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Medicamento de emergência para a febre do planeta

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    Estou aqui para falar de algo importante
    que pode ser novo para vocês.
  • 0:05 - 0:07
    Os governos mundiais
  • 0:07 - 0:09
    estão prestes a fazer
    uma experiência involuntária
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    no nosso clima.
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    Em 2020, novas regras irão exigir
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    que os navios diminuam
    as suas emissões de enxofre
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    mantendo limpos os tubos de escape
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    ou mudando para combustíveis limpos.
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    Para a saúde humana, isso é muito bom,
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    porém, as partículas de enxofre
    emitidas pelos navios
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    também afetam as nuvens.
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    Esta é uma imagem de satélite
    de nuvens marinhas
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    na costa ocidental do Pacífico nos EUA.
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    Os riscos nas nuvens são criadas
    pelos escapes dos navios.
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    As emissões dos navios incluem gases
    que geram o efeito de estufa,
  • 0:41 - 0:44
    que retêm o calor durante longos períodos,
  • 0:44 - 0:47
    e partículas de sulfatos
    que se introduzem nas nuvens
  • 0:47 - 0:50
    e as tornam mais claras temporariamente.
  • 0:50 - 0:53
    As nuvens mais claras refletem
    mais luz do sol para o espaço,
  • 0:53 - 0:55
    arrefecendo o clima.
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    Então, de facto,
  • 0:57 - 1:00
    os seres humanos estão a fazer
    duas experiências involuntárias
  • 1:00 - 1:01
    no nosso clima.
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    Na primeira, aumentamos a concentração
    de gases com efeito de estufa,
  • 1:05 - 1:08
    e a aquecer gradualmente
    o sistema terrestre.
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    Isto funciona quase
    como a febre no corpo humano.
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    Se a febre continua baixa,
    os seus efeitos são ligeiros,
  • 1:15 - 1:17
    mas à medida que a febre sobe,
    os danos tornam-se mais graves
  • 1:17 - 1:20
    e por fim tornam-se devastadores.
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    Nós já temos hoje um vislumbre disso.
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    Na outra experiência,
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    estamos a planear remover
    uma camada de partículas
  • 1:27 - 1:30
    que clareiam as nuvens e nos protegem
    um pouco desse aquecimento.
  • 1:30 - 1:34
    O efeito é mais acentuado
    nas nuvens oceânicas como estas,
  • 1:34 - 1:38
    e os cientistas esperam que a redução
    das emissões de enxofre dos navios,
  • 1:38 - 1:39
    no próximo ano,
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    produza um aumento significativo
    no aquecimento global.
  • 1:44 - 1:46
    Estão chocados?
  • 1:46 - 1:50
    De facto, a maior parte das emissões
    contém sulfatos que clareiam as nuvens:
  • 1:50 - 1:54
    carvão, resíduos de diesel,
    incêndios florestais.
  • 1:54 - 1:58
    Os cientistas estimam que o arrefecimento
    total causado pelas partículas emitidas
  • 1:58 - 2:01
    — a que eles chamam aerossóis
    quando estão na atmosfera —
  • 2:01 - 2:05
    pode ser tão grande quanto o aquecimento
    a que temos assistido até agora.
  • 2:06 - 2:09
    Há muita incerteza quanto a este efeito,
  • 2:09 - 2:13
    e esse é um dos principais motivos
    da dificuldade em prever o clima,
  • 2:13 - 2:18
    mas é um arrefecimento que iremos perder
    à medida que as emissões diminuam.
  • 2:18 - 2:22
    Então, para ser clara, os seres humanos
    estão atualmente a arrefecer o planeta
  • 2:23 - 2:27
    ao emitirem partículas para a atmosfera
    numa escala astronómica.
  • 2:27 - 2:30
    O efeito ainda não está quantificado
    e estamos a provocá-lo involuntariamente.
  • 2:31 - 2:33
    É um motivo para preocupação,
  • 2:33 - 2:36
    mas significa que possuímos um método
    rápido para reduzir o aquecimento,
  • 2:36 - 2:40
    um medicamento de emergência
    para a febre atmosférica, se necessário,
  • 2:40 - 2:43
    e é um medicamento
    cujas origens estão na Natureza.
  • 2:44 - 2:47
    Esta é uma simulação da NASA
    da atmosfera terrestre,
  • 2:47 - 2:50
    mostrando nuvens e partículas
    em movimento sobre o planeta.
  • 2:50 - 2:55
    A claridade é a luz solar
    das partículas refletida nas nuvens,
  • 2:55 - 2:58
    e este escudo de reflexão
    é um dos métodos principais
  • 2:58 - 3:01
    da Natureza para manter o planeta
    suficientemente fresco para os humanos
  • 3:02 - 3:04
    e para toda a vida que conhecemos.
  • 3:04 - 3:07
    Em 2015, os cientistas
    avaliaram as possibilidades
  • 3:07 - 3:09
    para o arrefecimento rápido do clima.
  • 3:09 - 3:12
    Puseram de lado ideias
    como espelhos no espaço,
  • 3:12 - 3:17
    bolas de pingue-pongue no oceano,
    placas de plástico no Ártico,
  • 3:17 - 3:20
    e descobriram que
    as abordagens mais viáveis
  • 3:20 - 3:24
    envolviam um aumento ligeiro
    neste reflexo atmosférico.
  • 3:24 - 3:28
    O aumento do reflexo
    da luz solar da atmosfera
  • 3:28 - 3:30
    em 1% ou 2%
  • 3:31 - 3:34
    talvez possa provocar a diminuição
    de dois ou mais graus Celsius.
  • 3:36 - 3:39
    Eu sou diretora da área tecnológica,
    não sou uma cientista.
  • 3:39 - 3:42
    Há cerca de uma década,
    preocupada com o clima,
  • 3:42 - 3:44
    comecei a falar com cientistas
  • 3:44 - 3:47
    sobre possíveis medidas
    de combate ao aquecimento.
  • 3:47 - 3:50
    Essas conversas transformaram-se
    em cooperações
  • 3:50 - 3:53
    que deram origem ao Projeto
    de Clareamento das Nuvens Marinhas
  • 3:53 - 3:55
    — tema que irei explorar
    dentro de instantes —
  • 3:55 - 3:59
    e na organização sem fins lucrativos
    SilverLining, onde estou hoje.
  • 3:59 - 4:03
    Eu trabalho com políticos,
    com investigadores,
  • 4:03 - 4:05
    com membros do setor tecnológico e outros
  • 4:05 - 4:08
    para falar sobre algumas dessas ideias.
  • 4:08 - 4:11
    Conversei com o cientista
    atmosférico britânico, John Latham,
  • 4:11 - 4:15
    que propôs arrefecer o clima
    do mesmo modo que os navios fazem,
  • 4:15 - 4:17
    mas com uma fonte natural de partículas:
  • 4:17 - 4:20
    um "spray" de sal marinho
    feito com água do mar
  • 4:20 - 4:23
    borrifado pelos navios nas áreas
    de nuvens oceânicas de fácil acesso.
  • 4:23 - 4:26
    O método ficou conhecido
    pelo nome que eu lhe dei,
  • 4:26 - 4:28
    "clareamento das nuvens marinhas"
  • 4:28 - 4:32
    Os estudos dos modelos iniciais
    sugeriam que aplicar este método
  • 4:32 - 4:36
    apenas em 10% a 20%
    de nuvens oceânicas,
  • 4:36 - 4:41
    poderá diminuir o aquecimento
    até dois graus Celsius.
  • 4:41 - 4:44
    Poderá até mesmo clarear nuvens
    de áreas específicas
  • 4:44 - 4:49
    para reduzir os impactos causados
    pelo aquecimento de superfícies oceânicas.
  • 4:49 - 4:52
    Por exemplo, regiões
    como o Golfo Atlântico
  • 4:52 - 4:54
    poderão ser arrefecidas
    antes da época de furacões
  • 4:54 - 4:57
    para reduzir a força das tempestades.
  • 4:57 - 5:00
    Ou talvez seja possível arrefecer
    as águas dos recifes de corais
  • 5:00 - 5:02
    danificados pelo calor,
  • 5:02 - 5:05
    por exemplo, na Austrália,
    a Grande Barreira de Coral.
  • 5:05 - 5:07
    Mas essas ideias são apenas teóricas,
  • 5:07 - 5:10
    e o clareamento de nuvens marinhas
    pode não ser a única maneira
  • 5:10 - 5:14
    de aumentar a capacidade atmosférica
    de reflexo da luz solar.
  • 5:14 - 5:19
    Pode ocorrer também quando
    grandes vulcões libertam matéria
  • 5:19 - 5:21
    com força suficiente
    para atingir a estratosfera
  • 5:21 - 5:23
    — a camada superior da atmosfera.
  • 5:23 - 5:26
    Quando o Monte Pinatubo
    entrou em erupção, em 1991,
  • 5:26 - 5:28
    libertou matéria na estratosfera,
  • 5:28 - 5:33
    incluindo sulfatos que se misturam
    com a atmosfera e refletem a luz solar.
  • 5:33 - 5:37
    Este material permaneceu na atmosfera
    e circulou pelo planeta.
  • 5:37 - 5:41
    Foi o suficiente para arrefecer
    a temperatura em mais de meio grau
  • 5:41 - 5:43
    durante cerca de dois anos.
  • 5:44 - 5:50
    Esse arrefecimento resultou no aumento
    da cobertura de gelo no Ártico em 1992,
  • 5:50 - 5:54
    que diminuiu nos anos seguintes
    quando as partículas saíram da atmosfera.
  • 5:54 - 5:58
    Mas o fenómeno vulcânico levou
    Paul Crutzen, vencedor do prémio Nobel,
  • 5:58 - 6:01
    a propor a ideia de dispersar
    partículas na estratosfera,
  • 6:02 - 6:05
    de maneira controlada, para tentar
    reduzir o aquecimento global.
  • 6:06 - 6:09
    Porém, essa ideia apresenta riscos
    que ainda não conhecemos,
  • 6:09 - 6:12
    incluindo o aquecimento da estratosfera
  • 6:12 - 6:14
    ou os danos na camada de ozono.
  • 6:14 - 6:18
    Os cientistas acreditam que poderá haver
    um modo seguro de colocar isto em prática,
  • 6:18 - 6:20
    mas haverá mesmo?
  • 6:20 - 6:23
    Vale a pena considerar estas teorias?
  • 6:23 - 6:25
    Esta é uma simulação
  • 6:25 - 6:27
    do Centro Nacional de Pesquisa
    Atmosférica dos EUA
  • 6:27 - 6:29
    de um modelo do clima global,
  • 6:29 - 6:32
    que mostra a temperatura
    da superfície terrestre até 2100.
  • 6:32 - 6:36
    O globo da esquerda representa
    a nossa trajetória atual
  • 6:36 - 6:40
    e o da direita, um planeta onde se injetam
    partículas na estratosfera
  • 6:40 - 6:41
    gradualmente em 2020,
  • 6:41 - 6:44
    e de modo constante até 2100.
  • 6:44 - 6:48
    A intervenção mantém as temperaturas
    da superfície perto das que temos hoje,
  • 6:48 - 6:52
    enquanto, sem ela, as temperaturas
    aumentam mais de três graus.
  • 6:52 - 6:56
    Esta poderá ser a diferença
    entre um mundo seguro e um perigoso.
  • 6:58 - 7:02
    Então, se há alguma hipótese
    de estas previsões se confirmarem,
  • 7:02 - 7:05
    isto deverá ser seriamente considerado?
  • 7:06 - 7:08
    Hoje, não temos condições
  • 7:08 - 7:11
    e o nosso conhecimento científico
    é extremamente limitado.
  • 7:11 - 7:16
    Não sabemos se estes tipos
    de intervenções são viáveis
  • 7:16 - 7:18
    ou como caracterizar os seus riscos.
  • 7:19 - 7:22
    Os investigadores esperam poder explorar
    algumas questões básicas
  • 7:22 - 7:26
    que poderão ajudar-nos a descobrir
    se estas são ou não opções reais
  • 7:26 - 7:28
    ou se devemos pô-las de lado.
  • 7:29 - 7:32
    São necessários diversos métodos
    para estudar o sistema climático,
  • 7:32 - 7:35
    inclusive modelos computacionais
    para prever mudanças,
  • 7:35 - 7:38
    técnicas de análise
    como aprendizagem de máquina
  • 7:38 - 7:40
    e vários tipos de métodos de observação.
  • 7:41 - 7:42
    Mesmo sendo controverso,
  • 7:42 - 7:47
    é crucial que os investigadores
    desenvolvam tecnologias nucleares
  • 7:47 - 7:50
    e pratiquem, em escala pequena,
    experiências no mundo real.
  • 7:51 - 7:55
    Há mais dois programas que propõem
    experiências como esta.
  • 7:55 - 8:00
    Em Harvard, a experiência SCoPEx
    libertará quantidades muito pequenas
  • 8:00 - 8:05
    de sulfatos, carbonato de cálcio e água
    na estratosfera, por meio de um balão,
  • 8:05 - 8:08
    para estudar os efeitos
    químicos e físicos.
  • 8:09 - 8:11
    Em que quantidade?
  • 8:11 - 8:14
    Uma quantidade menor que
    a que é libertada num minuto de voo
  • 8:14 - 8:16
    por um avião comercial.
  • 8:16 - 8:18
    Então, certamente, isso não seria perigoso
  • 8:18 - 8:21
    e pode nem mesmo ser assustador.
  • 8:21 - 8:23
    Na Universidade de Washington,
  • 8:23 - 8:27
    os cientistas esperam poder borrifar
    um leve "spray" de água marinha em nuvens,
  • 8:27 - 8:30
    numa série de testes
    em terra e no oceano.
  • 8:30 - 8:33
    Caso obtenham sucesso,
    isto poderá culminar em experiências
  • 8:33 - 8:37
    para clarear significativamente
    uma área de nuvens sobre o oceano.
  • 8:37 - 8:41
    Este esforço de clareamento de nuvens
    é o primeiro a desenvolver uma tecnologia
  • 8:41 - 8:45
    para gerar aerossóis para reflexo
    atmosférico da luz solar.
  • 8:45 - 8:48
    Isso requer a produção
    de partículas minúsculas
  • 8:48 - 8:52
    — imaginem a névoa que sai
    de um inalador para a asma —
  • 8:52 - 8:56
    em grande escala — então imaginem
    olhar para uma nuvem no céu.
  • 8:56 - 8:59
    É um complicado problema de engenharia.
  • 8:59 - 9:01
    Esta mangueira que desenvolveram
  • 9:01 - 9:04
    gera três biliões
    de partículas por segundo,
  • 9:04 - 9:06
    medindo 80 nanómetros,
  • 9:06 - 9:08
    de água salgada muito corrosiva.
  • 9:09 - 9:12
    Foi desenvolvida por engenheiros
    aposentados em Silicon Valley
  • 9:12 - 9:14
    — aqui estão eles —
  • 9:14 - 9:17
    que trabalharam a tempo inteiro
    durante seis anos, sem pagamento,
  • 9:17 - 9:19
    pensando nos seus netos.
  • 9:19 - 9:22
    Serão necessários uns milhões de dólares
    e mais um ou dois anos
  • 9:22 - 9:26
    para desenvolver todo o sistema
    de "spray" preciso para as experiências
  • 9:27 - 9:30
    Noutras partes do mundo, estão
    a surgir os esforços de investigação,
  • 9:30 - 9:33
    incluindo pequenos programas modelos
  • 9:33 - 9:35
    na Universidade Normal
    de Pequim, na China,
  • 9:35 - 9:37
    no Instituto Indiano de Ciências,
  • 9:37 - 9:39
    num futuro centro para reparação climática
  • 9:39 - 9:42
    na Universidade de Cambridge,
    no Reino Unido,
  • 9:42 - 9:44
    e no Fundo DECIMALS,
  • 9:44 - 9:47
    que patrocina investigadores
    em países do hemisfério sul
  • 9:47 - 9:50
    para estudarem os possíveis impactos
    dessas intervenções na luz solar,
  • 9:50 - 9:52
    nas suas partes do mundo.
  • 9:52 - 9:56
    Mas todos estes programas,
    inclusive os experimentais,
  • 9:56 - 9:59
    têm falta significativa de financiamento.
  • 9:59 - 10:02
    E entender essas intervenções
    é um grande problema.
  • 10:02 - 10:04
    A Terra é um sistema vasto e complexo
  • 10:04 - 10:07
    e precisamos de grandes investimentos
    em modelos climáticos,
  • 10:07 - 10:09
    observações e ciência básica
  • 10:09 - 10:12
    para conseguirmos prever o clima
    com maior precisão do que hoje
  • 10:12 - 10:17
    e gerir as nossas intervenções
    acidentais e involuntárias.
  • 10:18 - 10:19
    Isto pode ser urgente.
  • 10:20 - 10:24
    Recentes relatos científicos preveem
    que nas próximas décadas,
  • 10:24 - 10:27
    a febre da Terra estará
    numa via para a ruína:
  • 10:27 - 10:29
    calor extremo e incêndios,
  • 10:30 - 10:32
    perda significativa de vida oceânica,
  • 10:33 - 10:35
    colapso do gelo ártico
  • 10:36 - 10:40
    deslocação e sofrimento de centenas
    de milhões de pessoas.
  • 10:40 - 10:44
    A febre poderá até alcançar níveis
    em que o aquecimento seja irreversível
  • 10:44 - 10:46
    e os esforços humanos
    já não sejam suficientes
  • 10:47 - 10:49
    para conter as mudanças
    aceleradas na Natureza.
  • 10:50 - 10:52
    Para impedir estas circunstâncias,
  • 10:52 - 10:55
    o Painel Intergovernamental
    sobre Mudanças Climática da ONU
  • 10:55 - 10:59
    prevê que precisamos parar
    e inverter as emissões até 2050.
  • 10:59 - 11:04
    Como? Transformando rápida e radicalmente
    os principais setores económicos
  • 11:04 - 11:08
    como a energia, a construção,
    a agricultura, os transportes e outros.
  • 11:09 - 11:13
    É imperativo que façamos isso
    quanto antes.
  • 11:13 - 11:15
    Mas a nossa febre está tão alta agora
  • 11:15 - 11:18
    que os especialistas dizem
    que temos de eliminar
  • 11:18 - 11:21
    quantidades enormes de CO2
    da atmosfera,
  • 11:21 - 11:24
    possivelmente 10 vezes o total
    das emissões mundiais anuais,
  • 11:24 - 11:27
    de modos que ainda não deram provas.
  • 11:27 - 11:30
    Neste momento,
    as nossas soluções são lentas
  • 11:30 - 11:32
    para um problema que piora rapidamente.
  • 11:32 - 11:34
    Mesmo com as previsões mais otimistas,
  • 11:34 - 11:37
    a nossa exposição aos riscos
    nos próximos 10 a 30 anos
  • 11:37 - 11:41
    é inaceitavelmente alta, na minha opinião.
  • 11:41 - 11:44
    Intervenções como estas serão
    um remédio ágil, se precisarmos,
  • 11:45 - 11:48
    para reduzir a febre do planeta
    enquanto abordamos as suas causas diretas?
  • 11:49 - 11:51
    Há preocupações reais quanto a esta ideia.
  • 11:51 - 11:55
    As pessoas receiam
    que a investigação nestas intervenções
  • 11:55 - 11:59
    possa servir de desculpa para atrasar
    os esforços para reduzir as emissões.
  • 11:59 - 12:01
    Chamamos a isto um "risco moral".
  • 12:02 - 12:04
    Mas como qualquer remédio,
  • 12:04 - 12:07
    quanto mais intervenções fazemos
    mais perigosas elas são,
  • 12:07 - 12:10
    por isso a investigação
    tende a realçar o facto
  • 12:10 - 12:13
    de que é totalmente impossível
    continuarmos a encher a atmosfera
  • 12:13 - 12:16
    com gases com efeito de estufa,
  • 12:16 - 12:18
    que estas alternativas são arriscadas
  • 12:18 - 12:21
    e que, se as usarmos,
  • 12:21 - 12:23
    devemos usá-las o menos possível.
  • 12:25 - 12:27
    Mas mesmo assim,
  • 12:27 - 12:30
    será que aprendemos o suficiente
    sobre essas intervenções
  • 12:30 - 12:31
    para conseguirmos gerir os riscos?
  • 12:32 - 12:35
    Quem decidirá quando e como intervir?
  • 12:36 - 12:38
    E se as pessoas forem prejudicadas
  • 12:38 - 12:40
    ou apenas pensarem que são?
  • 12:41 - 12:43
    Estes são problemas difíceis.
  • 12:44 - 12:48
    O que realmente me preocupa é que,
    quando o impacto climático piore,
  • 12:49 - 12:52
    os líderes serão obrigados a reagir,
    por quaisquer meios disponíveis.
  • 12:53 - 12:56
    Eu não quero que eles ajam
    sem informações reais
  • 12:56 - 12:58
    e sem melhores opções.
  • 12:59 - 13:02
    Segundo os cientistas, é necessária
    uma década de investigação
  • 13:02 - 13:03
    para avaliar estas intervenções,
  • 13:03 - 13:06
    antes de podermos
    desenvolvê-las ou usá-las.
  • 13:06 - 13:11
    Mas hoje, o investimento global
    nestas intervenções
  • 13:11 - 13:13
    é praticamente zero.
  • 13:14 - 13:17
    Então, precisamos de agir rapidamente
  • 13:17 - 13:20
    se queremos que os governos
    tenham informações reais
  • 13:20 - 13:23
    sobre este tipo de remédio de emergência.
  • 13:24 - 13:26
    Ainda há esperança!
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    Já passámos por este tipo de problema.
  • 13:30 - 13:33
    Nos anos 70, identificámos
    uma ameaça existencial
  • 13:33 - 13:36
    à nossa camada protetora de ozono.
  • 13:36 - 13:39
    Nos anos 80, os cientistas,
    os políticos e a indústria
  • 13:39 - 13:43
    uniram-se para substituir os químicos
    que causavam esse problema.
  • 13:43 - 13:46
    Eles conseguiram isso
    com o único acordo ambiental vinculativo
  • 13:46 - 13:49
    assinado por todos os países do mundo:
  • 13:49 - 13:51
    o Protocolo de Montreal.
  • 13:51 - 13:53
    Ainda hoje em vigor,
  • 13:53 - 13:55
    resultou na recuperação
    da camada de ozono
  • 13:55 - 14:00
    e é o esforço de maior sucesso
    em proteção ambiental da História.
  • 14:01 - 14:04
    Temos hoje uma ameaça muito maior,
  • 14:04 - 14:08
    mas temos a capacidade
    para desenvolver soluções
  • 14:08 - 14:10
    para proteger as pessoas
  • 14:10 - 14:12
    e recuperar o nosso clima.
  • 14:12 - 14:15
    Isso pode significar segurança,
  • 14:15 - 14:18
    refletimos a luz solar
    durante algumas décadas,
  • 14:18 - 14:20
    enquanto as nossas indústrias
    se tornam sustentáveis
  • 14:20 - 14:22
    e removemos o CO2.
  • 14:22 - 14:25
    Isso certamente significa
    que temos de trabalhar hoje
  • 14:25 - 14:27
    para entender as nossas opções
  • 14:27 - 14:30
    para este tipo de medicamento
    de emergência.
  • 14:30 - 14:31
    Obrigada.
  • 14:31 - 14:34
    (Aplausos)
Title:
Medicamento de emergência para a febre do planeta
Speaker:
Kelly Wanser
Description:

Enquanto imprudentemente aquecemos o planeta ao emitirmos para a atmosfera gases com efeito de estufa, algumas emissões industriais também produzem partículas que refletem os raios de sol para o espaço, contrariando o aquecimento global, fenómeno que ainda hoje tentamos entender. A ativista climática Kelly Wanser questiona: podemos conceber formas de explorar esse efeito e reduzir ainda mais o aquecimento? Saibam mais sobre as promessas e riscos do "clareamento das nuvens" — e como ele pode ajudar a restaurar o clima na Terra.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:49

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