Porque devemos ler "Moby Dick"? — Sascha Morrell
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0:07 - 0:10Uma montanha a separar dois lagos.
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0:10 - 0:15Uma sala forrada do chão até ao teto
com cetins nupciais. -
0:15 - 0:19A tampa duma enorme caixa de rapé.
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0:19 - 0:22Estas imagens aparentemente
desligadas umas das outras -
0:22 - 0:25levam-nos numa viagem
à cabeça de um cachalote -
0:25 - 0:28no livro "Moby Dick" de Herman Melville.
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0:28 - 0:30Superficialmente,
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0:30 - 0:34o livro trata da história da perseguição
vingativa realizada pelo Capitão Ahab -
0:34 - 0:37contra Moby Dick, a "baleia branca"
que lhe arrancou uma perna. -
0:37 - 0:42Mas, embora o livro descreva piratas,
tufões, perseguições a alta velocidade -
0:42 - 0:45e uma lula gigante,
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0:45 - 0:48não fiquem à espera de uma aventura
marinha convencional. -
0:49 - 0:52Pelo contrário,
é uma exploração multifacetada -
0:52 - 0:54dos pormenores mais íntimos da vida
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0:54 - 0:56a bordo dum navio baleeiro,
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0:56 - 1:00e também de temas correntes
na história humana e natural, -
1:00 - 1:06por vezes divertidos, por vezes trágicos,
humorísticos e prementes. -
1:06 - 1:10O narrador que nos guia
através dessas explorações -
1:10 - 1:12é um marinheiro vulgar
chamado Ismael. -
1:13 - 1:16Ismael começa por nos contar
a sua história pessoal -
1:16 - 1:21enquanto se prepara para fugir
à "alma húmida e chuvosa de novembro" -
1:21 - 1:23partindo para o mar.
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1:23 - 1:27Mas, depois de travar amizade
com Queequeg, um aborígene do Pacífico, -
1:27 - 1:30e de integrar a tripulação de Ahab
a bordo do Pequod, -
1:30 - 1:34Ismael passa a ser
um guia omnisciente para o leitor, -
1:34 - 1:36em vez duma personagem tradicional.
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1:36 - 1:39Enquanto Ahab se mantém
obcecado com a vingança -
1:39 - 1:42e o primeiro marinheiro Starbuck
tenta chamá-lo à razão, -
1:42 - 1:45Ismael arrasta-nos para
a sua procura do sentido -
1:45 - 1:49por "todo o universo,
sem excluir os seus subúrbios". -
1:50 - 1:54Na sua forma de contar,
as maiores questões avolumam-se, -
1:54 - 1:56mesmo nos mais pequenos pormenores.
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1:56 - 1:58Tal como o seu narrador,
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1:58 - 2:01Melville era um espírito
inquieto e curioso -
2:01 - 2:04que ganhara um saber pouco ortodoxo
a trabalhar como marinheiro -
2:04 - 2:08numa série de viagens extenuantes
pelo mundo fora, durante a sua juventude. -
2:08 - 2:11Publicou "Moby Dick" em 1851,
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2:11 - 2:15quando a indústria da caça à baleia
nos EUA estava no auge. -
2:15 - 2:18Nantucket, onde o Pequod inicia a viagem,
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2:18 - 2:22era o epicentro desta indústria mundial
lucrativa e sanguinolenta -
2:22 - 2:26que dizimou populações
de baleias, a nível mundial. -
2:26 - 2:28De forma invulgar para a sua época,
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2:28 - 2:32Melville não esconde
o lado sombrio desta indústria, -
2:32 - 2:35assumindo mesmo a perspetiva
da baleia, a certa altura, -
2:35 - 2:40quando especula sobre como devem ser
terríveis as enormes sombras dos navios -
2:40 - 2:43para as criaturas que nadam lá por baixo.
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2:43 - 2:47É evidente a familiaridade do autor
adquirida por experiência própria -
2:47 - 2:51que se repete vezes sem conta
nas vivas descrições de Ismael. -
2:52 - 2:55Num capítulo, a pele
do pénis do cachalote -
2:55 - 2:58torna-se roupa de proteção
para um homem da tripulação. -
2:58 - 3:03Capítulos com títulos tão sugestivos
como "Cisterna e Baldes", -
3:03 - 3:06tornam-se alguns dos mais
estimulantes do romance, -
3:06 - 3:11quando Ismael compara a cabeça
dum cachalote com uma maternidade, -
3:11 - 3:14o que nos leva a reflexões
sobre Platão. -
3:14 - 3:18As dificuldades das baleias
suscitam reflexões espirituosas. -
3:18 - 3:22sobre os "perigos sempre presentes"
que envolvem todos os seres mortais. -
3:23 - 3:26Melville utiliza diversos ramos de saber,
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3:26 - 3:31como a zoologia, a gastronomia,
o direito, a economia, a mitologia -
3:31 - 3:36e ensinamentos duma série
de tradições religiosas e culturais. -
3:37 - 3:42O livro experimenta estilos de escrita,
assim como diversos assuntos. -
3:42 - 3:48Num monólogo, Ahab desafia
Moby Dick, ao estilo de Shakespeare: -
3:48 - 3:54"Persigo-te baleia destruidora
mas não invencível; -
3:55 - 4:00"enfrentar-te-ei até ao fim;
do inferno apunhalar-te-ei; -
4:01 - 4:06"cheio de ódio, exalarei
o meu último suspiro em cima de ti." -
4:06 - 4:09Outro capítulo está escrito
como um guião teatral, -
4:09 - 4:12em que os membros da tripulação
multiétnica do Pequod -
4:12 - 4:15se harmonizam individualmente e em coro.
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4:15 - 4:19Os marinheiros africanos
e espanhóis trocam insultos -
4:19 - 4:22enquanto um marinheiro taitiano
sente saudades da sua terra. -
4:22 - 4:26Os tripulantes chineses
e portugueses querem dançar -
4:26 - 4:29e um jovem profetiza a desgraça.
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4:29 - 4:31Noutro capítulo,
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4:31 - 4:34Ismael canta o processo
de decantar o óleo de baleia -
4:34 - 4:36num estilo épico,
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4:36 - 4:40enquanto o navio sobe e desce
na escuridão do mar -
4:40 - 4:44e o casco ronca como uma avalancha.
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4:45 - 4:48Um livro com uma tal amplitude
tem sempre qualquer coisa para todos. -
4:49 - 4:53Os leitores descobriram
alegorias religiosas e políticas, -
4:53 - 4:58dúvidas existencialistas,
sátira social, análise económica, -
4:58 - 5:01e representações
do imperialismo americano, -
5:01 - 5:04relações industriais e conflitos raciais.
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5:05 - 5:10Quando Ismael persegue o sentido
e Ahab persegue a baleia branca, -
5:10 - 5:15o livro explora as forças opostas
de otimismo e incerteza, -
5:15 - 5:20de curiosidade e medo
que caracterizam a existência humana -
5:20 - 5:23seja o que for que estão a perseguir.
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5:23 - 5:25Através das muitas páginas
de "Moby Dick", -
5:25 - 5:29Melville convida os leitores
a saltar para o desconhecido, -
5:29 - 5:35e a juntarem-se a ele na caça
ao "fantasma inapreensível da vida".
- Title:
- Porque devemos ler "Moby Dick"? — Sascha Morrell
- Speaker:
- Sascha Morrell
- Description:
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Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/why-should-you-read-moby-dick-sascha-morrell
Uma montanha a separar dois lagos. Uma sala forrada do chão até ao teto de cetins nupciais. A tampa duma enorme caixa de rapé. Estas imagens aparentemente desligadas umas das outras levam-nos numa viagem à cabeça de um cachalote no livro "Moby Dick" de Herman Melville. Embora o livro descreva piratas, tufões, perseguições a alta velocidade e uma lula gigante, não se trata de uma aventura marinha convencional. Sascha Morrell mergulha neste romance clássico.
Lição de Sascha Morrell, realização de Martina Meštrović.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 05:36
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