:05 - 15:08
    isso é uma coisa que vocês têm de fazer
    para salvar o mundo.
  • 15:08 - 15:12
    O mundo está ótimo,
    vai andando com a sua própria vida:
  • 15:12 - 15:14
    vocês prosseguem na vossa vida
  • 15:14 - 15:16
    porque, na verdade,
    a vida não é uma viagem.
  • 15:16 - 15:18
    A vida, nas palavras imortais de Opus,
  • 15:18 - 15:20
    "A vida é vida".
  • 15:20 - 15:21
    Sigam em frente e vivam-na.
  • 15:21 - 15:22
    Obrigado.
  • 15:22 - 15:25
    (Aplausos)
Title:
A jornada de um herói | Robin Turner | TEDxYouth@BLIS
Description:

Usando três heróis bem conhecidos como exemplo (Frod, Harry Potter e Luke Skywalker), Robin Turner explica as fases da "jornada do herói" como descritas por Joseph Campbell no seu livro, "O Herói de Mil Faces".

Depois de estudar música e inglês na Universidade Leeds, Robin Turner passa os anos 80 a tocar música e a desempenhar tarefas diversas antes de se concentrar na academia. A partir de 1993, tem ensinado inglês e competências académicas na Universidade de Bilkent. Para além de ensinar, faz traduções, edições e trabalho televisivo para diversas individualidades e organizações. Escreveu sobre uma série de temas, incluindo cultura popular linguística cognitiva e ensino.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:34

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