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(música ambiente misteriosa)
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(Naudline) A fantasia,
para mim, é sobrevivência.
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(música continua)
(barulho de pinceis)
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Não é apenas prazer.
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É...
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Essencial.
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E tem sido, eu acho,
que por toda a minha vida.
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(música ambiente)
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(Naudline Pierre:
Um Lugar Além Daqui)
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(barulho de tráfico)
(objeto metálico batendo)
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Eu sou Naudline Pierre.
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Sou artista.
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Faço quadros, esculturas,
obras no papel
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que exploram um universo
alternativo com seres celestes
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e outras criaturas sobrenaturais
e uma personagem principal
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ou protagonista que
está crescendo
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e meio que é parecida comigo,
mas não sou eu.
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(música ambiente no piano)
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Eu pude me prender
a esse sentido
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de fantasia, desde a infância,
devido à necessidade.
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(música continua)
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Eu nasci em uma família
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que tinha crenças
religiosas muito fortes.
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(música continua)
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Eu tinha muito medo
quando era criança.
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Acho que tinha um medo
de não ser justa o suficiente
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para chegar ao
próximo local.
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E que eu seria deixada
para trás aqui no mundo
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que não funcionou direito
no experimento falho.
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E aqui estou,
quase com 35 e...
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e ainda aqui. (risos)
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(música ambiente de corda)
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Pensar em voar,
queimar e...
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destruir e criar e amar
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e odiar e ter raiva.
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Tipo, eu posso só fazer
tudo isso no estúdio
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e eu posso fazer isso
através das histórias
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que essas personagens me deram
permissão para contar.
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(música ambiente)
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Às vezes, eu venho para o estúdio
e não tem nada acontecendo,
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e eu...
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preciso...
(mouse clicando)
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sentar e encarar e esperar
até essas personagens
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me deixarem entrar,
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(campanhia toca)
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e essas personagens
me dão o ok.
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Na maioria das vezes,
eu me sinto perguntando a elas
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para se revelarem
para mim.
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Quem são elas?
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Não sei exatamente,
e eu gosto
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de manter esse mistério.
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(música ambiente)
(barulho de pincel)
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Eu tenho essas personagens
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que são tipo uma cabeça
conectada à asas.
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E então eu tenho personagens
que têm braços e pernas e asas.
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E então eu tenho guardiões,
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que são seres muito,
muito altos.
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E então eu tenho a figura central
que é mais humana
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e não tem...
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a aparência desses
seres celestiais,
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mas está aprendendo como
controlar seus próprios poderes
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para meio que
voar por conta própria.
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Eu acho que "I, A Terror
Loosed Upon Your Heels"
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foi uma obra muito
fundamental para mim
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porque foi uma das
primeiras obras
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onde a figura central está
liderando o ataque em movimento.
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Ela dirige
uma carruagem de fogo,
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sendo puxada
por seres celestiais.
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(música ambiente)
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Para mim, essa obra
é muito poderosa
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porque ela está
se segurando sozinha,
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cercada por essas outras
personagens de apoio
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e é uma coisa meio,
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"É, eu sou um terror
e estou indo te pegar."
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(música ambiente)
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Acho que eu procuro por lugares
onde eu possa sentir aquela coisa
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que você não pode
mesmo expressar
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com as palavras que você
sente no seu coração.
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Um dos meus lugares
favoritos na cidade,
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eu diria que teriam
de ser os claustros.
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É uma sensação muito boa
estar em um lugar
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onde eu sinto
tanta inspiração.
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Me leva para outro tempo.
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(música ambiente)
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Acho que o que me atrai
para essa época é o fato
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de que esses claramente
são homens europeus
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e eles provavelmente não estavam
pensando em alguém como eu
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quando eles estavam
fazendo a obra.
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(música continua)
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Que eu posso pegar o que
eu quiser da história
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e reconfigurar tudo para
incluir o que eu quero ver.
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(música continua)
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Desde criança, eu estava
sempre pensando
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sobre coisas invisíveis e
imaginário fantástico e feras
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e profecias e sobre
o fim do mundo.
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(música continua)
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Eu acho que essa
ideia de seres celestiais,
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estrelas, chamas,
serpentes,
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ela conecta-se a um tipo
de mundo invisível
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e eu cresci com muito
desse tipo de linguagem.
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(música ambiente)
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Ao crescer, tinha ficado
entendido que
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essa não era a minha casa final,
que havia uma outra
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que estava sendo construida
para mim em outro lugar
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e se eu perseverasse
o suficiente,
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eu chegaria até esse lugar.
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E, por isso, poder criar
outro lugar,
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onde eu que decido,
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é uma sensação boa.
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(barulho de tráfico)
(barulho de buzina)
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(música tranquila)
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Agora que eu sou adulta,
eu meio que entendo
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como e porque
eu sou quem eu sou.
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Eu incorporo diferentes aspectos
de mim mesma,
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diferentes aspectos dessas criaturas
que estou pintando.
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(música continua)
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É sobre abraçar a minha
própria multiplicidade
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e tirar poder
da mundança.
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Estou aprendendo que
as personagens que me permitem
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mostrá-las enquanto elas mudam,
enquanto elas crescem
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elas são muitas
em uma.
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(música de sintetizador)
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(música para)