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Como começar uma Revolução de Empatia | Roman Krznaric | TEDxAthens

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    Vivemos numa época de hiperindividualismo,
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    uma época em que a sobredose
    de mercado livre e autoajuda simplista
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    nos levaram a acreditar
    que a melhor forma de viver bem,
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    e de atingir a felicidade,
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    é seguir o nosso interesse mesquinho,
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    seguir o nossos desejos pessoais.
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    De certo modo, a pergunta
    "O que é que eu ganho com isso?"
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    tornou-se na principal questão
    do nosso tempo.
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    E eu acredito que precisamos
    urgentemente de um antídoto.
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    Esse antídoto é a empatia.
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    Mas o que é a empatia?
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    Empatia é a arte de nos colocarmos
    na pele de outra pessoa,
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    e ver o mundo da sua perspetiva.
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    Trata-se de compreender os pensamentos,
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    os sentimentos,
    as ideias e as experiências
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    que compõem a sua perspetiva do mundo.
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    Trata-se de compreender a história
    por trás da outra pessoa.
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    Agora, todos nós sabemos
    que a empatia é importante
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    para as nossas relações diárias.
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    Provavelmente já tiveram alturas
    em que discutiram
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    com a vossa cara-metade,
    marido ou mulher, e pensaram:
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    "Gostava que percebessem
    o meu ponto de vista.".
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    Gostava que compreendessem
    o que eu estava a sentir.
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    O que estão a pedir aqui?
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    Empatia, claro, não é?
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    Mas a empatia pode fazer mais
    do que melhorar as nossas relações.
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    A empatia consegue criar
    uma grande mudança social.
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    Eu acredito que a empatia
    pode criar uma revolução.
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    Não uma daquelas revoluções à moda antiga,
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    com novas leis e instituições,
    novas políticas,
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    mas uma revolução de relações humanas.
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    E precisamos urgentemente
    desta revolução,
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    porque há um défice global de empatia
    cada vez maior.
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    Nos EUA, por exemplo,
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    os níveis de empatia diminuíram
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    em cerca de 50%
    nos últimos 40 anos.
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    O declínio mais acentuado ocorreu
    nos últimos dez anos.
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    Ao mesmo tempo,
    há cada vez mais desigualdade social.
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    Em dois terços dos países ocidentais,
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    o fosso entre ricos e pobres
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    é maior hoje do que em 1980.
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    Ao mesmo tempo, mais de
    mil milhões de pessoas no mundo
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    vive com menos de um dólar por dia.
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    Para onde quer que olhemos,
    vemos conflitos
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    causados por fundamentalismos religiosos,
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    tensões étnicas
    e hostilidade contra imigrantes.
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    Precisamos urgentemente de empatia
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    para criar a cola social
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    que une as nossas sociedades
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    e para fazer esmorecer
    a mentalidade tóxica do "Nós vs. Eles",
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    que é a causa de tanto conflito.
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    Mas há boas notícias,
    é que 98% de nós,
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    segundo neurocientistas,
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    têm a capacidade de sentir empatia
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    e colocar-se na pele de outra pessoa.
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    Os nossos cérebros
    estão programados para a empatia.
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    Nós somos Homo Empathicus.
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    Mas só alguns de nós atingiram
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    o seu potencial máximo de empatia.
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    E, como sociedade,
    nós ainda não aprendemos
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    a usar o poder da empatia,
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    de modo a criar transformação
    social e política.
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    É por isso que eu vos queria falar hoje
    acerca de oito ideias,
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    que eu acho que poderão criar
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    e iniciar uma revolução global de empatia.
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    A primeira é treinar a próxima geração.
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    A empatia pode ensinar-se e aprender-se.
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    Pode aprender-se tal como se aprende
    a andar de bicicleta
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    ou a conduzir um carro.
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    É melhor aprender quando somos novos.
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    O maior programa mundial
    para o ensino da empatia
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    é este que podem ver aqui no ecrã,
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    chamado 'Raízes da Empatia'.
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    Começou no Canadá, em 1995.
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    Mais de meio milhão de crianças
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    em todo o mundo,
    já o completaram.
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    Foi difundido para vários países.
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    Uma coisa que distingue este programa
    é que o professor é um bebé.
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    Um bebé a sério vai às aulas,
    todas as semanas,
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    o mesmo bebé durante um ano inteiro.
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    E as crianças sentam-se em volta do bebé,
  • 4:01 - 4:03
    e começam a falar sobre o bebé.
  • 4:03 - 4:06
    O que estará o bebé a pensar,
    o que estará o bebé a sentir,
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    porque está o bebé a chorar,
    porque está o bebé a rir?
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    Elas tentam sentir empatia,
    colocar-se na pele do bebé.
  • 4:13 - 4:15
    E a partir desse exercício
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    começam a pensar na empatia
    a uma maior escala.
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    Como é ser-se agredido
    ou perseguido no recreio?
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    O programa 'Raízes da Empatia'
    tem um impacto incrível.
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    Aumenta os níveis de cooperação social
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    e de partilha entre os alunos.
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    Reduz as agressões no recreio.
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    Aumenta mesmo o sucesso escolar.
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    É por isso que eu acho
    que todas as crianças
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    deviam ter o direito
    de frequentar um programa
  • 4:39 - 4:40
    como o "Raízes da Empatia".
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    Eu espero que os meus gémeos
    de cinco anos também o possam fazer,
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    porque eles são a próxima geração
    de criadores de mudança.
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    Mas não podemos esperar mais 20 anos,
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    até que apareçam
    esses criadores de mudança.
  • 4:55 - 4:57
    É preciso que nós
    tenhamos mais empatia,
  • 4:57 - 4:59
    e lideremos a revolução da empatia
  • 4:59 - 5:01
    como indivíduos, como adultos.
  • 5:01 - 5:03
    É por isso que precisamos de desenvolver
  • 5:03 - 5:05
    uma imaginação ambiciosa.
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    Estudos de psicologia recentes dizem
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    que, se nos focarmos com atenção plena
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    nos sentimentos e necessidades
    de outra pessoa,
  • 5:12 - 5:14
    ou seja, sentirmos empatia por ela,
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    isso aumenta a nossa preocupação moral
    em relação a ela
  • 5:17 - 5:19
    e pode motivar-nos a agir em sua defesa.
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    Um dos grandes aventureiros da empatia
    da história da humanidade,
  • 5:23 - 5:26
    Mahatma Ghandi, salientou
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    que nós precisamos de ser algo ambiciosos
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    em relação às pessoas
    em cuja pele nos queremos colocar.
  • 5:31 - 5:34
    Ele disse, numa frase famosa,
  • 5:34 - 5:36
    chamada Talismã de Ghandi:
  • 5:37 - 5:39
    "Sempre que estiveres em dúvida,
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    "ou quando o teu ego é demasiado grande,
  • 5:41 - 5:43
    "faz o seguinte teste:
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    "Lembra-te da cara do homem mais pobre
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    "que alguma vez viste
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    "e pergunta a ti próprio
    se aquilo que pensas fazer
  • 5:52 - 5:54
    "terá alguma utilidade para ele.
  • 5:54 - 5:58
    "Então irás ver as tuas dúvidas
    e o teu ego a desaparecerem."
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    Imaginem simplesmente
    que essa mensagem de empatia
  • 6:01 - 6:05
    estava na secretária de cada
    grande banqueiro,
  • 6:05 - 6:08
    ou magnata da comunicação social,
    ou mesmo na vossa.
  • 6:08 - 6:10
    Mas Ghandi também disse que precisamos
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    de nos esforçar ainda mais,
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    que precisamos de sentir empatia
  • 6:14 - 6:16
    não apenas com os pobres e oprimidos,
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    mas também colocarmo-nos na pele
    dos nossos inimigos.
  • 6:20 - 6:24
    Ghandi era um hindu que disse,
    "Eu sou muçulmano,
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    "e hindu, e cristão e judeu."
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    Eu acho que todos precisamos de aprender
    a ter empatia com os nossos inimigos,
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    a aumentar os nossos níveis de tolerância,
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    para nos tornarmos mais sábios
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    e desenvolvermos estratégias
    mais inteligentes de mudança social.
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    Mas como é que um muçulmano
    conhece um hindu, ou vice-versa,
  • 6:43 - 6:45
    como é que vocês, hoje presentes,
  • 6:45 - 6:47
    conhecem pessoas
    que são diferentes de vocês,
  • 6:47 - 6:48
    e se põem na sua pele?
  • 6:48 - 6:51
    É por isso que é preciso algo mais
    na revolução da empatia,
  • 6:51 - 6:54
    que é despertar a nossa curiosidade.
  • 6:54 - 6:55
    O problema é
  • 6:55 - 6:57
    que a maior parte de nós
    perdeu a curiosidade
  • 6:57 - 6:59
    que tinha em criança.
  • 7:00 - 7:02
    Nós passamos por estranhos todos os dias,
  • 7:02 - 7:04
    sem saber o que vai nas suas mentes.
  • 7:04 - 7:06
    Mal conhecemos os nossos vizinhos.
  • 7:06 - 7:10
    Eu acredito que precisamos
    de cultivar a curiosidade pelos estranhos,
  • 7:10 - 7:13
    de modo a desafiar
    os nossos preconceitos e estereótipos,
  • 7:13 - 7:17
    porque nós muitas vezes
    julgamos os outros demasiado rápido.
  • 7:16 - 7:20
    Eu acredito que os pensamentos
    que vão na cabeça das outras pessoas,
  • 7:20 - 7:23
    é a grande escuridão que nos rodeia.
  • 7:23 - 7:27
    E precisamos de ter conversas
    com mais significado
  • 7:27 - 7:30
    com desconhecidos,
    de modo a penetrar nessa escuridão.
  • 7:30 - 7:33
    O meu conselho é que, como indivíduos,
    pelo menos uma vez por semana,
  • 7:33 - 7:35
    tenhamos uma conversa com um estranho.
  • 7:35 - 7:38
    Seja ele a pessoa que aspira
    o chão do escritório,
  • 7:38 - 7:41
    ou a pessoa a quem compram
    o jornal todos os dias.
  • 7:41 - 7:44
    O que importa é ir além
    da conversa superficial
  • 7:44 - 7:46
    como falar sobre o tempo,
  • 7:46 - 7:48
    e falar daquilo que realmente importa:
  • 7:48 - 7:52
    amor e morte, política e religião.
  • 7:51 - 7:54
    Mas também precisamos
    de cultivar a curiosidade
  • 7:54 - 7:56
    sobre estranhos a um nível social,
  • 7:56 - 8:00
    e promover projetos como
    o Movimento da Biblioteca Humana
  • 8:00 - 8:02
    que podem ver aqui em cima no ecrã.
  • 8:02 - 8:05
    Começou há cerca de 10 anos, na Dinamarca,
  • 8:05 - 8:09
    e este movimento já se espalhou
    para mais de 20 países.
  • 8:09 - 8:11
    Se forem a um evento da Biblioteca Humana,
  • 8:11 - 8:13
    como este aqui em Londres,
  • 8:13 - 8:16
    vocês chegam lá e,
    em vez de pedir um livro emprestado,
  • 8:16 - 8:18
    como fariam numa biblioteca normal,
  • 8:18 - 8:21
    pedem uma pessoa emprestada,
    para conversar.
  • 8:21 - 8:24
    Pode ser uma cantora nigeriana
    de música "soul",
  • 8:24 - 8:26
    ou uma mãe solteira
    que vive de ajuda social.
  • 8:26 - 8:29
    O objetivo é conversar
    com pessoas diferentes,
  • 8:29 - 8:30
    desafiar os estereótipos.
  • 8:30 - 8:32
    Imaginem que organizam
    um evento da Biblioteca Humana
  • 8:32 - 8:34
    na vossa comunidade.
  • 8:34 - 8:37
    Quem convidariam para falar
    com o público,
  • 8:37 - 8:39
    para despertar a sua curiosidade?
  • 8:39 - 8:41
    Como é que nós sabemos
  • 8:41 - 8:43
    que estas conversas e encontros
    entre estranhos
  • 8:43 - 8:46
    podem mesmo fazer a diferença?
  • 8:46 - 8:48
    A história diz-nos que sim.
  • 8:49 - 8:51
    Precisamos de aprender com a história.
  • 8:51 - 8:52
    Normalmente pensamos na empatia
  • 8:52 - 8:55
    como algo que acontece entre indivíduos.
  • 8:55 - 8:57
    Mas a empatia também pode existir
  • 8:57 - 9:00
    a uma grande escala, a um nível coletivo.
  • 9:01 - 9:04
    Claro que, se olharem para a história,
  • 9:04 - 9:06
    encontram vários momentos
    em que a empatia em massa colapsou.
  • 9:06 - 9:09
    Basta pensar no Holocausto,
    ou no Genocídio de Ruanda.
  • 9:09 - 9:11
    Mas também houve momentos
  • 9:11 - 9:14
    de florescimento da empatia em massa.
  • 9:14 - 9:16
    Um que eu considero
    ser fundamental conhecer
  • 9:16 - 9:18
    aconteceu na Segunda Guerra Mundial,
  • 9:18 - 9:20
    durante o período de evacuação
    na Grã-Bretanha.
  • 9:20 - 9:23
    Quando os alemães avançaram
    para bombardear as cidades britânicas,
  • 9:23 - 9:27
    o governo evacuou,
    enviou mais de um milhão de crianças
  • 9:27 - 9:29
    para escapar das bombas,
  • 9:29 - 9:33
    que foram viver com famílias
    de acolhimento, completos desconhecidos.
  • 9:33 - 9:36
    Foi o maior encontro entre estranhos
    na história do Reino Unido,
  • 9:36 - 9:38
    talvez até na história mundial.
  • 9:38 - 9:39
    E o que aconteceu?
  • 9:40 - 9:41
    O resultado foi que
  • 9:41 - 9:43
    pessoas rurais relativamente ricas,
  • 9:43 - 9:45
    que viviam em cidades provincianas,
  • 9:45 - 9:47
    foram de repente confrontadas
  • 9:47 - 9:50
    com a realidade da pobreza urbana
    das cidades britânicas,
  • 9:50 - 9:52
    porque as crianças que eles viam
    entrar nas suas casas
  • 9:52 - 9:55
    estavam malnutridas, doentes,
  • 9:55 - 9:57
    traziam roupas velhas e rasgadas.
  • 9:57 - 10:01
    Houve uma resposta de empatia em massa
    e uma indignação generalizada
  • 10:01 - 10:07
    pela miséria que as pessoas,
    de repente, viam nas suas casas.
  • 10:07 - 10:10
    Houve pressão pública
    de organizações de mulheres,
  • 10:10 - 10:12
    grupos políticos,
    para pressionar o governo
  • 10:12 - 10:15
    a introduzir nova legislação
    pelo bem-estar infantil.
  • 10:15 - 10:17
    E o governo respondeu imediatamente,
  • 10:17 - 10:18
    o que é extraordinário
  • 10:18 - 10:21
    porque estava-se no meio de uma guerra,
  • 10:21 - 10:23
    havendo grande escassez de recursos.
  • 10:23 - 10:26
    O governo implementou
    alimentação grátis para as crianças,
  • 10:26 - 10:30
    novas vitaminas, novos pacotes de saúde,
    pacotes de educação.
  • 10:30 - 10:34
    O governo deu origem,
    com este encontro de empatia,
  • 10:34 - 10:36
    ao estado social britânico.
  • 10:36 - 10:39
    Eu acho que isto mostra
    que a empatia não é apenas
  • 10:39 - 10:42
    um conceito macio e fofo,
    sobre ser-se atencioso com os outros.
  • 10:43 - 10:46
    A empatia pode mesmo
    alterar a paisagem social e política.
  • 10:46 - 10:50
    Nós precisamos de criar
    encontros como este, agora.
  • 10:50 - 10:52
    Felizmente, eles já acontecem.
  • 10:52 - 10:53
    No Médio Oriente, por exemplo,
  • 10:53 - 10:57
    há uma organização chamada
    o Círculo de Pais.
  • 10:57 - 11:00
    E faz projetos locais extraordinários
    para fomentar a paz.
  • 11:00 - 11:02
    O meu favorito
  • 11:02 - 11:04
    foi a linha telefónica "Olá Paz".
  • 11:04 - 11:09
    Se forem um israelita, podem ligar
    para este número de telefone grátis,
  • 11:09 - 11:12
    e é posto em linha com
    um palestino desconhecido aleatório.
  • 11:12 - 11:14
    Pode falar com ele até meia hora.
  • 11:14 - 11:16
    Os palestinos também podem ligar
  • 11:16 - 11:17
    e são postos em linha com israelitas.
  • 11:17 - 11:19
    Nos primeiros cinco anos de operação,
  • 11:19 - 11:22
    houve mais de um milhão de chamadas.
  • 11:22 - 11:23
    Imaginem se pudessem montar
  • 11:23 - 11:26
    uma destas linhas telefónicas hoje em dia,
    entre ricos e pobres,
  • 11:26 - 11:30
    ou entre céticos das alterações climáticas
    e ativistas das alterações climáticas.
  • 11:32 - 11:35
    Mas há uma coisa
    da qual ainda não falei...
  • 11:37 - 11:40
    ...criar aventuras experimentais.
  • 11:40 - 11:43
    Imaginem se não tivéssemos apenas
    conversas com pessoas,
  • 11:43 - 11:46
    mas pudéssemos realmente
    vivenciar algo na vida deles.
  • 11:47 - 11:51
    Um exemplo é a organização
    "Diálogo no Escuro",
  • 11:52 - 11:56
    uma experiência de museu única,
  • 11:56 - 11:59
    em que são postos num quarto escuro
    durante uma hora,
  • 11:59 - 12:02
    enquanto um guia cego vos leva a descobrir
  • 12:02 - 12:05
    como é estarem privados
    da vossa visão durante uma hora.
  • 12:05 - 12:08
    Fazem atividades como
    tentar comprar fruta e legumes,
  • 12:08 - 12:10
    e atrapalham-se com o dinheiro.
  • 12:10 - 12:13
    Vão a um café e tentam
    sentar-se e beber um café
  • 12:13 - 12:15
    e apercebem-se do quão difícil é.
  • 12:15 - 12:19
    Esta experiência de museu
    é extremamente poderosa para as pessoas,
  • 12:19 - 12:22
    e esta organização espalhou-se pelo mundo.
  • 12:22 - 12:24
    O "Diálogo no Escuro" já apareceu
  • 12:24 - 12:27
    em mais de 130 cidades, em 30 países.
  • 12:27 - 12:29
    De facto, abriu há pouco tempo em Atenas,
  • 12:29 - 12:32
    e mais de seis milhões de pessoas
    já lá entraram.
  • 12:32 - 12:35
    Então, precisamos de criar
    aventuras experimentais
  • 12:35 - 12:38
    para expandir os nossos círculos
    de preocupação moral.
  • 12:40 - 12:43
    Também precisamos de aprender
    a fazer uso da tecnologia.
  • 12:45 - 12:48
    A tecnologia foi sempre importante
    para os movimentos de empatia.
  • 12:48 - 12:51
    Na luta contra a escravidão
    no final do século XVIII,
  • 12:51 - 12:54
    a tecnologia que era usada
    era a impressora,
  • 12:54 - 12:57
    para imprimir dezenas
    de milhares de pósteres,
  • 12:57 - 13:00
    mostrando quantos escravos
    africanos cabiam
  • 13:00 - 13:03
    num barco de escravos britânico
    com destino às Caraíbas.
  • 13:03 - 13:07
    Este póster originou
    indignação pública, petições
  • 13:07 - 13:09
    e acabou por levar
    à abolição da escravatura
  • 13:09 - 13:12
    e do próprio tráfico de escravos.
  • 13:12 - 13:15
    Hoje em dia, a tecnologia que podemos usar
  • 13:15 - 13:17
    são as redes sociais,
    as tecnologias digitais.
  • 13:18 - 13:20
    Nós sabemos que elas podem ser poderosas.
  • 13:20 - 13:23
    Nós sabemos que, durante a Primavera Árabe
  • 13:23 - 13:25
    e no movimento de Ocupação,
  • 13:25 - 13:28
    as plataformas das redes sociais
    ajudaram a espalhar emoções poderosas,
  • 13:28 - 13:30
    como a raiva e também a empatia.
  • 13:31 - 13:34
    Alguém tirou uma fotografia
    de uma rapariga chamada Neda,
  • 13:34 - 13:38
    morta a tiro nas ruas de Teerão,
    e dentro de umas horas
  • 13:38 - 13:42
    milhões de pessoas em todo o mundo
    sabiam o nome dela, sabiam da sua família,
  • 13:42 - 13:46
    sabiam quem ela era, e foram para as ruas
    protestar contra a brutalidade do Estado.
  • 13:47 - 13:50
    Mas também é preciso reconhecermos
    que as tecnologias modernas,
  • 13:50 - 13:53
    as tecnologias digitais,
    têm um perigo intrínseco.
  • 13:53 - 13:56
    É que a maior parte
    das plataformas para redes sociais
  • 13:56 - 13:59
    foram feitas com vista
    à troca eficiente de informações,
  • 13:59 - 14:02
    e não para troca de intimidade e empatia.
  • 14:03 - 14:06
    De facto, elas tendem a promover,
    por vezes, relações superficiais.
  • 14:06 - 14:08
    É perigoso que elas promovam
  • 14:08 - 14:10
    a quantidade de ligações que fazemos
  • 14:10 - 14:12
    e não a sua qualidade.
  • 14:12 - 14:15
    Elas tendem a ligar-nos a pessoas
    que são muito parecidas connosco,
  • 14:15 - 14:18
    que partilham o nosso gosto
    em música ou filmes.
  • 14:18 - 14:22
    Por isso é preciso criar uma nova geração
    de tecnologias de redes sociais,
  • 14:22 - 14:26
    que se foquem em expandir
    ligações de empatia profundas
  • 14:26 - 14:28
    e nos liguem a estranhos.
  • 14:29 - 14:33
    Mas também é preciso aprendermos
    a ser líderes com empatia.
  • 14:33 - 14:37
    Porque todos nós somos líderes,
    todos nós temos esferas de influência,
  • 14:37 - 14:40
    quer seja em escolas
    ou no local de trabalho,
  • 14:40 - 14:42
    em igrejas ou organizações comunitárias.
  • 14:42 - 14:46
    Eu acho que podemos seguir o exemplo
    de grandes líderes com empatia,
  • 14:46 - 14:48
    como o Nelson Mandela,
  • 14:48 - 14:51
    que percebeu que,
    na transição do "apartheid",
  • 14:51 - 14:54
    era vital tentar criar empatia
    e compreensão mútua
  • 14:54 - 14:57
    entre os sul-africanos negros e brancos.
  • 14:57 - 15:01
    É por isso que, em 1995,
    durante a Taça do Mundo de râguebi,
  • 15:01 - 15:04
    ele pediu aos sul-africanos negros
  • 15:04 - 15:07
    que apoiassem uma equipa de râguebi
    com quase todos os jogadores brancos.
  • 15:07 - 15:10
    Era uma equipa vista como
    um símbolo odiado do "apartheid".
  • 15:11 - 15:13
    E no momento em que ele apertou a mão
  • 15:13 - 15:15
    do presidente de râguebi sul-africano,
  • 15:15 - 15:17
    após terem ganho a Taça do Mundo,
  • 15:17 - 15:20
    foi, diria eu, um dos momentos
    de maior empatia da história moderna,
  • 15:20 - 15:23
    e todos nós podemos
    tentar seguir o exemplo de Mandela.
  • 15:24 - 15:29
    Então, estes são os ingredientes
    para começar uma revolução de empatia.
  • 15:29 - 15:32
    Mas há um que eu não mencionei,
  • 15:32 - 15:34
    que é cultivar a "extrospeção".
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    Sócrates disse, numa frase famosa,
    que para se viver uma vida boa e sábia,
  • 15:40 - 15:43
    precisamos de "conhece-te a ti mesmo".
  • 15:43 - 15:45
    Tradicionalmente pensa-se
    que isto significa
  • 15:45 - 15:48
    olhar para dentro de nós,
    olhar para o nosso próprio umbigo.
  • 15:48 - 15:52
    Mas eu acredito que, para se conhecer
    a si mesmo, é preciso um equilíbrio
  • 15:52 - 15:55
    entre introspeção e aquilo
    a que eu chamo de extrospeção.
  • 15:55 - 15:59
    A extrospeção é a ideia
    de descobrir quem vocês são,
  • 15:59 - 16:03
    e como viver,
    ao sair de vocês próprios,
  • 16:03 - 16:06
    olhar através dos olhos
    das outras pessoas
  • 16:06 - 16:08
    e descobrir os seus mundos.
  • 16:08 - 16:13
    A empatia é a derradeira forma de arte
    na era da extrospeção.
  • 16:15 - 16:19
    A empatia, como conceito,
    é mais popular hoje em dia
  • 16:19 - 16:22
    do que alguma vez foi
    na história da Humanidade.
  • 16:22 - 16:25
    Corre nas bocas
    dos políticos e neurocientistas,
  • 16:25 - 16:28
    líderes empresariais e gurus espirituais.
  • 16:29 - 16:34
    Até na Internet, nos últimos dez anos,
    as pesquisas pela palavra empatia
  • 16:34 - 16:36
    mais do que duplicaram em frequência.
  • 16:36 - 16:37
    Isso é extraordinário.
  • 16:37 - 16:40
    Mas nós temos de fazer mais
    do que falar de empatia
  • 16:40 - 16:42
    ou procurá-la na Internet.
  • 16:42 - 16:46
    Nós temos de tornar a empatia
    numa forma de ação social.
  • 16:47 - 16:51
    Nós temos de usar o seu poder
    para criar mudança social e política.
  • 16:51 - 16:53
    Esse é o caminho
    para se criar uma revolução
  • 16:53 - 16:56
    de relações humanas, no século XXI.
  • 16:56 - 16:57
    Obrigado.
  • 16:57 - 17:01
    (Aplausos)
Title:
Como começar uma Revolução de Empatia | Roman Krznaric | TEDxAthens
Description:

Na definição das suas oito ideias para uma sociedade menos "hiperindividualista", Roman Krznaric, pensador cultural e escritor sobre a arte de viver, realça a necessidade premente de se criar um movimento de empatia para a felicidade humana, intimidade, transformação social e libertação coletiva, livre de preconceitos e estereótipos. Esta palestra serve para relembrar que, por natureza, o cérebro humano está programado para a empatia, e que o 'Homo Empathicus' pode ultrapassar pensamentos sombrios e o colapso brutal da sociedade, através do equilíbrio entre introspeção e extrospeção.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:15

Portuguese subtitles

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