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Como despertar a sua curiosidade, cientificamente

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    Uma amiga me ligou há algumas semanas
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    me dando más notícias.
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    Ela deixou o celular dela
    cair no vaso sanitário.
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    Alguém aqui fez isso alguma vez?
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    (Risos)
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    Foi uma situação desagradável.
  • 0:14 - 0:18
    Sem exatamente entrar em detalhes
    de como isso aconteceu
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    ou como ela conseguiu tirá-lo de lá,
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    digamos apenas que foi uma situação ruim.
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    Ela entrou em pânico porque,
    como para muitos de nós,
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    o celular é uma das ferramentas
    mais usadas e essenciais da vida dela.
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    Mas por outro lado,
    ela não tinha ideia de como consertá-lo,
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    porque é como uma caixa preta
    completamente misteriosa.
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    Então pensem nisso: o que vocês fariam?
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    O que vocês entendem
    sobre o funcionamento de seu celular?
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    O que estão dispostos
    a testar ou consertar?
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    Para muitos, a resposta é, nada.
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    De fato, uma pesquisa descobriu
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    que quase 80% de usuários
    de smartphones nos EUA
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    nunca sequer substituíram
    as baterias do celular,
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    e 25% nem sabiam que isso era possível.
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    Eu sou física experimental,
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    por isso veem esses "brinquedinhos".
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    Sou especializada em fazer novos tipos
    de dispositivos eletrônicos em nanoescala
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    para estudar as propriedades mecânicas
    quânticas fundamentais deles.
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    Mas nem eu saberia por onde começar
    em termos de elementos de teste
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    no meu celular, se ele pifasse.
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    E os smartphones são apenas um exemplo
    dos dispositivos dos quais dependemos,
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    mas não conseguimos testar, desmontar,
    ou nem mesmo entender um totalmente.
  • 1:31 - 1:36
    Carros, eletrônicos e até brinquedos
    agora são tão complicados e avançados
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    que temos medo de abrir e consertá-los.
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    Eis o problema:
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    há uma desconexão entre nós
    e a tecnologia que usamos.
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    Somos totalmente alienados em relação
    aos dispositivos dos quais dependemos,
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    o que pode nos fazer sentir
    desamparados e inúteis.
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    Não é surpreendente
    que um estudo descobriu
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    que agora temos mais medo da tecnologia
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    do que da morte.
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    (Risos)
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    Mas acho que podemos nos reconectar
    aos nossos dispositivos,
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    reumanizá-los de um certo modo,
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    fazendo mais experiências práticas.
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    Por quê?
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    Bem, porque um experimento
    é um procedimento pra testar uma hipótese
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    e demonstrar um fato.
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    É a maneira como usamos nossos sentidos,
  • 2:30 - 2:32
    nossas mãos,
  • 2:32 - 2:33
    para nos conectarmos com o mundo
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    e descobrirmos como ele funciona.
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    E é essa conexão que estamos perdendo.
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    Deixem-me dar um exemplo:
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    este é um experimento que fiz recentemente
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    pra ver como a tela sensível
    ao toque funciona.
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    São apenas duas placas de metal,
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    e posso ligar numa das placas
    usando uma bateria.
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    E posso medir a separação de carga
    com este voltímetro aqui.
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    Quando aceno a mão perto das placas,
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    podem ver que a voltagem muda,
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    assim como a tela responde
    ao movimento da minha mão.
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    Mas qual é a relação com a minha mão?
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    Preciso fazer mais experimentos.
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    Posso pegar um pedaço de madeira,
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    tocar em uma das placas
    e ver que não muda muito,
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    mas se pegar um pedaço de metal
    e tocar na placa,
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    a voltagem muda drasticamente.
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    Agora posso fazer mais experimentos
    para ver qual é a diferença
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    entre a madeira e o metal,
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    e descobrirei que a madeira
    não está conduzindo,
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    mas o metal está, como a minha mão.
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    Assim, construo meu entendimento.
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    Agora sei que não posso
    usar luvas quando toco a tela,
  • 3:41 - 3:43
    porque elas não permitem a condução.
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    Mas eu também desvendei um pouco
    do mistério por trás da tecnologia
  • 3:48 - 3:51
    e construí minha intervenção,
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    minha contribuição pessoal e interações
    com a base nos meus dispositivos.
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    Mas experimentar vai um passo além
    de apenas desmontar os dispositivos.
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    Tem a ver com testar e agir
    no pensamento crítico prático.
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    E não importa se testo o funcionamento
    de uma tela sensível ao toque
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    ou se meço a condutividade
    dos diferentes tipos de materiais,
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    ou mesmo se quero ver a dificuldade
    que tenho ao quebrar com as mãos
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    os materiais de diferentes espessuras.
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    Em todos os casos, estou ganhando
    controle e entendimento
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    da base dos dispositivos que uso.
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    E há pesquisas por trás disso.
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    Para começar, estou usando minhas mãos,
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    o que parece promover o bem-estar.
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    Estou também envolvida
    em aprendizado prático,
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    o qual já foi provado que melhora
    o entendimento e a retenção,
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    e até ativa mais partes do nosso cérebro.
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    O pensamento prático
    através de experimentos
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    conecta nosso entendimento,
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    até mesmo o nosso senso de vitalidade,
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    ao mundo físico e às coisas que usamos.
  • 4:52 - 4:54
    Pesquisar na internet
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    não tem o mesmo efeito.
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    Para mim, esse foco em experimentos
  • 5:00 - 5:02
    também é pessoal.
  • 5:02 - 5:04
    Eu não cresci fazendo experimentos,
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    nem sabia o que um físico fazia.
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    Minha irmã tinha um kit de química
    que eu sempre quis usar,
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    mas ela não me deixava sequer tocar nele.
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    Eu me sentia mentalmente
    desconectada do mundo
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    e não sabia por quê.
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    Na verdade, quando eu tinha nove anos,
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    minha avó me chamou de solipsista,
  • 5:21 - 5:22
    e tive que procurar o significado:
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    você acha que você é tudo
    que existe no mundo.
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    Na época fiquei bem ofendida,
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    pois, que avó diz isso de sua neta?
  • 5:32 - 5:34
    (Risos)
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    Mas acho que era isso mesmo.
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    E foi só anos depois,
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    quando estava na faculdade
    estudando física básica,
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    que tive uma revelação de que o mundo,
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    pelo menos o físico,
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    poderia ser testado e entendido,
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    e passei a ter uma percepção
    completamente diferente
  • 5:53 - 5:56
    de como o mundo funcionava
    e qual era o meu lugar nele.
  • 5:56 - 6:00
    E depois, quando pude fazer
    meus próprios experimentos
  • 6:00 - 6:02
    e obter entendimento através da pesquisa,
  • 6:02 - 6:05
    boa parte da minha conexão
    com o mundo ficou completa.
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    Eu sei que nem todo mundo é
    físico experimental por profissão,
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    mas acho que todos poderiam
    fazer mais experiências práticas.
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    Vou dar outro exemplo.
  • 6:20 - 6:23
    Estava trabalhando recentemente
    com alunos do ensino médio,
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    ensinando-os sobre magnetismo,
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    e dei a eles um Magna Doodle
    para desmontarem.
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    Lembram-se de um desses?
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    A princípio, nenhum deles queria tocá-lo.
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    Disseram a eles por tanto tempo
    para não quebrar coisas
  • 6:42 - 6:45
    que estão acostumados
    apenas ao uso passivo.
  • 6:45 - 6:47
    Então, comecei a fazer perguntas:
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    "Como isso funciona?
    Quais partes são magnéticas?
  • 6:49 - 6:51
    Podem fazer uma hipótese e testá-la?"
  • 6:52 - 6:54
    Mas ainda assim não queriam abri-lo.
  • 6:54 - 6:56
    Queriam levá-lo para casa.
  • 6:56 - 7:01
    Até que um garoto finalmente o cortou
    e achou coisas bem legais lá dentro.
  • 7:01 - 7:04
    E isso é algo que podemos
    fazer aqui juntos.
  • 7:04 - 7:06
    Eles são muito fáceis de desmontar.
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    Existe um ímã dentro,
  • 7:12 - 7:15
    e posso simplesmente cortar isso,
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    cortá-lo novamente, e depois dividi-lo.
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    Depois que faço isso,
    não sei se conseguem ver,
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    existe uma espécie de material
    branco e úmido aqui.
  • 7:27 - 7:29
    Agora podem vê-lo no meu dedo.
  • 7:29 - 7:33
    E quando arrasto a caneta,
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    podem ver que esses filamentos
    estão ligados a ela.
  • 7:39 - 7:41
    Então as crianças viram isso,
  • 7:41 - 7:44
    e neste momento perceberam
    que era muito legal, ficaram empolgadas.
  • 7:44 - 7:48
    Começaram a cortá-los e desmontá-los,
  • 7:48 - 7:51
    gritando o nome das coisas
    que iam descobrindo,
  • 7:51 - 7:54
    como esses filamentos magnéticos
    conectados à caneta magnética
  • 7:54 - 7:56
    permitindo que ela escreva.
  • 7:56 - 8:00
    Ou como o material branco úmido manteve
    tudo disperso pra que ela escrevesse.
  • 8:00 - 8:02
    E quando estavam saindo da sala,
  • 8:02 - 8:04
    dois deles se viraram pra mim e disseram:
  • 8:04 - 8:05
    "Adoramos isso.
  • 8:06 - 8:09
    Eu e ela vamos fazer mais experimentos
    neste final de semana".
  • 8:09 - 8:11
    (Risos)
  • 8:15 - 8:17
    Sim, eu sei, os pais deles
    devem estar preocupados com isso,
  • 8:17 - 8:20
    mas é uma coisa boa!
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    Experimentar é bom, e na verdade,
    achei extremamente gratificante,
  • 8:23 - 8:28
    e espero que tenha sido um aprendizado
    muito enriquecedor para eles.
  • 8:28 - 8:31
    Porque mesmo um ímã básico
  • 8:31 - 8:34
    é algo que podemos experimentar em casa.
  • 8:34 - 8:37
    São tanto simples quanto complexos.
  • 8:37 - 8:39
    Por exemplo, podem estar questionando:
  • 8:39 - 8:43
    como pode o mesmo material
    atrair e repelir?
  • 8:43 - 8:49
    Se eu pegar um ímã, posso usar
    um deles para girar o outro.
  • 8:49 - 8:53
    Ou posso pegar essa cédula de dólar aqui,
  • 8:53 - 8:55
    e alguns ímãs,
  • 8:55 - 8:59
    e podem ver que a cédula
    é levantada pelos ímãs.
  • 8:59 - 9:03
    Isso porque há tinta magnética
    escondida para evitar falsificação.
  • 9:03 - 9:07
    Ou aqui tenho um pouco
    de farelo de cereal.
  • 9:07 - 9:09
    E isso também é magnético.
  • 9:10 - 9:11
    Ele tem ferro nele.
  • 9:11 - 9:13
    (Risos)
  • 9:13 - 9:15
    E isso pode ser bom pra nós, certo?
  • 9:16 - 9:18
    Aqui temos outra coisa.
  • 9:18 - 9:20
    Essa peça não é magnética.
  • 9:20 - 9:23
    Não consigo levantá-la com o ímã.
  • 9:23 - 9:26
    Mas agora vou esfriar essa mesma placa,
  • 9:27 - 9:29
    e depois que esfriá-la,
  • 9:33 - 9:35
    vou colocá-la em cima do ímã,
  • 9:39 - 9:40
    (Aplausos)
  • 9:40 - 9:42
    É incrível.
  • 9:46 - 9:48
    Isso não é magnético,
  • 9:48 - 9:51
    mas, de alguma forma,
    está interagindo com um ímã.
  • 9:51 - 9:55
    Entender isso vai certamente
    levar a muitos outros experimentos.
  • 9:55 - 9:58
    Isso é algo que venho estudando
    grande parte da minha carreira:
  • 9:58 - 10:00
    é chamado de supercondutores.
  • 10:00 - 10:04
    Eles podem ser complexos,
  • 10:04 - 10:08
    mas mesmo experimentos simples
    podem nos conectar melhor ao mundo.
  • 10:08 - 10:13
    Se eu disser que a memória flash
    trabalha girando pequenos ímãs,
  • 10:13 - 10:16
    agora podem imaginar, acabaram de ver.
  • 10:16 - 10:18
    Ou se disser que máquinas
    de ressonância magnética
  • 10:18 - 10:22
    usam magnetismo para girar
    partículas magnéticas em nosso corpo,
  • 10:22 - 10:24
    já viram isso sendo feito.
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    Nós interagimos com a tecnologia
    e entendemos a base desses dispositivos.
  • 10:35 - 10:40
    Sei que é difícil adicionar
    mais coisas à nossa vida,
  • 10:40 - 10:42
    especialmente experimentos.
  • 10:42 - 10:45
    Mas acho que o desafio vale a pena.
  • 10:45 - 10:49
    Pensem em como algo funciona,
    depois o desmontem para testá-lo.
  • 10:49 - 10:53
    Manipulem algo e provem
    algum princípio físico para si mesmos.
  • 10:54 - 10:57
    Coloquem o humano de volta na tecnologia.
  • 10:58 - 11:01
    Vocês ficarão surpresos
    com as conexões que farão.
  • 11:01 - 11:02
    Obrigada.
  • 11:02 - 11:05
    (Aplausos)
Title:
Como despertar a sua curiosidade, cientificamente
Speaker:
Nadya Mason
Description:

Você tem curiosidade para saber como as coisas funcionam? Faça um experimento prático em casa, diz a física Nadya Mason. Ela mostra como você pode desmistificar o mundo ao seu redor, explorando a sua curiosidade científica, e realiza alguns experimentos no palco usando ímãs, cédulas de dólar, gelo seco e mais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:18

Portuguese, Brazilian subtitles

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