Podemos criar novos sentidos para os seres humanos?
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0:01 - 0:05Somos feitos de partes bem pequenas,
-
0:05 - 0:08e estamos inseridos
num cosmos gigantesco, -
0:08 - 0:13e a questão é que não somos muito bons
em compreender a realidade -
0:13 - 0:14em qualquer uma dessas escalas,
-
0:14 - 0:16isso porque, nossos cérebros
-
0:16 - 0:20não evoluíram para compreender
o mundo nesta escala. -
0:20 - 0:24Em vez disso, estamos presos
nesta fatia bem fina de percepção, -
0:24 - 0:26bem no meio.
-
0:27 - 0:31Mas é estranho, porque mesmo nesta fatia
de realidade que chamamos de lar, -
0:31 - 0:34não vemos a maioria das coisas
que estão acontecendo. -
0:34 - 0:38Considere as cores do nosso mundo.
-
0:38 - 0:42São ondas de luz, radiações
eletromagnéticas refletidas pelos objetos, -
0:42 - 0:46que atingem receptores especiais
no fundo dos nossos olhos. -
0:46 - 0:49Mas não vemos
todas as ondas que existem. -
0:49 - 0:53Na verdade, vemos
menos de 10 trilionésimos -
0:53 - 0:55de todas que existem.
-
0:55 - 0:58Temos ondas de rádio e micro-ondas,
-
0:58 - 1:02raios X e raios gama que atravessam
o seu corpo bem agora, -
1:02 - 1:05e você está completamente
inconsciente disto, -
1:05 - 1:08porque você não nasceu
com os receptores biológicos adequados -
1:08 - 1:09para capturá-los.
-
1:09 - 1:12Há milhares de conversas
de telefones celulares -
1:12 - 1:14passando através de você bem agora,
-
1:14 - 1:16e você está totalmente cego a isto.
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1:16 - 1:20Agora, não é que estas coisas
sejam inerentemente invisíveis. -
1:20 - 1:25As cobras registram um pouco
de infravermelho em sua realidade; -
1:25 - 1:29e abelhas registram o ultravioleta
em sua visão do mundo; -
1:29 - 1:32e, é claro, construímos máquinas
nos painéis de nossos carros -
1:32 - 1:35para captar sinais
na faixa de frequência de rádio; -
1:35 - 1:39e construímos máquinas nos hospitais
para captar a faixa de raio X. -
1:39 - 1:42Mas você não pode sentir
nenhuma destas faixas por si mesmo, -
1:42 - 1:43pelo menos ainda não,
-
1:43 - 1:47porque você não vem equipado
com os sensores adequados. -
1:47 - 1:52Agora, o que isto quer dizer
é que a nossa experiência da realidade -
1:52 - 1:55é limitada pela nossa biologia,
-
1:55 - 1:58o que contraria
a ideia comumente aceita -
1:58 - 2:00de que os olhos, ouvidos
e as pontas dos dedos -
2:00 - 2:04captam a realidade objetiva
ao nosso redor. -
2:04 - 2:10Em vez disso, nossos cérebros
mostram apenas um pouco do mundo. -
2:10 - 2:12Agora, no reino animal,
-
2:12 - 2:15vários animais captam
partes diferentes da realidade. -
2:15 - 2:18Então, no mundo cego e surdo do carrapato,
-
2:18 - 2:23os sinais importantes são:
a temperatura e o ácido butírico; -
2:23 - 2:26no mundo do peixe fantasma negro,
-
2:26 - 2:31o mundo sensorial é ricamente
colorido por campos elétricos; -
2:31 - 2:33e para o morcego,
que se orienta pelo eco, -
2:33 - 2:37a realidade é construída
a partir das ondas de compressão de ar. -
2:37 - 2:41Essa é a fatia do ecossistema
que eles podem captar -
2:41 - 2:45e, na ciência, há uma palavra
para isto: "umwelt", -
2:45 - 2:49que é a palavra alemã
para "o mundo ao redor". -
2:49 - 2:52Provavelmente todo animal crê
-
2:52 - 2:56que o seu umwelt seja toda
a realidade objetiva existente, -
2:56 - 3:01pois, por que deveríamos imaginar
que há algo além do que podemos sentir? -
3:01 - 3:04Em vez disso, o que fazemos
é aceitar a realidade -
3:04 - 3:07do modo que nos é apresentada.
-
3:07 - 3:09Vamos deixar isto mais claro.
-
3:09 - 3:12Imagine que você seja
um cão da raça sabujo. -
3:13 - 3:15O seu mundo é só de cheiros.
-
3:15 - 3:20Você tem um longo focinho
com 200 milhões de receptores de odor, -
3:20 - 3:24e narinas úmidas que atraem
e aprisionam moléculas de odor; -
3:24 - 3:28e suas narinas têm fendas
para que você possa tomar bastante ar. -
3:28 - 3:31Tudo está relacionado ao cheiro para você.
-
3:31 - 3:35Então um dia, você para
numa de suas trilhas com uma revelação. -
3:35 - 3:38Olha para o seu dono e pensa:
-
3:38 - 3:43"Como é ter este lamentável
e empobrecido nariz de humano?" -
3:43 - 3:45(Risos)
-
3:45 - 3:48Como é inalar tão pouco ar?
-
3:48 - 3:52Como é possível não perceber que há
um gato a 90 metros de distância, -
3:52 - 3:56ou que o seu vizinho estava
neste mesmo lugar há seis horas?” -
3:56 - 3:58(Risos)
-
3:58 - 4:01Então, porque somos humanos
-
4:01 - 4:03e nunca experimentamos
esse mundo do cheiro, -
4:03 - 4:06não sentimos falta,
-
4:06 - 4:10pois estamos firmemente
adaptados ao nosso umwelt. -
4:10 - 4:14Mas a questão é:
"Temos que ficar presos nele?" -
4:14 - 4:19Como neurocientista, me interesso
no modo em que a tecnologia -
4:19 - 4:21pode expandir o nosso umwelt,
-
4:21 - 4:25e como isto vai mudar
a experiência de ser humano. -
4:26 - 4:30Já sabemos que podemos unir
a tecnologia à nossa biologia, -
4:30 - 4:34porque há centenas de milhares
de pessoas andando por aí -
4:34 - 4:37com audição e visão artificiais.
-
4:37 - 4:42Funciona assim: você pega
um microfone e digitaliza o sinal; -
4:42 - 4:45e você coloca uma tira de eletrodo
diretamente no ouvido interno. -
4:45 - 4:48Ou, com o implante de retina,
você pega uma câmera -
4:48 - 4:51e digitaliza o sinal, então pluga
uma rede de eletrodos -
4:51 - 4:54diretamente no nervo ótico.
-
4:54 - 4:58E, há aproximadamente 15 anos,
-
4:58 - 5:02muitos cientistas pensavam
que estas tecnologias não funcionariam. -
5:02 - 5:07Por quê? Porque estas tecnologias
falam a língua do Vale do Silício, -
5:07 - 5:12e este não é o mesmo dialeto
dos nossos órgãos sensoriais naturais. -
5:12 - 5:15Mas o fato é que funciona;
-
5:15 - 5:19o cérebro descobre como usar
os sinais muito bem. -
5:20 - 5:21Agora, como conseguimos comprender?
-
5:22 - 5:23Bem, aqui está o grande segredo:
-
5:23 - 5:29o cérebro não ouve
nem vê nada disto. -
5:29 - 5:35Ele está trancado num vácuo de silêncio
e escuridão dentro do seu crânio. -
5:35 - 5:39Tudo o que ele vê
são sinais eletroquímicos -
5:39 - 5:42que chegam até ele por meio
de vários cabos de dados, -
5:42 - 5:46e isto é tudo o que ele tem
para trabalhar e nada mais. -
5:46 - 5:48Agora, surpreendentemente,
-
5:48 - 5:51o cérebro é muito eficiente
em captar estes sinais, -
5:51 - 5:55extrair padrões deles
e dar-lhes significado, -
5:55 - 5:58de modo que ele pega
o cosmos interno -
5:58 - 6:03e monta uma história
do seu mundo subjetivo. -
6:04 - 6:06Mas aqui esta o ponto-chave:
-
6:06 - 6:10o cérebro não sabe, e nem se importa
-
6:10 - 6:13com de onde ele retira as informações.
-
6:13 - 6:17Ele tenta descobrir o que fazer
com qualquer informação que chega. -
6:17 - 6:20É um tipo de máquina bem eficiente.
-
6:20 - 6:24É essencialmente um dispositivo
de computação de propósito geral, -
6:24 - 6:26e, simplesmente, capta tudo,
-
6:26 - 6:29e descobre o que tem que fazer,
-
6:29 - 6:33e isto, creio eu, libera a Mãe Natureza
-
6:33 - 6:37para experimentar
vários tipos de canais de entrada. -
6:37 - 6:40Eu chamo isto de modelo de evolução C.B.,
-
6:40 - 6:42eu não quero ser muito técnico,
-
6:42 - 6:45mas C.B. significa Cabeça de Batata,
-
6:45 - 6:49e eu uso este nome para enfatizar
que todos estes sensores -
6:49 - 6:52que nós conhecemos e amamos,
como nossos olhos, ouvidos e dedos, -
6:52 - 6:57são meramente dispositivos
periféricos “plug-and-play"; -
6:57 - 7:00você os conecta e estão prontos
para serem usados. -
7:00 - 7:05O cérebro descobre o que fazer
com as informações que chegam. -
7:06 - 7:08E quando você olha para o reino animal,
-
7:08 - 7:11você encontra muitos
dispositivos periféricos. -
7:11 - 7:15As cobras têm fendas de calor
que permitem detectar o infravermelho, -
7:15 - 7:18o fantasma negro tem receptores elétricos
-
7:18 - 7:21e a toupeira-nariz-de-estrela
tem um apêndice, -
7:21 - 7:24com 22 tentáculos,
-
7:24 - 7:27que permite sentir o ambiente
e construir um modelo 3D do mundo; -
7:27 - 7:31vários pássaros têm magnetita,
e assim eles podem se orientar -
7:31 - 7:34pelo campo magnético do planeta.
-
7:34 - 7:38Isto quer dizer que a natureza
não tem que, continuamente, -
7:38 - 7:40reprojetar o cérebro.
-
7:40 - 7:45Em vez disso, com as bases
da operação cerebral estabelecidas, -
7:45 - 7:49tudo o que a natureza precisa
é projetar novos periféricos. -
7:49 - 7:52Certo. Isto quer dizer o seguinte:
-
7:52 - 7:54a lição que fica
-
7:54 - 7:58é que não há nada realmente
especial ou fundamental -
7:58 - 8:01sobre a biologia
que nós precisamos discutir. -
8:01 - 8:03É apenas o que nós herdamos
-
8:03 - 8:06de uma complexa estrada da evolução.
-
8:06 - 8:10Mas não somos obrigados
a continuar assim, -
8:10 - 8:12e nossa melhor prova deste princípio
-
8:12 - 8:14vem do que é chamado
de substituição sensorial. -
8:14 - 8:18Isto refere-se a alimentar
o cérebro com informações -
8:18 - 8:20via canais sensoriais incomuns,
-
8:20 - 8:23e o cérebro simplesmente
descobre o que fazer com elas. -
8:23 - 8:26Bom, isto pode soar especulativo,
-
8:26 - 8:31mas o primeiro artigo demonstrando isso
foi publicado na revista Nature em 1969. -
8:32 - 8:34Um cientista chamado Paul Bach-y-Rita
-
8:34 - 8:38colocou pessoas cegas
numa cadeira de dentista modificada, -
8:38 - 8:40montou uma transmissão de vídeo
-
8:40 - 8:42e colocou algo em frente à câmera,
-
8:42 - 8:44então você sentiria
-
8:44 - 8:47que a suas costas eram cutucadas
por uma rede de solenoides. -
8:47 - 8:50Então se você mexesse uma xícara
de café, em frente à câmera, -
8:50 - 8:52você sentiria isso em suas costas
-
8:52 - 8:55e, surpreendentemente,
as pessoas cegas foram muito bem -
8:55 - 8:59em descrever o que estava
em frente à câmera, -
8:59 - 9:03apenas por sentir isso nas costas.
-
9:03 - 9:06Agora, há vários modelos modernos disso.
-
9:06 - 9:10Os óculos sônicos pegam
uma transmissão de vídeo na sua frente -
9:10 - 9:12e a transformam numa paisagem sônica.
-
9:12 - 9:14Conforme as coisas se movem ao redor,
-
9:14 - 9:15e se aproximam ou se afastam,
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9:15 - 9:17soa como "buzz, buzz, buzz."
-
9:17 - 9:19Soa como uma cacofonia,
-
9:19 - 9:21mas após algumas semanas,
as pessoas cegas -
9:21 - 9:23começam a ter um bom desempenho
-
9:23 - 9:25na compreensão
do que está à sua frente, -
9:25 - 9:28baseando-se apenas no que estão ouvindo.
-
9:28 - 9:30E não precisa ser através do ouvidos:
-
9:30 - 9:33esse sistema usa
uma rede eletrotátil na testa; -
9:33 - 9:37e tudo o que estiver à frente da câmera
será sentido pela sua testa. -
9:37 - 9:40Por que a testa? Porque você
não a usa para nada. -
9:40 - 9:44O modelo mais moderno
é chamado de BrainPort, -
9:44 - 9:48uma pequena rede elétrica
colocada sobre a língua, -
9:48 - 9:52as imagens são transformadas
em pequenos sinais eletrotáteis; -
9:52 - 9:58e os cegos se adaptaram tão bem
que conseguem jogar uma bola na cesta, -
9:58 - 10:02ou conseguem percorrer
rotas complexas com obstáculos. -
10:03 - 10:08Eles acabam vendo através da língua.
-
10:08 - 10:10Bem, isto soa completamente insano, não é?
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10:10 - 10:14Mas lembre-se que toda visão
é feita de sinais eletroquímicos -
10:14 - 10:17que viajam pelo cérebro.
-
10:17 - 10:19O cérebro não sabe de onde vêm os sinais,
-
10:19 - 10:23apenas descobre o que fazer com eles.
-
10:23 - 10:28Então, meu interesse no meu laboratório
é a substituição sensorial para os surdos, -
10:28 - 10:31e este é um projeto
que eu tenho desenvolvido -
10:31 - 10:34com um aluno de pós-graduação
no meu laboratório, Scott Novich, -
10:34 - 10:37que está encabeçando-o para a sua tese.
-
10:37 - 10:39E aqui está o que queríamos fazer:
-
10:39 - 10:43queríamos que o som
do mundo fosse convertido -
10:43 - 10:47de modo que um surdo
pudesse entender o que lhe foi dito. -
10:47 - 10:52Dado o poder e a onipresença
da computação portátil; -
10:52 - 10:57queríamos ter certeza de que isso
funcionaria em celulares e tablets; -
10:57 - 10:59e também queríamos torná-lo vestível,
-
10:59 - 11:02algo que se pudesse
usar por baixo das roupas. -
11:02 - 11:04Aqui está o conceito.
-
11:05 - 11:10Conforme eu falo, minha voz
é capturada pelo tablet -
11:10 - 11:16e, então, é mapeada sobre um colete
coberto por motores vibratórios, -
11:16 - 11:20iguais aos motores do seu celular.
-
11:20 - 11:22Conforme eu falo,
-
11:22 - 11:28o som é traduzido para um padrão
de vibração sobre o colete. -
11:28 - 11:30Agora, isto não é apenas conceitual:
-
11:30 - 11:35este tablet está transmitindo em Bluetooth
e eu estou usando o colete agora. -
11:35 - 11:38Então, conforme eu falo,
-
11:38 - 11:44o som é traduzido em padrões
dinâmicos de vibração. (Aplausos) -
11:44 - 11:49Estou sentindo o mundo sônico
ao meu redor. -
11:49 - 11:53Estamos testando isso com surdos agora,
-
11:53 - 11:57e após um curto espaço de tempo,
-
11:57 - 12:00as pessoas começaram a sentir,
elas começaram a entender -
12:00 - 12:03a linguagem do colete.
-
12:03 - 12:08Este é o Jonathan. Ele tem 37 anos
e possui mestrado. -
12:08 - 12:10Nasceu com surdez profunda,
-
12:10 - 12:14o que significa que uma parte
de seu umwelt está indisponível. -
12:14 - 12:19Então, treinamos Jonathan com o colete
por quatro dias, duas horas ao dia, -
12:19 - 12:22e aqui está ele no quinto dia.
-
12:22 - 12:24Scott Novich: Você.
-
12:24 - 12:27David Eagleman: Scott diz uma palavra,
Jonathan a sente sobre o colete -
12:27 - 12:30e a escreve no quadro.
-
12:30 - 12:34SN: Onde. Onde.
-
12:34 - 12:38DE: Jonathan é capaz de traduzir
este complicado padrão de vibrações -
12:38 - 12:40para uma compreensão
do que está sendo dito. -
12:40 - 12:44SN: Toque. Toque.
-
12:46 - 12:49DN: Bem, ele não faz isso...
-
12:49 - 12:55(Aplausos)
-
12:56 - 13:00Jonathan não faz isso conscientemente,
porque os padrões são bem complicados, -
13:00 - 13:06mas seu cérebro está começando a decifrar
o padrão que lhe permita descobrir -
13:06 - 13:08o que os dados significam,
-
13:08 - 13:12e nossa expectativa é de que,
após o uso do colete por três meses, -
13:12 - 13:17ele terá uma experiência
perceptiva direta de audição, -
13:17 - 13:21do mesmo modo que uma pessoa cega,
ao passar o dedo sobre o braille, -
13:21 - 13:26entende o significado direto da página
sem nenhum tipo de intervenção consciente. -
13:27 - 13:30Bom, essa tecnologia tem o potencial
para ser um divisor de águas, -
13:30 - 13:34porque a única outra solução
para a surdez é um implante coclear, -
13:34 - 13:37e isso requer uma cirurgia invasiva.
-
13:37 - 13:42E isso pode ser feito 40 vezes mais barato
do que um implante coclear, -
13:42 - 13:47o que torna essa tecnologia acessível,
mesmo para os países mais pobres. -
13:48 - 13:53Ficamos muito encorajados pelos resultados
com a substituição sensorial, -
13:53 - 13:57mas temos pensado muito
sobre a ampliação sensorial. -
13:57 - 14:03Como podemos usar uma tecnologia
como esta para adicionar novos sentidos, -
14:03 - 14:06expandir o umwelt humano?
-
14:06 - 14:10Por exemplo, poderíamos levar
dados da internet, em tempo real, -
14:10 - 14:12direto para o cérebro de alguém,
-
14:12 - 14:16e esse alguém seria capaz de desenvolver
uma experiência perceptiva direta? -
14:16 - 14:18Este é um experimento no laboratório:
-
14:18 - 14:22um sujeito sente, em tempo real,
os dados transmitidos pela internet -
14:22 - 14:24por cinco segundos.
-
14:24 - 14:27Então, dois botões aparecem
e ele tem que fazer uma escolha. -
14:27 - 14:29Ele não sabe o que está acontecendo.
-
14:29 - 14:32Ele faz uma escolha e recebe
feedback um segundo depois. -
14:32 - 14:36Agora veja, o sujeito não tem ideia
do que todos os padrões querem dizer, -
14:36 - 14:39mas estamos vendo se ele fica melhor
em descobrir qual botão deve apertar. -
14:39 - 14:41Ele não sabe que o que estamos fornecendo
-
14:41 - 14:45são dados, em tempo real,
do mercado de ações, -
14:45 - 14:47e ele toma decisões de compra e venda.
-
14:47 - 14:49(Risos)
-
14:49 - 14:53O feedback lhe diz
se ele fez a coisa certa ou não. -
14:53 - 14:56Estamos vendo que podemos
expandir o umwelt humano -
14:56 - 14:59de modo que ele venha a ter,
após várias semanas, -
14:59 - 15:04uma experiência perceptiva direta
dos movimentos econômicos do planeta. -
15:05 - 15:08Então nós apresentaremos um relatório
sobre isso depois para ver como foi. -
15:08 - 15:10(Risos)
-
15:11 - 15:13Aqui está outra coisa que estamos fazendo:
-
15:13 - 15:17Durante as palestras esta manhã,
nós filtramos automaticamente o Twitter -
15:17 - 15:20com a hashtag TED2015,
-
15:20 - 15:22e fizemos uma análise
automatizada de sentimentos, -
15:22 - 15:27quer dizer: as pessoas usavam
palavras positivas, negativas ou neutras? -
15:27 - 15:30E enquanto tudo acontecia,
-
15:30 - 15:33eu sentia tudo
-
15:33 - 15:37e por isso eu estou plugado
à emoção agregada -
15:37 - 15:41de milhares de pessoas, em tempo real,
-
15:41 - 15:45e isto é um novo tipo de experiência
humana, porque agora eu posso saber -
15:45 - 15:48como todos se sentem
e o quanto vocês estão amando isso. -
15:48 - 15:53(Risos) (Aplausos)
-
15:55 - 15:59É uma experiência maior
do que um humano normalmente pode ter. -
16:00 - 16:03Também estamos expandindo
o umwelt de pilotos. -
16:03 - 16:07Então, neste caso, o colete transmite
nove medidas diferentes -
16:07 - 16:08a partir deste quadricóptero,
-
16:08 - 16:12então balanço, movimento, giro,
orientação e o rumo -
16:12 - 16:16e isso melhora a habilidade
de voar do piloto. -
16:16 - 16:21É como se ele estendesse
a pele até lá em cima, bem longe. -
16:21 - 16:22E isto é só o começo.
-
16:22 - 16:28Pretendemos pegar uma cabine
moderna, cheia de medidores, -
16:28 - 16:32e em vez de tentar ler tudo,
você o sentirá. -
16:32 - 16:35Vivemos num mundo de informação agora,
-
16:35 - 16:39e há uma diferença entre acessar
enormes quantidades de dados -
16:39 - 16:42e experimentá-los.
-
16:42 - 16:46Então, eu acho que não existe
um fim para as possibilidades -
16:46 - 16:48no horizonte para a expansão humana.
-
16:48 - 16:53Imagine um astronauta
sendo capaz de sentir -
16:53 - 16:57a saúde geral da Estação Espacial
Internacional, -
16:57 - 17:02ou, por falar nisso, você sentir
o status invisível da sua própria saúde, -
17:02 - 17:05como o açúcar no sangue
e o estado do seu microbioma; -
17:05 - 17:11ou ter uma visão de 360 graus;
ou ver em infravermelho, ou ultravioleta. -
17:11 - 17:15Então a questão é que, conforme
nos movemos para o futuro, -
17:15 - 17:20seremos cada vez mais capazes de escolher
nossos dispositivos periféricos. -
17:20 - 17:23Não teremos mais que esperar
pelos presentes sensoriais da Mãe Natureza -
17:23 - 17:25com seus prazos,
-
17:25 - 17:27porém, como qualquer boa mãe,
-
17:27 - 17:33ela nos deu as ferramentas necessárias
para definirmos nossa própria trajetória. -
17:33 - 17:35Então a questão agora é:
-
17:35 - 17:41Como você quer sair
e experimentar o seu universo? -
17:41 - 17:42Obrigado.
-
17:42 - 17:48(Aplausos)
-
17:59 - 18:02Chris Anderson: Está sentindo isso?
DE: Estou. -
18:02 - 18:05Na verdade, esta foi a primeira vez
que eu senti aplausos no colete. -
18:05 - 18:07É legal! É como uma massagem.
(Risos) -
18:07 - 18:10CA: O Twitter está bombando.
-
18:11 - 18:13O experimento com o mercado de ações
-
18:13 - 18:18seria o primeiro experimento a assegurar
o próprio financiamento para sempre, -
18:18 - 18:20se for bem-sucedido, certo?
-
18:20 - 18:22DE: Isso mesmo. Eu não teria
que escrever mais para o INS. -
18:22 - 18:26CA: Veja, sendo um pouco cético,
quero dizer, -
18:26 - 18:29isso é incrível, mas há
evidência até o momento -
18:29 - 18:31de que a substituição sensorial funciona,
-
18:31 - 18:33mas não necessariamente
a adição sensorial. -
18:33 - 18:37Bem, não é possível que uma pessoa cega
possa ver através da língua -
18:37 - 18:42porque o córtex visual
ainda está lá, pronto para processar, -
18:42 - 18:44e que isso seja uma parte necessária?
-
18:44 - 18:46DE: Ótima pergunta.
Na verdade, não temos ideia -
18:46 - 18:48de quais são os limites teóricos
-
18:48 - 18:51de que tipos de dados
o cérebro pode assimilar. -
18:51 - 18:53O fato é que ele é extremamente flexível.
-
18:53 - 18:57Quando uma pessoa fica cega,
o que chamávamos de córtex visual -
18:57 - 19:02é ocupado por outras coisas,
pelo tato, audição, vocabulário. -
19:02 - 19:06Isto nos mostra que o córtex
tem um repertório limitado. -
19:06 - 19:09Ele apenas faz alguns tipos
de cálculos sobre as coisas. -
19:09 - 19:12E quando olhamos ao redor
para coisas como o braille, por exemplo, -
19:12 - 19:15as pessoas obtém informações
nos dedos através de protuberâncias. -
19:15 - 19:19Então, eu não acho que há razão
para pensar em limites teóricos -
19:19 - 19:20que nós conhecemos.
-
19:21 - 19:25CA: Se isto for comprovado,
você ficará sobrecarregado de trabalho. -
19:25 - 19:28Há muitas aplicações para isso.
-
19:28 - 19:32Você está preparado? O que mais
o anima nisto, o rumo que pode tomar? -
19:32 - 19:34DE: Eu creio que há
várias aplicações aqui. -
19:34 - 19:38Além da substituição sensorial,
as coisas que eu tinha começado a falar, -
19:38 - 19:42sobre os astronautas na estação espacial;
eles gastam muito tempo -
19:42 - 19:45monitorando coisas e, em vez disso,
poderiam sentir o que está acontecendo, -
19:45 - 19:49porque isto é muito bom
para dados multidimensionais. -
19:49 - 19:54A questão é que nosso sistema visual
é bom em detectar manchas e bordas, -
19:54 - 19:56mas é péssimo para o nosso mundo atual
-
19:56 - 19:58cheio de telas
com uma infinidade de dados. -
19:58 - 20:01Temos que rastrear isso
com o nosso sistema de atenção. -
20:01 - 20:03Isto é só um jeito de sentir
o estado de algo, -
20:03 - 20:06assim como você sabe qual é o estado
do seu corpo quando em repouso. -
20:06 - 20:10Eu acho que a maquinaria pesada,
segurança, sentir o estado de uma fábrica, -
20:10 - 20:13do seu equipamento,
é algo que acontecerá em breve. -
20:13 - 20:16CA: David Eagleman, esta foi uma palestra
alucinante. Muito obrigado. -
20:16 - 20:20DE: Obrigado, Chris.
(Aplausos)
- Title:
- Podemos criar novos sentidos para os seres humanos?
- Speaker:
- David Eagleman
- Description:
-
Como humanos, podemos perceber menos de dez trilionésimos de todas as ondas de luz. "Nossa experiência da realidade é limitada pela nossa biologia.", diz o neurocientista David Eagleman. Ele quer mudar isso. Sua pesquisa sobre os nossos processos cerebrais o levou a criar novas interfaces, como um colete sensorial, para assimilar informações anteriormente invisíveis sobre o mundo à nossa volta.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 20:34
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