No século XVII, uma mulher chamada Giulia Tofana abriu um negócio de perfumes muito bem-sucedido Por mais de 50 anos ela administrou esse negócio. E meio que terminou repentinamente quando ela foi executada — (Risos) — pela morte de 600 homens. Quer dizer, o perfume não era muito bom. De fato, não tinha qualquer cheiro, gosto ou cor. mas como veneno, era o melhor que o dinheiro podia comprar. Então, mulheres vinham correndo a ela para assassinar seus maridos. Acontece que envenenadores eram um grupo temido e admirado, pois envenenar um ser humano é uma tarefa bastante difícil. A razão para isso é que nós temos uma espécie de detector de veneno embutido. É possível observá-lo inclusive já em recém-nascidos. Se você estiver disposto, você pode pegar algumas gotas de uma substância azeda ou amarga, e você verá aquela expressão, língua para fora, nariz enrugado, como se a pessoa estivesse tentando se livrar do que está na sua boca. Essa reação se expande quando crescemos e se torna um tipo de resposta bem desenvolvida de nojo, não só quando estamos em risco de envenenamento, mas sempre que há ameaça de contaminação física de alguma fonte. Mas a expressão continua exatamente a mesma. Porém, isso evolui não só para nos manter longe de contaminantes físico, e há um crescente conjunto de evidências que sugerem que, de fato, esse sentimento de nojo influencia até nossas crenças morais. e até mesmo nossas posições políticas mais íntimas. Porque será que isso acontece? Podemos entender este processo entendendo um pouco sobre sentimentos em geral. Os sentimentos humanos básicos, aqueles tipos de sentimentos que compartilhamos com outros seres humanos, existem porque nos motivam a fazer coisas boas e nos impedem de fazer coisas ruins. Portanto, de modo geral, eles são bons para nossa sobrevivência. Pegue o sentimento de medo, por exemplo. Ele nos impede de fazer coisas muito, muito perigosas. Esta foto foi tirada logo antes da morte dele — (Risos) — é na verdade uma — Não, uma razão pela qual a foto é interessante é que a maioria das pessoas não faria isso, e se fizessem, elas não viveriam para contar, pois o medo a um predador natural teria entrado em ação há muito tempo. Assim como o medo nos dá o benefício da proteção, o nojo parece ter o mesmo papel, exceto que o nojo age nos mantendo longe não do que pode nos devorar ou grandes alturas, mas de coisas que podem nos envenenar ou nos passar uma doença. Portanto, uma das características do nojo que o faz tão interessante sentimento é que ela acontece muito, muito facilmente. Na verdade, provavelmente mais do que qualquer outro sentimento básico e vou mostrar que com algumas imagens posso provavelmente fazer vocês sentirem nojo. Portanto tapem os olhos. Aviso quando vocês puderem olhar. (Risos) Quer dizer, vocês veem isso todos os dias, não? Fala sério. (Risos) (Platéia: Ewww.) Ok, podem olhar novamente, se você taparam os olhos. Provavelmente, muitos de vocês na platéia sentiram um grande nojo, mas para quem não olhou, Posso falar um pouco de outras coisas que foram provadas como causa universal de nojo nas pessoas coisas como fezes, urina, sangue, carne podre. Esse é o tipo de coisa de que faz sentido se manter longe, pois elas podem realmente nos contaminar. De fato, uma simples aparência doentia os estranhos atos sexuais, essas também são coisas que nos causam nojo. Darwin foi provavelmente um dos primeiros cientistas a investigar sistematicamente as emoções humanas e ele salientou a natureza universal e a força da resposta ao nojo. Esta é uma anedota de uma de suas viagens à América do Sul "Na Terra do Fogo um nativo tocou com o dedo num pedaço de carne preservada enquanto eu estava comendo e claramente sentiu nojo pela sua textura macia, enquanto eu sentia um grande nojo pela minha comida sendo tocada por um selvagem nu — (Risos) — apesar das mãos dele não parecerem sujas." Mais tarde ele escreveu, "Não se preocupem, alguns de meus melhores amigos são selvagens nus." (Risos) Bom, acontece que não são somente velhos cientistas britânicos que são enjoados assim. Recentemente eu tive a chance de conversar com Richard Dawkins para um documentário, e eu consegui causar nojo algumas vezes. Aqui minha favorita. Richard Dawkins: "Nós evoluímos em torno de namoro e sexo, estamos ligados a emoções e reações profundamente enraízadas que são difíceis de abandonar da noite pro dia." David Pizarro: Minha parte favorita deste vídeo é que o Professor Dawkins na verdade sentia ânsias Ele pula para trás, e sente ânsias, e ele teve que fazer isso três vezes e todas as vezes, ele sentia ânsias. (Risos) E ele estava realmente com ânsias. Eu pensei que ele poderia vomitar em mim, de fato. Mas uma das características do nojo, não é somente sua universalidade e força, mas como ele é causado por associação pois quando uma coisa nojenta toca uma coisa limpa, aquela que era limpa se torna nojenta e não o contrário. Isso se torna uma estratégia muito útil se você quiser convencer alguém que um objeto ou um indivíduo ou um grupo social inteiro é nojento e deve ser evitado. A filósofa Martha Nussbaum salienta isto nessa frase: "Então através da história, certas propriedades do nojo -- coisas viscosas, grudentas, cheiro ruim, podridão, imundície tem sido repetida e constantemente associadas com ... Judeus, mulheres, homossexuais, intocáveis, pessoas de classe baixa -- todos são ilustrados como manchados pela sujeira do corpo." Só vou dar alguns exemplos de como, alguns bons exemplos de como isto tem sido usado historicamente. Isto veio de um livro infantil nazista publicado em 1938: "Olha só esses caras! As barbas toda piolhentas, as orelhas salientes imúndas, aquelas roupas engorduradas e manchadas... Judeus normalmente tem um cheiro desagradável de suor. Se você tiver um bom nariz, você pode sentir o cheiro deles." Um exemplo mais moderno vem de pessoas que tentam nos convencer que homossexualidade é imoral. Isto é de um site anti-gay, onde é falado que gays são "dignos de morte por suas práticas sexuais depravadas." Eles são como "cães comendo seu próprio vômito e porcos chafurdando em suas próprias fezes." Estas são propriedades do nojo que estam tentando associar diretamente a um grupo social de que não se deveria gostar. Quando estávamos primeiramente investigando o papel do nojo no julgamento moral, uma das coisas que nos interessou foi se esse tipo de apelo é mais provável que funcione com indivíduos que sentem nojo mais facilmente. Pois já que nojo, como outros sentimentos básicos, são fenômenos universais, é simplesmente verdade que algumas pessoas sentem nojo mais facilmente que outras Você provavelmente pôde ver isto nos membros da platéia quando eu mostrei aquelas imagens nojentas. O jeito que usamos para medir isto foi por uma escala criada por alguns psicólogos que só perguntaram a várias pessoas por uma variedade de situações Qual a chance de elas sentirem nojo. Aqui estão alguns exemplos. "Mesmo se eu estivesse com fome, eu não tomaria uma tijela da minha sopa favorita, se ela tivesse sido mexida com um mata-moscas usado, porém bem lavado." Você concorda ou discorda?" (Risos) "Você está caminhando por um túnel sob uns trilhos de trem, e você sente cheiro de urina. Você ficaria com muito nojo ou absolutamente não?" Se você fizer o suficiente dessas perguntas, você terá um índice geral e global de sensibilidade ao nojo. Acontece que este índice é realmente útil. Quando você traz pessoas ao laboratório e pergunta se elas estão dispostas a exercer um comportamento seguro, porém nojento como comer chocolate que foi preparado para parecer com cocô de cachorro, ou neste caso comer algumas larvas que são perfeitamente saudáveis, mas bastante nojentas, seu índice naquela escala, de fato, prediz se você estará disposto a ter aqueles comportamentos. A primeira vez que saímos para coletar dados sobre isso e associá-los com crenças políticas e morais nós encontramos um padrão -- Isto é com os psicólogos Zoel Inbar e Paul Bloom -- de que, de fato, durante três estudos, continuamos observando que as pessoas que apresentaram sentir nojo facilmente também apresentaram ser mais politicamente conservadoras. Outro modo de dizer isso, é que pessoas que são muito liberais não tem nojo de quase nada. (Risos) Num estudo mais recente, fomos capazes de observar uma amostra muito maior, neste caso, aqui são quase 30.000 participantes nos E.U.A. e nós encontramos o mesmo padrão. Como vocês podem ver, pessoas que estão do lado mais conservador respondendo à escala de orientação política também são mais propensas a apresentar que sentem nojo mais facilmente. Este conjunto de dados também nos permitiu controlar estatisticamente uma série de coisas que sabíamos estar relacionadas a orientação política e sensibilidade ao nojo. Pudemos controlar por gênero, idade, renda, educação, até mesmo variáveis básicas em personalidade, e o resultado se mantém o mesmo. Quando olhamos, de fato, orientação política não somente relatada, mas o comportamento nas urnas, fomos capazes de verificar geograficamente através da nação. O que descobrimos foi que em regiões onde as pessoas reportaram maiores níveis de sensibilidade ao nojo McCain tinha mais votos. Então, não só previa relatos próprios a orientação política, mas o real comportamento nas urnas. E também pudemos, com essa amostra, olhar através do mundo, em 121 países diferente fizemos as mesmas perguntas, e como vocês podem ver, estes são os 121 países separados em 10 regiões geográficas diferentes. Não importa onde você olhe, o que isso nos mostra é o tamanho da relação entre sensibilidade ao nojo e orientação política, e não importa onde olhássemos, sempre víamos um efeito simliar. Outros laboratórios também fizeram esta observação usando medidas diferentes de sensibilidade ao nojo, e em vez de perguntar às pessoas quão facilmente elas sentem nojo, eles as conectavam a medidas fisiológicas, neste caso condutância da pele. E o que eles demonstraram é que as pessoas mais politicamente conservadoras são também mais estimuladas fisiologicamente quando você mostra a elas imagens nojentas como as que mostrei a vocês. Curiosamente, o que eles mostraram numa descoberta que nós também tivemos em estudos passados foi que uma das maiores influências aqui é que indivíduos que são muito sensíveis ao nojo não só são mais propensos a ser politicamente conservadores, mas eles também são contrários ao casamento gay e homossexualidade e basicamente vários assuntos sócio-morais no quesito sexualidade. Estímulos fisiológicos predisseram, neste estudo, atitudes a favor do casamento gay. Mas mesmo com todos esses dados associando sensibilidade ao nojo e orientação política, uma das questões que resta é qual é a relação de causa aqui? É este o caso em que o nojo está mesmo moldando crenças políticas e morais? Temos que recorrer a métodos experimentais para responder isto, e o que podemos mesmo fazer é trazer gente ao laboratório causar-lhes nojo e compará-los a um grupo de controle que não sentiu nojo. Acontece que nos últimos cinco anos, um número de pesquisadores fez isso, e de modo geral os resultados todos foram os mesmos, que quando pessoas estão com nojo, suas atitudes tendem para o lado direito do espectro político, mais para o lado do conservadorismo moral. Portanto, caso você use um cheiro podre, um gosto ruim, desde trailers de filmes, desde insinuações pós-hipnóticas de nojo imagens como as que mostrei a vocês, mesmo somente lembrando os outros que a doença prevalece e eles devem ser cuidadosos e se lavar bem, se manterem limpos, Isso tudo tem efeitos semelhantes na opinião. Vou mostrar a vocês um exemplo de um estudo recente que nós conduzimos. Nós pedimos aos participantes para dar sua opinião sobre vários grupos sociais, a eventualmente fizemos o ambiente cheirar muito mal ou não. Quando o ambiente estava cheirando mal, o que observamos foi que os indivíduos reportaram atitudes mais negativas em relação aos gays. Nojo não inflluenciou atitudes em relação aos outros grupos sociais que perguntamos, incluindo afroamericanos, idosos. Realmente se tratava das atitudes que eles tinham em relação aos gays. Em outro grupo de estudos, nós só sugerimos às pessoas -- isto foi na época que a gripe suína estava por aí -- nós sugerimos que para prevenir a disseminação da gripe, eles tinham que lavar as mãos. Para alguns participantes, nós realmente pedimos que respondessem a questionários ao lado de um aviso lembrando de lavar as mãos. E descobrimos que somente por responder um questionário próximo a esse lembrete sobre lavar as mãos fez com que os indivíduos apresentassem ser mais politicamente conservadores. E quando fizemos várias perguntas se certos atos eram certos ou errados, o que também descobrimos foi que só por serem lembrados que deviam lavar as mãos fez deles mais moralmente conservadores. Particularmente, quando fizemos perguntas sobre práticas sexuais meio que tabu, mas relativamente inofensivas, só por serem lembrados que eles deviam lavar as mãos os fez pensar que elas eram mais moralmente erradas. Deixe-me dar um exemplo do que quero dizer com práticas inofensivas, mas tabu. Apresentamos cenários. Um deles era um rapaz cuidando da casa para sua avó. E quando a avó estava fora, ele fez sexo com a namorada na cama da avó. Em outro era uma mulher que gostava de se masturbar com seu ursinho de pelúcia favorito abraçado ao seu lado. (Risos) As pessoas acham isso mais repugnante moralmente quando lembradas de lavar as mãos. (Risos) (Risos) Ok. O fato de que sentimentos influenciam nossa opinião não deveria ser uma surpresa. Quer dizer, é assim que os sentimentos funcionam. Eles não somente o motivam a se comportar de certa maneira, mas eles mudam o modo como você pensa. No caso do nojo, o que é mais surpreendente é o escopo dessa influência. Faz muito sentido, e é um ótimo sentimento para termos, que o nojo me faria mudar o jeito em que percebo o mundo físico sempre que há contaminação iminente. Faz menos sentido que um sentimento que foi construído para me impedir de ingerir veneno deveria predizer em quem ou vou votar nas próximas eleições presidenciais. A questão de se nojo deve influenciar nossa opinião política e moral certamente tem que ser complexa, e pode depender de qual opinião estamos falando exatamente, e como cientistas, temos que concluir às vezes que o método científico só é mal-preparado para responder esse tipo de questão. Mas uma coisa de que estou relativamente certo é, pelo menos, o que podemos fazer com essa pesquisa é apontar a qual questão devemos responder a princípio Obrigado. (Aplausos)