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Motivações humanas básicas e previsivelmente irracionais: Dan Ariely, no TEDxMidwest.

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    Certo. Hoje, quero falar um pouco sobre motivação humana.
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    O que nos faz agir, nos empenhar e sermos produtivos.
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    E o ponto de partida,
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    principalmente estando em Chicago, perto da Universidade de Chicago,
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    no Departamento de Economia de Chicago,
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    acho que vale a pena pensar que nossa ideia básica a respeito da motivação humana
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    é que pensamos em pessoas como se fossem ratos.
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    As pessoas não gostam de trabalhar.
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    Se pudéssemos escolher o que fazer, segundo nossa própria vontade,
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    estaríamos numa praia em algum lugar, bebericando "mojitos".
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    A única razão pela qual trabalhamos é que precisamos ganhar dinheiro,
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    para que, enfim, possamos sentar na praia e beber "mojitos".
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    (Risos)
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    Mas a motivação básica é o lazer, e não o trabalho,
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    e todo o resto é apenas distração para para que possamos fazer isso.
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    É um ótimo modelo, mas deveríamos nos perguntar:
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    "Essa é uma boa descrição da motivação humana?
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    É mesmo isso que nos leva a agir e fazer as coisas?"
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    Um exemplo de desafio é escalar montanhas.
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    Se analisar pessoas que escalaram diferentes montanhas
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    e suas descrições, histórias e estórias,
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    você vai achar que essa é a pior coisa do mundo.
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    Elas sentem frio, têm ulcerações de frio,
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    é difícil respirar, é complicado.
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    Eu escalei um pequeno pico no Himalaia, muitos anos atrás,
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    e talvez você ache que chegaria ao topo,
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    se sentaria lá e apreciaria a paisagem.
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    Não! É frio, ruim, e você está cansado.
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    Você vai querer descer de lá o mais rápido possível. (Risos)
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    E se você analisar esse comportamento
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    isso é algo em que cada instante é uma agonia,
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    parece um castigo,
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    e, depois que as pessoas descem, tudo que querem é subir novamente.
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    Querem se recuperar primeiro, mas depois querem subir novamente.
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    Como essa visão se encaixa em nossa teoria
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    de pessoas sentadas na praia bebendo "mojitos"?
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    Parece que ou as pessoas são loucas por castigo --
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    (Não é? Queremos sofrer.) --
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    ou o que realmente nos motiva não é diversão,
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    não é conforto, mas outras coisas.
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    Tem a ver com realização, tem a ver com conquista,
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    tem a ver com alcançar uma meta, tem a ver com chegar em um pico.
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    Na verdade, me interessei por esse assunto
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    quando um dos meus ex-alunos veio conversar comigo.
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    Seu nome era David. Ele deixou a universidade alguns anos antes
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    e se tornou consultor ou bancário em Wall Street.
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    Ele trabalhava para um grande banco
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    e me disse que trabalhou por algumas semanas em uma apresentação importante
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    sobre uma fusão que iria acontecer.
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    Ele trabalhou durante noites, além do horário, para criar uma bela apresentação
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    com estatísticas, gráficos e descrições.
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    Ele estava muito orgulhoso de seu trabalho e realmente gostou de fazê-lo.
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    Então, ele o enviou para seu chefe, e o chefe disse:
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    David, ótimo trabalho, a fusão foi cancelada".
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    Ele ficou arrasado!
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    O mais interessante
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    é que o chefe disse, de um ponto de vista prático, que o trabalho estava ótimo.
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    Lá estava ele, fez um bom trabalho, gostou de realizá-lo,
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    o chefe dele agradeceu e ele estava certo
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    de que conseguiria um aumento quando chegasse a hora,
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    mas ao mesmo tempo não se importava mais.
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    Estava trabalhando em outro documento, mas não se empenhava como antes.
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    Agora, a questão é: o que aconteceu com ele? O que houve?
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    O questão prática estava boa, mas algo estava faltando.
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    Então, para entender isso, decidi fazer algumas pequenas experiências.
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    As experiências que iniciamos tinham a ver com montagem de "Bionicles".
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    "Bionicles" são pequenos robôs de Lego, com cerca de 40 peças,
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    e vocês vão montá-los.
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    Convidamos algumas pessoas para visitarem o Centro de Estudantes
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    e dissemos: "Você topa montar bonecos de Lego por dinheiro?
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    Quer montar o primeiro? Pode ganhar três dólares se conseguir."
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    Depois que terminavam o primeiro, pedíamos: "Quer montar outro?
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    Por esse, você ganha US$2,70.
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    Quando terminar esse, quer fazer outro por US$2,40,
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    US$2,10,
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    US$1,80?"
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    E assim por diante, com valores cada vez menores.
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    E eram as pessoas que tinham de decidir quando parar.
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    Em que momento o dinheiro que ganhavam
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    montando Lego deixava de valer a pena pelo tempo gasto?
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    Fizemos isso com duas condições.
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    A primeira é essa que contei a vocês agora.
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    As pessoas montavam um Lego após outro
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    e quando terminavam de montá-los,
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    quando terminavam de montar cada um deles,
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    nós os pegávamos, colocávamos embaixo da mesa
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    e dizíamos que quando terminassem a experiência inteira
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    nós os desmontaríamos
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    e os colocaríamos nas caixas para o próximo participante.
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    Esta é a condição "significativa", como a chamamos.
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    Não significa muita coisa, somos acadêmicos, mas significa alguma coisa. (Risos).
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    Chamamos a segunda experiência de "condição de Sísifo".
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    Nessa experiência, as pessoas começavam montando um Lego
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    e, quando terminavam, pegávamos de volta
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    e dizíamos: "Quer montar outro?"
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    Se quisessem montar outro, entregávamos o segundo,
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    mas, enquanto montavam o segundo,
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    desmontávamos o primeiro diante de seus olhos.
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    E se quisessem montar um terceiro, devolveríamos o primeiro desmontado.
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    Então era uma reciclagem total.
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    E chamávamos isso de "condição de Sísifo", por causa de Sísifo,
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    que empurrava a mesma pedra até o topo do mesmo monte, continuamente.
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    Podemos comparar a relação que há entre os fatores desmotivadores
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    de Sísifo: os que vêm do fato
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    de ele empurrar a mesma rocha no mesmo monte,
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    e os que vêm do fato de ele empurrar a mesma rocha num monte diferente.
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    Montar algo, vê-lo ser destruído
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    diante de seus olhos e montá-lo novamente
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    parece meio que um fator essencial para que as pessoas fiquem desmotivadas.
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    E eis o que descobrimos:
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    numa condição significativa, as pessoas montam cerca de onze robôs,
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    enquanto na condição de Sísifo, montam apenas sete.
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    Também pedimos a outras pessoas que não participaram
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    da experiência para que tentassem adivinhar a reação dos que participaram:
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    quantas montagens a mais as pessoas sob a condição significativa fariam do que as pessoas sob a condição de Sísifo
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    E as previsões foram corretas, mas subestimaram drasticamente o efeito.
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    As pessoas achavam que a diferença seria de um robô, em média,
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    mas a diferença foi muito, muito maior.
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    Então concluímos que o significado é importante.
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    Simplesmente subestimamos demais o quanto isso é importante.
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    Vou contar para vocês: recentemente fui dar uma palestra numa grande empresa de "software".
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    Era uma empresa na qual um grupo de pessoas
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    trabalhou durante dois anos projetando um determinado produto.
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    Eles achavam que este produto era o melhor que a empresa tinha.
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    Depois de dois anos trabalhando nisso,
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    uma semana antes de eu vir, o diretor executivo cancelou o projeto.
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    Nunca vi um grupo tão desmotivado em toda a minha vida.
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    Todos eles me disseram que se sentiram como se fizessem parte desta experiência do Lego.
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    Eles trabalharam durante muito tempo para ver seu trabalho simplesmente destruído diante deles.
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    Acho que o chefe deles cometeu o mesmo erro que nas previsões feitas para nossa experiência:
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    ele achou que o significado era provavelmente algo de pouca importância,
  • 7:05 - 7:06
    e não entendeu o impacto disso,
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    nem como acabou ficando com um grupo totalmente desmotivado, e por aí vai.
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    Houve outro aspecto interessante nessa experiência:
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    se você analisar a relação entre o quanto
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    as pessoas naturalmente adoram Lego e o quanto eles persistiam,
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    seria esperado que aqueles que adoram Lego montariam mais,
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    e aqueles que não adoram Lego montariam menos;
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    haveria uma diferença individual.
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    De fato, houve diferenças individuais.
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    Sob a condição significativa, aqueles que adoravam Lego montavam mais
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    e aqueles que não adoravam Lego não montavam tantos assim.
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    Na condição de Sísifo, a correlação foi zero,
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    que me diz basicamente que bloqueamos todo o prazer que as pessoas
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    naturalmente tinham de montar Lego.
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    Algumas pessoas vinham com uma disposição natural para o Lego,
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    mas nós basicamente conseguimos reprimir isso...
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    (Risos)
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    Então, na experiência seguinte, queríamos descobrir
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    o efeito que diferenças ainda menores poderiam causar.
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    Então demos às pessoas uma folha de papel com várias letras nelas, e dissemos:
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    "Procurem duas letras que estejam juntam e sejam iguais".
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    Era um jogo randômico e fizemos a mesma coisa.
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    Pagamos a eles mais pela primeira folha e menos pela folha seguinte, e assim por diante.
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    Tínhamos três condições.
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    Na primeira condição, a cada vez que me davam uma folha, já que era eu quem estava realizando a experiência,
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    eu pedia para que você escrevesse seu nome no topo da folha, eu analisava assim.
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    Eu dizia: "Aha!". E a colocaria na pilha..
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    Na condição seguinte, não era preciso escrever seu nome.
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    Eu simplesmente pegava a folha de papel e, sem olhar,
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    a colocava na pilha de papel;
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    nenhum reconhecimento, apenas a deixava ali.
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    Na terceira condição, se me desse uma folha de papel,
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    eu a recolhia e imediatamente a picava em pedaços. (Risos)
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    Agora a pergunta é o quanto as pessoas produziam nessas três condições.
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    O que vou mostrar aqui para vocês é qual a quantia mínima
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    de dinheiro pela qual as pessoas estão dispostas a trabalhar, certo?
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    Quanto tempo levou, pouco dinheiro significa que as pessoas se divertem mais.
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    Então conseguimos repetir o primeiro resultado.
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    Na condição admitida onde você diz
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    "aha!", as pessoas estavam dispostas a trabalhar por até 0,15 dólares por página,
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    realmente muito pouco.
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    Na condição picada, queriam duas vezes mais dinheiro
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    e a questão é: o que acontece na condição ignorada?
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    A condição ignorada é igual à picada?
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    É igual à reconhecida? Está entre as duas?
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    Ocorre que foi muito parecida com a condição picada.
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    Então, se você quiser realmente desmotivar as pessoas, picar o trabalho delas
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    realmente funciona. (Risos)
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    Mas acontece que simplesmente ignorá-las
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    é meio caminho andado, na verdade, quase... (Risos)
  • 9:48 - 9:50
    Então esta foi uma parte da motivação,
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    trata-se de sentir que há significado naquilo que se faz
  • 9:54 - 9:57
    e se aceita, e por aí vai, e fizemos isso principalmente
  • 9:57 - 9:59
    destruindo a motivação das pessoas.
  • 10:00 - 10:02
    Vamos pensar um instante na outra parte,
  • 10:02 - 10:04
    que é como fazer com que as pessoas fiquem mais motivadas.
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    Como levar as pessoas a fazer mais.
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    A ideia me surgiu aqui, depois de ir à IKEA.
  • 10:12 - 10:16
    Não sei quanto a vocês, mas gosto da IKEA, e toda vez que compro um móvel,
  • 10:16 - 10:21
    me vejo levando muito mais tempo do que esperava para montá-lo
  • 10:21 - 10:24
    e as instruções são confusas.
  • 10:24 - 10:27
    Sempre que monto uma parte, tenho que desmontar,
  • 10:27 - 10:32
    e quando acho que é de um jeito, geralmente erro em mais da metade das vezes.
  • 10:32 - 10:34
    Com isso tudo, a ideia é:
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    O resultado disso seria que amo mais a minha mobília?
  • 10:41 - 10:43
    O fato de eu ter que montá-los, criá-los,
  • 10:43 - 10:49
    gera uma ligação particular entre minha mobília e eu?
  • 10:49 - 10:51
    Chamo isso de efeito IKEA.
  • 10:51 - 10:56
    Uma prova disto é a mistura para bolo.
  • 10:56 - 10:58
    Quando as misturas para bolo surgiram nos anos 1950,
  • 10:58 - 11:01
    para surpresa das pessoas que fabricavam essas misturas,
  • 11:01 - 11:03
    elas não alcançaram muita popularidade.
  • 11:03 - 11:04
    A questão é: por quê?
  • 11:04 - 11:08
    Massas de torta eram populares, biscoitos eram populares,
  • 11:08 - 11:12
    qualquer outro tipo de mistura era popular, mas bolos não.
  • 11:12 - 11:17
    Uma das hipóteses era de que talvez as pessoas não tinham muito o que fazer nesses bolos.
  • 11:17 - 11:23
    Talvez se você pegar uma mistura e acrescentar um pouco de água,
  • 11:23 - 11:25
    colocá-la no forno, assá-la,
  • 11:25 - 11:29
    e alguém disser que o bolo está ótimo, você não se sinta bem com isso.
  • 11:29 - 11:31
    Talvez o fato de não exigir
  • 11:31 - 11:34
    muito trabalho fez com que as misturas para bolo não fossem tão interessantes.
  • 11:34 - 11:37
    Isso ficou conhecido como "a teoria do ovo".
  • 11:37 - 11:40
    E para provar isso, tiraram os ovos da mistura.
  • 11:40 - 11:43
    De repente, a mistura de bolo era a mesma.
  • 11:43 - 11:45
    Só tinha que adicionar ovos e leite nela.
  • 11:46 - 11:51
    O que aconteceu depois? As misturas para bolo se tornaram bem mais populares.
  • 11:51 - 11:56
    De alguma forma, aquilo que requer o nosso esforço se torna mais interessante.
  • 11:56 - 11:58
    Decidimos experimentar isso,
  • 11:58 - 12:00
    dando instruções às pessoas para fazerem origamis.
  • 12:00 - 12:04
    No alto temos --
  • 12:04 - 12:07
    (Risos)
  • 12:07 - 12:09
    -- no alto temos uma lista dos significados de todos os sinais
  • 12:09 - 12:12
    e temos uma lista de instruções sobre como fazer origami,
  • 12:12 - 12:14
    o que não é tão fácil,
  • 12:14 - 12:16
    e pedimos que as pessoas fizessem.
  • 12:16 - 12:19
    O que foi que aconteceu? Elas criaram coisas
  • 12:19 - 12:21
    que na verdade não se pareciam com o que deviam parecer.
  • 12:21 - 12:25
    Não eram especialistas em origamis.
  • 12:25 - 12:29
    Mas ao analisarmos o valor que as pessoas dão ao origami,
  • 12:29 - 12:31
    houve alguns leilões e as pessoas podiam fazer lances, e por aí vai.
  • 12:31 - 12:36
    Ocorre que as pessoas que não construíram o origami
  • 12:36 - 12:38
    não o acharam muito interessante,
  • 12:38 - 12:41
    enquanto as pessoas que construíram o origami o acharam fantástico.
  • 12:41 - 12:44
    As pessoas que construíram o origami o acharam ótimo.
  • 12:44 - 12:46
    Além disso, as pessoas que construíram o origami,
  • 12:46 - 12:51
    quando pedimos que previssem o quanto as outras pessoas apreciariam o origami,
  • 12:51 - 12:55
    elas acharam que os outros apreciariam tanto quanto elas.
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    O que aconteceu foi que as pessoas que construíram o origami
  • 12:57 - 13:00
    não só o acharam maravilhoso,
  • 13:00 - 13:04
    mas também acharam que os outros o veriam da mesma forma.
  • 13:04 - 13:07
    Agora tínhamos outra condição que nos faz voltar à IKEA.
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    Tínhamos pessoas que receberam instruções fáceis
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    e escondemos de algumas pessoas a parte de cima,
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    para que não tivessem as regras exatas sobre como se montava.
  • 13:18 - 13:21
    Como já esperado, elas construíram origamis ainda piores,
  • 13:21 - 13:23
    ainda mais feios. (Risos)
  • 13:23 - 13:26
    O que aconteceu com as avaliações?
  • 13:26 - 13:30
    As pessoas que o construíram o acharam melhor do que aquelas que apenas o avaliaram.
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    Mas as pessoas que receberam instruções truncadas gostaram ainda mais dos origamis.
  • 13:35 - 13:38
    De repente, prestaram mais atenção, foi mais difícil, mais desafiador.
  • 13:38 - 13:40
    Gostaram mais.
  • 13:40 - 13:43
    E quanto às pessoas que avaliaram os origamis?
  • 13:43 - 13:48
    Gostaram ainda menos porque, obviamente, eles eram mais feios. (Risos)
  • 13:51 - 13:53
    Acho que as crianças são uma boa metáfora para isso.
  • 13:53 - 13:58
    A propósito, estes são meus filhos,
  • 13:58 - 14:03
    Imagine que eu perguntasse: "Por quanto você me venderia seus filhos?"
  • 14:03 - 14:05
    Imagine que eu pudesse apagar as memórias,
  • 14:05 - 14:07
    os pensamentos e as emoções que você tem de seus filhos.
  • 14:07 - 14:10
    Quanto dinheiro eu precisaria dar a você para compensá-lo por isso?
  • 14:10 - 14:15
    A maioria das pessoas, em estado normal, diria que seria necessário muito dinheiro.
  • 14:15 - 14:20
    Ou imagine que você não tenha filhos e que foi a um parque de diversões
  • 14:20 - 14:22
    e encontrou algumas crianças e brincou com elas por algumas horas.
  • 14:22 - 14:25
    Depois de algumas horas, você sabe muito sobre elas,
  • 14:25 - 14:27
    e quando se despediu, os pais das crianças disseram:
  • 14:28 - 14:33
    "A propósito, elas estão estão a venda, caso esteja interessado". (Risos)
  • 14:33 - 14:36
    Quanto você pagaria?
  • 14:36 - 14:39
    E a maioria de nós perceberia que não seria muito,
  • 14:39 - 14:43
    porque o fato é que -- (Risos)
  • 14:47 - 14:51
    -- o fato é que damos muito valor aos nossos filho porque são nossos.
  • 14:51 - 14:53
    Um pouco parecido com os móveis da IKEA, eles
  • 14:53 - 14:56
    são nossos e nos dedicamos muito a eles,
  • 14:56 - 14:58
    e porque é complicado e difícil,
  • 14:58 - 15:04
    as instruções não são claras, e por aí vai. (Risos)
  • 15:04 - 15:06
    Então, minha proposta é que
  • 15:06 - 15:10
    você já sabe que temos este modelo de trabalho incrivelmente simples --
  • 15:10 - 15:13
    motivação tem a ver com recompensa, é basicamente isso,
  • 15:13 - 15:15
    e se pensar no que fazemos no local de trabalho,
  • 15:15 - 15:18
    acontece basicamente como no modelo.
  • 15:18 - 15:20
    Mas esse não é o modelo correto.
  • 15:20 - 15:23
    Na verdade, se pensar em qualquer coisa que exista no mundo,
  • 15:23 - 15:27
    é muito difícil achar que esse modelo é uma boa representação do comportamento humano.
  • 15:27 - 15:31
    Ele representa alguma coisa, mas definitivamente
  • 15:31 - 15:32
    não é uma boa representação do que acontece.
  • 15:32 - 15:35
    Na vida real, temos muitas outras coisas:
  • 15:35 - 15:40
    temos significado, sensação de criação, desafios, e assim por diante.
  • 15:40 - 15:43
    A menos que compreendamos esses diferentes elementos,
  • 15:43 - 15:47
    não acho que possamos criar o ambiente certo.
  • 15:47 - 15:51
    Só um pequeno comentário: podemos pegar dinheiro
  • 15:51 - 15:54
    e podemos fazê-lo satisfazer outras motivações.
  • 15:54 - 15:57
    Por exemplo, podemos conseguir orgulho, pessoas,
  • 15:57 - 15:59
    ter orgulho do dinheiro que temos.
  • 15:59 - 16:01
    Podemos conseguir realização, podemos conseguir competição.
  • 16:01 - 16:04
    O dinheiro pode ser um substituto para todas as outras motivações,
  • 16:04 - 16:09
    mas isto não significa que se trata inerentemente dessas motivações.
  • 16:09 - 16:12
    Os seres humanos são complexos e temos muitas coisas pelas quais nos empenhamos,
  • 16:12 - 16:14
    como ao escalar montanhas,
  • 16:14 - 16:16
    e reduzir isso a apenas que salário recebemos
  • 16:16 - 16:19
    simplesmente não é o modelo correto.
  • 16:19 - 16:21
    Finalmente, queria contar algo a vocês
  • 16:21 - 16:24
    sobre Adam Smith versus Karl Marx.
  • 16:24 - 16:29
    Adam Smith tem uma teoria a respeito da eficiência no trabalho.
  • 16:29 - 16:33
    A teoria era: se você pegar como exemplo a fabricação de um alfinete,
  • 16:33 - 16:38
    no passado, e disser: qual a maneira eficiente de fabricar um alfinete?
  • 16:38 - 16:42
    Ele diz que se uma pessoa participa de todas as etapas da fabricação de um alfinete, é extremamente ineficiente,
  • 16:42 - 16:47
    mas se tiver doze pessoas e cada uma delas participa de uma etapa da fabricação de um alfinete,
  • 16:47 - 16:51
    de repente, em conjunto, ocorre uma enorme eficiência na produção
  • 16:51 - 16:54
    e os resultados da fábrica podem subir drasticamente.
  • 16:54 - 16:59
    E essa era a teoria de eficiência e produtividade.
  • 16:59 - 17:02
    Karl Marx, por outro lado, tinha uma teoria de alienação do trabalho;
  • 17:02 - 17:05
    o quanto você se sente ligado a ele.
  • 17:05 - 17:07
    Se pegar a fabricação de um alfinete e realizá-la
  • 17:07 - 17:09
    em doze etapas, e cada pessoa realizar uma etapa,
  • 17:09 - 17:13
    qual a ligação que as pessoas sentem, se estiverem fazendo a mesma coisa o tempo todo,
  • 17:13 - 17:15
    o dia inteiro, nunca vendo o progresso
  • 17:15 - 17:18
    ou fabricação do produto final naquilo que fazem.
  • 17:19 - 17:25
    Acho que na era pré-industrial Adam Smith estava certo;
  • 17:25 - 17:28
    era possível agregar mais valor em função da maior eficiência
  • 17:28 - 17:30
    do que em função da alienação do trabalho.
  • 17:30 - 17:35
    Mas não estamos nessa era. Agora estamos em uma espécie de economia do conhecimento
  • 17:35 - 17:37
    de muitas coisas das quais gostamos.
  • 17:37 - 17:41
    Na verdade, acho que na economia do conhecimento as coisas se inverteram.
  • 17:41 - 17:44
    Se você disser: "Vamos pegar uma tarefa, programação, fabricação de computador, seja o que for...
  • 17:44 - 17:49
    e parti-la em diversas tarefas menores, para tornar as coisas muito mais eficientes".
  • 17:49 - 17:53
    Talvez alcançássemos mais eficiência no mundo de Adam Smith,
  • 17:53 - 17:59
    mas alcançaríamos o mesmo tipo de aperfeiçoamento, preocupação, motivação e significado?
  • 17:59 - 18:02
    E talvez estejamos simplesmente tomando a abordagem errada
  • 18:02 - 18:04
    e pegamos grandes tarefas e tentamos dividi-las
  • 18:04 - 18:07
    em muitas coisas. Na verdade, estamos nos prejudicando.
  • 18:07 - 18:11
    Então, acho que agora as coisas estão invertidas, na verdade.
  • 18:11 - 18:13
    E como comentário final,
  • 18:13 - 18:17
    Acho que podemos fazer muita coisa para motivar pessoas.
  • 18:17 - 18:20
    Acho que podemos fazer coisas que motivem pessoas e façam muito mais,
  • 18:20 - 18:23
    mas ao menos, eu acho, deveríamos tentar não repetir
  • 18:23 - 18:25
    a experiência do Lego na vida cotidiana.
  • 18:25 - 18:28
    No mínimo, deveríamos tentar não diminuir a motivação das pessoas,
  • 18:28 - 18:31
    o que acho que estamos fazendo com extrema frequência.
  • 18:31 - 18:32
    Muito obrigado!
  • 18:32 - 18:34
    (Aplausos)
Title:
Motivações humanas básicas e previsivelmente irracionais: Dan Ariely, no TEDxMidwest.
Description:

Dan Ariely, autor mais vendido e professor de economia comportamental, examina a essência da motivação humana. Suas experiências inteligentes, porém extremamente simples, revelam verdades universais a respeito da irracionalidade humana e sobre como aumentar a motivação.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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