Joan Jonas: New York Performances | ART21 "Exclusive"

["Joan Jonas: Performances de Nova York"]

Cresci em Nova York e tive muita sorte de morar perto de museus.

Eu me lembro de ir ao MoMa e ao Museu Metropolitano,

e eu me lembro da primeira vez que fui à ópera.

Era uma obra de Wagner. Eu fui com a minha mãe,

e eu me lembro que eu tinha uns brinquedos e eu estava brincando com eles.

Eu lembro da valquíria,

a mulher vestida com uma armadura

Mulher enorme com chifres na cabeça.

Aí mais tarde, quando eu era um pouco mais velha,

eu tive a sorte de assistir a uma peça do Balanchine:

"A Tarde de um Fauno", com Tanaquil Le Clercq.

Sabe, coisas desse tipo deixam marcas fortes em você quando você é jovem.

["Organic Honey's Vertical Roll"(1973)]

Eu queria desenvolver a minha própria linguagem,

e no momento que comecei a performar, eu comecei a inventar de uma maneira diferente--

através dos movimentos do meu corpo,

através do modo como eu utilizo música, som e o espaço tridimensional.

Eu estava muito interessada em filmar e traduzir meu trabalho em outro meio

para que ele não desaparecesse.

Meu primeiro filme veio de uma performance em espaço coberto--

minha primeira performance...

foi na Igreja de São Pedro, na verdade.

Decidimos filmar do lado de fora; eu queria fazer isso ao ar livre.

["Wind"(1968)]

E foi uma coincidência--foi o dia mais frio e que mais ventou no ano

no Long Island Sound, bem na praia.

Foi muito, muito difícil

Estava congelando.

Eu fui lá com um grupo de jovens artistas que eram meus amigos

e nós trabalhamos juntos.

Judy Padow, Eve Corey, Keith Hollingworth...

eles faziam as performances.

Eu estava lá também.

Peter Campus filmou e depois nós editamos juntos.

[Songdelay, de Joan Jonas]

["Songdelay" (1973)]

[som de dois tijolos batendo um no outro]

[som de uma buzina de navio]

Em algumas de minhas peças tem outros artistas,

como a peça ao ar livre, "Songdelay".

As pessoas naquele grupo eram Gordon Matta-Clark,

e Carol Gooden e Tina Girouard,

e Steve Paxton e Penelope.

[som de dois tijolos batendo um no outro, atrasado em relação à imagem]

Eu ajustava e dava a eles todos os tipos de apoio e objetos ou tarefas.

Por exemplo, Gordon e Carol pintaram um círculo e uma linha.

Isso que eles fizeram.

E depois eles andavam de um lado para o outro com um pau.

Penelope, eu dei a ela dois paus para brincar

e ela os enfiou na calça e fez uma dancinha,

Então, as pessoas seguiam as instruções e depois eles brincavam com os objetos.

Então era bem lúdico e as pessoas tinham mais tempo,

e eu acho que era uma atmosfera mais tranquila.

De certa forma, nós todos ajudávamos um ao outro e trabalhávamos juntos,

e as pessoas adoravam fazer parte do trabalho de outras pessoas.

Sabe, todo mundo tinha tempo para fazer isso.

Nos anos 60 e 70, era relativamente mais fácil fazer um trabalho ao ar livre.

Você não tinha que pedir permissão--você podia só ir lá.

E haviam muitos lugares interessantes,

como o lugar onde performei "Songdelay".

Eu fiz pela primeira vez na Jones Beach,

mas depois eu a trouxe para Chambers e para o Oeste, do lado direito do rio.

E os decks ainda estavam lá. Era lindo!

[som de uma buzina de navio]

Agora tudo isso acabou. Não dá para fazer isso mais.

["Steet Scene" (1976)]

[som de pessoas cantando nas ruas]

Uma outra vez, em 1976,

Eu fui com Pat Steir e Andy Mann,

e nós improvisamos para a câmara nas ruas, em Wall Street.

Não dá mais para fazer isso também.

Então toda forma de fazer isso se foi.

Não é algo que eu consiga fazer facilmente mais.

E tive que escrever para o The New York Times para dizer,

"Ninguém nunca escreveu sobre meu trabalho."

As pessoas não sabiam como escrever sobre ele.

E então o cara vinha para todas as performances,

mas era só naquele momento.

Todo mundo sabia que aquele momento era especial.

Era um momento especial.

Eu não estou dizendo que é melhor ou pior, mas era um momento especial.

["Joan Jonas Dança Como Organic Honey, Mulher da Ficção"]

Hoje em dia, jovens artistas em outros lugares estão fazendo o mesmo.

Claro, eles sempre vão estar.

Então talvez no Brooklyn, ou no Meio-Oeste, ou Chicago,

é esse tipo de trabalho que está rolando, com certeza.

Mas Nova York não é muito empolgante para usar.

Não há mais muitos espaços ou lotes vazios.