< Return to Video

Como a arte nos pode ajudar a analisar — Amy E. Herman

  • 0:07 - 0:09
    Há uma atitude prevalecente
  • 0:09 - 0:11
    de que a arte não tem importância
    no mundo real.
  • 0:11 - 0:14
    Mas o estudo da arte
    pode melhorar a nossa perceção
  • 0:14 - 0:17
    e a nossa capacidade de transmitir
    aos outros o que vemos.
  • 0:17 - 0:19
    Essas aptidões são úteis.
  • 0:19 - 0:21
    Essas aptidões podem salvar vidas.
  • 0:21 - 0:23
    Os médicos, os enfermeiros
    e os representantes da ordem
  • 0:23 - 0:26
    podem usar a pintura,
    a escultura e a fotografia
  • 0:26 - 0:29
    como instrumentos para melhorar
    a sua acuidade visual
  • 0:29 - 0:30
    e capacidade de comunicação
  • 0:30 - 0:33
    que são fundamentais
    durante investigações e emergências.
  • 0:33 - 0:35
    Se estamos a tratar duma lesão,
  • 0:35 - 0:37
    a investigar a cena de um crime,
  • 0:37 - 0:40
    ou a tentar descrever
    qualquer dessas coisas a um colega,
  • 0:40 - 0:42
    a arte pode tornar-nos melhores nisso.
  • 0:42 - 0:44
    Imaginem que são um polícia experimentado
  • 0:44 - 0:46
    ou um médico dedicado,
  • 0:46 - 0:48
    e imaginem que estão num museu.
  • 0:48 - 0:49
    Olhemos para uma pintura.
  • 0:49 - 0:53
    "La Durée poignardée"
    de René Magritte, de 1938
  • 0:53 - 0:56
    descreve um interior misterioso e complexo
  • 0:56 - 0:58
    que convida a uma análise
  • 0:58 - 1:01
    não muito diferente da exigida
    aos sintomas de um doente
  • 1:01 - 1:03
    ou à cena de um crime.
  • 1:03 - 1:05
    Um comboio em miniatura
  • 1:05 - 1:07
    de origem e destino desconhecidos
  • 1:07 - 1:09
    está a sair duma lareira.
  • 1:09 - 1:11
    O fumo da locomotiva
  • 1:11 - 1:14
    parece subir pela chaminé
  • 1:14 - 1:15
    como se viesse do lume
  • 1:15 - 1:18
    que conspicuamente
    brilha pela sua ausência.
  • 1:18 - 1:21
    A estranha atmosfera da cena
    repete-se pela sala vazia,
  • 1:22 - 1:24
    reforçada pelo sobrado de madeira
  • 1:24 - 1:27
    e pelos painéis decorativos da parede
    à direita da lareira.
  • 1:28 - 1:30
    Empoleirados sobre a pedra da lareira
  • 1:30 - 1:32
    há dois castiçais e um relógio.
  • 1:32 - 1:35
    Por detrás destes objetos
    há um grande espelho
  • 1:35 - 1:37
    que reflete um interior vazio
  • 1:37 - 1:40
    e apenas um reflexo parcial
    do objeto em frente dele.
  • 1:40 - 1:43
    A justaposição dos objetos
  • 1:43 - 1:45
    que rodeiam o comboio em movimento
  • 1:45 - 1:46
    levanta inúmeras questões
  • 1:46 - 1:50
    para as quais parece não haver
    respostas aparentes.
  • 1:50 - 1:53
    Resumi a pintura com rigor
    ou omiti quaisquer pormenores?
  • 1:54 - 1:57
    Não há problema se virem
    mais qualquer coisa numa pintura.
  • 1:57 - 1:59
    Mas se fôssemos todos
    polícias experimentados?
  • 1:59 - 2:00
    Chamo-vos para me ajudarem.
  • 2:00 - 2:02
    Vocês aparecem e constatam
  • 2:02 - 2:04
    que os dois ninjas que referi,
    que assaltaram os bancos
  • 2:04 - 2:07
    eram afinal seis assaltantes
    ninjas com lasers.
  • 2:07 - 2:10
    Um estudo de arte apurado
    pode treinar os observadores
  • 2:10 - 2:11
    a olhar atentamente,
  • 2:11 - 2:13
    a analisar os elementos observados,
  • 2:13 - 2:15
    a articulá-los sucintamente,
  • 2:15 - 2:17
    e a formular perguntas
  • 2:17 - 2:19
    para responder a incoerências aparentes.
  • 2:19 - 2:22
    Observar os pormenores
    duma cena desconhecida,
  • 2:22 - 2:24
    neste caso, uma obra-de-arte,
  • 2:24 - 2:27
    e transmitir com rigor
    quaisquer contradições observáveis,
  • 2:28 - 2:30
    é uma aptidão de importância fundamental
  • 2:30 - 2:32
    para pessoas que observam radiografias
  • 2:32 - 2:35
    e para os que interrogam suspeitos.
  • 2:35 - 2:37
    Vamos interrogar esta pintura?
  • 2:37 - 2:40
    Ok, Magritte, pintaste
    uma pintura e tantas.
  • 2:40 - 2:43
    Mas porque é que não há carris?
  • 2:43 - 2:45
    Porque é que não há lume?
  • 2:45 - 2:47
    O que aconteceu às velas?
  • 2:47 - 2:50
    Porque é que a lareira não tem
    um pequeno túnel para o comboio?
  • 2:50 - 2:52
    Ele sai diretamente da parede.
  • 2:52 - 2:55
    E o relógio diz
    que falta um quarto para a uma
  • 2:55 - 2:56
    mas não sei bem se a luz
  • 2:56 - 2:58
    que entra pela janela a um certo ângulo
  • 2:58 - 3:00
    indica que pouco passa do meio-dia.
  • 3:00 - 3:03
    Aliás, de que é que trata esta pintura?
  • 3:03 - 3:05
    É aí que tu, meu fiel parceiro,
  • 3:05 - 3:07
    me afastas e eu vou-me embora.
  • 3:07 - 3:09
    Dás um café a Magritte
  • 3:09 - 3:10
    e continuas a interrogá-lo
  • 3:10 - 3:13
    para ver se esta pintura
    se aguentará no tribunal.
  • 3:13 - 3:15
    Os observadores podem
    fornecer uma descrição
  • 3:15 - 3:17
    mais pormenorizada
    e rigorosa duma situação
  • 3:17 - 3:20
    articulando o que se vê
  • 3:20 - 3:22
    e o que não se vê.
  • 3:22 - 3:24
    Isto é especialmente
    importante em medicina.
  • 3:24 - 3:28
    Se uma doença se caracteriza
    por três sintomas
  • 3:28 - 3:30
    mas só estão presentes
    dois deles num doente,
  • 3:30 - 3:33
    um profissional da saúde
    tem que declarar explicitamente
  • 3:33 - 3:35
    a ausência desse terceiro sintoma,
  • 3:35 - 3:37
    o que significa que o doente
  • 3:37 - 3:39
    pode não ter a doença de que se suspeita.
  • 3:39 - 3:43
    Exprimir a ausência dum pormenor
    ou comportamento específico
  • 3:43 - 3:46
    — aquilo a que se chama
    "negativa pertinente" —
  • 3:46 - 3:48
    é tão importante como declarar
  • 3:48 - 3:50
    os pormenores e os comportamentos
    que estão presentes
  • 3:50 - 3:52
    a fim de tratar o doente.
  • 3:52 - 3:56
    As ausências suspeitas só são suspeitas
  • 3:56 - 3:58
    aos olhos treinados para as procurarem.
  • 3:58 - 4:00
    A arte ensina os profissionais
  • 4:00 - 4:02
    num amplo espetro de áreas
  • 4:02 - 4:05
    a fazer perguntas mais pertinentes
  • 4:05 - 4:07
    sobre coisas que não têm
    respostas imediatas
  • 4:07 - 4:10
    e mais importante ainda,
  • 4:10 - 4:13
    como analisar situações complexas,
    do mundo real,
  • 4:13 - 4:15
    segundo uma perspetiva nova e diferente,
  • 4:15 - 4:18
    acabando por resolver problemas difíceis.
  • 4:18 - 4:20
    Uma atenção considerável ao pormenor,
  • 4:20 - 4:23
    a capacidade de recuar um pouco
    e de olhar de modo diferente.
  • 4:23 - 4:26
    Queremos que os primeiros socorristas
    tenham, no mínimo,
  • 4:26 - 4:29
    as aptidões analíticas
    dos excelentes historiadores de arte.
  • 4:29 - 4:31
    A arte treina-nos a investigar
  • 4:31 - 4:34
    e isso é a competência mais concreta
    de todas.
Title:
Como a arte nos pode ajudar a analisar — Amy E. Herman
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/how-art-can-help-you-analyze-amy-e-herman

A arte pode salvar vidas? Não propriamente, mas os nossos profissionais mais apreciados (médicos, enfermeiros, polícias) podem adquirir competências do mundo real através da análise da arte. O estudo da arte, como "La Durée poignardée" de René Magritte pode reforçar as capacidades de comunicação e de análise, com ênfase no que se vê e no que não se vê. Amy E. Herman explica porque a formação em História da Arte nos pode preparar para uma investigação no mundo real.

Lição de Amy E. Herman, animação de Flaming Medusa Studios Inc.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:50

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions