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Como estamos usando cães para farejar a malária

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    A malária ainda é um dos maiores
    assassinos do planeta.
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    Apesar de termos feito progressos
    significativos nos últimos 20 anos,
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    metade da população mundial
    ainda é ameaçada por esta doença.
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    Na verdade, a cada dois minutos
    uma criança com menos de dois anos
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    morre de malária.
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    Nosso progresso, sem dúvida, parou.
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    Enfrentamos muitos desafios
    quando se trata de combater a malária.
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    Mas um dos problemas
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    é encontrar as pessoas infectadas
    com malária para começar.
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    Por exemplo, se as pessoas têm
    algum nível de imunidade à doença,
  • 0:43 - 0:45
    elas podem desenvolver uma infecção,
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    se tornar contagiosas e ainda transmitir,
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    mas sem desenvolver nenhum sintoma,
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    e isso pode ser um grande problema,
    porque encontrar essas pessoas
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    é como procurar uma agulha no palheiro.
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    Os cientistas têm tentado resolver
    esse problema há alguns anos,
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    mas quero contar a vocês que a solução
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    pode ter estado bem debaixo
    do nosso nariz esse tempo todo.
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    Foi um começo pesado com muitas
    estatísticas importantes e sérias.
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    Então, quero que todos
    relaxem um pouco agora,
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    me ajudem a relaxar um pouco também.
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    Então, vamos respirar profundamente.
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    (Inspirando)
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    Uau!
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    E expirar.
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    Vou ser soprado para lá.
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    (Risos)
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    Agora quero que façam de novo,
    mas desta vez apenas pelo nariz
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    e quero que vocês realmente
    sintam o ambiente ao redor.
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    E, na verdade, quero que sintam
    o cheiro da pessoa sentada ao lado,
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    mesmo que não a conheçam, eu não ligo!
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    Inclinem-se, ponham
    o nariz na axila dela.
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    Parem de ser tão britânicos.
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    Coloquem o nariz na axila dela, cheirem.
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    Vejam o que vocês sentem.
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    (Risos)
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    Todos e cada um de nós
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    tivemos uma experiência
    sensorial muito diferente.
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    Alguns terão cheirado
    algo bastante agradável,
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    talvez o perfume de alguém.
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    Mas alguns podem ter cheirado
    algo um pouco menos agradável,
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    talvez o mau hálito
    ou o odor corporal de alguém.
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    Talvez até tenham sentido
    o cheiro do próprio corpo.
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    Provavelmente há uma boa razão
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    para alguns não gostarem
    de certos cheiros corporais.
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    Através da história,
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    houve muitos exemplos
    de doenças associadas a cheiros.
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    A febre tifoide aparentemente
    cheira a pão integral assado.
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    Bem, é um cheiro muito bom, não é?
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    Mas começa a ficar um pouco pior.
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    Tuberculose cheira a cerveja velha
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    e febre amarela cheira a açougue,
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    como carne crua.
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    De fato, quando vemos as palavras
    usadas para descrever doenças,
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    costumamos encontrar: podre,
    desagradável, pútrido ou pungente.
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    Portanto, não é surpresa
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    que cheiros e odores corporais
    tenham má reputação.
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    Se eu lhes dissesse: "Você cheira mal!",
  • 3:04 - 3:07
    vocês não vão aceitar isso
    como um elogio, não é?
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    Mas vocês têm um cheiro,
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    acabaram de descobrir isso.
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    É um fato científico.
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    Vamos observar isso por outro ângulo.
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    E se pudéssemos pensar no cheiro
    de uma maneira positiva?
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    E usá-lo?
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    E se pudéssemos detectar as substâncias
    químicas emitidas pelo nosso corpo
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    quando estamos doentes
  • 3:24 - 3:27
    e usar isso para diagnosticar pessoas?
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    Precisaríamos desenvolver bons sensores
    que nos permitam fazer isso.
  • 3:31 - 3:35
    Mas acontece que os melhores
    sensores do mundo já existem.
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    E eles são chamados de "animais".
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    Eles foram feitos para cheirar.
  • 3:41 - 3:44
    Vivem a vida cotidiana deles
    em função do faro deles.
  • 3:44 - 3:45
    Eles percebem os ambientes,
  • 3:45 - 3:48
    que lhes dão informações importantes
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    de como permanecerem vivos, basicamente.
  • 3:50 - 3:55
    Imaginem que são um mosquito
    e acabaram de entrar nesta sala.
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    Entrarão em um mundo realmente complexo.
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    Serão bombardeados com cheiros
    de todos os lugares.
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    Acabamos de descobrir
    que somos animais com cheiro.
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    Cada um de nós está produzindo
    diferentes substâncias químicas voláteis.
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    Não é apenas um odor corporal,
    mas muitas substâncias químicas.
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    Mas não são só vocês,
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    são as cadeiras em que estão sentados,
    o tapete, a cola que o segura ao chão,
  • 4:14 - 4:15
    a tinta nas paredes,
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    as árvores lá fora,
    tudo ao redor está produzindo um odor
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    e é um mundo realmente complexo
    pelo qual o mosquito precisa voar
  • 4:23 - 4:28
    para encontrar vocês em meio a tudo isso.
  • 4:30 - 4:33
    Vamos lá, levantem a mão,
    quem sempre é picado por mosquitos?
  • 4:33 - 4:34
    E quem nunca é picado?
  • 4:34 - 4:38
    Sempre há pessoas irritantes
    que nunca são picadas.
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    Mas o mosquito tem muito trabalho
    para encontrar vocês
  • 4:41 - 4:43
    e isso tem tudo a ver com o seu cheiro.
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    As pessoas que não atraem mosquitos
    são repelentes, o que sabemos...
  • 4:47 - 4:49
    (Risos)
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    Eu devo esclarecer:
  • 4:50 - 4:52
    repelente a mosquitos,
  • 4:52 - 4:54
    não a pessoas.
  • 4:54 - 4:59
    E sabemos agora que isso
    é controlado por nossos genes.
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    Mas mosquitos conseguem fazer isso
    porque têm um olfato altamente sofisticado
  • 5:04 - 5:07
    e enxergam através dessa névoa de odor
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    para encontrar você, esse indivíduo,
    e picá-lo como uma refeição de sangue.
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    Mas o que aconteceria se alguém
    estivesse infectado com malária?
  • 5:17 - 5:20
    Vamos dar uma rápida olhada
    no ciclo de vida da malária.
  • 5:20 - 5:22
    É bastante complexo, mas é basicamente:
  • 5:22 - 5:25
    um mosquito tem que picar
    alguém para se infectar.
  • 5:25 - 5:27
    Depois de picar uma pessoa infectada,
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    os parasitas vão da boca até o intestino,
  • 5:30 - 5:32
    se rompem no intestino,
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    criam cistos,
  • 5:33 - 5:36
    se replicam e fazem uma jornada
  • 5:36 - 5:39
    do intestino até as glândulas salivares,
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    onde são injetados novamente
    em outra pessoa,
  • 5:43 - 5:45
    porque o mosquito injeta
    saliva enquanto pica.
  • 5:45 - 5:48
    Então, dentro do humano,
    ele passa por um outro ciclo,
  • 5:48 - 5:49
    uma outra parte do ciclo de vida.
  • 5:49 - 5:53
    Passa por um estado hepático, muda a forma
    e sai para a corrente sanguínea novamente
  • 5:53 - 5:57
    e, finalmente, essa pessoa
    se torna contagiosa.
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    Uma coisa que sabemos
    do mundo dos parasitas
  • 5:59 - 6:03
    é que eles são incrivelmente bons
    em manipular os hospedeiros
  • 6:03 - 6:07
    para melhorar a própria transmissão
    e garantir que sejam transmitidos adiante.
  • 6:07 - 6:10
    Se isso acontece no sistema
    da malária, pode fazer sentido
  • 6:10 - 6:14
    que é algo relacionado
    ao odor que manipulam,
  • 6:14 - 6:15
    porque o odor é a chave,
  • 6:15 - 6:19
    é o que nos liga aos mosquitos,
    é assim que nos encontram.
  • 6:19 - 6:23
    É o que chamamos de hipótese
    de manipulação da malária,
  • 6:23 - 6:26
    algo em que trabalhamos nos últimos anos.
  • 6:27 - 6:30
    Uma das primeiras coisas
    que queríamos fazer em nosso estudo
  • 6:30 - 6:34
    era descobrir se uma infecção por malária
  • 6:34 - 6:37
    nos torna mais atrativos
    para mosquitos ou não.
  • 6:37 - 6:42
    Então, com nossos colegas,
    criamos um experimento
  • 6:42 - 6:44
    com crianças no Quênia dormindo em tendas.
  • 6:44 - 6:46
    O odor da barraca foi soprado numa câmara
  • 6:46 - 6:48
    que continha mosquitos.
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    Eles responderam comportamentalmente,
  • 6:51 - 6:54
    voaram em direção ou para longe dos odores
  • 6:54 - 6:56
    dependendo se os agradavam ou não.
  • 6:56 - 6:59
    Alguns dos participantes
    estavam infectados com malária
  • 6:59 - 7:01
    e outros não.
  • 7:01 - 7:05
    Mas o mais importante é que nenhuma
    das crianças apresentava nenhum sintoma.
  • 7:07 - 7:11
    Quando vimos os resultados,
    foi bastante surpreendente.
  • 7:11 - 7:13
    As pessoas infectadas com malária
  • 7:13 - 7:17
    eram significativamente mais atrativas
    do que as não infectadas.
  • 7:17 - 7:18
    Vejam este gráfico.
  • 7:18 - 7:20
    Temos vários mosquitos
    atraídos pela criança
  • 7:20 - 7:23
    e dois conjuntos de dados:
    antes e depois do tratamento.
  • 7:23 - 7:25
    No lado esquerdo,
  • 7:25 - 7:28
    essa barra representa alguém ou um grupo
    de pessoas que não estão infectadas.
  • 7:28 - 7:32
    E à medida que avançamos para a direita,
    essas pessoas foram infectadas
  • 7:32 - 7:35
    e estão se movendo em direção
    ao estágio em que são contagiosas.
  • 7:35 - 7:38
    Então, bem nessa fase
  • 7:38 - 7:41
    elas são significativamente
    mais atrativas.
  • 7:41 - 7:44
    No estudo, obviamente tratamos as crianças
  • 7:44 - 7:47
    para eliminar os parasitas
    e depois as testamos novamente.
  • 7:48 - 7:52
    Descobrimos que essa característica
    altamente atrativa que estava lá
  • 7:52 - 7:54
    desaparecia depois de eliminar a infecção.
  • 7:54 - 7:56
    Não eram só as pessoas
    que eram mais atrativas,
  • 7:56 - 8:00
    o parasita manipulava o hospedeiro
    de alguma maneira
  • 8:00 - 8:02
    tornando-o mais atrativo para mosquitos,
  • 8:02 - 8:06
    destacando-se como um farol para atraí-los
  • 8:06 - 8:08
    e eles poderem continuar o ciclo de vida.
  • 8:08 - 8:12
    Depois quisemos descobrir que cheiro
    o mosquito estava sentindo.
  • 8:12 - 8:13
    O que estava detectando?
  • 8:13 - 8:17
    Para fazer isso, tivemos que coletar
    o odor corporal dos participantes.
  • 8:17 - 8:19
    Envolvemos sacos em volta dos pés deles,
  • 8:19 - 8:22
    o que nos permitiu coletar
    esses odores voláteis.
  • 8:22 - 8:26
    Os pés são importantes para os mosquitos,
    eles realmente amam esse cheiro.
  • 8:26 - 8:28
    (Risos)
  • 8:28 - 8:31
    Especialmente com cheiro de queijo.
    Alguém tem pés assim?
  • 8:31 - 8:33
    Os mosquitos adoram esse cheiro.
  • 8:33 - 8:35
    Nos concentramos nos pés
    e coletamos o odor corporal.
  • 8:35 - 8:40
    Quando se trata de mosquitos e olfação,
    o sentido do olfato, é tudo bem complexo.
  • 8:40 - 8:43
    Seria ótimo se houvesse só uma substância
    química que eles detectassem,
  • 8:43 - 8:45
    mas não é tão simples assim.
  • 8:45 - 8:49
    Precisam detectar várias substâncias
    químicas na concentração certa,
  • 8:49 - 8:53
    nas proporções e combinações certas.
  • 8:54 - 8:57
    Pensem nisso como uma composição musical.
  • 8:57 - 9:02
    Se erramos a nota ou a tocamos
    muito alto ou muito baixo, não soa bem.
  • 9:02 - 9:05
    Numa receita, se erramos um ingrediente
  • 9:05 - 9:08
    ou a cozinhamos por muito ou pouco tempo,
    não fica com um gosto bom.
  • 9:08 - 9:10
    Com o cheiro é igual,
  • 9:10 - 9:13
    ele é composto de um conjunto de
    substâncias químicas na combinação certa.
  • 9:13 - 9:16
    As máquinas do laboratório
    não são particularmente boas
  • 9:16 - 9:19
    em detectar esse tipo de sinal,
    ele é bastante complexo.
  • 9:19 - 9:21
    Mas os animais conseguem.
  • 9:21 - 9:26
    No laboratório, conectamos microeletrodos
  • 9:26 - 9:28
    à antena de um mosquito,
  • 9:28 - 9:30
    imaginem como isso é delicado.
  • 9:30 - 9:31
    (Risos)
  • 9:31 - 9:34
    Mas também os conectamos
    a células individuais
  • 9:34 - 9:36
    dentro da antena, o que é incrível.
  • 9:36 - 9:39
    Não queremos espirrar ao fazer
    o experimento, isso eu garanto.
  • 9:40 - 9:43
    Ele nos permite medir a resposta elétrica
  • 9:43 - 9:45
    dos receptores de cheiro nas antenas
  • 9:45 - 9:49
    para que possamos ver
    o que o mosquito está cheirando.
  • 9:49 - 9:52
    Vou lhes mostrar como é isso:
    aqui está a célula de um inseto
  • 9:52 - 9:55
    que responderá em um segundo
    quando eu apertar este botão.
  • 9:55 - 9:58
    Vejam que ela reage com essa resposta.
  • 9:58 - 10:02
    Um odor será soprado sobre a célula, que
    vai enlouquecer e fazer um som engraçado.
  • 10:02 - 10:06
    Então ela voltará ao potencial de repouso
    quando pararmos o odor.
  • 10:06 - 10:09
    (Estalos)
  • 10:25 - 10:26
    Certo, lá vamos nós.
  • 10:26 - 10:31
    Então podem ir para casa agora
    e dizer que viram um inseto cheirando
  • 10:31 - 10:32
    e até o ouviram cheirando.
  • 10:32 - 10:34
    É um conceito estranho, não é?
  • 10:34 - 10:35
    Mas isso funciona muito bem
  • 10:35 - 10:38
    e nos permite ver
    o que o inseto está detectando.
  • 10:38 - 10:41
    Usando esse método
    com nossas amostras de malária,
  • 10:41 - 10:44
    conseguimos descobrir
    o que o mosquito detectava.
  • 10:44 - 10:46
    E descobrimos que os compostos
    associados à malária
  • 10:46 - 10:48
    eram um grupo, principalmente aldeídos,
  • 10:48 - 10:52
    com um cheiro que indicava
    a malária em sinal aqui.
  • 10:52 - 10:54
    Agora sabemos qual é o cheiro da malária
  • 10:54 - 10:57
    e usamos o mosquito
    como um sensor biológico
  • 10:57 - 11:01
    para nos dizer isso.
  • 11:01 - 11:04
    Fico imaginando se poderíamos
  • 11:04 - 11:07
    colocar um cinto em um pequeno mosquito
  • 11:07 - 11:09
    e ficar segurando como uma coleira
  • 11:09 - 11:13
    para ver se podemos cheirar
    pessoas em uma comunidade;
  • 11:13 - 11:15
    isso se passa na minha cabeça;
  • 11:15 - 11:17
    e se conseguimos encontrar
    pessoas com malária.
  • 11:17 - 11:21
    Claro, isso não é realmente possível.
  • 11:21 - 11:24
    Mas há um animal com o qual
    podemos fazer isso.
  • 11:24 - 11:27
    Os cães têm um olfato incrível,
  • 11:27 - 11:29
    mas há algo um pouco mais especial neles:
  • 11:29 - 11:31
    eles têm a capacidade de aprender.
  • 11:31 - 11:34
    Vocês devem estar familiarizados
    com o conceito nos aeroportos,
  • 11:34 - 11:38
    quando os cães vão de pessoa em pessoa
    e farejam a bagagem ou as próprias pessoas
  • 11:38 - 11:42
    procurando drogas e explosivos
    ou até comida, também.
  • 11:42 - 11:47
    Queríamos saber: "Poderíamos treinar
    cães para aprender o cheiro da malária?"
  • 11:48 - 11:51
    Trabalhamos com a instituição de caridade
    chamada Medical Detection Dogs
  • 11:52 - 11:56
    para ver se podíamos treiná-los
    para aprender o cheiro da malária.
  • 11:56 - 11:59
    Fomos para a Gâmbia e fizemos
    mais uma coleta de odores
  • 11:59 - 12:02
    em crianças infectadas e não infectadas.
  • 12:02 - 12:07
    Mas desta vez coletamos o odor delas,
    fazendo-as usar meias, de náilon,
  • 12:07 - 12:08
    para coletar o odor corporal,
  • 12:08 - 12:10
    as trouxemos de volta ao Reino Unido
  • 12:10 - 12:14
    e então as entregamos a essa instituição
    de caridade para executar o experimento.
  • 12:15 - 12:17
    Eu poderia mostrar um gráfico
  • 12:17 - 12:19
    e falar sobre como essa
    experiência funciona,
  • 12:19 - 12:22
    mas seria um pouco chato, não?
  • 12:23 - 12:28
    Dizem para nunca trabalhar
    com crianças ou animais vivos.
  • 12:28 - 12:31
    Mas vamos quebrar essa regra hoje.
  • 12:32 - 12:34
    Por favor, sejam bem-vindos ao palco,
  • 12:34 - 12:35
    Freya
  • 12:35 - 12:37
    (Aplausos)
  • 12:37 - 12:38
    e seus treinadores,
  • 12:38 - 12:40
    (Aplausos)
  • 12:40 - 12:41
    Mark
  • 12:41 - 12:42
    e Sarah.
  • 12:42 - 12:44
    (Aplausos)
  • 12:45 - 12:47
    Ela é a verdadeira estrela do show.
  • 12:49 - 12:54
    Peço que todos fiquem em silêncio,
  • 12:54 - 12:55
    não se movam muito.
  • 12:55 - 12:57
    É um ambiente muito estranho para Freya.
  • 12:57 - 12:59
    Ela está dando uma boa olhada em vocês.
  • 12:59 - 13:03
    Vamos ficar o mais calmos
    possível, isso seria bom.
  • 13:03 - 13:06
    Pediremos à Freya
  • 13:06 - 13:08
    para passar por essas engenhocas aqui.
  • 13:08 - 13:11
    E em cada uma delas temos um pote.
  • 13:11 - 13:15
    No pote há uma meia usada
    por uma criança na Gâmbia.
  • 13:15 - 13:19
    Três das meias foram usadas
    por crianças que não estavam infectadas
  • 13:19 - 13:23
    e apenas uma delas por uma que estava.
  • 13:23 - 13:26
    Assim como vemos num aeroporto,
    imaginem que eram pessoas
  • 13:26 - 13:29
    e a cachorra vai lá farejar.
  • 13:29 - 13:33
    Vamos ver se ela detecta a malária.
  • 13:33 - 13:34
    E se ela detectará isso lá.
  • 13:34 - 13:37
    Este é um teste difícil
    neste ambiente desconhecido.
  • 13:37 - 13:39
    Então, vou passar a vez agora para o Mark.
  • 13:57 - 13:58
    Número três.
  • 13:58 - 14:01
    Certo, lá vamos nós.
  • 14:01 - 14:04
    Eu não sabia em que pote estava,
    Mark também não sabia.
  • 14:04 - 14:05
    Este foi um teste cego, de verdade.
  • 14:05 - 14:07
    Sarah, foi o pote certo?
  • 14:07 - 14:08
    Foi sim.
  • 14:08 - 14:10
    Muito bem, Freya! Isso é fantástico.
  • 14:10 - 14:13
    (Aplausos)
  • 14:14 - 14:16
    É realmente maravilhoso.
  • 14:16 - 14:17
    Isso é genial.
  • 14:17 - 14:19
    Agora, Sarah vai mudar os potes um pouco,
  • 14:19 - 14:22
    ela vai levar embora o da malária.
  • 14:22 - 14:27
    E só vamos ter quatro potes
    que contêm meias de crianças
  • 14:27 - 14:28
    que não tinham malária.
  • 14:28 - 14:31
    Em teoria, Freya deve seguir e não parar.
  • 14:31 - 14:35
    É importante porque também precisamos
    identificar as pessoas não infectadas,
  • 14:35 - 14:37
    ela precisa fazer isso
    corretamente também.
  • 14:37 - 14:42
    Este é um teste muito difícil. Essas meias
    ficaram no congelador por alguns anos.
  • 14:42 - 14:45
    E isso também é só um pedacinho de meia,
  • 14:45 - 14:48
    imaginem se fosse uma pessoa
    que estivesse emitindo um sinal forte.
  • 14:48 - 14:49
    Então isso é realmente incrível.
  • 14:49 - 14:51
    É com você, Mark.
  • 15:00 - 15:01
    Genial!
  • 15:01 - 15:03
    Fantástico!
  • 15:03 - 15:04
    (Aplausos)
  • 15:04 - 15:05
    Realmente incrível!
  • 15:05 - 15:07
    Muito obrigado, pessoal.
  • 15:07 - 15:09
    Grande salva de palmas
    para Freya, Mark e Sarah!
  • 15:09 - 15:11
    Muito bem, galera.
  • 15:11 - 15:13
    (Aplausos)
  • 15:13 - 15:14
    Que boa menina.
  • 15:14 - 15:16
    Ela vai receber um agrado mais tarde.
  • 15:16 - 15:18
    Fantástico.
  • 15:19 - 15:23
    Acabaram de ver com seus próprios olhos,
    foi uma demonstração real ao vivo.
  • 15:23 - 15:25
    Estava muito nervoso,
    estou feliz que funcionou.
  • 15:25 - 15:28
    (Risos)
  • 15:28 - 15:30
    Mas é realmente incrível e,
    quando fazemos isso,
  • 15:30 - 15:33
    descobrimos que esses cães
    podem nos dizer corretamente
  • 15:33 - 15:37
    quando alguém está infectado
    com malária em 81% das vezes.
  • 15:37 - 15:38
    É incrível!
  • 15:38 - 15:40
    Em 92% das vezes nos dizem corretamente
  • 15:40 - 15:42
    quando alguém não está infectado.
  • 15:42 - 15:47
    E esses números estão acima dos critérios
    da Organização Mundial da Saúde
  • 15:47 - 15:49
    para um diagnóstico.
  • 15:49 - 15:53
    Estamos realmente pensando
    em utilizar cães nos países,
  • 15:53 - 15:55
    e particularmente nos portos de entrada,
  • 15:55 - 15:58
    para detectar pessoas com malária.
  • 15:58 - 16:00
    Isso pode ser uma realidade.
  • 16:00 - 16:03
    Mas não podemos ter cães em todo lugar.
  • 16:03 - 16:06
    Então, também estamos trabalhando
  • 16:06 - 16:09
    no desenvolvimento da tecnologia,
  • 16:09 - 16:10
    tecnologia usável,
  • 16:10 - 16:15
    que capacitaria o indivíduo
    a se autodiagnosticar.
  • 16:15 - 16:17
    Imaginem um adesivo usado na pele,
  • 16:17 - 16:20
    que detecta no suor quando alguém
    está infectado com malária
  • 16:20 - 16:22
    e muda de cor.
  • 16:22 - 16:24
    Ou algo um pouco mais técnico, talvez,
  • 16:24 - 16:28
    um relógio inteligente que alerta
    quando alguém está infectado com malária.
  • 16:28 - 16:32
    E se pudermos fazer isso
    digitalmente e coletar dados,
  • 16:32 - 16:37
    imaginem a quantidade em escala global.
  • 16:37 - 16:38
    Poderia revolucionar completamente
  • 16:38 - 16:41
    o jeito como monitoramos
    a propagação de doenças,
  • 16:41 - 16:45
    como direcionamos nossos esforços de
    controle e reagimos a surtos de doenças,
  • 16:45 - 16:49
    ajudando a levar à erradicação da malária,
  • 16:49 - 16:50
    e mesmo além dela
  • 16:50 - 16:54
    para outras doenças que já sabemos
    que possuem um cheiro.
  • 16:54 - 16:55
    Aproveitando o poder da natureza
  • 16:55 - 17:00
    para descobrir quais são esses cheiros,
    poderíamos tornar isso realidade.
  • 17:01 - 17:06
    Como cientistas, nossa tarefa
    é apresentar novas ideias,
  • 17:06 - 17:08
    novos conceitos e tecnologias,
  • 17:08 - 17:12
    para enfrentar alguns
    dos maiores problemas do mundo.
  • 17:12 - 17:14
    Mas o que nunca deixa de me surpreender
  • 17:14 - 17:19
    é que muitas vezes a natureza
    já fez isso por nós.
  • 17:19 - 17:20
    E a resposta
  • 17:20 - 17:23
    está bem debaixo do nosso nariz.
  • 17:23 - 17:24
    Obrigado.
  • 17:24 - 17:27
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Como estamos usando cães para farejar a malária
Speaker:
James Logan
Description:

E se pudéssemos diagnosticar algumas das doenças mais mortais do mundo pelos cheiros que nosso corpo exala? Em uma palestra fascinante e demonstração ao vivo, o biólogo James Logan apresenta Freya, um cão farejador de malária, para mostrar como podemos aproveitar os incríveis poderes do perfume animal para detectar assinaturas químicas associadas à infecção, e mudar a maneira como diagnosticamos doenças.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:40

Portuguese, Brazilian subtitles

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