Os segredos arquitetónicos das antigas maravilhas do mundo

Como é que as antigas civilizações moveram pedras enormes para construir Stonehenge, as pirâmides e as estátuas da Ilha da Páscoa? Nesta curta e deliciosa palestra, o TED Fellow Brandon Clifford revela os segredos arquitetónicos do passado e mostra como podemos usar estas técnicas engenhosas de construção no futuro.
"Numa era em que concebemos edifícios para durarem 30, talvez 60 anos" — diz ele — "eu adoraria aprender a criar algo que permanecesse para a eternidade."

Acham que as coisas que hoje construímos

poderão ser consideradas
como maravilhas no futuro?

Pensem em Stonehenge,

nas pirâmides,

em Machu Pichu

e na Ilha da Páscoa.

Todas são muito diferentes
do que estamos a fazer hoje em dia,

com aquelas pedras maciças,

reunidas de forma complexa
mas aparentemente ilógica,

e todos os vestígios da sua construção

apagados,

envolvendo-as em mistério.

Parece impossível que as pessoas
tenham conseguido construir estas coisas,

porque não foram
as pessoas que as fizeram.

Elas foram cuidadosamente feitas
por uma raça primordial de gigantes

conhecidos como Ciclopes.

(Risos)

Tenho colaborado com estes monstros

para saber os segredos deles
para a movimentação destas pedras enormes.

Ao que parece, os Ciclopes
nem sequer são assim tão fortes.

São é muito espertos, por conseguirem
que o material trabalhe por eles.

Os vídeos que veem atrás de mim,
de enormes criaturas trémulas, de pedra,

são o resultado desta colaboração.

Ok, os Ciclopes poderão ser
criaturas míticas,

mas aquelas maravilhas são reais.

Foram as pessoas que as fizeram.

Mas também fizeram
os mitos que as rodeiam,

e no que toca a maravilhas,
há um tecido conjuntivo espesso

entre a mitologia e a realidade.

Vejam a Ilha da Páscoa, por exemplo.

Quando os exploradores holandeses
encontraram a ilha,

perguntaram ao povo Rapa Nui

como é que os antepassados deles
tinham conseguido mover

aquelas estátuas enormes.

E os Rapa Nui disseram:

"Os nossos antepassados
não moveram as estátuas

"porque as estátuas
andaram por si mesmas."

Durante séculos, isto foi descartado,
mas, de facto, é verdade.

As estátuas, conhecidas como "moai",
foram transportadas em pé,

saltitando de um lado para o outro.

Ok?

Por mais espetaculares que as "moai"
sejam hoje para os visitantes,

temos de imaginar
estar ali, nessa altura,

com as colossais "moai" a marchar
de uma ponta à outra da ilha.

Porque o verdadeiro memorial
não eram os objetos em si mesmos,

era o ritual cultural
de dar vida a uma pedra.

Por isso, como arquiteto,
tenho andado atrás desse sonho.

Como podemos mudar a ideia de construção
para conciliar esse aspeto mítico?

O que tenho feito é desafiar-me

realizando uma série de "performances"

da antiga, mas simples tarefa,

de mover e pôr de pé objetos pesados,

como este megálito de quase 5 metros,
concebido para andar

e para se manter vertical;

ou este gigante de duas toneladas
que ganha vida de um salto,

para dançar no palco.

O que descobri foi
que, ao pensar na arquitetura

não como um produto final
mas como uma "performance",

da conceção à conclusão,

acabamos por redescobrir
formas inteligentes de construir coisas.

Muito do debate
sobre o nosso futuro

foca-se na tecnologia,
na eficiência e na velocidade.

Mas se eu aprendi alguma coisa
com os Ciclopes,

é que as maravilhas
podem ser inteligentes,

espetaculares e sustentáveis,

por causa da sua massa e do mistério.

Enquanto ainda há quem queira saber

como é que foram construídas
estas antigas maravilhas,

tenho perguntado aos Ciclopes
como criar o mistério

que leve as pessoas
a fazer essa mesma pergunta.

Porque, numa era
em que concebemos edifícios

para durarem 30, talvez 60 anos,

eu adorava aprender a criar algo

que permanecesse para a eternidade.

Obrigado.

(Aplausos)