Como começar uma Revolução de Empatia | Roman Krznaric | TEDxAthens
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0:10 - 0:14Vivemos numa época de hiperindividualismo,
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0:15 - 0:22uma época em que a sobredose
de mercado livre e autoajuda simplista -
0:22 - 0:26nos levaram a acreditar
que a melhor forma de viver bem, -
0:26 - 0:28e de atingir a felicidade,
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0:28 - 0:31é seguir o nosso interesse mesquinho,
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0:31 - 0:33seguir o nossos desejos pessoais.
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0:34 - 0:38De certo modo, a pergunta
"O que é que eu ganho com isso?" -
0:37 - 0:40tornou-se na principal questão
do nosso tempo. -
0:41 - 0:44E eu acredito que precisamos
urgentemente de um antídoto. -
0:45 - 0:47Esse antídoto é a empatia.
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0:48 - 0:49Mas o que é a empatia?
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0:50 - 0:53Empatia é a arte de nos colocarmos
na pele de outra pessoa, -
0:53 - 0:56e ver o mundo da sua perspetiva.
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0:56 - 0:59Trata-se de compreender os pensamentos,
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0:59 - 1:01os sentimentos,
as ideias e as experiências -
1:01 - 1:04que compõem a sua perspetiva do mundo.
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1:04 - 1:07Trata-se de compreender a história
por trás da outra pessoa. -
1:08 - 1:10Agora, todos nós sabemos
que a empatia é importante -
1:10 - 1:12para as nossas relações diárias.
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1:12 - 1:16Provavelmente já tiveram alturas
em que discutiram -
1:16 - 1:18com a vossa cara-metade,
marido ou mulher, e pensaram: -
1:18 - 1:21"Gostava que percebessem
o meu ponto de vista.". -
1:21 - 1:24Gostava que compreendessem
o que eu estava a sentir. -
1:24 - 1:26O que estão a pedir aqui?
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1:26 - 1:27Empatia, claro, não é?
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1:28 - 1:31Mas a empatia pode fazer mais
do que melhorar as nossas relações. -
1:31 - 1:35A empatia consegue criar
uma grande mudança social. -
1:34 - 1:38Eu acredito que a empatia
pode criar uma revolução. -
1:38 - 1:41Não uma daquelas revoluções à moda antiga,
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1:41 - 1:44com novas leis e instituições,
novas políticas, -
1:45 - 1:47mas uma revolução de relações humanas.
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1:48 - 1:50E precisamos urgentemente
desta revolução, -
1:50 - 1:53porque há um défice global de empatia
cada vez maior. -
1:53 - 1:55Nos EUA, por exemplo,
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1:56 - 1:58os níveis de empatia diminuíram
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1:58 - 2:01em cerca de 50%
nos últimos 40 anos. -
2:01 - 2:04O declínio mais acentuado ocorreu
nos últimos dez anos. -
2:04 - 2:08Ao mesmo tempo,
há cada vez mais desigualdade social. -
2:09 - 2:12Em dois terços dos países ocidentais,
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2:12 - 2:13o fosso entre ricos e pobres
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2:13 - 2:16é maior hoje do que em 1980.
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2:16 - 2:19Ao mesmo tempo, mais de
mil milhões de pessoas no mundo -
2:19 - 2:21vive com menos de um dólar por dia.
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2:21 - 2:24Para onde quer que olhemos,
vemos conflitos -
2:24 - 2:27causados por fundamentalismos religiosos,
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2:27 - 2:29tensões étnicas
e hostilidade contra imigrantes. -
2:29 - 2:31Precisamos urgentemente de empatia
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2:31 - 2:33para criar a cola social
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2:33 - 2:35que une as nossas sociedades
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2:35 - 2:41e para fazer esmorecer
a mentalidade tóxica do "Nós vs. Eles", -
2:41 - 2:44que é a causa de tanto conflito.
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2:44 - 2:48Mas há boas notícias,
é que 98% de nós, -
2:48 - 2:50segundo neurocientistas,
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2:50 - 2:52têm a capacidade de sentir empatia
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2:52 - 2:54e colocar-se na pele de outra pessoa.
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2:54 - 2:57Os nossos cérebros
estão programados para a empatia. -
2:57 - 2:58Nós somos Homo Empathicus.
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2:58 - 3:01Mas só alguns de nós atingiram
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3:01 - 3:03o seu potencial máximo de empatia.
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3:03 - 3:07E, como sociedade,
nós ainda não aprendemos -
3:07 - 3:09a usar o poder da empatia,
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3:10 - 3:13de modo a criar transformação
social e política. -
3:13 - 3:16É por isso que eu vos queria falar hoje
acerca de oito ideias, -
3:16 - 3:18que eu acho que poderão criar
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3:18 - 3:21e iniciar uma revolução global de empatia.
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3:21 - 3:24A primeira é treinar a próxima geração.
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3:25 - 3:27A empatia pode ensinar-se e aprender-se.
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3:27 - 3:30Pode aprender-se tal como se aprende
a andar de bicicleta -
3:30 - 3:31ou a conduzir um carro.
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3:31 - 3:33É melhor aprender quando somos novos.
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3:33 - 3:37O maior programa mundial
para o ensino da empatia -
3:37 - 3:39é este que podem ver aqui no ecrã,
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3:39 - 3:41chamado 'Raízes da Empatia'.
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3:41 - 3:44Começou no Canadá, em 1995.
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3:44 - 3:46Mais de meio milhão de crianças
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3:46 - 3:48em todo o mundo,
já o completaram. -
3:48 - 3:49Foi difundido para vários países.
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3:49 - 3:53Uma coisa que distingue este programa
é que o professor é um bebé. -
3:53 - 3:57Um bebé a sério vai às aulas,
todas as semanas, -
3:57 - 3:59o mesmo bebé durante um ano inteiro.
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3:59 - 4:01E as crianças sentam-se em volta do bebé,
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4:01 - 4:03e começam a falar sobre o bebé.
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4:03 - 4:06O que estará o bebé a pensar,
o que estará o bebé a sentir, -
4:06 - 4:09porque está o bebé a chorar,
porque está o bebé a rir? -
4:09 - 4:12Elas tentam sentir empatia,
colocar-se na pele do bebé. -
4:13 - 4:15E a partir desse exercício
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4:15 - 4:18começam a pensar na empatia
a uma maior escala. -
4:18 - 4:21Como é ser-se agredido
ou perseguido no recreio? -
4:22 - 4:24O programa 'Raízes da Empatia'
tem um impacto incrível. -
4:25 - 4:28Aumenta os níveis de cooperação social
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4:28 - 4:30e de partilha entre os alunos.
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4:30 - 4:32Reduz as agressões no recreio.
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4:32 - 4:34Aumenta mesmo o sucesso escolar.
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4:34 - 4:36É por isso que eu acho
que todas as crianças -
4:36 - 4:39deviam ter o direito
de frequentar um programa -
4:39 - 4:40como o "Raízes da Empatia".
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4:40 - 4:43Eu espero que os meus gémeos
de cinco anos também o possam fazer, -
4:43 - 4:47porque eles são a próxima geração
de criadores de mudança. -
4:48 - 4:51Mas não podemos esperar mais 20 anos,
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4:50 - 4:54até que apareçam
esses criadores de mudança. -
4:55 - 4:57É preciso que nós
tenhamos mais empatia, -
4:57 - 4:59e lideremos a revolução da empatia
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4:59 - 5:01como indivíduos, como adultos.
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5:01 - 5:03É por isso que precisamos de desenvolver
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5:03 - 5:05uma imaginação ambiciosa.
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5:05 - 5:07Estudos de psicologia recentes dizem
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5:07 - 5:10que, se nos focarmos com atenção plena
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5:10 - 5:12nos sentimentos e necessidades
de outra pessoa, -
5:12 - 5:14ou seja, sentirmos empatia por ela,
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5:14 - 5:17isso aumenta a nossa preocupação moral
em relação a ela -
5:17 - 5:19e pode motivar-nos a agir em sua defesa.
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5:20 - 5:23Um dos grandes aventureiros da empatia
da história da humanidade, -
5:23 - 5:26Mahatma Ghandi, salientou
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5:26 - 5:28que nós precisamos de ser algo ambiciosos
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5:28 - 5:31em relação às pessoas
em cuja pele nos queremos colocar. -
5:31 - 5:34Ele disse, numa frase famosa,
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5:34 - 5:36chamada Talismã de Ghandi:
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5:37 - 5:39"Sempre que estiveres em dúvida,
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5:39 - 5:41"ou quando o teu ego é demasiado grande,
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5:41 - 5:43"faz o seguinte teste:
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5:43 - 5:46"Lembra-te da cara do homem mais pobre
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5:46 - 5:48"que alguma vez viste
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5:48 - 5:52"e pergunta a ti próprio
se aquilo que pensas fazer -
5:52 - 5:54"terá alguma utilidade para ele.
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5:54 - 5:58"Então irás ver as tuas dúvidas
e o teu ego a desaparecerem." -
5:58 - 6:01Imaginem simplesmente
que essa mensagem de empatia -
6:01 - 6:05estava na secretária de cada
grande banqueiro, -
6:05 - 6:08ou magnata da comunicação social,
ou mesmo na vossa. -
6:08 - 6:10Mas Ghandi também disse que precisamos
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6:10 - 6:12de nos esforçar ainda mais,
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6:12 - 6:14que precisamos de sentir empatia
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6:14 - 6:16não apenas com os pobres e oprimidos,
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6:16 - 6:19mas também colocarmo-nos na pele
dos nossos inimigos. -
6:20 - 6:24Ghandi era um hindu que disse,
"Eu sou muçulmano, -
6:24 - 6:27"e hindu, e cristão e judeu."
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6:28 - 6:31Eu acho que todos precisamos de aprender
a ter empatia com os nossos inimigos, -
6:31 - 6:34a aumentar os nossos níveis de tolerância,
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6:34 - 6:37para nos tornarmos mais sábios
-
6:37 - 6:40e desenvolvermos estratégias
mais inteligentes de mudança social. -
6:40 - 6:43Mas como é que um muçulmano
conhece um hindu, ou vice-versa, -
6:43 - 6:45como é que vocês, hoje presentes,
-
6:45 - 6:47conhecem pessoas
que são diferentes de vocês, -
6:47 - 6:48e se põem na sua pele?
-
6:48 - 6:51É por isso que é preciso algo mais
na revolução da empatia, -
6:51 - 6:54que é despertar a nossa curiosidade.
-
6:54 - 6:55O problema é
-
6:55 - 6:57que a maior parte de nós
perdeu a curiosidade -
6:57 - 6:59que tinha em criança.
-
7:00 - 7:02Nós passamos por estranhos todos os dias,
-
7:02 - 7:04sem saber o que vai nas suas mentes.
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7:04 - 7:06Mal conhecemos os nossos vizinhos.
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7:06 - 7:10Eu acredito que precisamos
de cultivar a curiosidade pelos estranhos, -
7:10 - 7:13de modo a desafiar
os nossos preconceitos e estereótipos, -
7:13 - 7:17porque nós muitas vezes
julgamos os outros demasiado rápido. -
7:16 - 7:20Eu acredito que os pensamentos
que vão na cabeça das outras pessoas, -
7:20 - 7:23é a grande escuridão que nos rodeia.
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7:23 - 7:27E precisamos de ter conversas
com mais significado -
7:27 - 7:30com desconhecidos,
de modo a penetrar nessa escuridão. -
7:30 - 7:33O meu conselho é que, como indivíduos,
pelo menos uma vez por semana, -
7:33 - 7:35tenhamos uma conversa com um estranho.
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7:35 - 7:38Seja ele a pessoa que aspira
o chão do escritório, -
7:38 - 7:41ou a pessoa a quem compram
o jornal todos os dias. -
7:41 - 7:44O que importa é ir além
da conversa superficial -
7:44 - 7:46como falar sobre o tempo,
-
7:46 - 7:48e falar daquilo que realmente importa:
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7:48 - 7:52amor e morte, política e religião.
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7:51 - 7:54Mas também precisamos
de cultivar a curiosidade -
7:54 - 7:56sobre estranhos a um nível social,
-
7:56 - 8:00e promover projetos como
o Movimento da Biblioteca Humana -
8:00 - 8:02que podem ver aqui em cima no ecrã.
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8:02 - 8:05Começou há cerca de 10 anos, na Dinamarca,
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8:05 - 8:09e este movimento já se espalhou
para mais de 20 países. -
8:09 - 8:11Se forem a um evento da Biblioteca Humana,
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8:11 - 8:13como este aqui em Londres,
-
8:13 - 8:16vocês chegam lá e,
em vez de pedir um livro emprestado, -
8:16 - 8:18como fariam numa biblioteca normal,
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8:18 - 8:21pedem uma pessoa emprestada,
para conversar. -
8:21 - 8:24Pode ser uma cantora nigeriana
de música "soul", -
8:24 - 8:26ou uma mãe solteira
que vive de ajuda social. -
8:26 - 8:29O objetivo é conversar
com pessoas diferentes, -
8:29 - 8:30desafiar os estereótipos.
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8:30 - 8:32Imaginem que organizam
um evento da Biblioteca Humana -
8:32 - 8:34na vossa comunidade.
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8:34 - 8:37Quem convidariam para falar
com o público, -
8:37 - 8:39para despertar a sua curiosidade?
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8:39 - 8:41Como é que nós sabemos
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8:41 - 8:43que estas conversas e encontros
entre estranhos -
8:43 - 8:46podem mesmo fazer a diferença?
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8:46 - 8:48A história diz-nos que sim.
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8:49 - 8:51Precisamos de aprender com a história.
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8:51 - 8:52Normalmente pensamos na empatia
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8:52 - 8:55como algo que acontece entre indivíduos.
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8:55 - 8:57Mas a empatia também pode existir
-
8:57 - 9:00a uma grande escala, a um nível coletivo.
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9:01 - 9:04Claro que, se olharem para a história,
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9:04 - 9:06encontram vários momentos
em que a empatia em massa colapsou. -
9:06 - 9:09Basta pensar no Holocausto,
ou no Genocídio de Ruanda. -
9:09 - 9:11Mas também houve momentos
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9:11 - 9:14de florescimento da empatia em massa.
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9:14 - 9:16Um que eu considero
ser fundamental conhecer -
9:16 - 9:18aconteceu na Segunda Guerra Mundial,
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9:18 - 9:20durante o período de evacuação
na Grã-Bretanha. -
9:20 - 9:23Quando os alemães avançaram
para bombardear as cidades britânicas, -
9:23 - 9:27o governo evacuou,
enviou mais de um milhão de crianças -
9:27 - 9:29para escapar das bombas,
-
9:29 - 9:33que foram viver com famílias
de acolhimento, completos desconhecidos. -
9:33 - 9:36Foi o maior encontro entre estranhos
na história do Reino Unido, -
9:36 - 9:38talvez até na história mundial.
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9:38 - 9:39E o que aconteceu?
-
9:40 - 9:41O resultado foi que
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9:41 - 9:43pessoas rurais relativamente ricas,
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9:43 - 9:45que viviam em cidades provincianas,
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9:45 - 9:47foram de repente confrontadas
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9:47 - 9:50com a realidade da pobreza urbana
das cidades britânicas, -
9:50 - 9:52porque as crianças que eles viam
entrar nas suas casas -
9:52 - 9:55estavam malnutridas, doentes,
-
9:55 - 9:57traziam roupas velhas e rasgadas.
-
9:57 - 10:01Houve uma resposta de empatia em massa
e uma indignação generalizada -
10:01 - 10:07pela miséria que as pessoas,
de repente, viam nas suas casas. -
10:07 - 10:10Houve pressão pública
de organizações de mulheres, -
10:10 - 10:12grupos políticos,
para pressionar o governo -
10:12 - 10:15a introduzir nova legislação
pelo bem-estar infantil. -
10:15 - 10:17E o governo respondeu imediatamente,
-
10:17 - 10:18o que é extraordinário
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10:18 - 10:21porque estava-se no meio de uma guerra,
-
10:21 - 10:23havendo grande escassez de recursos.
-
10:23 - 10:26O governo implementou
alimentação grátis para as crianças, -
10:26 - 10:30novas vitaminas, novos pacotes de saúde,
pacotes de educação. -
10:30 - 10:34O governo deu origem,
com este encontro de empatia, -
10:34 - 10:36ao estado social britânico.
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10:36 - 10:39Eu acho que isto mostra
que a empatia não é apenas -
10:39 - 10:42um conceito macio e fofo,
sobre ser-se atencioso com os outros. -
10:43 - 10:46A empatia pode mesmo
alterar a paisagem social e política. -
10:46 - 10:50Nós precisamos de criar
encontros como este, agora. -
10:50 - 10:52Felizmente, eles já acontecem.
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10:52 - 10:53No Médio Oriente, por exemplo,
-
10:53 - 10:57há uma organização chamada
o Círculo de Pais. -
10:57 - 11:00E faz projetos locais extraordinários
para fomentar a paz. -
11:00 - 11:02O meu favorito
-
11:02 - 11:04foi a linha telefónica "Olá Paz".
-
11:04 - 11:09Se forem um israelita, podem ligar
para este número de telefone grátis, -
11:09 - 11:12e é posto em linha com
um palestino desconhecido aleatório. -
11:12 - 11:14Pode falar com ele até meia hora.
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11:14 - 11:16Os palestinos também podem ligar
-
11:16 - 11:17e são postos em linha com israelitas.
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11:17 - 11:19Nos primeiros cinco anos de operação,
-
11:19 - 11:22houve mais de um milhão de chamadas.
-
11:22 - 11:23Imaginem se pudessem montar
-
11:23 - 11:26uma destas linhas telefónicas hoje em dia,
entre ricos e pobres, -
11:26 - 11:30ou entre céticos das alterações climáticas
e ativistas das alterações climáticas. -
11:32 - 11:35Mas há uma coisa
da qual ainda não falei... -
11:37 - 11:40...criar aventuras experimentais.
-
11:40 - 11:43Imaginem se não tivéssemos apenas
conversas com pessoas, -
11:43 - 11:46mas pudéssemos realmente
vivenciar algo na vida deles. -
11:47 - 11:51Um exemplo é a organização
"Diálogo no Escuro", -
11:52 - 11:56uma experiência de museu única,
-
11:56 - 11:59em que são postos num quarto escuro
durante uma hora, -
11:59 - 12:02enquanto um guia cego vos leva a descobrir
-
12:02 - 12:05como é estarem privados
da vossa visão durante uma hora. -
12:05 - 12:08Fazem atividades como
tentar comprar fruta e legumes, -
12:08 - 12:10e atrapalham-se com o dinheiro.
-
12:10 - 12:13Vão a um café e tentam
sentar-se e beber um café -
12:13 - 12:15e apercebem-se do quão difícil é.
-
12:15 - 12:19Esta experiência de museu
é extremamente poderosa para as pessoas, -
12:19 - 12:22e esta organização espalhou-se pelo mundo.
-
12:22 - 12:24O "Diálogo no Escuro" já apareceu
-
12:24 - 12:27em mais de 130 cidades, em 30 países.
-
12:27 - 12:29De facto, abriu há pouco tempo em Atenas,
-
12:29 - 12:32e mais de seis milhões de pessoas
já lá entraram. -
12:32 - 12:35Então, precisamos de criar
aventuras experimentais -
12:35 - 12:38para expandir os nossos círculos
de preocupação moral. -
12:40 - 12:43Também precisamos de aprender
a fazer uso da tecnologia. -
12:45 - 12:48A tecnologia foi sempre importante
para os movimentos de empatia. -
12:48 - 12:51Na luta contra a escravidão
no final do século XVIII, -
12:51 - 12:54a tecnologia que era usada
era a impressora, -
12:54 - 12:57para imprimir dezenas
de milhares de pósteres, -
12:57 - 13:00mostrando quantos escravos
africanos cabiam -
13:00 - 13:03num barco de escravos britânico
com destino às Caraíbas. -
13:03 - 13:07Este póster originou
indignação pública, petições -
13:07 - 13:09e acabou por levar
à abolição da escravatura -
13:09 - 13:12e do próprio tráfico de escravos.
-
13:12 - 13:15Hoje em dia, a tecnologia que podemos usar
-
13:15 - 13:17são as redes sociais,
as tecnologias digitais. -
13:18 - 13:20Nós sabemos que elas podem ser poderosas.
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13:20 - 13:23Nós sabemos que, durante a Primavera Árabe
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13:23 - 13:25e no movimento de Ocupação,
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13:25 - 13:28as plataformas das redes sociais
ajudaram a espalhar emoções poderosas, -
13:28 - 13:30como a raiva e também a empatia.
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13:31 - 13:34Alguém tirou uma fotografia
de uma rapariga chamada Neda, -
13:34 - 13:38morta a tiro nas ruas de Teerão,
e dentro de umas horas -
13:38 - 13:42milhões de pessoas em todo o mundo
sabiam o nome dela, sabiam da sua família, -
13:42 - 13:46sabiam quem ela era, e foram para as ruas
protestar contra a brutalidade do Estado. -
13:47 - 13:50Mas também é preciso reconhecermos
que as tecnologias modernas, -
13:50 - 13:53as tecnologias digitais,
têm um perigo intrínseco. -
13:53 - 13:56É que a maior parte
das plataformas para redes sociais -
13:56 - 13:59foram feitas com vista
à troca eficiente de informações, -
13:59 - 14:02e não para troca de intimidade e empatia.
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14:03 - 14:06De facto, elas tendem a promover,
por vezes, relações superficiais. -
14:06 - 14:08É perigoso que elas promovam
-
14:08 - 14:10a quantidade de ligações que fazemos
-
14:10 - 14:12e não a sua qualidade.
-
14:12 - 14:15Elas tendem a ligar-nos a pessoas
que são muito parecidas connosco, -
14:15 - 14:18que partilham o nosso gosto
em música ou filmes. -
14:18 - 14:22Por isso é preciso criar uma nova geração
de tecnologias de redes sociais, -
14:22 - 14:26que se foquem em expandir
ligações de empatia profundas -
14:26 - 14:28e nos liguem a estranhos.
-
14:29 - 14:33Mas também é preciso aprendermos
a ser líderes com empatia. -
14:33 - 14:37Porque todos nós somos líderes,
todos nós temos esferas de influência, -
14:37 - 14:40quer seja em escolas
ou no local de trabalho, -
14:40 - 14:42em igrejas ou organizações comunitárias.
-
14:42 - 14:46Eu acho que podemos seguir o exemplo
de grandes líderes com empatia, -
14:46 - 14:48como o Nelson Mandela,
-
14:48 - 14:51que percebeu que,
na transição do "apartheid", -
14:51 - 14:54era vital tentar criar empatia
e compreensão mútua -
14:54 - 14:57entre os sul-africanos negros e brancos.
-
14:57 - 15:01É por isso que, em 1995,
durante a Taça do Mundo de râguebi, -
15:01 - 15:04ele pediu aos sul-africanos negros
-
15:04 - 15:07que apoiassem uma equipa de râguebi
com quase todos os jogadores brancos. -
15:07 - 15:10Era uma equipa vista como
um símbolo odiado do "apartheid". -
15:11 - 15:13E no momento em que ele apertou a mão
-
15:13 - 15:15do presidente de râguebi sul-africano,
-
15:15 - 15:17após terem ganho a Taça do Mundo,
-
15:17 - 15:20foi, diria eu, um dos momentos
de maior empatia da história moderna, -
15:20 - 15:23e todos nós podemos
tentar seguir o exemplo de Mandela. -
15:24 - 15:29Então, estes são os ingredientes
para começar uma revolução de empatia. -
15:29 - 15:32Mas há um que eu não mencionei,
-
15:32 - 15:34que é cultivar a "extrospeção".
-
15:36 - 15:40Sócrates disse, numa frase famosa,
que para se viver uma vida boa e sábia, -
15:40 - 15:43precisamos de "conhece-te a ti mesmo".
-
15:43 - 15:45Tradicionalmente pensa-se
que isto significa -
15:45 - 15:48olhar para dentro de nós,
olhar para o nosso próprio umbigo. -
15:48 - 15:52Mas eu acredito que, para se conhecer
a si mesmo, é preciso um equilíbrio -
15:52 - 15:55entre introspeção e aquilo
a que eu chamo de extrospeção. -
15:55 - 15:59A extrospeção é a ideia
de descobrir quem vocês são, -
15:59 - 16:03e como viver,
ao sair de vocês próprios, -
16:03 - 16:06olhar através dos olhos
das outras pessoas -
16:06 - 16:08e descobrir os seus mundos.
-
16:08 - 16:13A empatia é a derradeira forma de arte
na era da extrospeção. -
16:15 - 16:19A empatia, como conceito,
é mais popular hoje em dia -
16:19 - 16:22do que alguma vez foi
na história da Humanidade. -
16:22 - 16:25Corre nas bocas
dos políticos e neurocientistas, -
16:25 - 16:28líderes empresariais e gurus espirituais.
-
16:29 - 16:34Até na Internet, nos últimos dez anos,
as pesquisas pela palavra empatia -
16:34 - 16:36mais do que duplicaram em frequência.
-
16:36 - 16:37Isso é extraordinário.
-
16:37 - 16:40Mas nós temos de fazer mais
do que falar de empatia -
16:40 - 16:42ou procurá-la na Internet.
-
16:42 - 16:46Nós temos de tornar a empatia
numa forma de ação social. -
16:47 - 16:51Nós temos de usar o seu poder
para criar mudança social e política. -
16:51 - 16:53Esse é o caminho
para se criar uma revolução -
16:53 - 16:56de relações humanas, no século XXI.
-
16:56 - 16:57Obrigado.
-
16:57 - 17:01(Aplausos)
- Title:
- Como começar uma Revolução de Empatia | Roman Krznaric | TEDxAthens
- Description:
-
Na definição das suas oito ideias para uma sociedade menos "hiperindividualista", Roman Krznaric, pensador cultural e escritor sobre a arte de viver, realça a necessidade premente de se criar um movimento de empatia para a felicidade humana, intimidade, transformação social e libertação coletiva, livre de preconceitos e estereótipos. Esta palestra serve para relembrar que, por natureza, o cérebro humano está programado para a empatia, e que o 'Homo Empathicus' pode ultrapassar pensamentos sombrios e o colapso brutal da sociedade, através do equilíbrio entre introspeção e extrospeção.
Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:15
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for How to start an Empathy Revolution: Roman Krznaric at TEDxAthens | |
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Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for How to start an Empathy Revolution: Roman Krznaric at TEDxAthens | |
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Juliana Rodrigues edited Portuguese subtitles for How to start an Empathy Revolution: Roman Krznaric at TEDxAthens | |
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