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A história sombria dos testes de QI — Stefan C. Dombrowski

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    Em 1905, os psicólogos
    Alfred Binet e Théodore Simon
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    conceberam um teste para crianças
    com dificuldades na escola, em França.
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    Concebidos para identificar as crianças
    que necessitavam de atenção individual,
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    esse método formou a base
    do teste de QI.
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    Nos finais do século XIX,
    os investigadores consideraram
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    que as capacidades cognitivas,
    como o raciocínio verbal,
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    a memória de trabalho
    e a inteligência espacial,
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    refletiam o nível de inteligência geral
    chamado o fator G.
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    Simon e Binet conceberam
    uma bateria de testes
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    para medir cada uma dessas capacidades
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    e combinar os resultados
    numa única classificação.
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    As perguntas eram ajustadas
    para cada grupo etário
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    e a pontuação duma criança refletia
    o seu desempenho
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    em relação às outras da mesma idade.
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    Dividindo a pontuação
    duma criança pela sua idade
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    e multiplicando o resultado por 100
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    obtinha-se o quociente da inteligência,
    ou seja, o QI.
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    Hoje, uma pontuação de 100 representa
    a média numa amostra de população,
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    em que 68% da população pontua
    com uma margem de 15 pontos em 100.
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    Simon e Binet pensavam
    que as aptidões avaliadas pelo seu teste
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    refletiam a inteligência geral.
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    Mas tanto nessa altura como agora,
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    não há acordo sobre a definição
    de inteligência geral.
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    Isso deixou a porta aberta
    para as pessoas usarem o teste
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    ao serviço do seu entendimento
    preconceituoso sobre a inteligência.
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    O que começou para identificar
    os que precisavam de ajuda escolar,
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    depressa passou a ser usado
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    para selecionar pessoas
    de outras formas,
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    muitas vezes ao serviço de ideologias
    profundamente defeituosas.
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    Uma das primeiras implementações
    em grande escala
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    ocorreu nos EUA, na I Guerra Mundial,
    quando os militares usaram um teste de QI
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    para selecionar recrutas
    para formação de oficiais.
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    Naquela época, muita gente
    acreditava na eugenia,
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    a ideia de que as características
    genéticas desejáveis e indesejáveis
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    podiam e deviam ser controladas
    nos seres humanos,
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    mediante uma reprodução seletiva.
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    Havia muitos problemas
    com esta linha de pensamento,
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    entre eles, a ideia de que a inteligência
    não era apenas fixada e herdade,
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    mas também estava ligada
    à raça de uma pessoa.
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    Sob a influência da eugenia,
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    os cientistas usaram os resultados
    da iniciativa militar
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    para chegar a conclusões incorretas
    de que determinados grupos étnicos
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    eram intelectualmente superiores a outros.
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    Sem tomar em consideração
    que muitos dos recrutas testados
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    eram novos imigrantes nos EUA,
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    que não tinham instrução formal
    nem dominavam a língua inglesa,
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    criaram uma hierarquia errada
    da inteligência de grupos étnicos.
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    A interseção da eugenia com o teste de QI
    influenciaram não só a ciência
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    como também a política.
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    Em 1924, o estado da Virginia
    criou uma política
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    autorizando a esterilização forçada
    de pessoas com baixo índice de QI
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    — uma decisão confirmada
    pelo Supremo Tribunal dos EUA.
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    Na Alemanha nazi, o governo
    autorizou o assassínio de crianças
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    com base num QI baixo.
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    Na sequência do Holocausto,
    e do Movimento dos Direitos Civis,
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    o uso discriminatório dos testes de QI
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    foram questionados com base
    em questões morais e científicas.
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    Os cientistas começaram a reunir provas
    dos impactos ambientais do QI.
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    Por exemplo, à medida que os testes de QI
    iam sendo recalibrados periodicamente
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    ao longo do século XX,
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    as novas gerações obtinham pontuações
    mais altas nos testes antigos
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    do que as gerações anteriores.
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    Este fenómeno,
    conhecido por Efeito Flynn,
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    acontecia demasiado depressa
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    para poder ser causado pela evolução
    das características herdadas.
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    Pelo contrário, a causa
    devia ser ambiental
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    — uma melhor instrução,
    melhores cuidados de saúde
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    e melhor alimentação.
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    Em meados do século XX,
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    os psicólogos também tentaram
    usar os testes de QI
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    para avaliar coisas diferentes
    da inteligência geral,
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    em particular,
    a esquizofrenia, a depressão
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    e outros transtornos psiquiátricas.
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    Estes diagnósticos baseavam-se em parte
    na avaliação clínica dos avaliadores
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    e usavam um subgrupo dos testes
    usados para determinar o QI
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    — uma prática que a investigação
    posterior concluiu
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    não produzir informações
    clinicamente úteis.
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    Atualmente, os testes de QI usam muitos
    elementos e tipos de perguntas
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    semelhantes aos testes iniciais
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    embora tenhamos melhores técnicas
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    para identificar
    desvios potenciais no teste.
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    Já não são usados para diagnosticar
    problemas psiquiátricos.
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    Mas uma prática igualmente problemática
    no uso das pontuações de subtestes
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    ainda é por vezes usada para diagnosticar
    deficiências de aprendizagem,
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    contra a opinião de muitos especialistas.
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    Os psicólogos do mundo inteiro
    ainda usam os testes de QI
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    para identificar deficiências intelectuais
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    e os resultados podem ser usados
    para determinar
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    apoio educativo adequado,
    formação laboral, e autonomia assistida.
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    Os resultados dos testes de QI
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    têm sido usados
    para justificar políticas tenebrosas
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    e ideologias sem qualquer base científica.
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    Isso não significa que o teste em si
    não tenha qualquer valor.
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    Na verdade, faz um bom trabalho
    ao medir o raciocínio
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    e a capacidade em resolver problemas.
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    Mas isso não é a mesma coisa
    do que medir o potencial duma pessoa.
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    Embora haja muitas questões
    complicadas, históricas,
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    científicas e culturais,
    envolvidas nos testes de QI,
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    há cada vez mais cientistas
    que concordam neste ponto,
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    e rejeitam a noção de que os indivíduos
    podem ser categorizados
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    por uma única pontuação numérica.
Title:
A história sombria dos testes de QI — Stefan C. Dombrowski
Speaker:
Stefan C. Dombrowski
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/the-dark-history-of-iq-tests-stefan-c-dombrowski

Em 1905, os psicólogos Alfred Binet e Théodore Simon conceberam um teste para crianças que tinham dificuldades na escola, em França. Concebidos para determinar quais as crianças que necessitavam de atenção individualizada, esse método formou a base do atual teste de QI. Como é que funcionam os testes de QI e serão eles um real reflexo da inteligência? Stefan C. Dombrowski explora como os testes têm sido usados ao longo da História.

Lição de Stefan C. Dombrowski, realização de Kozmonot Animation Studios.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:46
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests
Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests

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