Os mitos da masturbação | Teesha Morgan | TEDxStanleyPark

Esta apresentação te fará passar pelos mitos carregados de emoções e concepções erradas a respeito da masturbação.

Dr. Teesha Morgan é terapeuta sexual e conselheira de casais, autora, educadora sexual e cofundadora da Westland Academy of Clinical Sex Therapy.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Você sabia que comidas apimentadas
aumentam o desejo sexual?

Que elas despertam sua libido

e realmente te tornam mais libidinoso?

E sabia que, se você é homem
e se masturba muito,

você pode se tornar infértil?

Não somente isso, mas pode causar
também uma condição degenerativa lenta

que não afeta apenas o homem,
mas também os filhos que ele vier a ter.

E você sabia que muita masturbação

pode fazer com que cresçam
pelos na palma das mãos?

(Risos)

Todos saberão o que você faz
no seu tempo livre.

(Risos)

Certo, tudo que acabei de dizer é mentira.

(Vivas)

Graças a Deus!

Mas não faz muito tempo que as pessoas
costumavam acreditar em tais coisas.

E muitos ainda acreditam.

Portanto, hoje falarei
sobre os mitos da masturbação.

Para que possamos esclarecer algumas
das crenças perpetuadas até hoje

e desenterrar algumas do passado

que moldaram nossa realidade atual.

Por exemplo:

sucrilhos Kellogg's sem açúcar.

Foram desenvolvidos
pelo Dr. John Harvey Kellogg.

Pois bem, ele era militante
antimasturbação.

Ele acreditava, como
muitas pessoas na época,

que comidas apimentadas
levavam ao desejo sexual,

o desejo levava à masturbação

e a masturbação levava
a uma série de coisas horríveis.

Portanto, ele desenvolveu uma dieta
que possuía pouco sabor

para que, esperançosamente,
diminuíssem as chances de masturbação.

(Risos)

Na verdade, foi seu irmão Will
que acrescentou açúcar aos sucrilhos

e vendeu como cereal matinal
antes da marca decolar.

Os biscoitos Graham tiveram
um passado similar.

Sylvester Graham era pastor
e militante antimasturbação,

e ele também desenvolveu
os biscoitos Graham

como parte de uma dieta neutra
para diminuir a masturbação.

Se ele soubesse que os recheamos
com marshmallow.

(Risos)

Mas não foram apenas esses dois homens

que fizeram campanha
contra os malefícios da masturbação.

Na verdade, a maioria dos profissionais
e manuais de saúde da época

acreditavam na mesma coisa.

Então, agora é fácil rir disso

e pensar o quão inocentes
e ignorantes essas pessoas eram

para acreditar em tais coisas.

Porque, claro, evoluímos muito

desde a época da vergonha
sexual de nossos avós.

Nós sabemos dos fatos.

Afinal, fazemos parte de movimentos
como a legalização do casamento gay,

e a melhora da educação sexual
em nossas escolas,

e o aumento da familiaridade
com o clitóris

através de coisas como
"Os Monólogos da Vagina".

(Risos)

Sabemos dos fatos.

Sabemos mesmo?

Na verdade ainda há muita desinformação
sobre a masturbação atualmente.

Veja bem, como terapeuta sexual,

tenho a chance de conhecer e conversar
com um monte de pessoas diferentes.

É, na verdade, uma oportunidade única,
pois algumas pessoas vêm até mim

e me contam seus pensamentos
e sentimentos mais profundos,

seus desejos, seus medos,
suas ansiedades, seus sonhos, tudo.

E, com o tempo, você começa
a perceber padrões.

Então, por exemplo:

as mulheres geralmente me procuram
porque não conseguem atingir o orgasmo.

Bem, nunca atingir o orgasmo
pode ocorrer devido a várias coisas,

mas o que geralmente vejo

é que muitas mulheres sentem vergonha
em relação a dar prazer a si mesmas,

em relação à masturbação,
e portanto não fazem isso.

Portanto, elas dependem do parceiro

como única fonte de orgasmo.

Mas elas não conhecem bem o próprio corpo.

Já com os homens,
vejo uma situação diferente.

Em que talvez...

(Risos)

me acompanhe nisso...

(Risos)

eles dependeram da masturbação

por tanto tempo como única forma
de atingir o orgasmo,

que isso criou padrões adversos.

Agora, independente do cliente
ser homem ou mulher,

analisar os problemas
relacionados à masturbação

e como isso está correlacionado
ao problema sexual atual

é de muita importância.

Então hoje pensei em falar
sobre os mitos da masturbação,

e sobre como nossas concepções erradas
irão afetar as gerações futuras

e contribuir para diversos problemas
sexuais, como os de hoje em dia.

Então, vamos fazer brincar
de "Verdade ou Mentira", o que acham?

Verdade ou mentira?

Mulheres que dependem de vibradores
ou brinquedos para se masturbar

não conseguem atingir o orgasmo
com seus parceiros durante o sexo.

Elas se tornarão dependentes
desses brinquedos.

Isso mesmo, é mentira.

Então,

algumas mulheres gostam de estímulo
mais intenso e direto no clitóris

e isso é algo que se atinge com o vibrador
com mais frequência do que com um pênis,

mas isso não causa incapacidade
de alcançar o orgasmo de outros modos.

Na verdade, pesquisas indicam que mulheres
que passam tempo se descobrindo

e aprendendo sobre o próprio
corpo pela masturbação

possuem maior tendência a atingir
o orgasmo com um parceiro

comparado às que não se conhecem.

Beleza, verdade ou mentira?

Aqueles que estão em um relacionamento
possuem maior tendência a se masturbar

em relação àqueles que estão solteiros.

Essa é uma verdade.

Aqueles que estão em um relacionamento
se masturbam tanto ou até mais

do que quem está solteiro.

E não apenas isso, mas comportamento
homossexual é associado a um maior grau

ou maior frequência de masturbação.

Homens se masturbam mais que mulheres,

pessoas mais velhas menos do que jovens,

afro-americanos menos
do que outros grupos,

não religiosos mais do que cristãos,

e, quanto maior seu nível de educação,

maior a probabilidade
de você se masturbar.

Verdade ou mentira?

Acho que ela está lendo
"Cinquenta Tons de Cinza".

(Risos)

Mulheres... fato.

(Risos)

Mulheres geralmente se masturbam
inserindo objetos na vagina

e, portanto, simulando
sexo com penetração.

Essa foi rapidinha.

(Risos)

Sim, mentira.

Algumas mulheres se masturbam assim,

e está bem, é completamente normal.

Entretanto, há uma maior chance
de as mulheres se masturbarem

estimulando o clitóris
ou o capuz clitoriano.

O clitóris é uma pequena parte
interessante do corpo.

Não é somente um botão escondido,

vocês sabem, nós dizemos,
procurem pelo homenzinho na canoa.

(Risos)

Na verdade é um órgão interno bem grande,

e é a única parte do organismo
que existe apenas para o prazer.

Estima-se que o clitóris tenha
de 9 a 12 centímetros de comprimento

e 6 centímetros de largura.

Verdade ou mentira?

Masturbação na infância é anormal

e isso pode significar
que a criança é hiperssexualizada.

Muito bem.

Mentira.

Muito cedo as crianças
aprendem o que é gostoso

quando eles se tocam,
sendo menino ou menina.

Então, masturbação na infância,
bem antes da puberdade,

é na verdade normal.

(Risos)

Esse homem parece bem preocupado.

(Risos)

Verdade ou mentira?

Muita masturbação pode ocasionar
riscos adversos à saúde.

Isso é mentira.

Os únicos riscos à saúde
associados à masturbação

seriam reações alérgicas
por causa dos lubrificantes,

infecções devido a brinquedos mal lavados,

ou irritação na pele em geral.

Masturbação é, na verdade, a forma
mais garantida de sexo seguro

e a masturbação...

(Risos)

Verdade!

(Risos)

A masturbação que resulta em orgasmo,

na verdade, traz uma série
de efeitos positivos na saúde.

Alivia dores de cabeça,
diminui estresse, auxilia a dormir

e melhora o sistema imune.

E mulheres que se masturbam
durante a menstruação

conseguem aliviar as cólicas menstruais.

Estima-se que 95% dos homens
e 89% das mulheres

já se masturbaram
em algum momento da vida.

Portanto, a masturbação,
para ambos os sexos, mesmo todos os dias,

é normal e saudável.

Então, o único risco adverso à saúde
a ser associado com isso

é se você estiver se masturbando tanto

que pare de ir trabalhar, por exemplo,

(Risos)

ou que te impeça de realizar suas funções
diárias e responsabilidades sociais,

daí isso pode ser um problema...

e você deveria se consultar comigo.

(Risos)

Verdade ou mentira?

A masturbação não irá
interferir na sua energia

ou afetar sua performance

antes de um grande jogo ou treino.

Esta é uma verdade.

Como eu já disse, a masturbação acarreta
uma série de benefícios à saúde,

e é mais benéfica do que maléfica.

Novamente, a única coisa
que poderia causar problemas

é você se masturbar ao ponto de exaustão.

(Risos)

Mas isso é verdade para qualquer atividade

em que você utiliza
os mesmos músculos repetidamente.

Certo, a última.

(Risos)

Essa é uma dúvida bem comum de ocorrer.

Verdade ou mentira?

Masturbação causa ejaculação precoce
e disfunção erétil.

Vocês ficaram mais quietos nessa questão.

(Risos)

É mentira.

Essa é uma questão delicada.

O ato da masturbação em si
não causa disfunção erétil;

entretanto, é útil pensar nisso
em analogia a esportes.

Digamos que você é um atleta profissional.

Durante o treino, você não leva nada
muito a sério, não se esforça muito,

simplesmente não age como um bom jogador.

Então, quando você entrar
em quadra para um jogo,

você não irá jogar como um profissional.

Por quê?

Porque você treina
da mesma forma que joga.

Você deve pensar na masturbação
desse mesmo modo.

Masturbação é o treino,
sexo com parceiro é o jogo.

Por exemplo.

Vamos dizer que você seja um homem
que, sempre que se masturba,

leva apenas alguns minutos
desde o primeiro toque até a ejaculação.

Isso pode condicioná-lo
a levar apenas alguns minutos.

E quando estiver com uma parceira,
e quiser levar mais tempo,

isso pode gerar alguns problemas.

Ou vamos dizer que você assista sempre
ao mesmo tipo de estímulo visual,

por exemplo, pornografia
para fetichistas por pés.

Quando você estiver com um parceiro
que detesta os próprios pés

e que não quer você perto deles,

isso pode gerar em você
um problema psicológico de estímulo.

Novamente, não estou dizendo
que é uma relação de causa e efeito.

O que estou reforçando é a importância
de fazer o treino e o jogo

serem o mais similar possível,

assim como qualquer outra coisa na vida
em que você quer ser bom.

Posso ficar aqui em cima do palco

e jogar Verdade ou Mentira o dia todo,

mas talvez o catalisador para a mudança
não seja apenas a educação,

mas também uma mudança de perspectiva.

Atualmente,

há poucas pessoas na América do Norte,

lutando contra os demônios da masturbação

como Kellogg e Sylvester Graham
costumavam fazer;

entretanto, ainda há muita negatividade
ao redor dessa palavra

e ao redor desse comportamento
em nossa sociedade.

Então, se pensarmos que ainda há toda essa
negatividade em relação ao assunto,

como nos livrarmos desse ciclo eterno
de mentiras que são perpetuadas?

Nós continuamos a criar mais mentiras.

A Igreja Católica Romana ainda considera
masturbação como pecado,

então muitos católicos não se masturbam,
ou se sentem culpados por se masturbarem.

Muitas crianças adquirem
visões negativas sobre masturbação

de seus pais.

Falando sobre a culpa.

Quando eu era mais nova,

eu fiz algo que não deveria ter feito.

Fiquei muito preocupada que descobrissem.

Então eu pedi ao universo.

Eu fiquei tipo: "Por favor,
se eu me livrar dessa,

sem ninguém descobrir,

eu não vou me masturbar
durante um mês inteiro.

Trinta dias!

Trinta dias corridos".

Eu não sei a quem eu estava fazendo
a promessa, pois não sou religiosa,

mas acho que em momentos

em que pensamos não ter controle
sobre nosso presente ou futuro,

nós imploramos ao universo.

Eu tive sorte o bastante
para não ser descoberta,

mas, quando olho para trás, o que percebo

é que eu via a masturbação
como algo muito errado.

Algo tão errado a ponto de utilizá-la
como ferramenta de barganha.

Quase como desistir de fumar ou beber.

Eu fui abençoada de crescer
em um lar com ótimos pais

que nunca me ensinaram
que masturbação é errado

ou que seja algo para se envergonhar
ou que seja pecado.

E, como disse, não sou
uma pessoa religiosa,

então, de onde tirei essa ideia?

Eu percebi que esse conceito veio
da sociedade como um todo.

Por exemplo.

Se você procurar no Google
por masturbação e olhar os sinônimos,

palavras como autoabuso
aparecem em quase todas as páginas.

Então, como se libertar
de toda a negatividade

em torno dessa palavra?

Acho que precisamos de uma nova
terminologia para a palavra masturbação.

Porque mudar as palavras que usamos

para descrever pessoas,
lugares, eventos e ideias

é o primeiro passo para mudarmos
nossa perspectiva sobre o assunto.

Não estou dizendo que masturbação
é uma palavra ruim

ou que usar a terminologia correta é ruim.

O que estou dizendo é que, se pudermos
ser um pouco mais positivos

no nosso modo de falar,

em conversas rotineiras,

ajudaria bastante.

Por exemplo.

Ontem à noite eu fiquei em casa.

Brinquei um pouco comigo mesma.
Foi uma boa noite.

(Risos)

Ou então, eu chamei a Jenny para sair,

mas ela me disse que precisava
de um tempo para ela mesma.

Uma pequena sessão
de autorrelaxamento, sabem?

Ela estava se curtindo
sem precisar de outros...

Pareceu-me ótimo.

Não estou dizendo que essa mudança
vai ocorrer do dia para a noite,

o que eu peço é que você
faça uma breve introspecção,

para avaliar as palavras que usamos
para descrever masturbação

e os hábitos relacionados a isso.

Porque, se pudermos mudar isso,
podemos mudar nossa perspectiva,

e teremos uma sociedade melhor.

Seremos melhores parceiros, melhores
amantes, melhores comunicadores.

E os problemas que vejo
diariamente irão diminuir.

Acho que hoje é o dia perfeito para isso.

Vá para casa,

crie um clima,

reduza as luzes,

e ame a si mesmo como nunca fez antes.

(Risos)

(Aplausos)