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Autismo — o que sabemos (e o que ainda não sabemos)

  • 0:01 - 0:03
    Porquê?
  • 0:03 - 0:06
    "Porquê?" é uma pergunta que
    os pais estão sempre a fazer-me.
  • 0:07 - 0:10
    Porque é que o meu filho
    desenvolveu autismo?
  • 0:10 - 0:14
    Enquanto pediatras,
    geneticistas, pesquisadores,
  • 0:14 - 0:16
    tentamos responder a esta questão.
  • 0:16 - 0:19
    Mas o autismo não é uma situação simples.
  • 0:19 - 0:21
    Na verdade é um espetro de perturbações,
  • 0:21 - 0:24
    um espetro que abarca, por exemplo,
  • 0:24 - 0:26
    o Justin, um garoto de 13 anos,
  • 0:26 - 0:29
    que não consegue falar,
  • 0:29 - 0:31
    que comunica usando um iPad.
  • 0:31 - 0:33
    Toca nas fotos para comunicar
  • 0:33 - 0:36
    os seus pensamentos e preocupações.
  • 0:36 - 0:38
    É um rapazinho que,
    quando fica aborrecido,
  • 0:38 - 0:40
    começa a balançar-se
  • 0:40 - 0:42
    e por vezes, quando fica muito perturbado,
  • 0:42 - 0:44
    bate com a cabeça
    ao ponto de poder abri-la
  • 0:44 - 0:46
    e precisar de levar pontos.
  • 0:47 - 0:49
    Mas este mesmo diagnóstico de autismo
  • 0:49 - 0:51
    também se aplica a Gabriel,
  • 0:51 - 0:53
    outro garoto de 13 anos,
  • 0:53 - 0:56
    que tem um conjunto diferente de desafios.
  • 0:56 - 0:59
    Tem um talento notável para a matemática.
  • 0:59 - 1:01
    Consegue multiplicar com facilidade
  • 1:01 - 1:03
    dois números de três algarismos,
    de cabeça.
  • 1:03 - 1:06
    Porém, quando se trata
    de manter uma conversa,
  • 1:06 - 1:09
    tem grande dificuldade.
  • 1:09 - 1:11
    Não mantém contacto visual.
  • 1:11 - 1:13
    Tem dificuldade em iniciar uma conversa,
  • 1:13 - 1:15
    sente-se desajeitado.
  • 1:15 - 1:17
    Quando fica nervoso, vira-se para dentro.
  • 1:18 - 1:19
    No entanto, estes dois meninos
  • 1:19 - 1:24
    têm o mesmo diagnóstico de
    perturbação do espetro do autismo.
  • 1:24 - 1:26
    Uma das coisas que nos preocupa
  • 1:26 - 1:29
    é se há ou não uma epidemia de autismo.
  • 1:30 - 1:32
    Hoje em dia, uma em cada 88 crianças
  • 1:32 - 1:34
    será diagnosticada com autismo.
  • 1:34 - 1:36
    E a questão é esta:
  • 1:36 - 1:38
    Porque é que este gráfico tem este aspeto?
  • 1:38 - 1:41
    Será que este número tem aumentado
    terrivelmente com o tempo?
  • 1:42 - 1:46
    Ou será porque começámos a rotular
  • 1:46 - 1:48
    indivíduos com autismo,
  • 1:48 - 1:50
    apenas porque lhes damos um diagnóstico,
  • 1:50 - 1:53
    quando o autismo já existia antes
  • 1:53 - 1:55
    mas ainda não tinha esse rótulo?
  • 1:55 - 1:59
    De facto, no final dos anos 80
    e no começo dos anos 90,
  • 1:59 - 2:00
    foi aprovada legislação
  • 2:00 - 2:03
    que forneceu aos indivíduos com autismo
  • 2:03 - 2:07
    recursos e acesso a materiais educativos
  • 2:07 - 2:08
    para os ajudar.
  • 2:08 - 2:11
    Com esta maior consciencialização,
  • 2:11 - 2:15
    mais pais, mais pediatras, mais educadores
  • 2:15 - 2:18
    aprenderam a reconhecer
    os sinais de autismo.
  • 2:18 - 2:22
    Daí que tenham sido
    diagnosticadas mais pessoas
  • 2:22 - 2:25
    que passaram a ter acesso aos
    recursos de que precisavam.
  • 2:25 - 2:28
    Além disso, mudámos
    a definição com o tempo,
  • 2:28 - 2:32
    e assim ampliámos a definição de autismo.
  • 2:32 - 2:35
    Isso contribuiu para o aumento
    prevalecente que vemos.
  • 2:36 - 2:38
    A outra pergunta que toda a gente faz é:
  • 2:38 - 2:40
    "Qual é a causa do autismo?"
  • 2:40 - 2:43
    Um equívoco muito comum
  • 2:43 - 2:47
    é que as vacinas provocam o autismo.
  • 2:47 - 2:49
    Mas vou ser muito clara:
  • 2:49 - 2:53
    As vacinas não provocam o autismo!
  • 2:53 - 2:57
    (Aplausos)
  • 3:00 - 3:02
    De facto, o estudo inicial de investigação
  • 3:02 - 3:04
    que sugeria que era esse o caso
  • 3:04 - 3:07
    foi uma fraude total.
  • 3:07 - 3:10
    O artigo foi removido da revista Lancet,
  • 3:10 - 3:12
    no qual tinha sido publicado,
  • 3:12 - 3:14
    e o seu autor, um médico,
  • 3:14 - 3:17
    perdeu a licença.
  • 3:17 - 3:20
    (Aplausos)
  • 3:20 - 3:22
    Os institutos de medicina
  • 3:22 - 3:24
    e os centros de controlo de doenças,
  • 3:24 - 3:27
    investigaram isto repetidamente,
  • 3:27 - 3:30
    e não há indícios credíveis
  • 3:30 - 3:33
    de que as vacinas provoquem o autismo.
  • 3:33 - 3:37
    Além disso, um dos
    ingredientes das vacinas,
  • 3:37 - 3:39
    chamado timerosal,
  • 3:39 - 3:42
    que se afirmava ser a causa do autismo,
  • 3:42 - 3:46
    foi retirado das vacinas no ano de 1992
  • 3:46 - 3:52
    sem ter qualquer efeito
    na prevalência do autismo.
  • 3:52 - 3:55
    Mais uma vez, não há provas
    de que a resposta sejam as vacinas.
  • 3:56 - 4:00
    Então mantém-se a questão:
    O que é que provoca o autismo?
  • 4:00 - 4:03
    De facto, provavelmente
    não há uma só resposta.
  • 4:03 - 4:05
    Tal como o autismo é um espetro,
  • 4:05 - 4:07
    há um espetro de etiologias,
  • 4:07 - 4:08
    um espetro de causas.
  • 4:08 - 4:10
    Com base em dados epidemiológicos,
  • 4:10 - 4:12
    sabemos que uma das causas,
  • 4:12 - 4:15
    ou, melhor, uma das associações,
  • 4:15 - 4:16
    é a idade paterna avançada,
  • 4:16 - 4:20
    ou seja, o aumento da idade dos pais
    na altura da conceção.
  • 4:21 - 4:24
    Além disso, outro período
    vulnerável e crítico,
  • 4:24 - 4:26
    em termos de desenvolvimento,
  • 4:26 - 4:27
    é quando a mãe está grávida.
  • 4:27 - 4:30
    Durante este período de desenvolvimento
    do cérebro do feto,
  • 4:30 - 4:32
    sabemos que a exposição a certos agentes
  • 4:32 - 4:35
    pode aumentar o risco de autismo.
  • 4:35 - 4:38
    Em particular, há um remédio
    — o ácido valproico —
  • 4:38 - 4:41
    que as mães com epilepsia por vezes tomam,
  • 4:41 - 4:44
    que sabemos que pode aumentar
    o risco de autismo.
  • 4:44 - 4:47
    Além disso, pode haver
    alguns agentes infecciosos
  • 4:47 - 4:50
    que também podem provocar o autismo.
  • 4:50 - 4:53
    Uma das coisas em que
    me vou concentrar
  • 4:53 - 4:56
    são os genes que podem provocar o autismo.
  • 4:56 - 4:58
    E vou-me concentrar nisso,
    não porque os genes
  • 4:58 - 5:00
    sejam os únicos causadores do autismo,
  • 5:00 - 5:02
    mas porque são uma causa do autismo
  • 5:02 - 5:04
    que podemos definir facilmente,
  • 5:04 - 5:07
    e entender melhor a biologia,
  • 5:07 - 5:09
    e entender melhor como funciona o cérebro,
  • 5:09 - 5:13
    para podermos traçar estratégias
    de intervenção.
  • 5:13 - 5:17
    Porém, um dos fatores genéticos
    que não entendemos,
  • 5:17 - 5:19
    é a diferença que vemos
  • 5:19 - 5:21
    em termos de homens e mulheres.
  • 5:21 - 5:25
    Os homens são quatro vezes
    mais afetados do que as mulheres.
  • 5:25 - 5:29
    Não sabemos qual é a razão.
  • 5:29 - 5:33
    Uma das formas para entender
    que a genética é um fator,
  • 5:33 - 5:36
    é olhando para uma coisa
    chamada a taxa de concordância.
  • 5:36 - 5:39
    Por outras palavras,
    se um irmão tem autismo,
  • 5:39 - 5:41
    qual é a probabilidade
  • 5:41 - 5:44
    de outro irmão daquela família
    também desenvolver autismo?
  • 5:44 - 5:48
    E podemos observar em particular
    três tipos de irmãos:
  • 5:48 - 5:50
    Gémeos idênticos,
  • 5:50 - 5:53
    gémeos que partilham 100%
    da sua informação genética
  • 5:53 - 5:57
    e partilham o mesmo
    ambiente intrauterino,
  • 5:57 - 5:59
    versus gémeos fraternos,
  • 5:59 - 6:03
    gémeos que partilham 50%
    da sua informação genética,
  • 6:03 - 6:06
    versus irmãos normais,
    irmãos-irmãs, irmãs-irmãs,
  • 6:06 - 6:09
    que também partilham 50%
    da sua informação genética,
  • 6:09 - 6:12
    embora sem partilhar do
    mesmo espaço intrauterino.
  • 6:12 - 6:14
    Quando olhamos para estes
    rácios de concordância,
  • 6:14 - 6:16
    uma das coisas mais impressionantes
    que vemos
  • 6:16 - 6:18
    é que, em gémeos idênticos,
  • 6:18 - 6:21
    o rácio de concordância é de 77%.
  • 6:22 - 6:25
    Surpreendentemente, porém,
    não é de 100%.
  • 6:25 - 6:29
    Os genes não são responsáveis
    por todos os riscos de autismo,
  • 6:29 - 6:31
    mas são responsáveis
    por grande parte desse risco,
  • 6:31 - 6:34
    porque nos gémeos fraternos,
  • 6:34 - 6:37
    o rácio de concordância é de apenas 31%.
  • 6:37 - 6:39
    Por outro lado, existe uma diferença
  • 6:39 - 6:42
    entre esses gémeos fraternos e os irmãos,
  • 6:42 - 6:44
    que sugere que existem exposições comuns
  • 6:44 - 6:46
    para os gémeos fraternos
  • 6:46 - 6:48
    que podem não
    ser igualmente partilhadas
  • 6:48 - 6:50
    por irmãos gerados em separado.
  • 6:50 - 6:53
    Isto fornece indicações
    de que o autismo é genético.
  • 6:53 - 6:55
    Mas, até que ponto é genético?
  • 6:55 - 6:56
    Quando comparamos isto
  • 6:56 - 6:59
    com outras condições
    que já nos são familiares,
  • 6:59 - 7:02
    — coisas como cancro,
    doenças do coração, diabetes —
  • 7:02 - 7:06
    a genética desempenha
    no autismo um papel maior
  • 7:06 - 7:09
    do que nestas outras doenças.
  • 7:09 - 7:12
    Mas não nos diz quais são os genes.
  • 7:12 - 7:15
    Nem sequer nos diz, em nenhuma criança,
  • 7:15 - 7:18
    se é um gene ou possivelmente
    uma combinação de genes.
  • 7:18 - 7:22
    Na verdade, nalguns indivíduos com autismo
  • 7:22 - 7:25
    é genético! [forte]
  • 7:25 - 7:27
    Ou seja, é um único gene
  • 7:27 - 7:30
    poderoso, determinista,
    que provoca o autismo.
  • 7:31 - 7:34
    No entanto, noutros indivíduos
    é genético,
  • 7:34 - 7:38
    ou seja, é de facto uma
    combinação de genes,
  • 7:38 - 7:40
    em parte com o processo
    de desenvolvimento,
  • 7:40 - 7:44
    que acaba por determinar
    o risco para o autismo.
  • 7:44 - 7:47
    Para uma pessoa, nem sempre sabemos
  • 7:47 - 7:49
    qual das duas respostas se aplica,
  • 7:49 - 7:51
    até começarmos a aprofundar mais.
  • 7:51 - 7:53
    Portanto a questão passa a ser:
  • 7:53 - 7:54
    Como podemos começar a identificar
  • 7:54 - 7:56
    quais são exatamente esses genes?
  • 7:56 - 7:58
    E deixem-me que apresente uma coisa
  • 7:58 - 8:00
    que pode não ser intuitiva.
  • 8:00 - 8:04
    Certos indivíduos podem ter autismo
  • 8:04 - 8:06
    por uma razão que é genética,
  • 8:06 - 8:09
    mas não é porque
    haja autismo na família.
  • 8:09 - 8:12
    Isto porque certos indivíduos,
  • 8:12 - 8:15
    podem ter alterações genéticas
    ou mutações
  • 8:15 - 8:19
    que não lhes foram transmitidas
    pela mãe ou pelo pai,
  • 8:19 - 8:22
    mas têm origem neles mesmos.
  • 8:22 - 8:25
    Mutações que estão presentes
    no ovo ou no esperma,
  • 8:25 - 8:27
    na altura da conceção,
  • 8:27 - 8:31
    mas não foram transmitidas
    de geração em geração na família.
  • 8:32 - 8:34
    Podemos usar esta estratégia
  • 8:34 - 8:36
    para compreender e identificar
  • 8:36 - 8:40
    os genes que provocam
    o autismo nesses indivíduos.
  • 8:40 - 8:42
    Com efeito, na Fundação Simons
  • 8:42 - 8:44
    pegámos em 2600 indivíduos
  • 8:44 - 8:47
    que não tinham história
    de autismo na família.
  • 8:47 - 8:50
    Agarrámos nessas crianças,
    na mãe e no pai,
  • 8:50 - 8:53
    e utilizámo-los para tentar compreender
  • 8:53 - 8:54
    que genes eram esses
  • 8:54 - 8:56
    que provocavam o autismo naqueles casos.
  • 8:56 - 9:00
    Para isso, tivemos que,
    de modo abrangente,
  • 9:00 - 9:02
    observar toda a informação genética
  • 9:02 - 9:04
    e determinar quais eram as diferenças
  • 9:04 - 9:07
    entre a mãe, o pai e a criança.
  • 9:08 - 9:10
    Para isso, peço desculpa,
  • 9:10 - 9:12
    vou usar a analogia obsoleta
  • 9:12 - 9:15
    das enciclopédias, em vez da Wikipedia.
  • 9:15 - 9:18
    Mas vou fazê-lo para salientar
  • 9:18 - 9:20
    que, ao fazer este inventário,
  • 9:20 - 9:24
    tínhamos de conseguir analisar
    quantidades massivas de informação.
  • 9:24 - 9:26
    A nossa informação genética
    está organizada
  • 9:26 - 9:29
    num conjunto de 46 volumes.
  • 9:29 - 9:32
    Neste trabalho, tivemos que analisar
    cada um desses 46 volumes
  • 9:32 - 9:37
    porque, nalguns casos de autismo,
    há um volume em falta.
  • 9:37 - 9:40
    Mas tivemos que ser mais
    granulares do que isso.
  • 9:40 - 9:42
    Tivemos que começar a abrir esses livros
  • 9:42 - 9:43
    e, nalguns casos,
  • 9:43 - 9:45
    a alteração genética era mais subtil.
  • 9:45 - 9:49
    Podia faltar um único parágrafo
  • 9:49 - 9:52
    ou, ainda mais subtil do que isso,
  • 9:52 - 9:53
    uma única letra,
  • 9:53 - 9:56
    uma letra entre três mil milhões,
  • 9:56 - 9:58
    que tivesse mudado,
    que estivesse alterada
  • 9:58 - 10:02
    e tivesse um efeito profundo
    no funcionamento do cérebro
  • 10:02 - 10:03
    e afetasse o comportamento.
  • 10:03 - 10:06
    Fazendo isto com estas famílias
  • 10:06 - 10:10
    pudemos analisar aproximadamente
    25% dos indivíduos
  • 10:11 - 10:15
    e determinar que havia
    um único fator genético poderoso
  • 10:15 - 10:18
    que provocara o autismo nessas famílias.
  • 10:18 - 10:22
    Por outro lado, há 75%
    que ainda não conseguimos descobrir.
  • 10:23 - 10:27
    Mas este trabalho torna-nos humildes
  • 10:27 - 10:31
    porque percebemos que não havia
    um gene único para o autismo.
  • 10:31 - 10:33
    Na verdade, as estimativas atuais
  • 10:33 - 10:35
    referem que há 200 ou 400 genes diferentes
  • 10:35 - 10:37
    que podem provocar o autismo.
  • 10:37 - 10:39
    E isso explica, em parte,
  • 10:39 - 10:41
    porque é que vemos um espetro tão amplo
  • 10:41 - 10:43
    em termos de efeitos.
  • 10:43 - 10:47
    Embora haja tantos genes,
    há uma razão para isso.
  • 10:47 - 10:49
    Não é simplesmente aleatório
  • 10:49 - 10:51
    — quaisquer 200, 400 genes diferentes —
  • 10:51 - 10:53
    mas na verdade encaixam-se.
  • 10:53 - 10:55
    Encaixam-se num caminho.
  • 10:55 - 10:57
    Encaixam-se numa rede
  • 10:57 - 10:59
    que agora começa a fazer sentido
  • 10:59 - 11:01
    em termos de como funciona o cérebro.
  • 11:01 - 11:03
    Passámos a ter
    uma abordagem de baixo para cima,
  • 11:03 - 11:07
    em que estamos a identificar os genes,
    as proteínas, as moléculas;
  • 11:07 - 11:09
    a compreender como elas interagem
  • 11:09 - 11:11
    para fazer o trabalho dos neurónios;
  • 11:11 - 11:14
    a compreender como
    esses neurónios interagem
  • 11:14 - 11:15
    para fazer funcionar os circuitos;
  • 11:15 - 11:18
    e compreender como
    funcionam esses circuitos
  • 11:18 - 11:19
    para controlar o comportamento.
  • 11:19 - 11:22
    Compreender isso,
    tanto nos indivíduos com autismo
  • 11:22 - 11:25
    como nos indivíduos de cognição normal.
  • 11:25 - 11:28
    Mas, para nós, o diagnóstico
    precoce é fundamental.
  • 11:28 - 11:30
    É importante ser capaz de
    fazer esse diagnóstico
  • 11:30 - 11:32
    em alguém suscetível,
  • 11:32 - 11:34
    numa dada altura, numa janela,
  • 11:34 - 11:37
    em que temos capacidade
    para transformar, para ter impacto
  • 11:37 - 11:40
    nesse cérebro em crescimento.
    Isso é crítico.
  • 11:40 - 11:44
    Assim, pessoas como Ami Klin
    desenvolveram métodos
  • 11:44 - 11:47
    para agarrarem em crianças, bebés,
  • 11:47 - 11:49
    e usarem biomarcadores,
  • 11:49 - 11:52
    neste caso de contacto visual
    e seguimento visual,
  • 11:52 - 11:54
    para identificar um bebé em risco.
  • 11:54 - 11:56
    Este bebé em especial,
  • 11:56 - 11:58
    que estão a ver a fazer
    um bom contacto visual
  • 11:58 - 12:01
    com aquela mulher, enquanto
    ela canta "Itsy, Bitsy Spider",
  • 12:01 - 12:04
    não vai desenvolver autismo.
  • 12:04 - 12:07
    Sabemos que este bebé
    vai ficar livre disso.
  • 12:07 - 12:11
    Por outro lado, este outro bebé
    vai desenvolver autismo.
  • 12:12 - 12:14
    Esta criança aqui, podem ver,
  • 12:14 - 12:16
    não está a fazer um bom contacto visual.
  • 12:16 - 12:18
    Os olhos, em vez de se concentrarem
  • 12:18 - 12:21
    e terem uma ligação social,
  • 12:21 - 12:23
    estão a olhar para a boca,
    a olhar para o nariz,
  • 12:23 - 12:25
    a olhar noutra direção,
  • 12:25 - 12:28
    sem se relacionar socialmente
  • 12:28 - 12:31
    e sem ser capaz de fazer
    isso em grande escala.
  • 12:31 - 12:34
    Analisar bebés, analisar
    crianças, para autismo,
  • 12:34 - 12:36
    através duma coisa
    muito robusta, muito fiável,
  • 12:36 - 12:38
    vai-nos ser muito útil
  • 12:38 - 12:42
    para podermos intervir
    numa fase muito precoce,
  • 12:42 - 12:45
    quando podemos ter o maior impacto.
  • 12:45 - 12:47
    Como é que vamos intervir?
  • 12:47 - 12:50
    Provavelmente vai ser
    uma combinação de fatores.
  • 12:50 - 12:52
    Em parte, nalguns indivíduos
  • 12:52 - 12:54
    vamos tentar usar medicação.
  • 12:54 - 12:56
    Identificar os genes para o autismo
  • 12:56 - 13:00
    é importante, para identificar
    alvos dos medicamentos,
  • 13:00 - 13:02
    para identificar coisas
    em que possamos ter impacto
  • 13:02 - 13:05
    e ter a certeza de que é o que
    precisamos de fazer.
  • 13:05 - 13:08
    Mas isso não vai ser a única resposta.
  • 13:08 - 13:12
    Além dos medicamentos, vamos usar
    estratégias educativas.
  • 13:12 - 13:14
    Alguns indivíduos com autismo
  • 13:14 - 13:16
    estão ligados de modo um pouco diferente.
  • 13:16 - 13:17
    Aprendem de modo diferente.
  • 13:17 - 13:20
    Absorvem o seu meio ambiente
    de modo diferente.
  • 13:20 - 13:22
    Precisamos de poder educá-los
  • 13:22 - 13:25
    do modo que melhor os sirva.
  • 13:25 - 13:28
    Para além disso, há
    muitos indivíduos nesta sala
  • 13:28 - 13:29
    que têm grandes ideias
  • 13:29 - 13:32
    em termos de novas tecnologias
    que podemos usar.
  • 13:32 - 13:34
    Tudo, desde aparelhos
    que podemos usar
  • 13:34 - 13:37
    para treinar o cérebro
    e torná-lo mais eficaz,
  • 13:37 - 13:40
    e compensar áreas em que tenha
    um pouco mais de dificuldade,
  • 13:40 - 13:42
    até coisas como a lente Google.
  • 13:42 - 13:44
    Por exemplo, podem imaginar Gabriel,
  • 13:44 - 13:45
    com a sua dificuldade social,
  • 13:45 - 13:49
    ser capaz de usar óculos Google
    e um auscultador no ouvido,
  • 13:49 - 13:50
    e ter uma pessoa que o ajude
  • 13:50 - 13:55
    ajude a pensar em conversas,
    em temas de conversa,
  • 13:55 - 13:59
    e talvez um dia ser capaz
    de convidar uma rapariga para sair.
  • 13:59 - 14:01
    Todas estas novas tecnologias
  • 14:01 - 14:03
    oferecem oportunidades tremendas
  • 14:03 - 14:07
    para podermos ter impacto
    nos indivíduos com autismo.
  • 14:08 - 14:10
    Mas ainda temos um
    longo caminho a percorrer.
  • 14:10 - 14:12
    Por muito que saibamos
  • 14:12 - 14:14
    ainda há muito mais coisas
    que não sabemos.
  • 14:14 - 14:17
    Por isso convido-vos a todos
  • 14:17 - 14:20
    para nos ajudarem a pensar
    em como melhorar isto,
  • 14:20 - 14:23
    como usar, enquanto comunidade,
    os nossos conhecimentos coletivos
  • 14:23 - 14:25
    para fazer a diferença.
  • 14:25 - 14:29
    Convido em especial as pessoas
    de famílias com autismo.
  • 14:29 - 14:32
    Convido-vos a juntarem-se
    à rede Interativa de autismo
  • 14:32 - 14:35
    para fazerem parte da solução para isto.
  • 14:35 - 14:37
    Vamos ser precisos muitos
  • 14:37 - 14:40
    para pensar no que é importante,
  • 14:40 - 14:42
    no que vai fazer
    uma diferença significativa.
  • 14:42 - 14:44
    Quando pensamos numa coisa,
  • 14:44 - 14:46
    que seja uma potencial solução,
  • 14:46 - 14:46
    funciona bem?
  • 14:46 - 14:49
    Vai realmente marcar a diferença
  • 14:49 - 14:51
    nas nossas vidas, enquanto indivíduos,
  • 14:51 - 14:53
    enquanto famílias com autismo?
  • 14:53 - 14:55
    Vamos precisar de pessoas
    de todas as idades,
  • 14:55 - 14:57
    desde os jovens aos idosos
  • 14:57 - 14:59
    e com todas as diversas formas e tamanhos
  • 14:59 - 15:01
    da perturbação do espetro do autismo
  • 15:01 - 15:03
    para garantir que podemos ter impacto.
  • 15:03 - 15:06
    Por isso convido-vos a todos
    para se juntarem nesta missão
  • 15:06 - 15:09
    e ajudar a tornar as vidas
    dos indivíduos com autismo
  • 15:09 - 15:12
    muito melhores e muito mais ricas.
  • 15:12 - 15:14
    Obrigada.
  • 15:13 - 15:17
    (Aplausos)
Title:
Autismo — o que sabemos (e o que ainda não sabemos)
Speaker:
Wendy Chung
Description:

Nesta palestra factual, a geneticista Wendy Chung transmite o que sabemos sobre a perturbação do espetro do autismo — por exemplo, que o autismo tem múltiplas causas, possivelmente interligadas. Olhando para além da preocupação que pode rodear um diagnóstico, Chung e a sua equipa observam o que têm aprendido através de estudos, tratamentos e observação atenta.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:35

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