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Andres Lozano: mal de Parkinson, depressão e a chave que pode desligá-los

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    Uma das coisas que quero deixar claro desde o início
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    é que nem todos os neurocirurgiões usam botas de cowboy.
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    Só queria que vocês soubessem disso.
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    Então, eu sou mesmo um neurocirurgião,
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    e sigo uma longa tradição da neurocirurgia,
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    e o que vou dizer a vocês hoje
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    é sobre ajustar os botões dos circuitos do cérebro,
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    ser possível ir a qualquer lugar do cérebro
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    e ligar e desligar áreas do cérebro
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    para ajudar nossos pacientes.
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    Então como disse, a neurocirurgia vem de uma longa tradição.
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    Ela existe há cerca de 7 mil anos.
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    Na Mesoamérica, havia a neurocirurgia,
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    e havia esses neurocirurgiões que tratavam os pacientes.
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    E eles tentavam -- eles sabiam que o cérebro estava relacionado
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    com doenças neurológicas e psiquiátricas.
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    Ele não sabiam exatamente o que estavam fazendo.
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    A propósito, isso não mudou muito. (Risos)
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    Mas eles pensavam que
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    se você tivesse uma doença neurológica ou psiquiátrica,
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    deveria ser porque você estava possuído
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    por um espírito maligno.
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    Se você estiver possuído por um espírito maligno
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    que causa problemas neurológicos ou psiquiátricos,
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    então o tratamento para isso é, claro,
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    fazer um buraco no crânio para deixar o espírito maligno sair.
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    Assim se pensava na época,
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    e esses indivíduos faziam esses buracos.
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    Algumas vezes os pacientes relutavam um pouco
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    em se submeter a isso porque, podemos perceber que
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    os buracos eram feitos parcialmente e então, penso,
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    ocorriam algumas trepanações, e então se recuperavam rapidamente
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    e era apenas um buraco parcial,
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    e sabemos que eles sobreviviam a esses procedimentos.
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    Isso era comum.
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    Havia alguns lugares onde um por cento
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    de todos os crânios tinham esses buracos, então pode-se ver
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    que as doenças neurológicas e psiquiátricas são bem comuns,
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    e também eram muito comuns há 7 mil anos.
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    Bem, ao longo do tempo,
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    começamos a descobrir que
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    diferentes partes do cérebro fazem coisas diferentes.
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    Existem áreas do cérebro que se dedicam
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    a controlar seu movimento, sua visão
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    sua memória ou seu apetite, e assim por diante.
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    E quando as coisas funcionam bem, o sistema nervoso
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    trabalha bem e tudo funciona.
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    Mas algumas vezes, as coisas não vão tão bem,
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    e há problemas nesses circuitos,
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    há alguns neurônios rebeldes que disparam em falso
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    e causam problemas, ou às vezes não estão muito ativos
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    e não funcionam como deveriam.
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    Agora, a manifestação disso
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    depende de qual lugar no cérebro estão esses neurônios.
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    Então quando esses neurônios estão no circuito motor,
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    você tem uma disfunção no sistema de movimento,
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    e você pode apresentar doenças como a de Parkinson.
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    Quando a disfunção é num circuito que regula o seu humor,
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    você pode apresentar depressão,
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    e quando é em um circuito que controla suas funções mnemônicas e cognitivas,
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    você pode apresentar doenças como Alzheimer.
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    Então o que somos capazes de fazer é localizar com precisão
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    onde estão essas perturbações no cérebro,
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    e somos capazes de intervir dentro desses circuitos
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    no cérebro para ativá-los ou desativá-los.
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    Isso é muito parecido com sintonizar uma estação
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    de rádio.
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    Uma vez que escolhemos a estação correta, seja jazz ou ópera,
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    em nosso caso é o movimento ou o humor,
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    podemos deixar o sintonizador aí,
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    e usar um outro botão para ajustar o volume,
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    para aumentá-lo ou diminuí-lo.
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    Então o que vou contar a vocês
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    é sobre usar os circuitos cerebrais para implantar eletrodos
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    e ligar e desligar áreas do cérebro
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    para ver se podemos ajudar nossos pacientes.
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    E isso é alcançado usando esse tipo de dispositivo,
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    chamado estimulador cerebral profundo.
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    Então o que fazemos é colocar esses eletrodos por todo cérebro.
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    Novamente, fazemos buracos no crânio do tamanho de uma moeda,
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    colocamos um eletrodo dentro que
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    está completamente abaixo da pele
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    e vai até um marca-passo no peito,
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    e com um controle remoto parecido ao da TV,
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    podemos ajustar quanto de eletricidade chega
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    a essas áreas do cérebro.
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    Podemos aumentar ou diminuir, ligar ou desligar.
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    Agora, por volta de 100 mil pacientes no mundo
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    receberam o estimulador cerebral profundo,
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    e vou mostrar-lhes alguns exemplos
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    do uso da estimulação cerebral profunda para tratar distúrbios de movimento,
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    de humor e de cognição.
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    Então parece algo assim quando está no cérebro.
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    Vejam o eletrodo através do crânio para dentro do cérebro
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    e parado ali, e podemos colocar isso em qualquer lugar do cérebro.
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    Digo aos meus amigos que nenhum neurônio está a salvo
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    de um neurocirurgião, porque podemos alcançar
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    qualquer lugar do cérebro de forma segura agora.
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    O primeiro exemplo que vou mostrar-lhes é uma paciente
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    com mal de Parkinson,
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    e esta senhora tem a doença,
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    e ela tem esses eletrodos em seu cérebro,
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    e vou mostrar-lhes como ela é
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    quando os eletrodos são desligados e ela apresenta os sintomas de Parkinson,
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    e então vamos ligá-los.
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    Então parece assim.
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    Os eletrodos estão desligados agora, e podemos ver os tremores dela.
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    (Video) Homem: Ok. Mulher: Não posso, Homem: Você pode tentar tocar meu dedo?
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    (Vídeo) Homem: Assim está um pouco melhor. Mulher: Esse lado está melhor.
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    Agora vamos ligá-los.
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    Estão ligados.
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    E isso funciona assim, de forma instantânea.
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    E a diferença entre agitar assim ou não --
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    (Aplausos)
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    A diferença entre agitar assim ou não está relacionado com o mau funcionamento
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    de 25 mil neurônios no seu núcleo subtalâmico.
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    Então agora sabemos como encontrar esses encrenqueiros
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    e dizer-lhes, "Senhores, já chega.
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    Queremos que parem com isso."
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    E fazemos isso com eletricidade.
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    Então usamos eletricidade para ditar como disparar,
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    e tentamos bloquear seus maus funcionamentos usando a eletricidade.
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    Neste caso, suprimimos a atividade anormal dos neurônios.
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    Começamos a usar esta técnica em outros problemas,
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    e vou contar-lhes sobre um problema fascinante
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    que encontramos, um caso de distonia.
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    A distonia é um distúrbio que afeta crianças.
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    É genético, e causa movimentos contorcidos,
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    e essas crianças se contorcem progressivamente
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    até não poderem respirar, até sentirem dores,
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    ter infecções urinárias e morrerem.
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    Em 1997, pediram-me para ver este menino,
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    perfeitamente normal. Ele tem esta forma genética de distonia.
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    Há oito filhos nesta família.
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    Cinco deles têm distonia.
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    Aqui está ele.
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    Este menino tem 9 anos, estava perfeitamente normal até os 6 anos,
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    quando começou a contorcer seu corpo, primeiro o pé direito,
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    depois o esquerdo, o braço direito, o braço esquerdo,
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    o tronco, e quando chegou a mim,
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    depois de um ou dois anos desde que a doença apareceu,
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    ele não podia andar mais, nem ficar de pé.
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    Ele estava paralítico, e de fato a progressão natural
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    é que fique pior e eles se tornem progressivamente contorcidos,
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    progressivamente inválidos, e muitas dessas crianças não sobrevivem.
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    Então ele é uma das cinco crianças.
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    A única maneira de ele se mover era engatinhando com sua barriga assim.
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    Ele não respondia a nenhuma droga.
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    Não sabíamos o que fazer com este menino.
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    Não sabíamos que operação fazer,
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    em que parte do cérebro,
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    mas com base nos nossos resultados com o mal de Parkinson,
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    raciocinamos, por que não tentamos suprimir
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    a mesma área do cérebro do
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    mal de Parkinson, e ver o que acontece?
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    Aqui está ele. Nós o operamos
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    esperando que ele melhorasse. Não sabíamos.
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    Então aqui está ele agora, de volta a Israel onde ele mora,
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    três meses depois do procedimento, e aqui está ele.
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    (Aplausos)
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    Com base neste resultado, atualmente este é o procedimento
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    feito no mundo todo,
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    e houve centenas de crianças
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    que foram ajudadas por este tipo de cirurgia.
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    Este menino está agora na universidade
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    e tem uma vida praticamente normal.
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    Este foi um dos casos mais gratificantes
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    que eu já tive em toda minha carreira,
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    ao recuperar os movimentos e dar a possibilidade de andar a esta criança.
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    (Aplausos)
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    Percebemos que talvez pudéssemos usar esta tecnologia
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    não apenas nos circuitos que controlam o movimento
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    mas também circuitos que controlam outras coisas,
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    e a próxima coisa que abordamos
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    foram os circuitos que controlam o humor.
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    E decidimos iniciar com a depressão,
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    e a razão porque escolhemos a depressão é por ela ser tão comum,
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    e como sabem, existem muitos tratamentos para a depressão,
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    com medicamentos e psicoterapia,
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    até mesmo terapia eletroconvulsiva,
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    mas há milhões de pessoas,
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    e ainda há 10% a 20% de pacientes deprimidos
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    que não respondem, e são esses os que queremos ajudar.
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    E vamos ver se podemos usar esta técnica
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    para ajudar esses pacientes com depressão.
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    Então a primeira coisa que fizemos foi comparar,
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    qual a diferença do cérebro de alguém com depressão
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    e de alguém normal,
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    e o que fizemos foi fazer uma tomografia para ver o fluxo sanguíneo no cérebro,
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    e o que notamos é que os pacientes com depressão
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    comparados aos normais,
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    apresentam áreas no cérebro que estão apagadas,
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    e estas áreas estão em azul.
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    Aqui é onde você fica deprimido,
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    e as áreas em azul são as que têm a ver
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    com motivação, determinação e tomada de decisão,
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    e de fato, se você estiver gravemente deprimido como esses pacientes,
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    essas estão prejudicadas. Há falta de motivação e determinação.
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    Outra coisa que descobrimos
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    foi uma área que estava ativa demais, área 25,
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    vejam lá em vermelho,
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    e a área 25 é o centro da tristeza do cérebro.
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    Se eu fizer alguém triste, por exemplo, se eu lembrá-lo
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    da última vez que você viu seus pais antes de morrerem
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    ou um amigo antes que ele morresse,
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    esta área do cérebro acende.
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    É o centro da tristeza do cérebro.
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    E então os pacientes com depressão têm hiperatividade.
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    A área do cérebro para a tristeza está em vermelho.
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    O termostato está ajustado em 100 graus,
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    e as outras áreas do cérebro, associadas com determinação e motivação, estão apagadas.
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    Então nos perguntamos, podemos colocar eletrodos nesta área da tristeza
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    e ver se podemos diminuir o termostato,
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    podemos diminuir a atividade,
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    e qual será a consequência disso?
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    Então seguimos em frente e implantamos eletrodos em pacientes com depressão.
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    Este é um trabalho feito com minha colega Helen Mayberg de Emory.
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    Colocamos eletrodos na área 25,
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    e no scanner de cima vemos a área 25 antes
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    da operação, a área da tristeza está em vermelho,
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    e os lobos frontais estão apagados em azul,
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    e então, depois de três meses de estimulação contínua,
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    24 horas por dia, ou seis meses de estimulação contínua,
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    temos uma reversão completa disso.
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    Conseguimos desacelerar a área 25,
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    para um nível mais normal,
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    e conseguimos acender novamente
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    os lobos frontais do cérebro,
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    e realmente estamos vendo resultados espetaculares
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    nesses pacientes com depressão grave.
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    E agora estamos em ensaios clínicos, na Fase 3,
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    e isto pode se tornar um novo procedimento,
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    se for seguro, e achamos que é efetivo
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    no tratamento de pacientes com depressão grave.
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    Mostrei-lhes que podemos usar a estimulação cerebral profunda
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    para tratar o sistema motor
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    nos casos de mal de Parkinson e distonia.
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    Mostrei-lhes que podemos usá-la para tratar o circuito do humor
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    em casos de depressão.
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    Podemos usar a estimulação cerebral profunda para torná-lo mais inteligente?
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    (Risos)
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    Alguém tem interesse nisso?
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    (Aplausos)
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    É claro que podemos, certo?
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    Então o que decidimos fazer é
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    vamos tentar recarregar com turbo
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    os circuitos de memória do cérebro.
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    Vamos colocar eletrodos dentro dos circuitos
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    que regulam a sua memória e função cognitiva
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    para ver se podemos aumentar sua atividade.
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    Não vamos fazer isso em pessoas normais.
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    Vamos fazer isso em pessoas que têm déficits cognitivos,
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    e escolhemos tratar pacientes com mal de Alzheimer
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    que apresentam déficits cognitivo e de memória.
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    Como vocês sabem, este é o sintoma principal
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    dos primeiros estágios do mal de Alzheimer.
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    Então colocamos eletrodos dentro deste circuito
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    em uma área do cérebro chamada the fórnix,
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    que é a rodovia de entrada e saída deste circuito de memória,
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    com a intenção de ver se podemos ligar o circuito de memória,
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    e se isto pode, por sua vez, ajudar esse pacientes
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    com mal de Alzheimer.
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    Parece que no mal de Alzheimer,
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    há um déficit muito grande da utilização de glicose no cérebro.
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    O cérebro é um pouco ganancioso em relação à glicose.
  • 11:42 - 11:44
    Ele usa 20% de tudo --
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    mesmo que pese apenas 2% --
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    ele usa 10 vezes mais glicose do que deveria baseado no seu peso.
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    Vinte por cento de toda glicose do seu corpo é usado pelo cérebro,
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    e quando se passa de alguém normal
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    para ter prejuízo cognitivo brando,
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    que é o precursor do mal de Alzheimer, até a doença propriamente dita,
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    então há áreas do cérebro que param de usar glicose.
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    Elas se apagam.
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    E realmente, o que vemos é que essas áreas em vermelho
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    em volta da faixa exterior do cérebro
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    tornam-se progressivamente mais azuladas
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    até que se apagam completamente.
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    Isto é análogo a ter uma falha de energia
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    numa área do cérebro, uma falha de energia local.
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    Então as luzes estão apagadas em partes do cérebro
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    em pacientes com mal de Alzheimer,
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    e a pergunta é: As luzes estão apagadas para sempre,
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    ou podem ser religadas?
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    Podemos fazer com que essas áreas do cérebro voltem a usar glicose?
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    Então foi isso que fizemos. Implantamos eletrodos no fórnix
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    de pacientes com mal de Alzheimer, e ligamos,
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    e observamos o que acontece com o uso da glicose no cérebro.
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    E realmente, no topo, vejam antes da cirurgia,
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    as áreas em azul são as que usam menos glicose que o normal,
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    predominantemente os lobos temporal e parietal.
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    Estas áreas do cérebro estão apagadas.
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    As luzes estão apagadas nessas áreas do cérebro.
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    Inserimos então os eletrodos de DBS e esperamos um mês
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    ou um ano, e as áreas em vermelho
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    representam as áreas onde houve um incremento na utilização de glicose.
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    E realmente, podemos fazer com que essas áreas do cérebro
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    que não usavam glicose voltem a usá-la novamente.
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    Então o recado é que, no mal de Alzheimer,
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    as luzes estão apagadas, mas tem alguém em casa,
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    e podemos voltar a acendê-las
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    nessas áreas do cérebro, e ao fazermos isso,
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    esperamos que suas funções voltem.
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    Isto está em ensaios clínicos.
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    Vamos operar 50 pacientes
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    em estágio inicial de mal de Alzheimer
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    para ver se é seguro e efetivo,
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    se podemos melhorar suas funções neurológicas.
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    (Aplausos)
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    Então o recado que quero deixar hoje é que,
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    realmente, há alguns circuitos no cérebro
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    que apresentam mau funcionamento em diferentes etapas de doenças,
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    seja mal de Parkinson,
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    depressão, esquizofrenia e mal de Alzheimer.
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    Estamos aprendendo agora a entender quais são os circuitos,
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    quais as áreas do cérebro responsáveis pelos
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    sinais clínicos e sintomas dessas doenças.
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    Agora podemos alcançar esses circuitos.
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    Podemos inserir eletrodos dentro desses circuitos.
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    Podemos graduar a atividade desses circuitos.
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    Podemos diminui-los se estiverem muito ativados,
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    se estiverem causando problemas, que são sentidos em todo o cérebro,
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    ou podemos aumentá-los se apresentarem uma ativação baixa,
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    e ao fazer isso, pensamos que podemos ajudar
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    o funcionamento geral do cérebro.
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    As implicações disso, claro, é que podemos
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    modificar os sintomas da doença,
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    mas eu não contei que há também evidências
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    de que podemos ajudar a reparar áreas danificadas do cérebro usando eletricidade,
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    e isto é algo para o futuro, para ver se, realmente,
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    não apenas mudamos a atividade mas também
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    se algumas funções reparadoras do cérebro
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    podem ser obtidas.
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    Minha visão é que vamos ver uma grande expansão
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    na indicação dessa técnica.
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    Vamos ver os eletrodos serem colocados para muitos transtornos cerebrais.
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    Uma das coisas mais estimulante sobre isso é que, realmente,
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    é um trabalho multidisciplinar.
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    Envolve o trabalho de engenheiros, cientistas de imagens,
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    cientistas de base, neurologistas,
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    psiquiatras, neurocirurgiões, e certamente a interação
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    dessas múltiplas disciplinas gera esse entusiasmo.
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    E creio que veremos que
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    poderemos expulsar mais desses espíritos malignos
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    do cérebro à medida que o tempo passe,
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    e a consequência disso, claro, será
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    que poderemos ajudar muito mais pacientes.
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    Muito obrigado.
Title:
Andres Lozano: mal de Parkinson, depressão e a chave que pode desligá-los
Speaker:
Andres Lozano
Description:

A estimulação cerebral profunda está se tornando muito precisa. É uma técnica que permite aos cirurgiões implantarem eletrodos em quase qualquer área do cérebro e incrementá-las ou diminuí-las -- como um sintonizador de rádio ou um termostato -- para corrigir disfunções. Um olhar dramático em técnicas emergentes, em que uma mulher com mal de Parkinson para instantaneamente de tremer e as áreas do cérebro erodidas pelo mal de Alzheimer retornam à vida. (Filmado no TEDxCaltech.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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