O mundo misterioso das cavernas subaquáticas
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0:01 - 0:04Sou uma exploradora subaquática,
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0:05 - 0:09mais especificamente,
uma mergulhadora espeleologista. -
0:09 - 0:13Quando era miúda queria ser astronauta,
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0:13 - 0:17mas tendo crescido no Canadá,
não era uma opção muito viável para mim. -
0:18 - 0:21Mas, na verdade, sabemos
muito mais sobre o espaço -
0:21 - 0:26do que sobre os cursos de água subterrâneos
que atravessam o nosso planeta, -
0:26 - 0:29que são o sangue vital da Terra Mãe.
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0:30 - 0:33Portanto decidi fazer
algo ainda mais notável. -
0:33 - 0:36Em vez de explorar o espaço exterior,
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0:36 - 0:39quis explorar
as maravilhas do espaço interior. -
0:40 - 0:42Agora, muita gente irá dizer-vos
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0:42 - 0:46que o mergulho em espeleologia é talvez
uma das actividades mais perigosas. -
0:47 - 0:50Quero dizer, imaginem-se aqui nesta sala,
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0:50 - 0:52se, de repente,
ficassem mergulhados na escuridão, -
0:52 - 0:55sendo a vossa única tarefa
encontrar a saída, -
0:55 - 0:57às vezes a nadar
entre estes espaços grandes, -
0:57 - 1:01e outras vezes a rastejar
por baixo dos assentos, -
1:01 - 1:03a seguir um fio-guia fininho,
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1:03 - 1:08só à espera do apoio vital para
vos proporcionar a próxima respiração. -
1:08 - 1:10Bem, esse é o meu local de trabalho.
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1:11 - 1:13Mas o que quero ensinar-vos hoje
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1:13 - 1:17é que o nosso mundo
não é uma rocha grande e sólida. -
1:17 - 1:19É muito mais como se fosse uma esponja.
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1:20 - 1:24Consigo nadar através de muitos
dos poros na esponja da Terra, -
1:24 - 1:26mas, onde eu não consigo,
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1:26 - 1:30há outros materiais e formas de vida
que podem fazer a viagem sem mim. -
1:30 - 1:33E a minha voz é a que irá ensinar-vos
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1:33 - 1:36sobre o interior da Terra Mãe.
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1:39 - 1:42Não tinha
nenhum guia de viagens disponível -
1:42 - 1:47quando decidi ser a primeira pessoa
a mergulhar em icebergues antárcticos. -
1:48 - 1:52No ano 2000, este era
o maior objecto móvel do planeta. -
1:52 - 1:54Esculpiu a Plataforma de gelo Ross,
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1:54 - 1:57e fomos lá abaixo para explorar
a ecologia das margens geladas -
1:57 - 2:00e procurar formas de vida debaixo do gelo.
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2:00 - 2:04Utilizámos uma tecnologia
de respiração reciclada. -
2:04 - 2:08Parece-se muito com a tecnologia
que é utilizada nos passeios no espaço. -
2:08 - 2:10Esta tecnologia permite-nos ir mais fundo
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2:10 - 2:13do que poderíamos ter imaginado
sequer há 10 anos. -
2:13 - 2:15Usamos gases exóticos,
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2:15 - 2:20e conseguimos fazer missões
debaixo de água, durante 20 horas. -
2:21 - 2:23Trabalho com biólogos.
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2:23 - 2:28Acontece que as cavernas são repositórios
de formas de vida extraordinárias, -
2:28 - 2:31espécies que nem sabíamos que existiam.
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2:32 - 2:35Muitas destas formas de vida
vivem de formas invulgares. -
2:35 - 2:39Em muitos casos,
não têm pigmentação nem olhos, -
2:39 - 2:44e estes animais também têm
uma vida extremamente longa. -
2:44 - 2:47Na verdade, os animais que nadam
nestas cavernas, hoje em dia, -
2:47 - 2:50são idênticos no registo fóssil
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2:50 - 2:53anterior à extinção dos dinossauros.
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2:53 - 2:57Então imaginem: é como se fossem
pequenos dinossauros nadadores. -
2:57 - 3:00O que nos podem ensinar
sobre a evolução e a sobrevivência? -
3:01 - 3:05Quando olhamos para um animal
como este remípede a nadar no frasco, -
3:05 - 3:08ele tem dentes gigantes com veneno.
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3:08 - 3:12Consegue atacar e matar
algo com 40 vezes o tamanho dele. -
3:12 - 3:14Se ele fosse do tamanho de um gato,
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3:14 - 3:17seria a coisa mais perigosa
do nosso planeta. -
3:18 - 3:21Estes animais vivem em sítios
extraordinariamente bonitos, -
3:21 - 3:26Nalguns casos, em cavernas
como estas, que são muito recentes, -
3:26 - 3:28embora os animais sejam muito antigos.
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3:28 - 3:29Como é que lá chegaram?
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3:30 - 3:32Também trabalho com físicos,
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3:32 - 3:36e eles estão muitas vezes interessados
nas alterações climáticas. -
3:36 - 3:38Recolhem rochas nas cavernas,
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3:38 - 3:41cortam-nas em fatias e observam
as camadas no interior das rochas, -
3:41 - 3:43como se fossem os anéis de uma árvore.
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3:43 - 3:45Conseguem contar para trás,
em termos históricos, -
3:45 - 3:49e saber mais sobre o clima do planeta
em épocas muito diferentes. -
3:49 - 3:51O vermelho que vêem nesta fotografia
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3:51 - 3:55é poeira do Deserto do Saara.
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3:55 - 3:59Foi apanhada pelo vento
e soprada através do Oceano Atlântico. -
3:59 - 4:03Caíu sob a forma de chuva, neste caso,
na ilha de Ábaco, nas Bahamas. -
4:03 - 4:06Foi absorvida através do solo
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4:06 - 4:09e depositou-se nas rochas
no interior destas cavernas. -
4:09 - 4:13Quando olhamos para trás nas camadas
destas rochas, encontramos épocas -
4:13 - 4:16em que o clima era muito,
muito seco na Terra, -
4:16 - 4:20e conseguimos recuar muitas centenas
de milhares de anos. -
4:20 - 4:23Os paleoclimatologistas
também estão interessados em saber -
4:23 - 4:26onde é que o nível da água do mar
se situava na Terra noutros tempos. -
4:26 - 4:29Aqui, nas Bermudas, aventurámo-nos
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4:29 - 4:32nos mergulhos tripulados mais profundos
jamais realizados na região, -
4:32 - 4:33e andámos à procura de sítios
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4:33 - 4:37onde o nível do mar costumasse
bater na linha de costa, -
4:37 - 4:40muitas centenas de metros
abaixo dos níveis actuais. -
4:41 - 4:44Também trabalho
com paleontologistas e arqueólogos. -
4:44 - 4:49Em sítios como no México, nas Bahamas,
e mesmo em Cuba, -
4:49 - 4:53observamos restos culturais
e também restos humanos nas cavernas, -
4:54 - 4:55e estes dizem-nos muito
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4:55 - 4:58sobre alguns dos primeiros habitantes
destas regiões. -
4:59 - 5:02Mas o meu projecto preferido
foi há mais de 15 anos, -
5:02 - 5:05quando fiz parte da equipa
que fez o primeiríssimo -
5:05 - 5:08mapa preciso, tridimensional
de uma superfície subterrânea. -
5:08 - 5:11Este dispositivo que estou a conduzir
através da caverna -
5:11 - 5:15estava a criar um modelo
tridimensional ao avançar. -
5:15 - 5:17Também utilizámos
uma frequência de rádio ultra-baixa -
5:17 - 5:22para emitir para a superfície a nossa
posição exacta no interior da caverna. -
5:22 - 5:27Então nadei por baixo de casas e de lojas
e de jogos de "bowling" e campos de golfe, -
5:27 - 5:30inclusivamente por baixo
duma churrasqueira. -
5:31 - 5:33Notável, e o que isso me ensinou
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5:33 - 5:36foi que tudo o que fazemos
à superfície da Terra -
5:36 - 5:39ser-nos-á devolvido para bebermos.
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5:39 - 5:43O nosso planeta de água
não são só rios, lagos e oceanos, -
5:43 - 5:48é toda esta vasta rede
de água subterrânea que nos une a todos. -
5:48 - 5:52É um recurso partilhado
do qual todos bebemos. -
5:52 - 5:56Quando conseguirmos compreender
as ligações humanas com a água subterrânea -
5:56 - 5:59e com todos
os recursos hídricos no planeta, -
5:59 - 6:01estaremos a trabalhar no problema
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6:01 - 6:04que é provavelmente a questão
mais importante deste século. -
6:05 - 6:08Portanto, nunca cheguei a ser
a astronauta que sempre quis ser, -
6:08 - 6:12mas este dispositivo de mapeamento,
desenhado pelo Dr. Bill Stone, vai sê-lo. -
6:12 - 6:14Na verdade já se transformou.
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6:14 - 6:17Agora é um robô nadador autónomo,
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6:17 - 6:19com inteligência artificial,
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6:19 - 6:22e o seu objectivo final
é ir à lua de Júpiter, Europa, -
6:22 - 6:27e explorar os oceanos que estão debaixo
da superfície gelada desse corpo celeste. -
6:27 - 6:30Isso é muito espectacular.
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6:31 - 6:34(Aplausos)
- Title:
- O mundo misterioso das cavernas subaquáticas
- Speaker:
- Jill Heinerth
- Description:
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A mergulhadora espeleologista Jill Heinerth explora os cursos de água subterrâneos ocultos que percorrem o nosso planeta. Trabalhando em conjunto com biólogos, climatologistas e arqueólogos, esta mergulhadora desvenda os mistérios das formas de vida que habitam alguns dos lugares mais remotos da Terra e ajuda os investigadores a revelar a história das alterações climáticas. Nesta breve apresentação, mergulhem debaixo das ondas e explorem as maravilhas do espaço interior.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 06:49
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