Andres Lozano: mal de Parkinson, depressão e a chave que pode desligá-los
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0:00 - 0:02Uma das coisas que quero deixar claro desde o início
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0:02 - 0:05é que nem todos os neurocirurgiões usam botas de cowboy.
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0:05 - 0:07Só queria que vocês soubessem disso.
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0:07 - 0:10Então, eu sou mesmo um neurocirurgião,
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0:10 - 0:14e sigo uma longa tradição da neurocirurgia,
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0:14 - 0:15e o que vou dizer a vocês hoje
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0:15 - 0:18é sobre ajustar os botões dos circuitos do cérebro,
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0:18 - 0:20ser possível ir a qualquer lugar do cérebro
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0:20 - 0:22e ligar e desligar áreas do cérebro
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0:22 - 0:24para ajudar nossos pacientes.
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0:24 - 0:27Então como disse, a neurocirurgia vem de uma longa tradição.
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0:27 - 0:31Ela existe há cerca de 7 mil anos.
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0:31 - 0:34Na Mesoamérica, havia a neurocirurgia,
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0:34 - 0:38e havia esses neurocirurgiões que tratavam os pacientes.
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0:38 - 0:42E eles tentavam -- eles sabiam que o cérebro estava relacionado
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0:42 - 0:45com doenças neurológicas e psiquiátricas.
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0:45 - 0:47Ele não sabiam exatamente o que estavam fazendo.
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0:47 - 0:50A propósito, isso não mudou muito. (Risos)
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0:50 - 0:51Mas eles pensavam que
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0:51 - 0:53se você tivesse uma doença neurológica ou psiquiátrica,
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0:53 - 0:56deveria ser porque você estava possuído
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0:56 - 0:58por um espírito maligno.
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0:58 - 1:00Se você estiver possuído por um espírito maligno
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1:00 - 1:03que causa problemas neurológicos ou psiquiátricos,
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1:03 - 1:05então o tratamento para isso é, claro,
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1:05 - 1:11fazer um buraco no crânio para deixar o espírito maligno sair.
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1:11 - 1:12Assim se pensava na época,
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1:12 - 1:16e esses indivíduos faziam esses buracos.
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1:16 - 1:19Algumas vezes os pacientes relutavam um pouco
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1:19 - 1:22em se submeter a isso porque, podemos perceber que
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1:22 - 1:24os buracos eram feitos parcialmente e então, penso,
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1:24 - 1:26ocorriam algumas trepanações, e então se recuperavam rapidamente
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1:26 - 1:28e era apenas um buraco parcial,
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1:28 - 1:30e sabemos que eles sobreviviam a esses procedimentos.
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1:30 - 1:32Isso era comum.
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1:32 - 1:33Havia alguns lugares onde um por cento
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1:33 - 1:36de todos os crânios tinham esses buracos, então pode-se ver
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1:36 - 1:39que as doenças neurológicas e psiquiátricas são bem comuns,
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1:39 - 1:43e também eram muito comuns há 7 mil anos.
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1:43 - 1:45Bem, ao longo do tempo,
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1:45 - 1:48começamos a descobrir que
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1:48 - 1:50diferentes partes do cérebro fazem coisas diferentes.
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1:50 - 1:51Existem áreas do cérebro que se dedicam
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1:51 - 1:54a controlar seu movimento, sua visão
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1:54 - 1:57sua memória ou seu apetite, e assim por diante.
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1:57 - 1:59E quando as coisas funcionam bem, o sistema nervoso
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1:59 - 2:01trabalha bem e tudo funciona.
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2:01 - 2:03Mas algumas vezes, as coisas não vão tão bem,
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2:03 - 2:06e há problemas nesses circuitos,
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2:06 - 2:09há alguns neurônios rebeldes que disparam em falso
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2:09 - 2:12e causam problemas, ou às vezes não estão muito ativos
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2:12 - 2:14e não funcionam como deveriam.
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2:14 - 2:16Agora, a manifestação disso
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2:16 - 2:19depende de qual lugar no cérebro estão esses neurônios.
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2:19 - 2:21Então quando esses neurônios estão no circuito motor,
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2:21 - 2:24você tem uma disfunção no sistema de movimento,
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2:24 - 2:26e você pode apresentar doenças como a de Parkinson.
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2:26 - 2:29Quando a disfunção é num circuito que regula o seu humor,
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2:29 - 2:32você pode apresentar depressão,
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2:32 - 2:35e quando é em um circuito que controla suas funções mnemônicas e cognitivas,
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2:35 - 2:38você pode apresentar doenças como Alzheimer.
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2:38 - 2:41Então o que somos capazes de fazer é localizar com precisão
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2:41 - 2:43onde estão essas perturbações no cérebro,
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2:43 - 2:46e somos capazes de intervir dentro desses circuitos
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2:46 - 2:50no cérebro para ativá-los ou desativá-los.
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2:50 - 2:52Isso é muito parecido com sintonizar uma estação
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2:52 - 2:54de rádio.
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2:54 - 2:57Uma vez que escolhemos a estação correta, seja jazz ou ópera,
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2:57 - 2:59em nosso caso é o movimento ou o humor,
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2:59 - 3:01podemos deixar o sintonizador aí,
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3:01 - 3:04e usar um outro botão para ajustar o volume,
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3:04 - 3:06para aumentá-lo ou diminuí-lo.
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3:06 - 3:07Então o que vou contar a vocês
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3:07 - 3:11é sobre usar os circuitos cerebrais para implantar eletrodos
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3:11 - 3:13e ligar e desligar áreas do cérebro
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3:13 - 3:15para ver se podemos ajudar nossos pacientes.
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3:15 - 3:17E isso é alcançado usando esse tipo de dispositivo,
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3:17 - 3:20chamado estimulador cerebral profundo.
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3:20 - 3:23Então o que fazemos é colocar esses eletrodos por todo cérebro.
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3:23 - 3:27Novamente, fazemos buracos no crânio do tamanho de uma moeda,
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3:27 - 3:29colocamos um eletrodo dentro que
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3:29 - 3:31está completamente abaixo da pele
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3:31 - 3:33e vai até um marca-passo no peito,
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3:33 - 3:38e com um controle remoto parecido ao da TV,
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3:38 - 3:41podemos ajustar quanto de eletricidade chega
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3:41 - 3:43a essas áreas do cérebro.
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3:43 - 3:46Podemos aumentar ou diminuir, ligar ou desligar.
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3:46 - 3:48Agora, por volta de 100 mil pacientes no mundo
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3:48 - 3:50receberam o estimulador cerebral profundo,
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3:50 - 3:51e vou mostrar-lhes alguns exemplos
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3:51 - 3:54do uso da estimulação cerebral profunda para tratar distúrbios de movimento,
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3:54 - 3:59de humor e de cognição.
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3:59 - 4:01Então parece algo assim quando está no cérebro.
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4:01 - 4:04Vejam o eletrodo através do crânio para dentro do cérebro
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4:04 - 4:07e parado ali, e podemos colocar isso em qualquer lugar do cérebro.
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4:07 - 4:09Digo aos meus amigos que nenhum neurônio está a salvo
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4:09 - 4:11de um neurocirurgião, porque podemos alcançar
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4:11 - 4:14qualquer lugar do cérebro de forma segura agora.
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4:14 - 4:17O primeiro exemplo que vou mostrar-lhes é uma paciente
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4:17 - 4:18com mal de Parkinson,
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4:18 - 4:20e esta senhora tem a doença,
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4:20 - 4:23e ela tem esses eletrodos em seu cérebro,
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4:23 - 4:24e vou mostrar-lhes como ela é
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4:24 - 4:27quando os eletrodos são desligados e ela apresenta os sintomas de Parkinson,
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4:27 - 4:30e então vamos ligá-los.
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4:30 - 4:32Então parece assim.
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4:32 - 4:37Os eletrodos estão desligados agora, e podemos ver os tremores dela.
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4:37 - 4:41(Video) Homem: Ok. Mulher: Não posso, Homem: Você pode tentar tocar meu dedo?
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4:41 - 4:44(Vídeo) Homem: Assim está um pouco melhor. Mulher: Esse lado está melhor.
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4:44 - 4:48Agora vamos ligá-los.
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4:48 - 4:52Estão ligados.
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4:54 - 4:57E isso funciona assim, de forma instantânea.
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4:57 - 5:00E a diferença entre agitar assim ou não --
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5:00 - 5:05(Aplausos)
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5:05 - 5:09A diferença entre agitar assim ou não está relacionado com o mau funcionamento
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5:09 - 5:13de 25 mil neurônios no seu núcleo subtalâmico.
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5:13 - 5:16Então agora sabemos como encontrar esses encrenqueiros
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5:16 - 5:17e dizer-lhes, "Senhores, já chega.
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5:17 - 5:18Queremos que parem com isso."
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5:18 - 5:20E fazemos isso com eletricidade.
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5:20 - 5:23Então usamos eletricidade para ditar como disparar,
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5:23 - 5:26e tentamos bloquear seus maus funcionamentos usando a eletricidade.
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5:26 - 5:30Neste caso, suprimimos a atividade anormal dos neurônios.
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5:30 - 5:32Começamos a usar esta técnica em outros problemas,
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5:32 - 5:34e vou contar-lhes sobre um problema fascinante
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5:34 - 5:37que encontramos, um caso de distonia.
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5:37 - 5:39A distonia é um distúrbio que afeta crianças.
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5:39 - 5:43É genético, e causa movimentos contorcidos,
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5:43 - 5:45e essas crianças se contorcem progressivamente
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5:45 - 5:47até não poderem respirar, até sentirem dores,
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5:47 - 5:49ter infecções urinárias e morrerem.
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5:49 - 5:53Em 1997, pediram-me para ver este menino,
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5:53 - 5:56perfeitamente normal. Ele tem esta forma genética de distonia.
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5:56 - 5:58Há oito filhos nesta família.
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5:58 - 6:01Cinco deles têm distonia.
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6:01 - 6:03Aqui está ele.
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6:03 - 6:08Este menino tem 9 anos, estava perfeitamente normal até os 6 anos,
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6:08 - 6:12quando começou a contorcer seu corpo, primeiro o pé direito,
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6:12 - 6:15depois o esquerdo, o braço direito, o braço esquerdo,
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6:15 - 6:19o tronco, e quando chegou a mim,
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6:19 - 6:22depois de um ou dois anos desde que a doença apareceu,
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6:22 - 6:24ele não podia andar mais, nem ficar de pé.
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6:24 - 6:27Ele estava paralítico, e de fato a progressão natural
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6:27 - 6:30é que fique pior e eles se tornem progressivamente contorcidos,
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6:30 - 6:36progressivamente inválidos, e muitas dessas crianças não sobrevivem.
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6:36 - 6:38Então ele é uma das cinco crianças.
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6:38 - 6:42A única maneira de ele se mover era engatinhando com sua barriga assim.
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6:42 - 6:44Ele não respondia a nenhuma droga.
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6:44 - 6:46Não sabíamos o que fazer com este menino.
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6:46 - 6:48Não sabíamos que operação fazer,
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6:48 - 6:50em que parte do cérebro,
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6:50 - 6:53mas com base nos nossos resultados com o mal de Parkinson,
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6:53 - 6:55raciocinamos, por que não tentamos suprimir
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6:55 - 6:58a mesma área do cérebro do
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6:58 - 7:02mal de Parkinson, e ver o que acontece?
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7:02 - 7:04Aqui está ele. Nós o operamos
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7:04 - 7:07esperando que ele melhorasse. Não sabíamos.
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7:07 - 7:12Então aqui está ele agora, de volta a Israel onde ele mora,
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7:12 - 7:16três meses depois do procedimento, e aqui está ele.
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7:16 - 7:21(Aplausos)
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7:24 - 7:27Com base neste resultado, atualmente este é o procedimento
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7:27 - 7:28feito no mundo todo,
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7:28 - 7:29e houve centenas de crianças
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7:29 - 7:34que foram ajudadas por este tipo de cirurgia.
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7:34 - 7:36Este menino está agora na universidade
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7:36 - 7:38e tem uma vida praticamente normal.
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7:38 - 7:40Este foi um dos casos mais gratificantes
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7:40 - 7:42que eu já tive em toda minha carreira,
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7:42 - 7:45ao recuperar os movimentos e dar a possibilidade de andar a esta criança.
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7:45 - 7:52(Aplausos)
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7:52 - 7:55Percebemos que talvez pudéssemos usar esta tecnologia
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7:55 - 7:57não apenas nos circuitos que controlam o movimento
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7:57 - 7:59mas também circuitos que controlam outras coisas,
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7:59 - 8:00e a próxima coisa que abordamos
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8:00 - 8:03foram os circuitos que controlam o humor.
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8:03 - 8:05E decidimos iniciar com a depressão,
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8:05 - 8:07e a razão porque escolhemos a depressão é por ela ser tão comum,
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8:07 - 8:10e como sabem, existem muitos tratamentos para a depressão,
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8:10 - 8:12com medicamentos e psicoterapia,
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8:12 - 8:14até mesmo terapia eletroconvulsiva,
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8:14 - 8:15mas há milhões de pessoas,
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8:15 - 8:18e ainda há 10% a 20% de pacientes deprimidos
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8:18 - 8:21que não respondem, e são esses os que queremos ajudar.
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8:21 - 8:23E vamos ver se podemos usar esta técnica
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8:23 - 8:26para ajudar esses pacientes com depressão.
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8:26 - 8:27Então a primeira coisa que fizemos foi comparar,
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8:27 - 8:29qual a diferença do cérebro de alguém com depressão
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8:29 - 8:31e de alguém normal,
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8:31 - 8:34e o que fizemos foi fazer uma tomografia para ver o fluxo sanguíneo no cérebro,
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8:34 - 8:37e o que notamos é que os pacientes com depressão
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8:37 - 8:39comparados aos normais,
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8:39 - 8:40apresentam áreas no cérebro que estão apagadas,
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8:40 - 8:41e estas áreas estão em azul.
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8:41 - 8:43Aqui é onde você fica deprimido,
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8:43 - 8:47e as áreas em azul são as que têm a ver
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8:47 - 8:49com motivação, determinação e tomada de decisão,
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8:49 - 8:52e de fato, se você estiver gravemente deprimido como esses pacientes,
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8:52 - 8:55essas estão prejudicadas. Há falta de motivação e determinação.
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8:55 - 8:56Outra coisa que descobrimos
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8:56 - 8:59foi uma área que estava ativa demais, área 25,
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8:59 - 9:00vejam lá em vermelho,
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9:00 - 9:03e a área 25 é o centro da tristeza do cérebro.
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9:03 - 9:06Se eu fizer alguém triste, por exemplo, se eu lembrá-lo
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9:06 - 9:08da última vez que você viu seus pais antes de morrerem
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9:08 - 9:10ou um amigo antes que ele morresse,
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9:10 - 9:11esta área do cérebro acende.
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9:11 - 9:13É o centro da tristeza do cérebro.
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9:13 - 9:16E então os pacientes com depressão têm hiperatividade.
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9:16 - 9:18A área do cérebro para a tristeza está em vermelho.
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9:18 - 9:21O termostato está ajustado em 100 graus,
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9:21 - 9:24e as outras áreas do cérebro, associadas com determinação e motivação, estão apagadas.
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9:24 - 9:27Então nos perguntamos, podemos colocar eletrodos nesta área da tristeza
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9:27 - 9:29e ver se podemos diminuir o termostato,
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9:29 - 9:31podemos diminuir a atividade,
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9:31 - 9:33e qual será a consequência disso?
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9:33 - 9:36Então seguimos em frente e implantamos eletrodos em pacientes com depressão.
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9:36 - 9:39Este é um trabalho feito com minha colega Helen Mayberg de Emory.
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9:39 - 9:41Colocamos eletrodos na área 25,
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9:41 - 9:43e no scanner de cima vemos a área 25 antes
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9:43 - 9:45da operação, a área da tristeza está em vermelho,
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9:45 - 9:48e os lobos frontais estão apagados em azul,
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9:48 - 9:50e então, depois de três meses de estimulação contínua,
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9:50 - 9:5324 horas por dia, ou seis meses de estimulação contínua,
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9:53 - 9:55temos uma reversão completa disso.
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9:55 - 9:58Conseguimos desacelerar a área 25,
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9:58 - 10:00para um nível mais normal,
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10:00 - 10:02e conseguimos acender novamente
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10:02 - 10:03os lobos frontais do cérebro,
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10:03 - 10:05e realmente estamos vendo resultados espetaculares
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10:05 - 10:08nesses pacientes com depressão grave.
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10:08 - 10:11E agora estamos em ensaios clínicos, na Fase 3,
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10:11 - 10:13e isto pode se tornar um novo procedimento,
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10:13 - 10:15se for seguro, e achamos que é efetivo
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10:15 - 10:19no tratamento de pacientes com depressão grave.
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10:19 - 10:22Mostrei-lhes que podemos usar a estimulação cerebral profunda
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10:22 - 10:24para tratar o sistema motor
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10:24 - 10:27nos casos de mal de Parkinson e distonia.
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10:27 - 10:29Mostrei-lhes que podemos usá-la para tratar o circuito do humor
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10:29 - 10:31em casos de depressão.
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10:31 - 10:35Podemos usar a estimulação cerebral profunda para torná-lo mais inteligente?
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10:35 - 10:37(Risos)
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10:37 - 10:40Alguém tem interesse nisso?
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10:40 - 10:42(Aplausos)
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10:42 - 10:45É claro que podemos, certo?
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10:45 - 10:47Então o que decidimos fazer é
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10:47 - 10:50vamos tentar recarregar com turbo
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10:50 - 10:52os circuitos de memória do cérebro.
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10:52 - 10:55Vamos colocar eletrodos dentro dos circuitos
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10:55 - 10:57que regulam a sua memória e função cognitiva
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10:57 - 11:01para ver se podemos aumentar sua atividade.
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11:01 - 11:03Não vamos fazer isso em pessoas normais.
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11:03 - 11:06Vamos fazer isso em pessoas que têm déficits cognitivos,
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11:06 - 11:10e escolhemos tratar pacientes com mal de Alzheimer
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11:10 - 11:12que apresentam déficits cognitivo e de memória.
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11:12 - 11:14Como vocês sabem, este é o sintoma principal
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11:14 - 11:16dos primeiros estágios do mal de Alzheimer.
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11:16 - 11:18Então colocamos eletrodos dentro deste circuito
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11:18 - 11:20em uma área do cérebro chamada the fórnix,
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11:20 - 11:23que é a rodovia de entrada e saída deste circuito de memória,
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11:23 - 11:27com a intenção de ver se podemos ligar o circuito de memória,
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11:27 - 11:30e se isto pode, por sua vez, ajudar esse pacientes
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11:30 - 11:32com mal de Alzheimer.
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11:32 - 11:34Parece que no mal de Alzheimer,
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11:34 - 11:38há um déficit muito grande da utilização de glicose no cérebro.
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11:38 - 11:42O cérebro é um pouco ganancioso em relação à glicose.
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11:42 - 11:44Ele usa 20% de tudo --
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11:44 - 11:45mesmo que pese apenas 2% --
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11:45 - 11:48ele usa 10 vezes mais glicose do que deveria baseado no seu peso.
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11:48 - 11:51Vinte por cento de toda glicose do seu corpo é usado pelo cérebro,
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11:51 - 11:53e quando se passa de alguém normal
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11:53 - 11:56para ter prejuízo cognitivo brando,
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11:56 - 11:58que é o precursor do mal de Alzheimer, até a doença propriamente dita,
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11:58 - 12:01então há áreas do cérebro que param de usar glicose.
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12:01 - 12:03Elas se apagam.
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12:03 - 12:05E realmente, o que vemos é que essas áreas em vermelho
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12:05 - 12:07em volta da faixa exterior do cérebro
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12:07 - 12:09tornam-se progressivamente mais azuladas
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12:09 - 12:12até que se apagam completamente.
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12:12 - 12:15Isto é análogo a ter uma falha de energia
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12:15 - 12:17numa área do cérebro, uma falha de energia local.
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12:17 - 12:20Então as luzes estão apagadas em partes do cérebro
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12:20 - 12:22em pacientes com mal de Alzheimer,
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12:22 - 12:25e a pergunta é: As luzes estão apagadas para sempre,
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12:25 - 12:28ou podem ser religadas?
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12:28 - 12:31Podemos fazer com que essas áreas do cérebro voltem a usar glicose?
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12:31 - 12:33Então foi isso que fizemos. Implantamos eletrodos no fórnix
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12:33 - 12:36de pacientes com mal de Alzheimer, e ligamos,
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12:36 - 12:40e observamos o que acontece com o uso da glicose no cérebro.
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12:40 - 12:43E realmente, no topo, vejam antes da cirurgia,
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12:43 - 12:46as áreas em azul são as que usam menos glicose que o normal,
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12:46 - 12:48predominantemente os lobos temporal e parietal.
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12:48 - 12:50Estas áreas do cérebro estão apagadas.
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12:50 - 12:53As luzes estão apagadas nessas áreas do cérebro.
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12:53 - 12:56Inserimos então os eletrodos de DBS e esperamos um mês
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12:56 - 12:57ou um ano, e as áreas em vermelho
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12:57 - 13:00representam as áreas onde houve um incremento na utilização de glicose.
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13:00 - 13:03E realmente, podemos fazer com que essas áreas do cérebro
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13:03 - 13:06que não usavam glicose voltem a usá-la novamente.
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13:06 - 13:08Então o recado é que, no mal de Alzheimer,
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13:08 - 13:11as luzes estão apagadas, mas tem alguém em casa,
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13:11 - 13:13e podemos voltar a acendê-las
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13:13 - 13:15nessas áreas do cérebro, e ao fazermos isso,
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13:15 - 13:18esperamos que suas funções voltem.
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13:18 - 13:20Isto está em ensaios clínicos.
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13:20 - 13:22Vamos operar 50 pacientes
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13:22 - 13:24em estágio inicial de mal de Alzheimer
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13:24 - 13:26para ver se é seguro e efetivo,
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13:26 - 13:29se podemos melhorar suas funções neurológicas.
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13:29 - 13:35(Aplausos)
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13:37 - 13:40Então o recado que quero deixar hoje é que,
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13:40 - 13:42realmente, há alguns circuitos no cérebro
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13:42 - 13:46que apresentam mau funcionamento em diferentes etapas de doenças,
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13:46 - 13:48seja mal de Parkinson,
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13:48 - 13:51depressão, esquizofrenia e mal de Alzheimer.
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13:51 - 13:54Estamos aprendendo agora a entender quais são os circuitos,
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13:54 - 13:57quais as áreas do cérebro responsáveis pelos
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13:57 - 13:59sinais clínicos e sintomas dessas doenças.
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13:59 - 14:01Agora podemos alcançar esses circuitos.
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14:01 - 14:04Podemos inserir eletrodos dentro desses circuitos.
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14:04 - 14:07Podemos graduar a atividade desses circuitos.
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14:07 - 14:10Podemos diminui-los se estiverem muito ativados,
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14:10 - 14:13se estiverem causando problemas, que são sentidos em todo o cérebro,
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14:13 - 14:16ou podemos aumentá-los se apresentarem uma ativação baixa,
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14:16 - 14:18e ao fazer isso, pensamos que podemos ajudar
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14:18 - 14:21o funcionamento geral do cérebro.
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14:21 - 14:23As implicações disso, claro, é que podemos
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14:23 - 14:25modificar os sintomas da doença,
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14:25 - 14:27mas eu não contei que há também evidências
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14:27 - 14:32de que podemos ajudar a reparar áreas danificadas do cérebro usando eletricidade,
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14:32 - 14:34e isto é algo para o futuro, para ver se, realmente,
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14:34 - 14:36não apenas mudamos a atividade mas também
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14:36 - 14:38se algumas funções reparadoras do cérebro
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14:38 - 14:40podem ser obtidas.
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14:40 - 14:43Minha visão é que vamos ver uma grande expansão
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14:43 - 14:45na indicação dessa técnica.
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14:45 - 14:48Vamos ver os eletrodos serem colocados para muitos transtornos cerebrais.
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14:48 - 14:51Uma das coisas mais estimulante sobre isso é que, realmente,
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14:51 - 14:53é um trabalho multidisciplinar.
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14:53 - 14:56Envolve o trabalho de engenheiros, cientistas de imagens,
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14:56 - 14:58cientistas de base, neurologistas,
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14:58 - 15:01psiquiatras, neurocirurgiões, e certamente a interação
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15:01 - 15:04dessas múltiplas disciplinas gera esse entusiasmo.
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15:04 - 15:06E creio que veremos que
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15:06 - 15:10poderemos expulsar mais desses espíritos malignos
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15:10 - 15:12do cérebro à medida que o tempo passe,
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15:12 - 15:14e a consequência disso, claro, será
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15:14 - 15:16que poderemos ajudar muito mais pacientes.
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15:16 - 15:17Muito obrigado.
- Title:
- Andres Lozano: mal de Parkinson, depressão e a chave que pode desligá-los
- Speaker:
- Andres Lozano
- Description:
-
A estimulação cerebral profunda está se tornando muito precisa. É uma técnica que permite aos cirurgiões implantarem eletrodos em quase qualquer área do cérebro e incrementá-las ou diminuí-las -- como um sintonizador de rádio ou um termostato -- para corrigir disfunções. Um olhar dramático em técnicas emergentes, em que uma mulher com mal de Parkinson para instantaneamente de tremer e as áreas do cérebro erodidas pelo mal de Alzheimer retornam à vida. (Filmado no TEDxCaltech.)
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:34
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Gustavo Rocha approved Portuguese, Brazilian subtitles for Parkinson's, depression and the switch that might turn them off | |
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