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David Pizarro: a estranha política do nojo

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    No século XVII, uma mulher chamada Giulia Tofana
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    abriu um negócio de perfumes muito bem-sucedido
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    Por mais de 50 anos ela administrou esse negócio.
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    E meio que terminou repentinamente quando ela foi executada — (Risos) —
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    pela morte de 600 homens. Quer dizer, o perfume não era muito bom.
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    De fato, não tinha qualquer cheiro, gosto ou cor.
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    mas como veneno, era o melhor que o dinheiro podia comprar.
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    Então, mulheres vinham correndo a ela para assassinar seus maridos.
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    Acontece que envenenadores eram um grupo temido e admirado,
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    pois envenenar um ser humano é uma tarefa bastante difícil.
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    A razão para isso é que nós temos uma espécie de detector de veneno embutido.
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    É possível observá-lo inclusive já em recém-nascidos.
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    Se você estiver disposto, você pode pegar algumas gotas
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    de uma substância azeda ou amarga,
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    e você verá aquela expressão, língua para fora, nariz enrugado,
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    como se a pessoa estivesse tentando se livrar do que está na sua boca.
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    Essa reação se expande quando crescemos e se torna
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    um tipo de resposta bem desenvolvida de nojo, não só
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    quando estamos em risco de envenenamento,
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    mas sempre que há ameaça de contaminação física
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    de alguma fonte. Mas a expressão continua exatamente a mesma.
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    Porém, isso evolui não só para nos manter longe
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    de contaminantes físico, e há um crescente
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    conjunto de evidências que sugerem que, de fato, esse sentimento
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    de nojo influencia até nossas crenças morais.
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    e até mesmo nossas posições políticas mais íntimas.
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    Porque será que isso acontece?
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    Podemos entender este processo entendendo
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    um pouco sobre sentimentos em geral. Os sentimentos humanos básicos,
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    aqueles tipos de sentimentos que compartilhamos com outros seres humanos,
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    existem porque nos motivam a fazer coisas boas
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    e nos impedem de fazer coisas ruins.
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    Portanto, de modo geral, eles são bons para nossa sobrevivência.
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    Pegue o sentimento de medo, por exemplo. Ele nos
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    impede de fazer coisas muito, muito perigosas.
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    Esta foto foi tirada logo antes da morte dele — (Risos) —
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    é na verdade uma — Não, uma razão pela qual a foto é interessante
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    é que a maioria das pessoas não faria isso, e se fizessem,
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    elas não viveriam para contar, pois o medo a um predador
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    natural teria entrado em ação há muito tempo.
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    Assim como o medo nos dá o benefício da proteção, o nojo parece
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    ter o mesmo papel, exceto que o nojo age
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    nos mantendo longe não do que pode nos devorar
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    ou grandes alturas, mas de coisas que podem nos envenenar
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    ou nos passar uma doença.
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    Portanto, uma das características do nojo que o faz tão
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    interessante sentimento é que ela acontece muito, muito facilmente.
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    Na verdade, provavelmente mais do que qualquer outro sentimento básico
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    e vou mostrar que com algumas imagens
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    posso provavelmente fazer vocês sentirem nojo.
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    Portanto tapem os olhos. Aviso quando vocês puderem olhar.
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    (Risos)
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    Quer dizer, vocês veem isso todos os dias, não? Fala sério. (Risos)
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    (Platéia: Ewww.)
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    Ok, podem olhar novamente, se você taparam os olhos.
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    Provavelmente, muitos de vocês na platéia
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    sentiram um grande nojo, mas para quem não olhou,
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    Posso falar um pouco de outras coisas que foram provadas
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    como causa universal de nojo nas pessoas
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    coisas como fezes, urina, sangue, carne podre.
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    Esse é o tipo de coisa de que faz sentido
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    se manter longe, pois elas podem realmente nos contaminar.
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    De fato, uma simples aparência doentia
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    os estranhos atos sexuais, essas também são
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    coisas que nos causam nojo.
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    Darwin foi provavelmente um dos primeiros cientistas
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    a investigar sistematicamente as emoções humanas
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    e ele salientou a natureza universal e a força
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    da resposta ao nojo.
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    Esta é uma anedota de uma de suas viagens à América do Sul
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    "Na Terra do Fogo um nativo tocou com o dedo
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    num pedaço de carne preservada enquanto eu estava comendo
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    e claramente sentiu nojo pela sua textura macia, enquanto eu sentia
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    um grande nojo pela minha comida sendo tocada por um selvagem nu — (Risos) —
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    apesar das mãos dele não parecerem sujas."
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    Mais tarde ele escreveu, "Não se preocupem, alguns de meus melhores amigos são selvagens nus." (Risos)
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    Bom, acontece que não são somente velhos cientistas britânicos
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    que são enjoados assim. Recentemente eu tive a chance
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    de conversar com Richard Dawkins para um documentário,
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    e eu consegui causar nojo algumas vezes.
    Aqui minha favorita.
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    Richard Dawkins: "Nós evoluímos em torno de namoro e sexo,
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    estamos ligados a emoções e reações profundamente enraízadas
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    que são difíceis de abandonar da noite pro dia."
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    David Pizarro: Minha parte favorita deste vídeo é que
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    o Professor Dawkins na verdade sentia ânsias
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    Ele pula para trás, e sente ânsias, e ele teve que fazer isso três vezes
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    e todas as vezes, ele sentia ânsias. (Risos)
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    E ele estava realmente com ânsias. Eu pensei que ele poderia vomitar em mim, de fato.
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    Mas uma das características do nojo,
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    não é somente sua universalidade e força,
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    mas como ele é causado por associação
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    pois quando uma coisa nojenta toca uma coisa limpa,
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    aquela que era limpa se torna nojenta e não o contrário.
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    Isso se torna uma estratégia muito útil se você quiser
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    convencer alguém que um objeto ou um indivíduo
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    ou um grupo social inteiro é nojento e deve ser evitado.
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    A filósofa Martha Nussbaum salienta isto
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    nessa frase: "Então através da história, certas propriedades
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    do nojo -- coisas viscosas, grudentas, cheiro ruim, podridão, imundície
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    tem sido repetida e constantemente associadas com ...
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    Judeus, mulheres, homossexuais, intocáveis, pessoas de classe baixa --
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    todos são ilustrados como manchados pela sujeira do corpo."
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    Só vou dar alguns exemplos de como, alguns bons
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    exemplos de como isto tem sido usado historicamente.
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    Isto veio de um livro infantil nazista publicado em 1938:
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    "Olha só esses caras! As barbas toda piolhentas,
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    as orelhas salientes imúndas, aquelas roupas engorduradas e manchadas...
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    Judeus normalmente tem um cheiro desagradável de suor.
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    Se você tiver um bom nariz, você pode sentir o cheiro deles."
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    Um exemplo mais moderno vem de pessoas que tentam
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    nos convencer que homossexualidade é imoral.
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    Isto é de um site anti-gay, onde é falado que
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    gays são "dignos de morte por suas práticas sexuais depravadas."
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    Eles são como "cães comendo seu próprio vômito e porcos chafurdando em suas próprias fezes."
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    Estas são propriedades do nojo que estam tentando associar
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    diretamente a um grupo social de que não se deveria gostar.
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    Quando estávamos primeiramente investigando o papel do nojo
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    no julgamento moral, uma das coisas que nos interessou
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    foi se esse tipo de apelo é mais provável
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    que funcione com indivíduos que sentem nojo mais facilmente.
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    Pois já que nojo, como outros sentimentos básicos,
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    são fenômenos universais, é simplesmente verdade
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    que algumas pessoas sentem nojo mais facilmente que outras
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    Você provavelmente pôde ver isto nos membros da platéia
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    quando eu mostrei aquelas imagens nojentas.
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    O jeito que usamos para medir isto foi por uma escala
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    criada por alguns psicólogos
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    que só perguntaram a várias pessoas por uma variedade de situações
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    Qual a chance de elas sentirem nojo.
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    Aqui estão alguns exemplos.
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    "Mesmo se eu estivesse com fome, eu não tomaria uma tijela
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    da minha sopa favorita, se ela tivesse sido mexida com um mata-moscas usado, porém bem lavado."
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    Você concorda ou discorda?" (Risos)
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    "Você está caminhando por um túnel sob uns trilhos de trem,
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    e você sente cheiro de urina. Você ficaria com muito nojo ou absolutamente não?"
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    Se você fizer o suficiente dessas perguntas, você terá um índice
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    geral e global de sensibilidade ao nojo.
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    Acontece que este índice é realmente útil.
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    Quando você traz pessoas ao laboratório e pergunta
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    se elas estão dispostas a exercer um comportamento seguro, porém nojento
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    como comer chocolate que foi preparado para parecer com cocô de cachorro,
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    ou neste caso comer algumas larvas que são perfeitamente saudáveis, mas bastante nojentas,
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    seu índice naquela escala, de fato, prediz se você
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    estará disposto a ter aqueles comportamentos.
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    A primeira vez que saímos para coletar dados sobre isso
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    e associá-los com crenças políticas e morais
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    nós encontramos um padrão --
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    Isto é com os psicólogos Zoel Inbar e Paul Bloom --
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    de que, de fato, durante três estudos, continuamos observando
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    que as pessoas que apresentaram sentir nojo facilmente
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    também apresentaram ser mais politicamente conservadoras.
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    Outro modo de dizer isso, é que pessoas
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    que são muito liberais não tem nojo de quase nada. (Risos)
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    Num estudo mais recente, fomos capazes de observar
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    uma amostra muito maior, neste caso,
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    aqui são quase 30.000 participantes nos E.U.A.
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    e nós encontramos o mesmo padrão. Como vocês podem ver,
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    pessoas que estão do lado mais conservador
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    respondendo à escala de orientação política também são
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    mais propensas a apresentar que sentem nojo mais facilmente.
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    Este conjunto de dados também nos permitiu controlar estatisticamente
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    uma série de coisas que sabíamos estar relacionadas
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    a orientação política e sensibilidade ao nojo.
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    Pudemos controlar por gênero, idade, renda,
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    educação, até mesmo variáveis básicas em personalidade,
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    e o resultado se mantém o mesmo.
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    Quando olhamos, de fato, orientação política não somente relatada,
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    mas o comportamento nas urnas, fomos capazes de verificar geograficamente
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    através da nação. O que descobrimos foi que em regiões
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    onde as pessoas reportaram maiores níveis de sensibilidade ao nojo
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    McCain tinha mais votos.
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    Então, não só previa relatos próprios a orientação política,
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    mas o real comportamento nas urnas. E também pudemos,
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    com essa amostra, olhar através do mundo,
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    em 121 países diferente fizemos as mesmas perguntas,
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    e como vocês podem ver, estes são os 121 países separados
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    em 10 regiões geográficas diferentes.
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    Não importa onde você olhe, o que isso nos mostra é o tamanho
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    da relação entre sensibilidade ao nojo e orientação política,
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    e não importa onde olhássemos, sempre víamos um efeito simliar.
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    Outros laboratórios também fizeram esta observação
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    usando medidas diferentes de sensibilidade ao nojo,
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    e em vez de perguntar às pessoas quão facilmente elas sentem nojo,
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    eles as conectavam a medidas fisiológicas,
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    neste caso condutância da pele.
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    E o que eles demonstraram é que as pessoas
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    mais politicamente conservadoras são também mais estimuladas fisiologicamente
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    quando você mostra a elas imagens nojentas como as que mostrei a vocês.
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    Curiosamente, o que eles mostraram numa descoberta
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    que nós também tivemos em estudos passados
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    foi que uma das maiores influências aqui é que
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    indivíduos que são muito sensíveis ao nojo não só são
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    mais propensos a ser politicamente conservadores, mas
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    eles também são contrários ao casamento gay
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    e homossexualidade e basicamente vários
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    assuntos sócio-morais no quesito sexualidade.
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    Estímulos fisiológicos predisseram, neste estudo,
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    atitudes a favor do casamento gay.
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    Mas mesmo com todos esses dados associando sensibilidade ao nojo
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    e orientação política, uma das questões que resta é
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    qual é a relação de causa aqui? É este o caso em que
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    o nojo está mesmo moldando crenças políticas e morais?
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    Temos que recorrer a métodos experimentais para responder isto,
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    e o que podemos mesmo fazer é trazer gente ao laboratório
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    causar-lhes nojo e compará-los a um grupo de controle
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    que não sentiu nojo. Acontece que
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    nos últimos cinco anos, um número de pesquisadores fez isso,
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    e de modo geral os resultados todos foram os mesmos,
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    que quando pessoas estão com nojo, suas atitudes
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    tendem para o lado direito do espectro político,
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    mais para o lado do conservadorismo moral.
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    Portanto, caso você use um cheiro podre, um gosto ruim,
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    desde trailers de filmes, desde insinuações pós-hipnóticas de nojo
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    imagens como as que mostrei a vocês, mesmo somente
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    lembrando os outros que a doença prevalece e eles devem
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    ser cuidadosos e se lavar bem, se manterem limpos,
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    Isso tudo tem efeitos semelhantes na opinião.
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    Vou mostrar a vocês um exemplo de um estudo recente
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    que nós conduzimos. Nós pedimos aos participantes
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    para dar sua opinião sobre vários grupos sociais,
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    a eventualmente fizemos o ambiente cheirar muito mal ou não.
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    Quando o ambiente estava cheirando mal, o que observamos foi que
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    os indivíduos reportaram atitudes mais negativas em relação aos gays.
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    Nojo não inflluenciou atitudes em relação aos outros
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    grupos sociais que perguntamos, incluindo afroamericanos,
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    idosos. Realmente se tratava das atitudes que eles tinham
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    em relação aos gays.
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    Em outro grupo de estudos, nós só sugerimos às pessoas --
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    isto foi na época que a gripe suína estava por aí --
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    nós sugerimos que para prevenir a disseminação
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    da gripe, eles tinham que lavar as mãos.
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    Para alguns participantes, nós realmente pedimos que respondessem a questionários
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    ao lado de um aviso lembrando de lavar as mãos.
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    E descobrimos que somente por responder um questionário
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    próximo a esse lembrete sobre lavar as mãos fez com que os indivíduos
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    apresentassem ser mais politicamente conservadores.
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    E quando fizemos várias perguntas se
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    certos atos eram certos ou errados, o que também
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    descobrimos foi que só por serem lembrados que deviam
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    lavar as mãos fez deles mais moralmente conservadores.
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    Particularmente, quando fizemos perguntas sobre
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    práticas sexuais meio que tabu, mas relativamente inofensivas,
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    só por serem lembrados que eles deviam lavar as mãos
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    os fez pensar que elas eram mais moralmente erradas.
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    Deixe-me dar um exemplo do que quero dizer com práticas
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    inofensivas, mas tabu. Apresentamos cenários.
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    Um deles era um rapaz cuidando da casa para sua avó.
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    E quando a avó estava fora, ele fez sexo com a namorada
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    na cama da avó.
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    Em outro era uma mulher que gostava de se masturbar
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    com seu ursinho de pelúcia favorito abraçado ao seu lado. (Risos)
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    As pessoas acham isso mais repugnante moralmente
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    quando lembradas de lavar as mãos. (Risos)
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    (Risos)
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    Ok. O fato de que sentimentos influenciam nossa opinião
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    não deveria ser uma surpresa. Quer dizer,
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    é assim que os sentimentos funcionam.
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    Eles não somente o motivam a se comportar de certa maneira,
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    mas eles mudam o modo como você pensa.
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    No caso do nojo, o que é mais surpreendente
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    é o escopo dessa influência. Faz muito sentido,
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    e é um ótimo sentimento para termos, que o nojo
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    me faria mudar o jeito em que percebo
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    o mundo físico sempre que há contaminação iminente.
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    Faz menos sentido que um sentimento que foi construído
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    para me impedir de ingerir veneno deveria predizer
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    em quem ou vou votar nas próximas eleições presidenciais.
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    A questão de se nojo deve influenciar
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    nossa opinião política e moral
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    certamente tem que ser complexa, e pode depender de
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    qual opinião estamos falando exatamente, e como cientistas,
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    temos que concluir às vezes que o método científico
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    só é mal-preparado para responder esse tipo de questão.
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    Mas uma coisa de que estou relativamente certo é,
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    pelo menos, o que podemos fazer com essa pesquisa é
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    apontar a qual questão devemos responder a princípio
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    Obrigado. (Aplausos)
Title:
David Pizarro: a estranha política do nojo
Speaker:
David Pizarro
Description:

O que uma imagem nojenta tem a ver com como você vota? Equipado com pesquisas e experimentos, o psicólogo David Pizarro demonstra a correlação entre sinais de sensibilidade ao nojo -- uma imagem de fezes, um cheiro desagradável -- e conservadorismo moral e político. (Filmado em TEDxEast.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:02

Portuguese, Brazilian subtitles

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