Motivações humanas básicas e previsivelmente irracionais: Dan Ariely, no TEDxMidwest.
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0:12 - 0:17Certo. Hoje, quero falar um pouco sobre motivação humana.
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0:17 - 0:20O que nos faz agir, nos empenhar e sermos produtivos.
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0:22 - 0:24E o ponto de partida,
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0:24 - 0:26principalmente estando em Chicago, perto da Universidade de Chicago,
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0:26 - 0:29no Departamento de Economia de Chicago,
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0:29 - 0:34acho que vale a pena pensar que nossa ideia básica a respeito da motivação humana
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0:34 - 0:36é que pensamos em pessoas como se fossem ratos.
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0:36 - 0:38As pessoas não gostam de trabalhar.
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0:38 - 0:41Se pudéssemos escolher o que fazer, segundo nossa própria vontade,
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0:41 - 0:44estaríamos numa praia em algum lugar, bebericando "mojitos".
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0:44 - 0:48A única razão pela qual trabalhamos é que precisamos ganhar dinheiro,
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0:48 - 0:52para que, enfim, possamos sentar na praia e beber "mojitos".
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0:52 - 0:54(Risos)
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0:54 - 0:57Mas a motivação básica é o lazer, e não o trabalho,
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0:57 - 1:02e todo o resto é apenas distração para para que possamos fazer isso.
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1:02 - 1:05É um ótimo modelo, mas deveríamos nos perguntar:
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1:05 - 1:08"Essa é uma boa descrição da motivação humana?
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1:08 - 1:12É mesmo isso que nos leva a agir e fazer as coisas?"
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1:12 - 1:16Um exemplo de desafio é escalar montanhas.
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1:16 - 1:19Se analisar pessoas que escalaram diferentes montanhas
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1:19 - 1:22e suas descrições, histórias e estórias,
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1:22 - 1:26você vai achar que essa é a pior coisa do mundo.
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1:26 - 1:28Elas sentem frio, têm ulcerações de frio,
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1:28 - 1:31é difícil respirar, é complicado.
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1:31 - 1:33Eu escalei um pequeno pico no Himalaia, muitos anos atrás,
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1:33 - 1:35e talvez você ache que chegaria ao topo,
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1:35 - 1:38se sentaria lá e apreciaria a paisagem.
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1:38 - 1:41Não! É frio, ruim, e você está cansado.
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1:41 - 1:47Você vai querer descer de lá o mais rápido possível. (Risos)
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1:47 - 1:48E se você analisar esse comportamento
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1:48 - 1:53isso é algo em que cada instante é uma agonia,
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1:53 - 1:55parece um castigo,
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1:55 - 1:58e, depois que as pessoas descem, tudo que querem é subir novamente.
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1:58 - 2:01Querem se recuperar primeiro, mas depois querem subir novamente.
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2:01 - 2:03Como essa visão se encaixa em nossa teoria
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2:03 - 2:05de pessoas sentadas na praia bebendo "mojitos"?
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2:05 - 2:08Parece que ou as pessoas são loucas por castigo --
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2:08 - 2:10(Não é? Queremos sofrer.) --
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2:10 - 2:14ou o que realmente nos motiva não é diversão,
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2:14 - 2:16não é conforto, mas outras coisas.
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2:16 - 2:19Tem a ver com realização, tem a ver com conquista,
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2:19 - 2:24tem a ver com alcançar uma meta, tem a ver com chegar em um pico.
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2:24 - 2:27Na verdade, me interessei por esse assunto
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2:27 - 2:31quando um dos meus ex-alunos veio conversar comigo.
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2:31 - 2:34Seu nome era David. Ele deixou a universidade alguns anos antes
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2:34 - 2:38e se tornou consultor ou bancário em Wall Street.
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2:38 - 2:40Ele trabalhava para um grande banco
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2:40 - 2:43e me disse que trabalhou por algumas semanas em uma apresentação importante
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2:43 - 2:46sobre uma fusão que iria acontecer.
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2:46 - 2:51Ele trabalhou durante noites, além do horário, para criar uma bela apresentação
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2:51 - 2:52com estatísticas, gráficos e descrições.
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2:52 - 2:56Ele estava muito orgulhoso de seu trabalho e realmente gostou de fazê-lo.
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2:56 - 2:59Então, ele o enviou para seu chefe, e o chefe disse:
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2:59 - 3:01David, ótimo trabalho, a fusão foi cancelada".
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3:01 - 3:05Ele ficou arrasado!
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3:05 - 3:08O mais interessante
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3:08 - 3:11é que o chefe disse, de um ponto de vista prático, que o trabalho estava ótimo.
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3:11 - 3:15Lá estava ele, fez um bom trabalho, gostou de realizá-lo,
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3:15 - 3:19o chefe dele agradeceu e ele estava certo
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3:19 - 3:21de que conseguiria um aumento quando chegasse a hora,
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3:21 - 3:26mas ao mesmo tempo não se importava mais.
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3:26 - 3:31Estava trabalhando em outro documento, mas não se empenhava como antes.
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3:31 - 3:34Agora, a questão é: o que aconteceu com ele? O que houve?
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3:34 - 3:39O questão prática estava boa, mas algo estava faltando.
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3:39 - 3:42Então, para entender isso, decidi fazer algumas pequenas experiências.
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3:42 - 3:46As experiências que iniciamos tinham a ver com montagem de "Bionicles".
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3:46 - 3:50"Bionicles" são pequenos robôs de Lego, com cerca de 40 peças,
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3:50 - 3:52e vocês vão montá-los.
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3:52 - 3:55Convidamos algumas pessoas para visitarem o Centro de Estudantes
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3:55 - 3:58e dissemos: "Você topa montar bonecos de Lego por dinheiro?
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3:58 - 4:02Quer montar o primeiro? Pode ganhar três dólares se conseguir."
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4:02 - 4:05Depois que terminavam o primeiro, pedíamos: "Quer montar outro?
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4:05 - 4:08Por esse, você ganha US$2,70.
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4:08 - 4:11Quando terminar esse, quer fazer outro por US$2,40,
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4:11 - 4:12US$2,10,
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4:12 - 4:13US$1,80?"
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4:13 - 4:15E assim por diante, com valores cada vez menores.
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4:15 - 4:18E eram as pessoas que tinham de decidir quando parar.
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4:18 - 4:20Em que momento o dinheiro que ganhavam
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4:20 - 4:23montando Lego deixava de valer a pena pelo tempo gasto?
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4:23 - 4:25Fizemos isso com duas condições.
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4:25 - 4:28A primeira é essa que contei a vocês agora.
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4:28 - 4:32As pessoas montavam um Lego após outro
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4:32 - 4:35e quando terminavam de montá-los,
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4:35 - 4:36quando terminavam de montar cada um deles,
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4:36 - 4:38nós os pegávamos, colocávamos embaixo da mesa
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4:38 - 4:40e dizíamos que quando terminassem a experiência inteira
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4:40 - 4:43nós os desmontaríamos
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4:43 - 4:46e os colocaríamos nas caixas para o próximo participante.
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4:46 - 4:49Esta é a condição "significativa", como a chamamos.
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4:49 - 4:56Não significa muita coisa, somos acadêmicos, mas significa alguma coisa. (Risos).
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4:56 - 5:02Chamamos a segunda experiência de "condição de Sísifo".
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5:02 - 5:05Nessa experiência, as pessoas começavam montando um Lego
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5:05 - 5:07e, quando terminavam, pegávamos de volta
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5:07 - 5:09e dizíamos: "Quer montar outro?"
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5:09 - 5:12Se quisessem montar outro, entregávamos o segundo,
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5:12 - 5:14mas, enquanto montavam o segundo,
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5:14 - 5:17desmontávamos o primeiro diante de seus olhos.
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5:17 - 5:22E se quisessem montar um terceiro, devolveríamos o primeiro desmontado.
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5:22 - 5:26Então era uma reciclagem total.
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5:26 - 5:30E chamávamos isso de "condição de Sísifo", por causa de Sísifo,
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5:30 - 5:33que empurrava a mesma pedra até o topo do mesmo monte, continuamente.
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5:34 - 5:36Podemos comparar a relação que há entre os fatores desmotivadores
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5:36 - 5:38de Sísifo: os que vêm do fato
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5:38 - 5:40de ele empurrar a mesma rocha no mesmo monte,
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5:40 - 5:43e os que vêm do fato de ele empurrar a mesma rocha num monte diferente.
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5:43 - 5:46Montar algo, vê-lo ser destruído
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5:46 - 5:48diante de seus olhos e montá-lo novamente
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5:48 - 5:52parece meio que um fator essencial para que as pessoas fiquem desmotivadas.
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5:52 - 5:54E eis o que descobrimos:
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5:54 - 5:57numa condição significativa, as pessoas montam cerca de onze robôs,
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5:57 - 6:00enquanto na condição de Sísifo, montam apenas sete.
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6:00 - 6:03Também pedimos a outras pessoas que não participaram
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6:03 - 6:05da experiência para que tentassem adivinhar a reação dos que participaram:
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6:05 - 6:09quantas montagens a mais as pessoas sob a condição significativa fariam do que as pessoas sob a condição de Sísifo
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6:09 - 6:13E as previsões foram corretas, mas subestimaram drasticamente o efeito.
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6:13 - 6:15As pessoas achavam que a diferença seria de um robô, em média,
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6:15 - 6:19mas a diferença foi muito, muito maior.
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6:19 - 6:22Então concluímos que o significado é importante.
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6:22 - 6:26Simplesmente subestimamos demais o quanto isso é importante.
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6:26 - 6:29Vou contar para vocês: recentemente fui dar uma palestra numa grande empresa de "software".
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6:29 - 6:33Era uma empresa na qual um grupo de pessoas
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6:34 - 6:36trabalhou durante dois anos projetando um determinado produto.
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6:36 - 6:39Eles achavam que este produto era o melhor que a empresa tinha.
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6:39 - 6:41Depois de dois anos trabalhando nisso,
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6:41 - 6:45uma semana antes de eu vir, o diretor executivo cancelou o projeto.
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6:45 - 6:50Nunca vi um grupo tão desmotivado em toda a minha vida.
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6:50 - 6:54Todos eles me disseram que se sentiram como se fizessem parte desta experiência do Lego.
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6:54 - 6:57Eles trabalharam durante muito tempo para ver seu trabalho simplesmente destruído diante deles.
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6:57 - 7:02Acho que o chefe deles cometeu o mesmo erro que nas previsões feitas para nossa experiência:
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7:02 - 7:05ele achou que o significado era provavelmente algo de pouca importância,
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7:05 - 7:06e não entendeu o impacto disso,
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7:06 - 7:11nem como acabou ficando com um grupo totalmente desmotivado, e por aí vai.
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7:13 - 7:18Houve outro aspecto interessante nessa experiência:
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7:18 - 7:20se você analisar a relação entre o quanto
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7:20 - 7:23as pessoas naturalmente adoram Lego e o quanto eles persistiam,
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7:23 - 7:26seria esperado que aqueles que adoram Lego montariam mais,
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7:26 - 7:28e aqueles que não adoram Lego montariam menos;
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7:28 - 7:30haveria uma diferença individual.
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7:30 - 7:32De fato, houve diferenças individuais.
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7:32 - 7:35Sob a condição significativa, aqueles que adoravam Lego montavam mais
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7:35 - 7:37e aqueles que não adoravam Lego não montavam tantos assim.
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7:37 - 7:41Na condição de Sísifo, a correlação foi zero,
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7:41 - 7:45que me diz basicamente que bloqueamos todo o prazer que as pessoas
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7:45 - 7:48naturalmente tinham de montar Lego.
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7:48 - 7:51Algumas pessoas vinham com uma disposição natural para o Lego,
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7:51 - 7:53mas nós basicamente conseguimos reprimir isso...
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7:53 - 7:58(Risos)
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7:59 - 8:02Então, na experiência seguinte, queríamos descobrir
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8:02 - 8:06o efeito que diferenças ainda menores poderiam causar.
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8:06 - 8:10Então demos às pessoas uma folha de papel com várias letras nelas, e dissemos:
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8:10 - 8:12"Procurem duas letras que estejam juntam e sejam iguais".
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8:12 - 8:15Era um jogo randômico e fizemos a mesma coisa.
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8:15 - 8:17Pagamos a eles mais pela primeira folha e menos pela folha seguinte, e assim por diante.
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8:18 - 8:21Tínhamos três condições.
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8:21 - 8:25Na primeira condição, a cada vez que me davam uma folha, já que era eu quem estava realizando a experiência,
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8:25 - 8:28eu pedia para que você escrevesse seu nome no topo da folha, eu analisava assim.
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8:28 - 8:32Eu dizia: "Aha!". E a colocaria na pilha..
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8:32 - 8:35Na condição seguinte, não era preciso escrever seu nome.
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8:35 - 8:38Eu simplesmente pegava a folha de papel e, sem olhar,
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8:38 - 8:41a colocava na pilha de papel;
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8:41 - 8:43nenhum reconhecimento, apenas a deixava ali.
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8:43 - 8:46Na terceira condição, se me desse uma folha de papel,
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8:46 - 8:51eu a recolhia e imediatamente a picava em pedaços. (Risos)
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8:51 - 8:58Agora a pergunta é o quanto as pessoas produziam nessas três condições.
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8:58 - 9:00O que vou mostrar aqui para vocês é qual a quantia mínima
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9:00 - 9:02de dinheiro pela qual as pessoas estão dispostas a trabalhar, certo?
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9:02 - 9:07Quanto tempo levou, pouco dinheiro significa que as pessoas se divertem mais.
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9:07 - 9:09Então conseguimos repetir o primeiro resultado.
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9:09 - 9:11Na condição admitida onde você diz
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9:11 - 9:15"aha!", as pessoas estavam dispostas a trabalhar por até 0,15 dólares por página,
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9:15 - 9:16realmente muito pouco.
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9:16 - 9:20Na condição picada, queriam duas vezes mais dinheiro
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9:20 - 9:23e a questão é: o que acontece na condição ignorada?
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9:23 - 9:25A condição ignorada é igual à picada?
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9:25 - 9:27É igual à reconhecida? Está entre as duas?
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9:28 - 9:31Ocorre que foi muito parecida com a condição picada.
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9:31 - 9:34Então, se você quiser realmente desmotivar as pessoas, picar o trabalho delas
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9:34 - 9:37realmente funciona. (Risos)
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9:37 - 9:39Mas acontece que simplesmente ignorá-las
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9:39 - 9:45é meio caminho andado, na verdade, quase... (Risos)
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9:48 - 9:50Então esta foi uma parte da motivação,
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9:50 - 9:54trata-se de sentir que há significado naquilo que se faz
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9:54 - 9:57e se aceita, e por aí vai, e fizemos isso principalmente
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9:57 - 9:59destruindo a motivação das pessoas.
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10:00 - 10:02Vamos pensar um instante na outra parte,
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10:02 - 10:04que é como fazer com que as pessoas fiquem mais motivadas.
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10:04 - 10:07Como levar as pessoas a fazer mais.
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10:07 - 10:12A ideia me surgiu aqui, depois de ir à IKEA.
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10:12 - 10:16Não sei quanto a vocês, mas gosto da IKEA, e toda vez que compro um móvel,
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10:16 - 10:21me vejo levando muito mais tempo do que esperava para montá-lo
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10:21 - 10:24e as instruções são confusas.
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10:24 - 10:27Sempre que monto uma parte, tenho que desmontar,
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10:27 - 10:32e quando acho que é de um jeito, geralmente erro em mais da metade das vezes.
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10:32 - 10:34Com isso tudo, a ideia é:
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10:34 - 10:41O resultado disso seria que amo mais a minha mobília?
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10:41 - 10:43O fato de eu ter que montá-los, criá-los,
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10:43 - 10:49gera uma ligação particular entre minha mobília e eu?
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10:49 - 10:51Chamo isso de efeito IKEA.
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10:51 - 10:56Uma prova disto é a mistura para bolo.
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10:56 - 10:58Quando as misturas para bolo surgiram nos anos 1950,
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10:58 - 11:01para surpresa das pessoas que fabricavam essas misturas,
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11:01 - 11:03elas não alcançaram muita popularidade.
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11:03 - 11:04A questão é: por quê?
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11:04 - 11:08Massas de torta eram populares, biscoitos eram populares,
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11:08 - 11:12qualquer outro tipo de mistura era popular, mas bolos não.
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11:12 - 11:17Uma das hipóteses era de que talvez as pessoas não tinham muito o que fazer nesses bolos.
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11:17 - 11:23Talvez se você pegar uma mistura e acrescentar um pouco de água,
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11:23 - 11:25colocá-la no forno, assá-la,
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11:25 - 11:29e alguém disser que o bolo está ótimo, você não se sinta bem com isso.
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11:29 - 11:31Talvez o fato de não exigir
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11:31 - 11:34muito trabalho fez com que as misturas para bolo não fossem tão interessantes.
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11:34 - 11:37Isso ficou conhecido como "a teoria do ovo".
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11:37 - 11:40E para provar isso, tiraram os ovos da mistura.
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11:40 - 11:43De repente, a mistura de bolo era a mesma.
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11:43 - 11:45Só tinha que adicionar ovos e leite nela.
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11:46 - 11:51O que aconteceu depois? As misturas para bolo se tornaram bem mais populares.
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11:51 - 11:56De alguma forma, aquilo que requer o nosso esforço se torna mais interessante.
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11:56 - 11:58Decidimos experimentar isso,
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11:58 - 12:00dando instruções às pessoas para fazerem origamis.
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12:00 - 12:04No alto temos --
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12:04 - 12:07(Risos)
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12:07 - 12:09-- no alto temos uma lista dos significados de todos os sinais
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12:09 - 12:12e temos uma lista de instruções sobre como fazer origami,
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12:12 - 12:14o que não é tão fácil,
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12:14 - 12:16e pedimos que as pessoas fizessem.
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12:16 - 12:19O que foi que aconteceu? Elas criaram coisas
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12:19 - 12:21que na verdade não se pareciam com o que deviam parecer.
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12:21 - 12:25Não eram especialistas em origamis.
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12:25 - 12:29Mas ao analisarmos o valor que as pessoas dão ao origami,
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12:29 - 12:31houve alguns leilões e as pessoas podiam fazer lances, e por aí vai.
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12:31 - 12:36Ocorre que as pessoas que não construíram o origami
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12:36 - 12:38não o acharam muito interessante,
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12:38 - 12:41enquanto as pessoas que construíram o origami o acharam fantástico.
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12:41 - 12:44As pessoas que construíram o origami o acharam ótimo.
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12:44 - 12:46Além disso, as pessoas que construíram o origami,
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12:46 - 12:51quando pedimos que previssem o quanto as outras pessoas apreciariam o origami,
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12:51 - 12:55elas acharam que os outros apreciariam tanto quanto elas.
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12:55 - 12:57O que aconteceu foi que as pessoas que construíram o origami
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12:57 - 13:00não só o acharam maravilhoso,
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13:00 - 13:04mas também acharam que os outros o veriam da mesma forma.
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13:04 - 13:07Agora tínhamos outra condição que nos faz voltar à IKEA.
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13:07 - 13:10Tínhamos pessoas que receberam instruções fáceis
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13:10 - 13:13e escondemos de algumas pessoas a parte de cima,
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13:13 - 13:18para que não tivessem as regras exatas sobre como se montava.
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13:18 - 13:21Como já esperado, elas construíram origamis ainda piores,
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13:21 - 13:23ainda mais feios. (Risos)
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13:23 - 13:26O que aconteceu com as avaliações?
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13:26 - 13:30As pessoas que o construíram o acharam melhor do que aquelas que apenas o avaliaram.
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13:30 - 13:35Mas as pessoas que receberam instruções truncadas gostaram ainda mais dos origamis.
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13:35 - 13:38De repente, prestaram mais atenção, foi mais difícil, mais desafiador.
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13:38 - 13:40Gostaram mais.
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13:40 - 13:43E quanto às pessoas que avaliaram os origamis?
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13:43 - 13:48Gostaram ainda menos porque, obviamente, eles eram mais feios. (Risos)
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13:51 - 13:53Acho que as crianças são uma boa metáfora para isso.
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13:53 - 13:58A propósito, estes são meus filhos,
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13:58 - 14:03Imagine que eu perguntasse: "Por quanto você me venderia seus filhos?"
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14:03 - 14:05Imagine que eu pudesse apagar as memórias,
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14:05 - 14:07os pensamentos e as emoções que você tem de seus filhos.
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14:07 - 14:10Quanto dinheiro eu precisaria dar a você para compensá-lo por isso?
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14:10 - 14:15A maioria das pessoas, em estado normal, diria que seria necessário muito dinheiro.
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14:15 - 14:20Ou imagine que você não tenha filhos e que foi a um parque de diversões
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14:20 - 14:22e encontrou algumas crianças e brincou com elas por algumas horas.
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14:22 - 14:25Depois de algumas horas, você sabe muito sobre elas,
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14:25 - 14:27e quando se despediu, os pais das crianças disseram:
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14:28 - 14:33"A propósito, elas estão estão a venda, caso esteja interessado". (Risos)
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14:33 - 14:36Quanto você pagaria?
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14:36 - 14:39E a maioria de nós perceberia que não seria muito,
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14:39 - 14:43porque o fato é que -- (Risos)
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14:47 - 14:51-- o fato é que damos muito valor aos nossos filho porque são nossos.
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14:51 - 14:53Um pouco parecido com os móveis da IKEA, eles
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14:53 - 14:56são nossos e nos dedicamos muito a eles,
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14:56 - 14:58e porque é complicado e difícil,
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14:58 - 15:04as instruções não são claras, e por aí vai. (Risos)
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15:04 - 15:06Então, minha proposta é que
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15:06 - 15:10você já sabe que temos este modelo de trabalho incrivelmente simples --
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15:10 - 15:13motivação tem a ver com recompensa, é basicamente isso,
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15:13 - 15:15e se pensar no que fazemos no local de trabalho,
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15:15 - 15:18acontece basicamente como no modelo.
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15:18 - 15:20Mas esse não é o modelo correto.
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15:20 - 15:23Na verdade, se pensar em qualquer coisa que exista no mundo,
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15:23 - 15:27é muito difícil achar que esse modelo é uma boa representação do comportamento humano.
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15:27 - 15:31Ele representa alguma coisa, mas definitivamente
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15:31 - 15:32não é uma boa representação do que acontece.
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15:32 - 15:35Na vida real, temos muitas outras coisas:
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15:35 - 15:40temos significado, sensação de criação, desafios, e assim por diante.
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15:40 - 15:43A menos que compreendamos esses diferentes elementos,
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15:43 - 15:47não acho que possamos criar o ambiente certo.
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15:47 - 15:51Só um pequeno comentário: podemos pegar dinheiro
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15:51 - 15:54e podemos fazê-lo satisfazer outras motivações.
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15:54 - 15:57Por exemplo, podemos conseguir orgulho, pessoas,
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15:57 - 15:59ter orgulho do dinheiro que temos.
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15:59 - 16:01Podemos conseguir realização, podemos conseguir competição.
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16:01 - 16:04O dinheiro pode ser um substituto para todas as outras motivações,
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16:04 - 16:09mas isto não significa que se trata inerentemente dessas motivações.
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16:09 - 16:12Os seres humanos são complexos e temos muitas coisas pelas quais nos empenhamos,
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16:12 - 16:14como ao escalar montanhas,
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16:14 - 16:16e reduzir isso a apenas que salário recebemos
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16:16 - 16:19simplesmente não é o modelo correto.
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16:19 - 16:21Finalmente, queria contar algo a vocês
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16:21 - 16:24sobre Adam Smith versus Karl Marx.
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16:24 - 16:29Adam Smith tem uma teoria a respeito da eficiência no trabalho.
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16:29 - 16:33A teoria era: se você pegar como exemplo a fabricação de um alfinete,
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16:33 - 16:38no passado, e disser: qual a maneira eficiente de fabricar um alfinete?
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16:38 - 16:42Ele diz que se uma pessoa participa de todas as etapas da fabricação de um alfinete, é extremamente ineficiente,
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16:42 - 16:47mas se tiver doze pessoas e cada uma delas participa de uma etapa da fabricação de um alfinete,
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16:47 - 16:51de repente, em conjunto, ocorre uma enorme eficiência na produção
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16:51 - 16:54e os resultados da fábrica podem subir drasticamente.
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16:54 - 16:59E essa era a teoria de eficiência e produtividade.
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16:59 - 17:02Karl Marx, por outro lado, tinha uma teoria de alienação do trabalho;
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17:02 - 17:05o quanto você se sente ligado a ele.
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17:05 - 17:07Se pegar a fabricação de um alfinete e realizá-la
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17:07 - 17:09em doze etapas, e cada pessoa realizar uma etapa,
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17:09 - 17:13qual a ligação que as pessoas sentem, se estiverem fazendo a mesma coisa o tempo todo,
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17:13 - 17:15o dia inteiro, nunca vendo o progresso
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17:15 - 17:18ou fabricação do produto final naquilo que fazem.
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17:19 - 17:25Acho que na era pré-industrial Adam Smith estava certo;
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17:25 - 17:28era possível agregar mais valor em função da maior eficiência
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17:28 - 17:30do que em função da alienação do trabalho.
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17:30 - 17:35Mas não estamos nessa era. Agora estamos em uma espécie de economia do conhecimento
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17:35 - 17:37de muitas coisas das quais gostamos.
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17:37 - 17:41Na verdade, acho que na economia do conhecimento as coisas se inverteram.
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17:41 - 17:44Se você disser: "Vamos pegar uma tarefa, programação, fabricação de computador, seja o que for...
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17:44 - 17:49e parti-la em diversas tarefas menores, para tornar as coisas muito mais eficientes".
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17:49 - 17:53Talvez alcançássemos mais eficiência no mundo de Adam Smith,
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17:53 - 17:59mas alcançaríamos o mesmo tipo de aperfeiçoamento, preocupação, motivação e significado?
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17:59 - 18:02E talvez estejamos simplesmente tomando a abordagem errada
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18:02 - 18:04e pegamos grandes tarefas e tentamos dividi-las
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18:04 - 18:07em muitas coisas. Na verdade, estamos nos prejudicando.
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18:07 - 18:11Então, acho que agora as coisas estão invertidas, na verdade.
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18:11 - 18:13E como comentário final,
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18:13 - 18:17Acho que podemos fazer muita coisa para motivar pessoas.
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18:17 - 18:20Acho que podemos fazer coisas que motivem pessoas e façam muito mais,
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18:20 - 18:23mas ao menos, eu acho, deveríamos tentar não repetir
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18:23 - 18:25a experiência do Lego na vida cotidiana.
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18:25 - 18:28No mínimo, deveríamos tentar não diminuir a motivação das pessoas,
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18:28 - 18:31o que acho que estamos fazendo com extrema frequência.
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18:31 - 18:32Muito obrigado!
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18:32 - 18:34(Aplausos)
- Title:
- Motivações humanas básicas e previsivelmente irracionais: Dan Ariely, no TEDxMidwest.
- Description:
-
Dan Ariely, autor mais vendido e professor de economia comportamental, examina a essência da motivação humana. Suas experiências inteligentes, porém extremamente simples, revelam verdades universais a respeito da irracionalidade humana e sobre como aumentar a motivação.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:44