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Eu tenho 99 problemas... a paralisia é apenas um

  • 0:01 - 0:03
    Olá TEDWomen, está tudo bem?
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    (Aplausos e vivas)
  • 0:04 - 0:05
    Não é suficiente.
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    Olá TEDWomen, está tudo bem?
  • 0:08 - 0:10
    (Vivas)
  • 0:10 - 0:12
    O meu nome é Maysoon Zayid
  • 0:12 - 0:14
    e não estou embriagada
  • 0:14 - 0:17
    mas o médico que fez o parto
    à minha mãe, estava.
  • 0:17 - 0:21
    Ele cortou a minha mãe seis vezes,
  • 0:21 - 0:23
    em seis direções diferentes,
  • 0:23 - 0:26
    sufocando-me a mim, pobrezinha,
    nesse processo.
  • 0:26 - 0:28
    Como resultado, tenho paralisia cerebral,
  • 0:28 - 0:31
    o que significa que estou sempre a tremer.
  • 0:31 - 0:34
    Vejam.
  • 0:34 - 0:37
    É exaustivo. Sou como a Shakira,
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    Shakira e Muhammad Ali, juntos.
  • 0:39 - 0:42
    (Risos)
  • 0:42 - 0:44
    A P.C. não é genética.
  • 0:44 - 0:47
    Não é uma malformação congénita.
    Não se apanha por contágio.
  • 0:47 - 0:50
    Ninguém amaldiçoou o útero da minha mãe
  • 0:50 - 0:54
    e eu não fiquei assim por os meus pais
    serem primos direitos,
  • 0:54 - 0:55
    que até são.
  • 0:55 - 0:58
    (Risos)
  • 0:59 - 1:02
    Só acontece devido a acidentes,
  • 1:02 - 1:04
    como o que me aconteceu
    no dia em que nasci.
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    Agora, devo avisar-vos,
    não sou inspiradora
  • 1:09 - 1:12
    e não quero que alguém nesta sala
  • 1:12 - 1:13
    sinta pena de mim,
  • 1:13 - 1:15
    porque houve alturas na vossa vida,
  • 1:15 - 1:19
    que vocês desejaram ser
    pessoas com deficiência.
  • 1:19 - 1:21
    Venham comigo numa viagem.
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    É Véspera de Natal,
    estão no centro comercial,
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    estão a andar às voltas no carro,
    à procura de estacionamento
  • 1:27 - 1:29
    e o que é que vocês veem?
  • 1:29 - 1:34
    Dezasseis lugares vazios
    para pessoas com deficiência.
  • 1:34 - 1:36
    E dizem: "Meu Deus, não posso ser
  • 1:36 - 1:38
    "só um bocadinho deficiente?"
  • 1:38 - 1:41
    (Risos)
  • 1:43 - 1:45
    Também tenho de vos dizer
  • 1:45 - 1:49
    que tenho 99 problemas,
    e a paralisia é apenas um.
  • 1:49 - 1:52
    Se houvesse uma Olimpíada da Opressão
  • 1:52 - 1:54
    eu ganharia a medalha de ouro.
  • 1:54 - 2:00
    Sou palestiniana, muçulmana, mulher,
    tenho uma deficiência,
  • 2:00 - 2:02
    e vivo em Nova Jérsia.
  • 2:02 - 2:05
    (Risos) (Aplausos)
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    Se não se sentirem melhor convosco
    próprias, talvez devessem sentir-se.
  • 2:11 - 2:14
    Cliffside Park, em Nova Jérsia,
    é a vila onde vivo.
  • 2:14 - 2:17
    Sempre adorei o facto
  • 2:17 - 2:19
    de o meu bairro e o meu problema de saúde
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    partilharem as mesmas iniciais.
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    Também adoro o facto de que
    se eu quiser ir passear
  • 2:23 - 2:26
    da minha casa até à cidade de
    Nova Iorque, eu posso fazê-lo.
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    Muitas pessoas com P.C. não andam,
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    mas os meus pais não acreditam
    em "não consigo".
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    O mantra do meu pai era:
  • 2:33 - 2:37
    "Tu consegues, sim,
    consegues conseguindo."
  • 2:37 - 2:40
    (Risos)
  • 2:40 - 2:43
    Então, se as minhas três irmãs mais velhas
    estivessem a lavar o chão,
  • 2:43 - 2:45
    eu estava a lavar o chão.
  • 2:45 - 2:47
    Se as minhas três irmãs frequentavam
    a escola pública,
  • 2:47 - 2:49
    os meus pais processariam
    o sistema escolar
  • 2:49 - 2:51
    e garantiam que eu também a frequentasse,
  • 2:51 - 2:53
    e se não tivéssemos todas
    as melhores notas
  • 2:53 - 2:56
    todas levávamos com
    o chinelo da minha mãe.
  • 2:56 - 2:58
    (Risos)
  • 2:58 - 3:01
    O meu pai ensinou-me a andar
    quando eu tinha 5 anos,
  • 3:01 - 3:03
    colocando os meus calcanhares
    em cima dos pés dele
  • 3:03 - 3:05
    e simplesmente andando.
  • 3:05 - 3:08
    Outra tática que ele usou foi acenar
  • 3:08 - 3:12
    com uma nota de 1 dólar à minha frente
    e fazer-me ir apanhá-la.
  • 3:12 - 3:14
    (Risos)
  • 3:14 - 3:17
    A minha "stripper" interior
    era muito forte e aos...
  • 3:17 - 3:18
    (Risos)
  • 3:18 - 3:21
    Sim. Não, no primeiro dia do infantário,
  • 3:21 - 3:23
    eu andava como um campeão
  • 3:23 - 3:27
    que tivesse sido esmurrado
    demasiadas vezes.
  • 3:27 - 3:30
    Ao crescer,
    só havia seis árabes na minha vila
  • 3:30 - 3:33
    e eram todos da minha família.
  • 3:33 - 3:35
    Agora há 20 árabes na vila,
  • 3:35 - 3:38
    e são ainda todos da minha família.
    (Risos)
  • 3:38 - 3:41
    Acho que ainda ninguém reparou
    que não somos italianos.
  • 3:41 - 3:44
    (Risos) (Aplausos)
  • 3:48 - 3:51
    Isto foi antes do 11 de setembro
    e antes dos políticos
  • 3:51 - 3:55
    pensarem ser apropriado usar
    "Eu odeio muçulmanos"
  • 3:55 - 3:57
    como "slogan" de campanha.
  • 3:57 - 4:01
    As pessoas com quem eu cresci não tiveram
    qualquer problema com a minha fé.
  • 4:01 - 4:03
    Elas pareciam, no entanto,
    muito preocupadas
  • 4:03 - 4:05
    que eu morresse de fome
    durante o Ramadão.
  • 4:05 - 4:07
    Eu explicava-lhes
    que tinha gordura suficiente
  • 4:07 - 4:10
    para sobreviver à conta dela durante
    três meses inteiros,
  • 4:10 - 4:14
    por isso, jejuar do nascer do sol
    ao pôr do sol, era canja.
  • 4:14 - 4:17
    Eu fiz sapateado na Broadway.
  • 4:17 - 4:21
    Sim, na Broadway. Uma loucura.
    (Aplausos)
  • 4:21 - 4:23
    Os meus pais não tinham dinheiro
    para a fisioterapia
  • 4:23 - 4:25
    por isso, mandaram-me
    para uma escola de dança.
  • 4:25 - 4:27
    Eu aprendi a dançar em saltos altos,
  • 4:27 - 4:30
    o que significa que consigo andar
    em saltos altos.
  • 4:30 - 4:31
    E sou de Nova Jérsia,
  • 4:31 - 4:33
    e nós temos a grande preocupação
    de sermos chiques,
  • 4:33 - 4:37
    por isso, se as minhas amigas usavam
    saltos altos, eu também os usava.
  • 4:37 - 4:40
    E quando as minhas amigas iam passar
    as férias de verão
  • 4:40 - 4:42
    na costa da Jérsia, eu não ia.
  • 4:42 - 4:45
    Eu passava os meus verões
    numa zona de guerra
  • 4:45 - 4:47
    porque os meus pais tinham medo
  • 4:47 - 4:49
    de que, se não voltássemos à Palestina
  • 4:49 - 4:51
    todos os verões,
  • 4:51 - 4:53
    nós seríamos a Madonna
    quando crescêssemos.
  • 4:53 - 4:56
    (Risos)
  • 4:58 - 5:01
    As férias de verão,
    muitas vezes consistiam
  • 5:01 - 5:03
    no meu pai a tentar curar-me,
  • 5:03 - 5:05
    por isso, eu bebia leite de veado,
  • 5:05 - 5:07
    tinha copos quentes nas minhas costas,
  • 5:07 - 5:09
    era mergulhada no Mar Morto,
  • 5:09 - 5:12
    e lembro-me da água me queimar os olhos
  • 5:12 - 5:14
    e de pensar:
    "Está a funcionar! Está a funcionar!"
  • 5:14 - 5:17
    (Risos)
  • 5:17 - 5:21
    Mas uma cura milagrosa que
    encontrámos foi o Ioga.
  • 5:21 - 5:24
    Tenho de vos dizer, é muito aborrecido,
  • 5:24 - 5:26
    mas antes de eu fazer Ioga,
  • 5:26 - 5:29
    eu era uma comediante de
    "stand-up comedy" que não se tinha de pé.
  • 5:29 - 5:32
    E agora, consigo fazer o pino.
  • 5:32 - 5:37
    Os meus pais reforçaram esta noção
  • 5:37 - 5:39
    de que eu conseguiria fazer tudo,
  • 5:39 - 5:41
    de que nenhum sonho era impossível,
  • 5:41 - 5:43
    e o meu sonho era entrar
  • 5:43 - 5:47
    na novela diurna "General Hospital".
  • 5:47 - 5:50
    Eu fui para a faculdade durante
    a Ação Afirmativa [anti-discriminação]
  • 5:50 - 5:52
    e obtive uma bolsa para a ASU
  • 5:52 - 5:54
    — Arizona State University —
  • 5:54 - 5:57
    porque preenchia todas as quotas.
  • 5:57 - 6:01
    Eu era como o fantasma de estimação
    do Departamento de Teatro.
  • 6:01 - 6:03
    Toda a gente gostava de mim.
  • 6:03 - 6:06
    Eu fazia todos os t.p.cs
    de miúdos pouco inteligentes
  • 6:06 - 6:08
    tinha vintes a todas as minhas cadeiras,
  • 6:08 - 6:10
    vintes a todas as cadeiras deles.
  • 6:10 - 6:11
    (Risos)
  • 6:11 - 6:13
    Todas as vezes que interpretava uma cena
  • 6:13 - 6:15
    de "The Glass Menagerie",
  • 6:15 - 6:17
    os meus Professores choravam.
  • 6:17 - 6:19
    Mas nunca fui escolhida para o elenco.
  • 6:19 - 6:21
    Finalmente,
    no meu último ano de licenciatura,
  • 6:21 - 6:24
    a universidade decidiu montar
    um espetáculo chamado
  • 6:24 - 6:26
    "They Dance Real Slow in Jackson."
  • 6:26 - 6:28
    É uma peça acerca de uma rapariga com P.C.
  • 6:28 - 6:30
    Eu era uma rapariga com P.C.
  • 6:30 - 6:33
    Por isso, comecei a gritar
    aos quatro ventos:
  • 6:33 - 6:35
    "Eu vou finalmente obter um papel!
  • 6:35 - 6:36
    "Eu tenho paralisia cerebral!
  • 6:36 - 6:39
    "Enfim, livre! Enfim, livre!
  • 6:39 - 6:42
    "Graças ao Deus Todo-Poderoso,
    enfim, estou livre!"
  • 6:42 - 6:43
    Eu não fiquei com o papel.
  • 6:43 - 6:45
    (Risos)
  • 6:45 - 6:48
    A Sherry Brown ficou com o papel.
  • 6:48 - 6:51
    Eu fui a correr falar com
    a Diretora do Departamento de Teatro
  • 6:51 - 6:54
    a chorar histericamente, como se
    me tivessem morto o gato,
  • 6:54 - 6:55
    para lhe perguntar porquê,
  • 6:55 - 6:57
    e ela disse-me que era porque
    eles achavam
  • 6:57 - 6:59
    que eu não conseguiria
    fazer as cenas de ação.
  • 6:59 - 7:03
    Eu disse: "Desculpe-me,
    se eu não consigo fazer as cenas de ação,
  • 7:03 - 7:05
    "a personagem também não consegue."
  • 7:05 - 7:08
    (Risos) (Aplausos)
  • 7:11 - 7:16
    Este era um papel para o qual eu tinha,
    literalmente, nascido para interpretar
  • 7:16 - 7:21
    e eles deram-no a uma atriz sem paralisia.
  • 7:21 - 7:23
    A faculdade estava a imitar a vida.
  • 7:23 - 7:25
    Hollywood tem uma história sórdida
  • 7:25 - 7:28
    de seleção para o elenco
    de atores fisicamente saudáveis
  • 7:28 - 7:31
    para interpretarem papéis
    de pessoas com deficiência no ecrã.
  • 7:31 - 7:33
    Quando me licenciei,
    voltei para casa,
  • 7:33 - 7:35
    e o meu primeiro trabalho como atriz
  • 7:35 - 7:37
    foi como figurante numa novela diurna.
  • 7:37 - 7:39
    O meu sonho estava a realizar-se.
  • 7:39 - 7:41
    E sabia que eu seria promovida
  • 7:41 - 7:45
    de "colega" a "melhor amiga excêntrica"
    num instante.
  • 7:45 - 7:46
    (Risos)
  • 7:46 - 7:49
    Mas, em vez disso, continuei a ser
    uma glorificada peça de mobília
  • 7:49 - 7:52
    que apenas se reconhecia pela minha nuca,
  • 7:52 - 7:53
    e tornou-se claro para mim
  • 7:53 - 7:55
    que os diretores de elenco
  • 7:55 - 7:59
    não contratavam atores gordinhos,
    de etnias e deficientes.
  • 7:59 - 8:01
    Eles só contratavam pessoas perfeitas.
  • 8:01 - 8:04
    Mas havia exceções à regra.
  • 8:04 - 8:06
    Eu cresci a ver Whoopi Goldberg,
  • 8:06 - 8:08
    Roseanne Barr, Ellen,
  • 8:08 - 8:10
    e todas estas mulheres tinham
    uma coisa em comum:
  • 8:10 - 8:12
    elas eram comediantes.
  • 8:12 - 8:14
    Então, tornei-me comediante.
  • 8:14 - 8:17
    (Risos) (Aplausos)
  • 8:20 - 8:24
    O meu primeiro trabalho foi levar de carro
    comediantes famosos
  • 8:24 - 8:26
    da cidade de Nova Iorque para
    espetáculos em Nova Jérsia,
  • 8:26 - 8:29
    e nunca me esquecerei da cara
    do primeiro comediante
  • 8:29 - 8:31
    que levei no carro quando ele se apercebeu
  • 8:31 - 8:34
    de que estava a acelerar pela autoestrada
    com portagem de Nova Jérsia
  • 8:34 - 8:37
    com uma miúda com P.C. ao volante.
  • 8:37 - 8:39
    Eu fiz espetáculos em clubes
    por todos os E.U.A.,
  • 8:39 - 8:43
    e também fiz espetáculos em árabe
    no Médio Oriente,
  • 8:43 - 8:46
    sem censura e sem estar tapada.
  • 8:46 - 8:48
    Algumas pessoas dizem que sou a primeira
  • 8:48 - 8:51
    comediante de "stand-up comedy"
    do mundo árabe.
  • 8:51 - 8:53
    Eu nunca gosto de reclamar ser a primeira,
  • 8:53 - 8:55
    mas sei que eles nunca ouviram
  • 8:55 - 8:59
    aquele desagradável rumorzinho de que
    as mulheres não são cómicas,
  • 8:59 - 9:03
    e, por isso, eles acham que
    temos imensa graça.
  • 9:03 - 9:08
    Em 2003, o meu irmão de outra mãe e pai,
  • 9:08 - 9:10
    Dean Obeidallah e eu iniciámos
  • 9:10 - 9:12
    o Festival de Comédia
    Árabe-Americano de Nova Iorque,
  • 9:12 - 9:14
    agora no seu décimo ano.
  • 9:14 - 9:17
    O nosso objetivo era mudar a imagem negativa
  • 9:17 - 9:20
    dos árabes-americanos nos "media",
  • 9:20 - 9:22
    ao mesmo tempo lembrando
    aos diretores de elenco
  • 9:22 - 9:25
    que "sul-asiático" e "árabe"
    não são sinónimos.
  • 9:25 - 9:28
    (Risos)
  • 9:28 - 9:34
    Integrar os árabes foi muito,
    muito mais fácil
  • 9:34 - 9:36
    do que vencer o desafio
  • 9:36 - 9:39
    contra o estigma em relação à deficiência.
  • 9:39 - 9:41
    A minha grande oportunidade
    apareceu em 2010.
  • 9:41 - 9:43
    Eu fui convidada para
  • 9:43 - 9:44
    um espetáculo da televisão
    por cabo
  • 9:44 - 9:46
    "Countdown With Keith Olbermann"
  • 9:46 - 9:49
    Eu entrei a parecer que ia para
    o baile de formatura,
  • 9:49 - 9:52
    e eles enfiaram-me num estúdio
  • 9:52 - 9:56
    e sentaram-me
    numa cadeira giratória rolante.
  • 9:56 - 9:57
    (Risos)
  • 9:57 - 10:00
    Por isso, olhei para a encenadora
    com a expressão de:
  • 10:00 - 10:02
    "Desculpe, pode dar-me outra cadeira?"
  • 10:02 - 10:04
    E ela olhou para mim e disse:
  • 10:04 - 10:07
    "Cinco, quatro, três, dois..."
  • 10:07 - 10:09
    E estamos no ar, certo?
  • 10:09 - 10:11
    Então, tive de me agarrar à mesa
    do apresentador
  • 10:11 - 10:15
    para não rolar para fora do ecrã
    durante o segmento,
  • 10:15 - 10:18
    e quando a entrevista acabou,
    eu estava lívida.
  • 10:18 - 10:21
    Eu finalmente tinha tido a minha
    oportunidade e tinha dado cabo dela,
  • 10:21 - 10:23
    eu sabia que nunca
    voltaria a ser convidada.
  • 10:23 - 10:26
    Mas não só o Sr. Olbermann
    me convidou outra vez,
  • 10:26 - 10:28
    como me fez contribuidora a tempo inteiro,
  • 10:28 - 10:32
    e colou a minha cadeira ao chão
    com fita-cola.
  • 10:32 - 10:36
    (Risos) (Aplausos)
  • 10:37 - 10:39
    Um facto divertido que aprendi
    quando estava em direto
  • 10:39 - 10:41
    com o Keith Olbermann
  • 10:41 - 10:44
    foi que os humanos na Internet
    são uma escumalha.
  • 10:44 - 10:46
    (Risos)
  • 10:46 - 10:48
    As pessoas dizem que
    as crianças são cruéis,
  • 10:48 - 10:51
    mas eu nunca fui gozada
    em criança ou em adulta.
  • 10:51 - 10:54
    De repente, a minha deficiência
    na Internet tornou-se um jogo permitido.
  • 10:54 - 10:56
    Eu via vídeoclipes "online"
  • 10:56 - 10:58
    e comentários como:
  • 10:58 - 11:00
    "Ei, porque é que ela está a tremer?"
  • 11:00 - 11:02
    "Ei, ela é retardada?"
  • 11:02 - 11:06
    E o meu preferido: "Pobre terrorista
    com boca de Gumby.
  • 11:06 - 11:07
    "Ela sofre do quê?
  • 11:07 - 11:10
    "Devíamos rezar por ela."
  • 11:11 - 11:13
    Um comentador até sugeriu
  • 11:13 - 11:16
    que eu juntasse a minha deficiência
    aos meus créditos:
  • 11:16 - 11:20
    argumentista, comediante, com paralisia.
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    A deficiência é tão visual como a raça.
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    Se quem usa cadeira de rodas
    não pode interpretar a Beyoncé
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    então a Beyoncé não pode interpretar
    quem usa cadeira de rodas.
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    As pessoas com deficiência são a maior...
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    Sim, aplaudam isso. Vá lá.
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    (Aplausos)
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    As pessoas com deficiência
    são a maior minoria do mundo,
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    e nós somos os mais subrepresentados
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    no entretenimento.
  • 11:47 - 11:49
    Os médicos disseram que eu não andaria,
  • 11:49 - 11:52
    mas aqui estou eu, à vossa frente.
  • 11:52 - 11:55
    No entanto, se eu tivesse crescido
    com os "media" sociais
  • 11:55 - 11:56
    acho que não estaria aqui.
  • 11:56 - 11:58
    Espero que, juntos,
  • 11:58 - 12:00
    possamos criar mais imagens positivas
  • 12:00 - 12:04
    da deficiência nos "media"
    e na vida do quotidiano.
  • 12:04 - 12:06
    Talvez se houvesse mais imagens positivas,
  • 12:06 - 12:10
    isso gerasse menos ódio na Internet.
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    Ou talvez não.
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    Talvez ainda seja necessário uma aldeia
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    para ensinar bem as nossas crianças.
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    A minha viagem torta levou-me
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    a alguns lugares espetaculares.
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    Eu consegui andar no tapete vermelho
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    ladeada pela diva das novelas Susan Lucci
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    e pela icónica Lorraine Arbus.
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    Eu consegui entrar num filme
    com o Adam Sandler
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    e trabalhar com o meu ídolo,
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    o espantoso Dave Matthews.
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    Eu dei a volta ao mundo
    como cabeça de cartaz
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    em "Arabs Gone Wild".
  • 12:39 - 12:41
    Eu fui uma delegada
  • 12:41 - 12:44
    que representou o grande Estado
    de Nova Jérsia
  • 12:44 - 12:46
    na Convenção Nacional dos Democratas
    de 2008.
  • 12:46 - 12:49
    E fundei a Maysoon's Kids
  • 12:49 - 12:51
    uma obra de caridade
  • 12:51 - 12:53
    para dar às crianças palestinianas
    refugiadas
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    um pedacinho da oportunidade
    que os meus pais me deram.
  • 12:56 - 12:58
    Mas um dos momentos que mais se destaca
  • 12:58 - 13:01
    foi quando eu — antes deste momento —
  • 13:01 - 13:04
    (Risos) (Aplausos)
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    Mas o momento que mais se destaca
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    foi quando eu consegui atuar
  • 13:14 - 13:17
    para o homem
    que flutua como uma borboleta
  • 13:17 - 13:18
    e ferra como uma abelha,
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    que tem Parkinson e treme como eu:
  • 13:21 - 13:24
    Muhammad Ali!
  • 13:24 - 13:27
    (Aplausos)
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    Foi a única vez
  • 13:33 - 13:36
    que o meu pai me viu a atuar ao vivo,
  • 13:36 - 13:39
    e eu dedico esta palestra à sua memória.
  • 13:39 - 13:42
    (Em árabe):
    "Que Alá tenha piedade da tua alma, papá."
  • 13:42 - 13:44
    O meu nome é Maysoon Zayid,
  • 13:44 - 13:48
    e se eu consigo, conseguindo,
    vocês conseguem, conseguindo.
  • 13:48 - 13:51
    (Aplausos) (Gritos)
Title:
Eu tenho 99 problemas... a paralisia é apenas um
Speaker:
Maysoon Zayid
Description:

"Eu tenho paralisia cerebral. Estou sempre a tremer" — anuncia Maysoon Zayid no início desta palestra estimulante e hilariante. (A sério, é hilariante.) "Sou como a Shakira e o Muhammad Ali, juntos." Com graça e inteligência, a comediante árabe-americana leva-nos numa viagem pelas suas aventuras como atriz, comediante de "stand-up comedy", filantropa e defensora das pessoas com deficiência.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:13

Portuguese subtitles

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