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O que os astronautas podem nos ensinar sobre agricultura? | Rodney Reis | TEDxEcoleHôtelièreLausanne

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    Há quase um ano, em 20 de abril de 2014,
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    a missão de reabastecimento da NASA
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    levou mais do que alimento
    para a Estação Espacial Internacional;
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    levou uma forma de produzir comida.
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    Esta seria a primeira vez que comida,
    plantas cultivadas no espaço
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    não seriam usadas apenas para estudos,
    mas também para consumo.
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    É o início da agricultura espacial.
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    O comandante Steve Swanson
    está no comando da VEGGIE.
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    VEGGIE é uma pequena estufa
    que produz legumes,
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    como este aqui,
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    no espaço.
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    Utiliza dez vezes menos água
    do que a agricultura tradicional,
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    precisa de menos energia
    do que um computador de mesa,
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    e, para ser transportada, ocupa seis vezes
    menos espaço do que para operar.
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    O custo de transportar algo
    da Terra para o espaço é muito alto,
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    por isso os recursos lá são preciosos.
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    Deveríamos tratar nossos
    recursos naturais da mesma forma?
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    Quando olho para o globo,
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    vejo o Brasil, onde nasci,
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    um país abençoado
    com muitos recursos naturais.
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    Ainda assim, há algumas semanas,
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    li uma notícia sobre a grave seca
    que assola São Paulo.
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    São Paulo é uma área metropolitana
    com 27 milhões de pessoas.
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    E está com uma das piores secas
    dos últimos 100 anos.
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    Um jornalista perguntou para uma moça
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    como ela lidaria com a seca.
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    Os brasileiros são conhecidos
    por tomarem vários banhos durante o dia.
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    Então ele perguntou para ela:
    "Você vai tomar menos banhos
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    ou banhos mais rápidos?"
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    Infelizmente, um segundo banho
    não é o problema mais urgente que temos
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    quando há escassez de água.
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    A cada minuto uma criança morre no mundo
    por doenças relacionadas à água.
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    Em dez anos,
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    dois terços da humanidade devem sofrer
    alguma forma de escassez de água.
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    E não é um problema apenas
    de mercados emergentes.
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    Países da OCDE, nações industrializadas,
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    devem ter um aumento de 65%
    no consumo de água, em 2050.
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    Bem mais rápido do que o resto do mundo.
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    Então, se colocássemos
    toda a água do mundo
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    numa grande gota
    bem ao lado do nosso planeta
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    se pareceria com isto.
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    Apenas 1% disso é água doce.
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    Desse 1%, dois terços estão congelados
    em geleiras e calotas polares.
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    E, do que resta, 70%
    são usados na agricultura.
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    Cuidar da água é cuidar da comida.
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    Mas se podemos plantar
    com menos água no espaço,
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    certamente podemos plantar
    de forma mais eficaz aqui na Terra.
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    Podemos usar algumas dessas ideias.
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    Lidero uma startup na Suíça
    chamada CombaGroup
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    e é isto que nos propomos a fazer:
    agricultura eficiente.
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    Esta é nossa estufa para desenvolvimento
    e pesquisa, não muito longe de Lausanne.
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    Estamos plantando vegetais fora da terra.
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    Pulverizamos uma mistura
    de nutrientes e água nas raízes,
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    usando uma tecnologia chamada aeroponia.
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    O que não é utilizado é reciclado.
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    E a cada quilo de vegetais que produzimos
    economizamos 180 litros de água.
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    No entanto, a maior parte
    dos vegetais não cresce assim.
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    Vou contar a história de um vegetal,
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    desde quando nasce até o fim de sua vida,
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    com sorte cumprindo sua missão,
    que é nos alimentar.
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    Para isso, quero voltar
    ao lugar de onde vim
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    antes de vir para a Suíça;
    quero voltar ao Reino Unido.
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    Eu vivia numa vila adorável
    no interior da Inglaterra,
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    não havia muito mais do que um ótimo pub,
    uma casa de chá e uma igreja.
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    E em volta havia muitos campos agrícolas.
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    Durante os meses frios,
    especialmente no inverno,
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    pouco crescia lá, certamente não vegetais,
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    mas mesmo assim eu poderia ir ao mercado
    mais próximo comprar vegetais frescos
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    em qualquer período do ano.
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    Na maior parte do ano,
    os vegetais vêm do sul da Espanha;
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    principalmente de Múrcia e Almería.
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    Os vegetais são transportados
    por 2,3 mil quilômetros
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    na traseira de um caminhão, por três dias,
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    e, quando chegam na Inglaterra,
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    já perderam mais da metade da vitamina C.
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    Qual o impacto do desperdício?
    Qual o impacto no meio ambiente?
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    Vamos falar primeiro sobre desperdício.
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    Imaginem que esses são 100 vegetais
    crescendo num campo na Espanha,
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    tentando completar sua missão.
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    Dezessete serão perdidos
    antes da colheita.
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    Nove chegarão às lojas,
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    mas não serão comprados
    porque não têm boa aparência.
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    E o maior desperdício ocorrerá em casa.
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    Jogamos fora 45%
    dos vegetais que compramos.
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    Por que fazemos isso?
    Por que pagamos e jogamos fora?
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    O principal motivo é a curta vida útil.
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    Passa da data de validade,
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    cheira mal, tem um gosto ruim,
    então jogamos fora.
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    Os dias de transporte no caminhão
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    são dias que os vegetais
    poderiam estar conosco.
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    E se pudéssemos diminuir
    o desperdício de vegetais em 50%,
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    passar do primeiro lugar
    nos níveis de desperdício de comida
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    para o segundo lugar,
    o que não é um grande avanço,
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    poderíamos economizar 300 litros de água
    para cada quilo que consumimos.
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    Seria suficiente para a moça
    tomar um segundo banho
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    todos os dias da semana, por uma semana.
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    Porém, esses vegetais crescem
    na Espanha, não no Brasil.
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    E as reservas de água
    por indivíduo, na Espanha,
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    são 12 vezes menores
    do que as reservas no Brasil.
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    Esses vegetais crescem
    em um dos lugares mais áridos da Europa.
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    No sul da Espanha, eles têm metade
    da média de chuva da Espanha.
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    Têm seis vezes menos chuva
    do que temos no Reino Unido.
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    Ainda assim, exportam o equivalente
    a 100 milhões de m³ de água,
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    na forma de vegetais,
    para outros países europeus.
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    O que devemos fazer?
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    Deveríamos parar de comer
    vegetais durante o inverno?
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    As reservas de água
    no Reino Unido, per capita,
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    são mais ou menos iguais às da Espanha.
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    Vegetais são uma das culturas hídricas
    mais eficientes que temos.
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    Se substituíssemos um quilo
    de legumes por um de batata,
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    usaríamos duas vezes mais água.
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    Se você deseja um pouco de leite,
    são oito vezes mais água.
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    Se quiser um quilo de carne
    são 15 mil litros de água,
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    contra 200 litros de água necessários
    para um quilo de legumes.
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    Também há muito sol no sul da Espanha.
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    É por isso que vamos lá nas férias.
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    Tem duas vezes mais sol
    do que no Reino Unido.
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    E as plantas precisam
    de luz e calor para crescer.
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    Se fôssemos plantar esses vegetais
    numa estufa no Reino Unido
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    e usássemos eletricidade
    para iluminar e aquecer a estufa,
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    gastaríamos mais dinheiro
    e emitiríamos mais carbono
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    do que gastamos ao trazê-los
    num caminhão da Espanha.
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    Então, esse parece ser o jeito mais eficaz
    de comer vegetais o ano todo.
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    Mas um astronauta
    encararia o problema assim?
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    Vimos como poderíamos plantar vegetais
    com dez vezes menos água.
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    Bem, também podemos começar
    usando luz mais eficiente.
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    As plantas podem ter apenas as cores
    de que precisam: vermelho e azul.
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    É por isso que temos a luz roxa na foto.
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    Esses vegetais crescem no ar.
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    E quando são pequenos, podemos agrupá-los
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    e gradualmente dar mais espaço
    a eles enquanto crescem.
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    Assim, produzimos duas vezes
    mais vegetais por metro quadrado
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    do que produziríamos no campo,
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    usando a energia da luz
    e do calor de forma mais eficiente.
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    O que sobra de calor aquece a estufa.
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    Aqui na Suíça, construiremos
    um projeto de larga escala
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    ao lado de uma usina de biogás.
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    Essa usina libera calor e CO2
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    como subproduto da produção de energia.
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    Esses recursos são preciosos.
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    Conectaremos nossa estufa a essa usina
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    e a aqueceremos durante o inverno,
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    usando o CO2 também para acelerar
    o crescimento da planta.
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    Assim, a pegada de carbono
    produzida é cinco vezes menor
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    do que fazer a mesma coisa
    no campo aqui na Suíça.
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    No entanto, no Reino Unido,
    a pegada de energia
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    é 70 vezes maior do que a da Suíça.
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    Há vários recursos renováveis aqui,
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    e queimamos muito carvão
    no Reino Unido para gerar energia.
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    Então, esses cálculos funcionariam
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    da mesma forma na Inglaterra?
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    Na verdade, produziríamos,
    durante o inverno,
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    com a mesma pegada de CO2
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    que o campo produz
    durante o verão no Reino Unido.
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    E seria ainda menor no verão,
    quando não precisamos iluminá-los,
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    para complementar a luz.
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    Além disso, poderíamos oferecer
    um produto mais fresco,
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    produzido aqui e, com sorte,
    reduziríamos o desperdício,
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    reduzindo a pegada de carbono
    por quilo consumido,
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    diminuindo-a para metade
    do que temos agora,
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    importando da Espanha.
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    Por fim, jogamos mais comida fora
    do que consumimos.
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    Isto está acontecendo agora.
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    Estamos plantando aqui perto.
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    Serviremos os vegetais hoje
    então teremos a chance de prová-los.
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    Se substituíssemos apenas 10%
    da comida importada no mundo,
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    bastaria para eliminar a pegada de carbono
    de 1 milhão de pessoas
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    e economizaríamos água o suficiente
    para 30 milhões de pessoas tomarem banho
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    todos os dias durante um ano;
    São Paulo inteira.
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    Poderíamos trazer os vegetais
    vivos para nossas cozinhas,
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    expandindo a agricultura espacial
    para nossas casas
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    e ter um produto com vida útil
    mais longa, com mais vitaminas,
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    reduzindo o desperdício
    e salvando nossos recursos naturais.
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    Esta é nossa equipe.
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    Tentamos nos vestir como astronautas.
    Tentamos pensar como astronautas.
  • 12:33 - 12:36
    Mas o que aprendemos
    com os astronautas sobre agricultura
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    é que podemos plantar com menos água,
    menos energia e menos desperdício,
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    e com isso podemos ter comida mais fresca,
  • 12:46 - 12:48
    mais saudável e melhor para o planeta.
  • 12:48 - 12:49
    Obrigado.
  • 12:49 - 12:52
    (Aplausos)
Title:
O que os astronautas podem nos ensinar sobre agricultura? | Rodney Reis | TEDxEcoleHôtelièreLausanne
Description:

Por causa da falta de espaço em suas naves espaciais e foguetes, os astronautas desenvolveram novas técnicas agrícolas para produzir legumes frescos durante suas viagens pelo espaço. Mesmo com recursos limitados, eles agora são capazes de cultivar vegetais saudáveis, apesar de estarem a milhares de quilômetros da Terra. O Sr. Rodney Reis estudou essa nova agricultura espacial e mostra que a maneira autêntica de cultivar vegetais pode não ser o futuro de nossa sociedade na Terra. Por que não mudar nossa visão de fazendas antigas e incorporar novos processos capazes de produzir alimentos frescos locais o ano todo, com o benefício adicional de reduzir nosso impacto no planeta?

Rodney teve seu treinamento executivo no IMD Lausanne e na London Business School, seu MBA no IBMEC no Rio de Janeiro, um certificado de Engenharia de Telecomunicações na University of California Irvine e, por fim, um Bacharelado em Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos. Ele trabalhou para grandes corporações como Accenture, Nortel e Ascom, além de pequenas start-ups. Ajudou a criar e desenvolver empresas na Suíça, Índia, Emirados Árabes e Brasil, trabalhando e fechando negócios em mais de 25 países nos últimos 16 anos, principalmente no setor de alta tecnologia.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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