A história sombria dos testes de QI — Stefan C. Dombrowski
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0:07 - 0:12Em 1905, os psicólogos
Alfred Binet e Théodore Simon -
0:12 - 0:17conceberam um teste para crianças
com dificuldades na escola, em França. -
0:17 - 0:21Concebidos para identificar as crianças
que necessitavam de atenção individual, -
0:21 - 0:25esse método formou a base
do teste de QI. -
0:26 - 0:29Nos finais do século XIX,
os investigadores consideraram -
0:29 - 0:33que as capacidades cognitivas,
como o raciocínio verbal, -
0:33 - 0:36a memória de trabalho
e a inteligência espacial, -
0:36 - 0:40refletiam o nível de inteligência geral
chamado o fator G. -
0:41 - 0:44Simon e Binet conceberam
uma bateria de testes -
0:44 - 0:46para medir cada uma dessas capacidades
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0:46 - 0:49e combinar os resultados
numa única classificação. -
0:49 - 0:53As perguntas eram ajustadas
para cada grupo etário -
0:53 - 0:55e a pontuação duma criança refletia
o seu desempenho -
0:55 - 0:57em relação às outras da mesma idade.
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0:57 - 1:00Dividindo a pontuação
duma criança pela sua idade -
1:00 - 1:02e multiplicando o resultado por 100
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1:02 - 1:06obtinha-se o quociente da inteligência,
ou seja, o QI. -
1:07 - 1:12Hoje, uma pontuação de 100 representa
a média numa amostra de população, -
1:12 - 1:17em que 68% da população pontua
com uma margem de 15 pontos em 100. -
1:17 - 1:20Simon e Binet pensavam
que as aptidões avaliadas pelo seu teste -
1:20 - 1:23refletiam a inteligência geral.
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1:23 - 1:25Mas tanto nessa altura como agora,
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1:25 - 1:29não há acordo sobre a definição
de inteligência geral. -
1:29 - 1:33Isso deixou a porta aberta
para as pessoas usarem o teste -
1:33 - 1:37ao serviço do seu entendimento
preconceituoso sobre a inteligência. -
1:38 - 1:42O que começou para identificar
os que precisavam de ajuda escolar, -
1:42 - 1:44depressa passou a ser usado
-
1:44 - 1:46para selecionar pessoas
de outras formas, -
1:46 - 1:50muitas vezes ao serviço de ideologias
profundamente defeituosas. -
1:50 - 1:53Uma das primeiras implementações
em grande escala -
1:53 - 1:58ocorreu nos EUA, na I Guerra Mundial,
quando os militares usaram um teste de QI -
1:58 - 2:02para selecionar recrutas
para formação de oficiais. -
2:02 - 2:06Naquela época, muita gente
acreditava na eugenia, -
2:06 - 2:09a ideia de que as características
genéticas desejáveis e indesejáveis -
2:09 - 2:13podiam e deviam ser controladas
nos seres humanos, -
2:13 - 2:15mediante uma reprodução seletiva.
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2:15 - 2:17Havia muitos problemas
com esta linha de pensamento, -
2:17 - 2:21entre eles, a ideia de que a inteligência
não era apenas fixada e herdade, -
2:21 - 2:24mas também estava ligada
à raça de uma pessoa. -
2:24 - 2:26Sob a influência da eugenia,
-
2:26 - 2:29os cientistas usaram os resultados
da iniciativa militar -
2:30 - 2:33para chegar a conclusões incorretas
de que determinados grupos étnicos -
2:33 - 2:36eram intelectualmente superiores a outros.
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2:36 - 2:39Sem tomar em consideração
que muitos dos recrutas testados -
2:39 - 2:42eram novos imigrantes nos EUA,
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2:42 - 2:46que não tinham instrução formal
nem dominavam a língua inglesa, -
2:46 - 2:50criaram uma hierarquia errada
da inteligência de grupos étnicos. -
2:50 - 2:55A interseção da eugenia com o teste de QI
influenciaram não só a ciência -
2:55 - 2:58como também a política.
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2:58 - 3:01Em 1924, o estado da Virginia
criou uma política -
3:02 - 3:07autorizando a esterilização forçada
de pessoas com baixo índice de QI -
3:07 - 3:11— uma decisão confirmada
pelo Supremo Tribunal dos EUA. -
3:11 - 3:15Na Alemanha nazi, o governo
autorizou o assassínio de crianças -
3:15 - 3:17com base num QI baixo.
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3:17 - 3:20Na sequência do Holocausto,
e do Movimento dos Direitos Civis, -
3:20 - 3:23o uso discriminatório dos testes de QI
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3:23 - 3:26foram questionados com base
em questões morais e científicas. -
3:27 - 3:32Os cientistas começaram a reunir provas
dos impactos ambientais do QI. -
3:32 - 3:36Por exemplo, à medida que os testes de QI
iam sendo recalibrados periodicamente -
3:36 - 3:38ao longo do século XX,
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3:38 - 3:42as novas gerações obtinham pontuações
mais altas nos testes antigos -
3:42 - 3:44do que as gerações anteriores.
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3:44 - 3:47Este fenómeno,
conhecido por Efeito Flynn, -
3:47 - 3:49acontecia demasiado depressa
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3:49 - 3:52para poder ser causado pela evolução
das características herdadas. -
3:52 - 3:55Pelo contrário, a causa
devia ser ambiental -
3:55 - 3:58— uma melhor instrução,
melhores cuidados de saúde -
3:58 - 4:00e melhor alimentação.
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4:00 - 4:01Em meados do século XX,
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4:01 - 4:05os psicólogos também tentaram
usar os testes de QI -
4:05 - 4:08para avaliar coisas diferentes
da inteligência geral, -
4:08 - 4:11em particular,
a esquizofrenia, a depressão -
4:11 - 4:13e outros transtornos psiquiátricas.
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4:13 - 4:18Estes diagnósticos baseavam-se em parte
na avaliação clínica dos avaliadores -
4:18 - 4:22e usavam um subgrupo dos testes
usados para determinar o QI -
4:22 - 4:25— uma prática que a investigação
posterior concluiu -
4:25 - 4:28não produzir informações
clinicamente úteis. -
4:28 - 4:32Atualmente, os testes de QI usam muitos
elementos e tipos de perguntas -
4:32 - 4:35semelhantes aos testes iniciais
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4:35 - 4:37embora tenhamos melhores técnicas
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4:37 - 4:39para identificar
desvios potenciais no teste. -
4:39 - 4:43Já não são usados para diagnosticar
problemas psiquiátricos. -
4:43 - 4:47Mas uma prática igualmente problemática
no uso das pontuações de subtestes -
4:47 - 4:51ainda é por vezes usada para diagnosticar
deficiências de aprendizagem, -
4:51 - 4:54contra a opinião de muitos especialistas.
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4:54 - 4:57Os psicólogos do mundo inteiro
ainda usam os testes de QI -
4:58 - 5:00para identificar deficiências intelectuais
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5:00 - 5:02e os resultados podem ser usados
para determinar -
5:02 - 5:06apoio educativo adequado,
formação laboral, e autonomia assistida. -
5:07 - 5:09Os resultados dos testes de QI
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5:09 - 5:12têm sido usados
para justificar políticas tenebrosas -
5:12 - 5:15e ideologias sem qualquer base científica.
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5:15 - 5:18Isso não significa que o teste em si
não tenha qualquer valor. -
5:18 - 5:21Na verdade, faz um bom trabalho
ao medir o raciocínio -
5:21 - 5:24e a capacidade em resolver problemas.
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5:24 - 5:28Mas isso não é a mesma coisa
do que medir o potencial duma pessoa. -
5:29 - 5:32Embora haja muitas questões
complicadas, históricas, -
5:32 - 5:36científicas e culturais,
envolvidas nos testes de QI, -
5:36 - 5:39há cada vez mais cientistas
que concordam neste ponto, -
5:39 - 5:43e rejeitam a noção de que os indivíduos
podem ser categorizados -
5:43 - 5:46por uma única pontuação numérica.
- Title:
- A história sombria dos testes de QI — Stefan C. Dombrowski
- Speaker:
- Stefan C. Dombrowski
- Description:
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Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/the-dark-history-of-iq-tests-stefan-c-dombrowski
Em 1905, os psicólogos Alfred Binet e Théodore Simon conceberam um teste para crianças que tinham dificuldades na escola, em França. Concebidos para determinar quais as crianças que necessitavam de atenção individualizada, esse método formou a base do atual teste de QI. Como é que funcionam os testes de QI e serão eles um real reflexo da inteligência? Stefan C. Dombrowski explora como os testes têm sido usados ao longo da História.
Lição de Stefan C. Dombrowski, realização de Kozmonot Animation Studios.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 05:46
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Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for The dark history of IQ tests | |
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