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Transformando adversidade em oportunidade | Muniba Mazari | TEDxIslamabad

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    Por trás de cada imagem inspiradora,
  • 0:11 - 0:18
    há uma história não contada de dor,
    de esforço e de determinação.
  • 0:19 - 0:21
    Há pessoas no mundo
  • 0:21 - 0:25
    que travam uma batalha invisível
    com elas mesmas o tempo todo
  • 0:25 - 0:27
    com um grande sorriso no rosto.
  • 0:27 - 0:30
    Nunca choram, reclamam ou se lamentam.
  • 0:31 - 0:34
    Chamo essas pessoas de guerreiras
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    porque conhecem a arte de viver a vida
  • 0:37 - 0:41
    e são melhores do que aquelas
    que somente sobrevivem no mundo.
  • 0:41 - 0:45
    Sofri um acidente de carro
    há uns seis anos e meio.
  • 0:45 - 0:49
    Viajava de Baluchistão para
    Rahim Yar Khan, minha cidade natal.
  • 0:49 - 0:53
    O motorista dormiu
    e o carro caiu em uma vala.
  • 0:54 - 0:58
    Sofri várias lesões por conta do acidente.
  • 0:58 - 1:00
    A lista é longa, não se assustem.
  • 1:00 - 1:03
    Fraturei o rádio
    e a ulna do braço direito,
  • 1:03 - 1:06
    o ombro e a clavícula,
  • 1:06 - 1:09
    os pulmões e o fígado foram muito lesados.
  • 1:09 - 1:12
    Fraturei toda a caixa torácica.
  • 1:12 - 1:16
    Mas a lesão que mudou completamente
    minha vida e minha personalidade
  • 1:16 - 1:19
    foi a lesão que sofri na medula.
  • 1:19 - 1:23
    Três vértebras da minha coluna vertebral
    foram completamente esmagadas.
  • 1:24 - 1:27
    Ficamos mais de uma hora para encontrar
    uma ambulância em Baluchistão.
  • 1:28 - 1:32
    Todos os esforços foram em vão
    já que não encontramos nenhuma.
  • 1:32 - 1:35
    Fui jogada na traseira de um jipe
  • 1:36 - 1:38
    e levada às pressas
    até o hospital mais próximo.
  • 1:38 - 1:42
    Naquele jipe, percebi que metade
    de meu corpo estava fraturada
  • 1:42 - 1:44
    e a outra metade estava paralizada.
  • 1:44 - 1:46
    Ao chegar no hospital,
  • 1:46 - 1:50
    não havia atendimento de pronto socorro,
    então fui recusada.
  • 1:50 - 1:54
    Fui para outro hospital
    na minha cidade e o doutor disse:
  • 1:54 - 1:56
    "Leve-a daqui. Não podemos operá-la!"
  • 1:56 - 1:58
    Eu disse: "Por quê?"
  • 1:58 - 2:02
    Eles disseram: "Não temos equipamentos.
    Ela morrerá algum dia, então vai!"
  • 2:02 - 2:03
    Fui recusada de novo.
  • 2:05 - 2:08
    Finalmente cheguei num hospital
    um pouco melhor em Karachi.
  • 2:08 - 2:11
    Por sorte, não fui recusada;
    razão pela qual estou viva.
  • 2:11 - 2:14
    Fiquei naquele hospital
    por dois meses e meio.
  • 2:15 - 2:19
    Fui submetida a três cirurgias
    complexas e duas menores.
  • 2:19 - 2:22
    Os médicos colocaram
    muitos metais em meu braço
  • 2:22 - 2:26
    e em minha coluna, então me sinto
    como uma "dama de ferro" agora.
  • 2:27 - 2:31
    Porém, esses dois meses e meio
    que passei no hospital foram horríveis.
  • 2:32 - 2:36
    Sentia dores terríveis,
    física e psicológica.
  • 2:36 - 2:38
    Fui abandonada
  • 2:39 - 2:41
    pelos amigos mais íntimos.
  • 2:41 - 2:46
    Amigos que deveriam estar comigo,
    me deixaram quando mais precisava deles.
  • 2:47 - 2:48
    Fiquei arrasada.
  • 2:49 - 2:53
    A vida ficou sem objetivo, sem cor.
  • 2:53 - 2:56
    Estava cansada de usar avental branco
    e olhar para paredes brancas
  • 2:56 - 2:57
    e não fazer nada o dia todo.
  • 2:57 - 2:59
    Realmente não queria viver!
  • 3:00 - 3:01
    Mas então percebi
  • 3:02 - 3:06
    que em vez de chorar
    pelos que me abandonaram
  • 3:06 - 3:09
    e pelo movimento nas pernas
    que havia perdido,
  • 3:10 - 3:13
    tinha pessoas ao meu lado
    que queriam me ver viva.
  • 3:14 - 3:16
    Sou grata por muitas coisas.
  • 3:16 - 3:20
    Então chega de reclamar
    e choramingar, pois é inútil.
  • 3:21 - 3:24
    A melhor decisão que tomei na vida toda
  • 3:25 - 3:29
    foi o quadro que fiz no hospital
    com uma mão deformada.
  • 3:29 - 3:33
    Foi assim que eu trouxe cor
    a uma vida incolor.
  • 3:33 - 3:39
    Foi assim que esta adversidade me ajudou
    a explorar a artista dentro de mim.
  • 3:39 - 3:44
    E esta arte me manteve viva
    por toda esta jornada.
  • 3:45 - 3:47
    Fui transferida para Islamabad.
  • 3:47 - 3:51
    Fiquei confinada na cama por dois anos
  • 3:52 - 3:58
    porque havia desenvolvido várias úlceras,
    e muitas infecções e alergias.
  • 3:59 - 4:05
    Toda esta jornada traumática
    de dois anos e pouco acamada e inerte,
  • 4:05 - 4:08
    a arte foi a única coisa
    que me manteve viva.
  • 4:08 - 4:14
    Como a arte é maravilhosa; você
    se expressa sem dizer uma única palavra.
  • 4:14 - 4:16
    Que fuga maravilhosa a arte foi!
  • 4:16 - 4:20
    Mas, quando me sentei
    na cadeira de rodas pela primeira vez,
  • 4:20 - 4:23
    me tornei uma pessoa
    completamente diferente.
  • 4:23 - 4:26
    Lembro que me olhei no espelho e disse:
  • 4:26 - 4:30
    "Não espere por um milagre
    que a faça andar;
  • 4:30 - 4:34
    nem espere por tratamento
    de célula-tronco, pois é muito caro;
  • 4:34 - 4:38
    nem espere chorando
    e implorando por misericórdia,
  • 4:38 - 4:40
    porque as pessoas não têm tempo".
  • 4:41 - 4:47
    Tinha que aceitar minha situação,
    quanto antes, melhor.
  • 4:48 - 4:50
    Foi o que fiz.
  • 4:50 - 4:54
    Queria independência financeira,
    me tornar uma profissional!
  • 4:54 - 4:56
    Comecei a procurar trabalhos.
  • 4:56 - 5:01
    Um amigo viu uma nota no Facebook:
    "Procuramos escritores de conteúdo".
  • 5:01 - 5:04
    E reclamando, comentei: "Quem me dera!"
  • 5:04 - 5:08
    Fui chamada para entrevista
    e contratada como uma das escritoras
  • 5:08 - 5:11
    para o primeiro website oficial
    do Paquistão, heartofasia.pk
  • 5:11 - 5:14
    Salmaan Taseer era o CEO.
  • 5:15 - 5:17
    Foi assim que comecei minha carreira.
  • 5:18 - 5:23
    Me tornei independente financeiramente,
    escritora de conteúdo era bom.
  • 5:23 - 5:27
    Exibia trabalhos em diferentes galerias,
    estava crescendo como artista.
  • 5:27 - 5:30
    A vida estava tranquila,
    mas eu estava infeliz.
  • 5:31 - 5:32
    Estava insatisfeita,
  • 5:33 - 5:38
    constantemente ansiava por algo,
    ansiava alto, pensava grande.
  • 5:38 - 5:44
    Não sabia o que fazer, mas queria fazer
    algo grande para as pessoas, para o país.
  • 5:46 - 5:50
    Um dia, me deparei com uma campanha
    de vacinação contra pólio:
  • 5:50 - 5:55
    um garotinho, de uma família pobre,
    numa cadeira de rodas,
  • 5:55 - 5:59
    com seu pai sentado ao lado dele chorando
    e falando ao mundo sobre a campanha:
  • 5:59 - 6:04
    "Dê as gotinhas para seus filhos,
    senão eles ficarão como ele!"
  • 6:04 - 6:07
    Aquele anúncio me sacudiu por dentro.
  • 6:08 - 6:10
    Fiquei arrasada.
  • 6:10 - 6:15
    O modo que objetivaram o menino
    como um emblema de dor,
  • 6:15 - 6:19
    miséria, misericórdia,
    apatia, inexistência...
  • 6:20 - 6:24
    Que quadro horrível retratado
    na mídia sobre os deficientes.
  • 6:25 - 6:27
    É assim que somos chamados.
  • 6:27 - 6:34
    Aquele dia decidi mudar a percepção
    de como é estar na cadeira de rodas,
  • 6:34 - 6:39
    pois, na cadeira de rodas, pode-se ainda
    encarar o mundo com um grande sorriso
  • 6:39 - 6:42
    e dizer ao mundo
    que é feliz da maneira que é.
  • 6:42 - 6:46
    Ninguém tem o direito de nos objetivar
    como um emblema de misericórdia.
  • 6:46 - 6:51
    Somos seres humanos: respiramos,
    temos alma, estamos vivos e sentimos.
  • 6:51 - 6:54
    Não precisamos da simpatia
    e da empatia de vocês.
  • 6:54 - 6:56
    Deixem-nos viver!
  • 6:56 - 6:58
    Ninguém tem o direito
    de negar nossas habilidades.
  • 6:59 - 7:04
    Somos capazes o bastante para respirar
    e viver cada momento de nossas vidas.
  • 7:05 - 7:08
    Recentemente participei de uma campanha
    de moda para Tony&Guy,
  • 7:08 - 7:11
    e me tornei a primeira modelo
    paquistanesa em cadeira de rodas.
  • 7:12 - 7:15
    Sou embaixadora do Body Shop Pakistan,
  • 7:15 - 7:18
    e faço parte do grupo
    Pond's Miracle Women.
  • 7:18 - 7:22
    É sempre bom saber que há poucas artistas
    no mundo em cadeira de rodas.
  • 7:22 - 7:25
    Tenho orgulho de ser uma delas,
    uma paquistanesa
  • 7:25 - 7:28
    tentando preservar as joias étnicas
    do país e as pinturas
  • 7:28 - 7:32
    adornadas pela graça, força e poder
    da mulher paquistanesa,
  • 7:32 - 7:34
    as quais eu retrato.
  • 7:34 - 7:38
    Logo serei a primeira paquistanesa
    apresentadora de TV em cadeira de rodas.
  • 7:39 - 7:42
    Sou abençoada por ter
    um lindo filho de três anos,
  • 7:42 - 7:45
    ele estava por aqui, mas estava
    um pouco mal-humorado.
  • 7:45 - 7:51
    Devem estar pensando por que uso
    toda hora a palavra "cadeira de rodas".
  • 7:51 - 7:54
    Essa é a própria concepção
    do que estou falando.
  • 7:55 - 7:57
    Ela não é minha fraqueza.
  • 7:57 - 7:59
    Ela não é uma adversidade.
  • 8:00 - 8:06
    Ela é minha força, pois recebo uma atenção
    inestimável nos lugares que vou.
  • 8:06 - 8:08
    Todo mundo gosta de ser
    o centro das atenções.
  • 8:08 - 8:10
    Também comecei a gostar disso.
  • 8:11 - 8:14
    Esta é a concepção a que me refiro.
  • 8:14 - 8:20
    Ela tem me dado a chance de explorar
    o meu interior e que não sabia.
  • 8:22 - 8:27
    Sinto pelas pessoas que ficam se culpando.
  • 8:28 - 8:31
    Elas dizem que se sentem confinadas,
    não tem um bom desempenho,
  • 8:31 - 8:33
    não se sobressaem,
    pois o sistema não as permitem,
  • 8:33 - 8:37
    o governo, Paquistão, o mundo todo.
  • 8:37 - 8:40
    A sociedade e a economia não deixam
    que elas cresçam como pessoas.
  • 8:40 - 8:44
    Não se destacam em suas carreiras,
    dizem que se sentem confinadas.
  • 8:45 - 8:46
    Sinto por elas.
  • 8:46 - 8:49
    Sem dúvida posso dizer
    que estou confinada,
  • 8:49 - 8:53
    pois ao levantar de manhã,
    não consigo sentar sem ajuda.
  • 8:53 - 8:59
    Não posso ir da cama pra cadeira de rodas,
    dela pro carro, do carro para a cadeira.
  • 8:59 - 9:04
    Preciso de ajuda o tempo todo
    para fazer coisas simples.
  • 9:05 - 9:07
    Vamos simplificar.
  • 9:07 - 9:14
    Quando sinto sede à noite e me esqueço
    de deixar a garrafa de água no criado-mudo
  • 9:14 - 9:16
    e não tem ninguém para me ajudar,
  • 9:16 - 9:19
    fico com sede a noite toda
  • 9:19 - 9:23
    porque não consigo pegar
    um copo de água sem ajuda.
  • 9:23 - 9:26
    Sem dúvida, estou confinada
    pelo meu corpo,
  • 9:28 - 9:33
    mas minha mente, alma
    e espírito estão livres.
  • 9:33 - 9:36
    Ainda posso sonhar e pensar grande.
  • 9:36 - 9:38
    Ainda posso ter objetivos.
  • 9:38 - 9:41
    Posso desejar aspirar a inspirar.
  • 9:41 - 9:43
    Nada deveria me impedir.
  • 9:43 - 9:49
    Esta cadeira de rodas não é a razão
    ou a desculpa para ser inútil.
  • 9:49 - 9:55
    Ainda tenho sonhos e planos grandes
    e tenho que trabalhar neles.
  • 9:55 - 10:01
    Seja grato pelo que você tem
    e, acredite, sempre conseguirá mais.
  • 10:02 - 10:05
    Se chorar e reclamar
    por pequenas coisas na vida,
  • 10:06 - 10:08
    nunca terá o suficiente.
  • 10:09 - 10:10
    Quer se destacar?
  • 10:10 - 10:12
    Quer crescer?
  • 10:12 - 10:16
    Quer ser poderoso, apaixonado
    e grande profissional?
  • 10:17 - 10:20
    Aprenda a arte de transformar
    adversidades em oportunidades.
  • 10:20 - 10:23
    Quando aprender isso, o céu será o limite.
  • 10:23 - 10:28
    Seja grato, feliz, ativo.
  • 10:28 - 10:31
    E não deixe ninguém
    negar suas habilidades.
  • 10:31 - 10:32
    Obrigada.
  • 10:32 - 10:34
    (Aplausos)
Title:
Transformando adversidade em oportunidade | Muniba Mazari | TEDxIslamabad
Description:

Nesta palestra, Muniba conta a dolorosa história de um acidente que mudou completamente sua vida - do mal para o bem.

Muniba Mazari é artista e escritora. Ela usa cores vibrantes na retratação impecável de emoções verdadeiras. Seu trabalho fala abertamente do coração dela e é sobre pessoas, suas expressões, sonhos e aspirações.

Embora na cadeira de rodas, seu espírito e arte não conhecem limites. De fato, ela considera a agonia da lesão na medula espinhal como um desafio e está cada vez mais determinada em expressar seus sentimentos por meio de sua obra de arte.

Quando fazia bacharel em belas artes, ela sofreu um acidente que a deixou paraplégica. Atualmente, ela administra sua marca com o nome "Muniba's Canvas" com o slogan "Let Your Walls Wear Colors". Ela é artista multimídia e retrata as joias étnicas de sua região de uma maneira abstrata. Alguns de seus trabalhos são puramente abstratos e descrevem as expressões dos humanos, seus pensamentos e sonhos. Suas pinturas passam a mensagem de viver a vida e representam a personalidade real do artista.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:42

Portuguese, Brazilian subtitles

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