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O preço alto da moda barata | Trisha Striker | TEDxTownsville

  • 0:06 - 0:07
    Se eu lhe perguntasse:
  • 0:07 - 0:11
    "Você apoia o trabalho infantil
    ou em condições insalubres?
  • 0:11 - 0:14
    Acha o tráfico humano algo cruel?"
  • 0:15 - 0:21
    Tenho certeza que 99,9% diria:
  • 0:21 - 0:24
    "Não apoio o trabalho infantil
    ou em condições insalubres.
  • 0:24 - 0:28
    Acho o tráfico humano uma coisa horrível".
  • 0:28 - 0:30
    Agora pergunto:
  • 0:30 - 0:35
    "Quantos de vocês consegue ter certeza
    que as roupas que estão vestindo agora
  • 0:35 - 0:40
    não foram feitas em condições insalubres
    ou com trabalho infantil?
  • 0:41 - 0:45
    Quantos de vocês consegue afirmar
    que o algodão da sua roupa
  • 0:45 - 0:49
    não foi coletado por crianças traficadas
    para trabalharem em fazendas de algodão?"
  • 0:50 - 0:51
    Esta é a verdade:
  • 0:51 - 0:55
    é muito difícil saber de onde vem
    o material usado nas nossas roupas
  • 0:55 - 0:57
    ou de que maneira elas foram fabricadas.
  • 0:57 - 1:01
    A cadeia do fornecimento de vestuário
    é um sistema complexo.
  • 1:02 - 1:06
    As etiquetas das roupas
    deveriam ser assim.
  • 1:08 - 1:13
    Atualmente, apenas 5% das empresas
    sabem de onde vêm todos os suprimentos.
  • 1:13 - 1:17
    Então, como ter certeza
    que suas decisões de compra
  • 1:17 - 1:21
    não estão contribuindo
    para o trabalho infantil, o tráfico humano
  • 1:21 - 1:23
    ou a degradação ambiental?
  • 1:24 - 1:26
    A resposta é o vestuário ético,
  • 1:26 - 1:30
    uma ideia que vem sendo muito discutida
    durante os últimos dez anos.
  • 1:31 - 1:32
    O vestuário ético pode ser definido
  • 1:32 - 1:37
    como uma abordagem ao design,
    ao fornecimento e à fabricação de roupas
  • 1:37 - 1:40
    que maximiza os benefícios
    das pessoas em comunidades,
  • 1:40 - 1:43
    ao mesmo tempo em que minimiza
    o impacto no meio ambiente.
  • 1:43 - 1:46
    O vestuário ético, nos dias atuais,
    é mais relevante ainda
  • 1:46 - 1:49
    por conta de uma nova tendência
    chamada "fast fashion".
  • 1:49 - 1:53
    Quando falo em "fast food",
    quais palavras nos vêm à mente?
  • 1:55 - 2:01
    Para mim são estas:
    rápida, barata e de má qualidade.
  • 2:01 - 2:03
    É parecido com a fast fashion:
  • 2:03 - 2:07
    os estilos não mudam mais
    apenas com as estações,
  • 2:07 - 2:09
    mudam quase todas as semanas.
  • 2:11 - 2:15
    O preço das roupas
    também caiu muito com o tempo.
  • 2:16 - 2:20
    Hoje podemos comprar
    uma camiseta por apenas US$ 7
  • 2:20 - 2:22
    e uma calça jeans por US$ 15.
  • 2:22 - 2:24
    Para manter esses preços baixos,
  • 2:24 - 2:26
    as empresas terceirizam sua produção
  • 2:26 - 2:30
    para países como Bangladesh,
    onde os salários são muito baixos.
  • 2:31 - 2:35
    Mais de 92% das roupas
    vendidas na Austrália
  • 2:35 - 2:37
    são fabricadas no exterior.
  • 2:37 - 2:39
    Elas não absorvem
    simplesmente a perda de lucro
  • 2:39 - 2:42
    que vem com a redução dos preços;
  • 2:43 - 2:47
    elas a repassam para a rede de suprimentos
    na tentativa de compensar o prejuízo,
  • 2:47 - 2:51
    até que chega naqueles
    que não têm mais para quem repassá-la.
  • 2:51 - 2:55
    Esses são os mais vulneráveis,
    os que não tem voz.
  • 2:55 - 3:00
    São os trabalhadores de fábricas de roupas
    em Bangladesh, China e Camboja,
  • 3:00 - 3:02
    os pobres fazendeiros de algodão na Índia
  • 3:02 - 3:06
    e as crianças escravizadas
    em fazendas de algodão no Uzbequistão.
  • 3:07 - 3:13
    Há atualmente 14,2 milhões de pessoas
    em situação de trabalho forçado
  • 3:13 - 3:19
    e 168 milhões de trabalhadores infantis
    espalhados pelo mundo.
  • 3:20 - 3:24
    Mais de metade da população da Austrália
    em situação de trabalho forçado,
  • 3:25 - 3:30
    e sete vezes sua população
    em trabalho infantil.
  • 3:31 - 3:34
    A maioria dessas pessoas é forçada
    a trabalhar nas fazendas e fábricas
  • 3:34 - 3:37
    que produzem a matéria-prima
    para nossa indústria de vestuário.
  • 3:37 - 3:39
    Seus salários são tão baixos
  • 3:39 - 3:43
    que não conseguem sair,
    nem tirar suas famílias da pobreza,
  • 3:43 - 3:46
    e assim o ciclo continua.
  • 3:46 - 3:51
    Além de diminuírem salários,
    as empresas tentam minimizar suas perdas
  • 3:51 - 3:54
    pedindo que os fornecedores
    baixem o valor do atacado.
  • 3:54 - 3:56
    Os fornecedores dizem
  • 3:56 - 3:59
    que por estarem desesperados por negócios,
    acabam ficando sem escolha;
  • 4:00 - 4:03
    se não baixam os preços, não vendem.
  • 4:03 - 4:06
    Os fornecedores então tentam
    minimizar suas perdas
  • 4:06 - 4:09
    cortando gastos necessários
    para um ambiente de trabalho seguro,
  • 4:09 - 4:14
    podendo gerar tragédias
    como o desabamento do Rana Plaza em 2013,
  • 4:15 - 4:19
    onde 1.130 pessoas morreram.
  • 4:20 - 4:25
    Quatro vezes o número de pessoas
    hoje neste prédio perderam a vida
  • 4:25 - 4:28
    por conta da negligência de alguém.
  • 4:29 - 4:31
    Mas as pessoas dizem:
  • 4:31 - 4:33
    "Não estamos fazendo um favor
  • 4:33 - 4:37
    dando-lhes trabalho
    e estimulando a economia deles?
  • 4:37 - 4:40
    Trabalhar numa fábrica,
    por um salário qualquer,
  • 4:40 - 4:44
    não é melhor do que
    as outras alternativas disponíveis?
  • 4:44 - 4:46
    Não é melhor do que, por exemplo,
    trabalhar como prostituta,
  • 4:46 - 4:49
    vender o filho para o trabalho escravo
  • 4:49 - 4:55
    ou abandonar sua vila,
    família e filhos durante meses
  • 4:55 - 4:59
    para trabalhar por salários indecentes,
    em locais sem segurança alguma?"
  • 5:01 - 5:03
    Não é uma escolha.
  • 5:03 - 5:06
    Isso é a exploração da vulnerabilidade.
  • 5:07 - 5:10
    As empresas estão lucrando
    com a necessidade deles de trabalhar.
  • 5:11 - 5:13
    Precisamos respeitar essas pessoas,
  • 5:13 - 5:16
    tratá-las como trataríamos
    trabalhadores na Austrália,
  • 5:16 - 5:18
    pois isso jamais aconteceria aqui.
  • 5:18 - 5:21
    Temos sindicatos fortes
    e práticas de trabalho justas.
  • 5:21 - 5:24
    Quando falamos, as pessoas escutam.
  • 5:24 - 5:26
    Mas vocês podem ser a voz deles.
  • 5:26 - 5:29
    Ao ficarmos mais atentos ao que compramos
    e à frequência com que compramos,
  • 5:29 - 5:33
    mostramos que valorizamos
    a vida dessas pessoas o suficiente
  • 5:33 - 5:38
    para pagar um pouco mais
    e garantir-lhes melhores condições.
  • 5:38 - 5:40
    A garantia de salários dignos
  • 5:40 - 5:43
    para trabalhadores
    de fábrica de roupa em Bangladesh
  • 5:43 - 5:47
    representa um aumento de 3% a 5%
    no preço final que pagamos nas lojas.
  • 5:48 - 5:55
    São apenas mais US$ 0,70 por dólar
    para uma calça jeans de US$ 15.
  • 5:56 - 6:00
    Além disso, o valor pago
    para fornecedores em fábricas de roupas
  • 6:00 - 6:07
    representa apenas 10% a 20%
    do preço total que você paga nas lojas.
  • 6:08 - 6:12
    Esses 10% a 20% incluem tudo até o envio;
  • 6:12 - 6:14
    desde o fornecimento de matéria-prima
  • 6:14 - 6:16
    e a fabricação do vestuário,
  • 6:16 - 6:19
    até o pagamento
    do lucro de intermediários.
  • 6:19 - 6:23
    Então eu sei que se paguei US$ 7
    por uma camiseta,
  • 6:23 - 6:28
    o fornecedor recebeu
    apenas US$ 0,70 a US$ 1,40 desse valor.
  • 6:29 - 6:33
    O bom senso então me diz
    que seus funcionários não receberam muito.
  • 6:35 - 6:40
    Nick Savaidis, fundador da Etiko,
    marca australiana de moda ética,
  • 6:40 - 6:41
    fala da transformação
  • 6:41 - 6:44
    de comprador consciente
    para comprador consciencioso.
  • 6:44 - 6:45
    Em outras palavras,
  • 6:45 - 6:48
    passar de comprador
    apenas atento ao problema
  • 6:48 - 6:51
    para comprador que age para resolvê-lo.
  • 6:51 - 6:56
    Ele diz que é muito difícil
    gerenciar uma cadeia ética de suprimentos,
  • 6:56 - 6:58
    mas não chega nem perto da dificuldade
  • 6:58 - 7:03
    de tentar convencer as pessoas e empresas
    a mudarem seus valores e crenças.
  • 7:04 - 7:07
    De acordo com uma pesquisa do LOHAS,
    apenas 10% dos australianos
  • 7:07 - 7:12
    tomam decisões consistentes
    de compras verdes ou éticas.
  • 7:12 - 7:14
    A discrepância é grande
  • 7:14 - 7:19
    quando comparada aos 90% dos australianos
    que se dizem preocupados com a questão.
  • 7:20 - 7:23
    Além disso, as marcas de roupa dizem
  • 7:23 - 7:26
    que não querem estocar
    roupas produzidas com ética
  • 7:26 - 7:31
    por acharem que os clientes
    realmente não se importam
  • 7:31 - 7:34
    e por se preocuparem
  • 7:34 - 7:41
    com o que os consumidores acharão
    das suas roupas fabricadas sem essa ética.
  • 7:41 - 7:46
    Para mim isso apenas ressalta
    o poder que temos como consumidores.
  • 7:47 - 7:52
    Reconheço que esse problema
    pode parecer realmente complicado.
  • 7:53 - 7:57
    É frustrante, mas há esperança,
  • 7:57 - 8:01
    Suas decisões e escolhas diárias de compra
  • 8:01 - 8:04
    podem tirar uma pessoa
    e seus familiares da pobreza.
  • 8:05 - 8:08
    Sugiro que comecem com três passos fáceis.
  • 8:08 - 8:11
    Número um: compre menos.
  • 8:11 - 8:14
    Quando entrar numa loja se pergunte:
  • 8:14 - 8:16
    "Realmente preciso disso?"
  • 8:17 - 8:20
    Lucy Siegle, jornalista britânica, chama
  • 8:20 - 8:22
    de "obter mais quilometragem
    das suas roupas".
  • 8:22 - 8:24
    Ela explica que se não conseguirmos
  • 8:24 - 8:28
    garantir que usaremos algo
    pelo menos 30 vezes,
  • 8:28 - 8:29
    é melhor não comprá-lo.
  • 8:30 - 8:36
    Número dois: procure marcas que tenham
    certificação comercial justa de estoque.
  • 8:37 - 8:41
    Os fornecedores não estocarão
    marcas de roupa que não estão vendendo.
  • 8:41 - 8:44
    Você, o consumidor,
    é que determinará isso.
  • 8:44 - 8:46
    Comprar de empresas
  • 8:46 - 8:49
    que cuidam bem de seus trabalhadores
    e do ambiente de trabalho
  • 8:49 - 8:51
    não só afirma as decisões éticas delas,
  • 8:51 - 8:55
    como também incentiva outras empresas
    a seguirem o mesmo caminho.
  • 8:55 - 8:58
    Número três: pesquisem.
  • 8:58 - 9:01
    Pesquisem sobre as empresas
    de onde pretendem comprar.
  • 9:01 - 9:04
    De onde vem a matéria-prima?
  • 9:04 - 9:06
    Quanto pagam aos seus funcionários?
  • 9:06 - 9:10
    Mas é muito chato
    e toma tempo fazer isso, não é?
  • 9:11 - 9:12
    É verdade.
  • 9:13 - 9:16
    Mas a ótima notícia é
    que existem muitas empresas
  • 9:16 - 9:21
    trabalhando duro para viabilizar
    nossas decisões éticas de compra.
  • 9:21 - 9:25
    Por exemplo: a Baptist World Aid,
    uma ONG australiana,
  • 9:25 - 9:28
    publica o "Guia de Moda Ética" anual
  • 9:28 - 9:31
    que avalia cerca de 300 empresas
    que vendem na Austrália
  • 9:31 - 9:34
    utilizando critérios
    como pagamento de salários dignos
  • 9:34 - 9:36
    e o conhecimento da cadeia de suprimentos.
  • 9:36 - 9:40
    Eles oferecem esse recurso indispensável
    de graça, para qualquer um.
  • 9:41 - 9:45
    Podem baixá-lo no site deles
    ou no site do TEDx.
  • 9:45 - 9:48
    Também podem baixar um aplicativo
    chamado Good on You,
  • 9:48 - 9:51
    que nos permite comparar
    e classificar as empresas.
  • 9:52 - 9:55
    Podemos ter um final feliz nessa história.
  • 9:55 - 9:58
    Desde que a Baptist World Aid
    lançou seu primeiro "Guia de Moda Ética"
  • 9:58 - 10:01
    com a tragédia de Rana Plaza,
  • 10:01 - 10:04
    o número de empresas
    monitorando seus suprimentos
  • 10:04 - 10:08
    subiu de 49% para 79%.
  • 10:09 - 10:13
    Agora 32% das empresas
    pagam salário mínimo ou mais.
  • 10:13 - 10:18
    Isso é muito animador, pois mostra
    a força que nossa voz pode ter.
  • 10:20 - 10:24
    Eu achava que o fim da indústria de moda
    era nossa única saída,
  • 10:24 - 10:29
    mas, ao fazer minha pesquisa, percebi
    que podemos usar essa mesma indústria
  • 10:29 - 10:32
    como ferramenta para melhorar
    o padrão de vida de um país.
  • 10:32 - 10:35
    Hoje essa é uma das indústrias
    com crescimento mais rápido no mundo.
  • 10:35 - 10:40
    Só na Ásia, 40 milhões de pessoas
    trabalham em fábricas de roupa.
  • 10:40 - 10:43
    A indústria da moda e vestuário
    pode desempenhar um papel enorme
  • 10:43 - 10:46
    na reformulação da economia de um país.
  • 10:46 - 10:51
    Porém, é claro que ainda há
    muito trabalho a ser feito.
  • 10:51 - 10:56
    Essa indústria ainda alimenta
    o trabalho infantil, trabalhos forçados,
  • 10:56 - 10:59
    tráfico de pessoas, degradação ambiental,
  • 10:59 - 11:01
    especialmente em países
    em desenvolvimento,
  • 11:01 - 11:06
    exploração de trabalhadores
    e condições de trabalho insalubres.
  • 11:07 - 11:11
    Suas vozes e decisões de compra
    têm enorme poder
  • 11:11 - 11:12
    para mudar a direção
  • 11:12 - 11:16
    em que a indústria da moda e vestuário
    está levando o mundo.
  • 11:16 - 11:19
    Agora todos vocês
    estão cientes desse problema.
  • 11:20 - 11:24
    Espero que depois deste palestra,
    100% do TEDxTownsville
  • 11:24 - 11:28
    deixará de ser apenas consciente
    e passará a ser consciencioso,
  • 11:28 - 11:32
    e contribuirá para um mundo
    livre de pobreza e exploração.
  • 11:33 - 11:34
    Obrigada.
  • 11:34 - 11:36
    (Aplausos)
Title:
O preço alto da moda barata | Trisha Striker | TEDxTownsville
Description:

Ninguém quer apoiar trabalho infantil, forçado ou em condições insalubres, mas quantos de nós realmente sabem onde e como nossas roupas são feitas? Vamos usar nosso poder de compra e nossa voz para mudar a direção em que o setor de moda e vestuário está nos levando. Vamos ajudar a acabar com a exploração.

Trisha nasceu e passou seus primeiros 16 anos na Índia. Quando menina, sempre ficou impressionada com o enorme contraste entre o padrão de vida dos ricos e dos pobres e pelos maus-tratos aos mais vulneráveis ​​da sociedade. Isso piorou ainda mais quando ela se tornou mais consciente do mundo e de seus muitos problemas, até que finalmente decidiu deixar a Índia em busca de respostas. Armada com o desejo de entender o mundo e com a determinação de desenvolver o conhecimento e as habilidades necessárias para fazer parte da solução, Trisha veio para a Austrália em 2004. Trisha é apaixonada por cultura, educação, liberdade e igualdade. Também é apaixonada por encontrar respostas inteligentes, inclusivas, culturalmente sensíveis e sustentáveis ​​para grandes questões como desigualdade de gênero, pobreza, educação e exploração. Foi em busca desses objetivos que ela começou a estudar economia na James Cook University, uma decisão que a desafia e amplia continuamente sua mente.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:40

Portuguese, Brazilian subtitles

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