Retrato da Rainha Tiye com Coroa de Duas Penas

Uma conversa entre dra. Beth Harris e dr. Steven Zucker na frente do retrato da cabeça da rainha Tiye com uma Coroa de Duas Penas, 1355 AC, período de Amarna, Dinastia 18, Novo Reino, Egito, madeira de teixo, lápis-lázuli, prata, ouro, faiança, 22,5 cm de altura (Museu Egípcio e coleção de papiro no Museu Neues, Berlin).

Uma das mulheres mais interessantes
de toda a história do Egito.

Começou sua vida como filha de um
burocrata,

mas se casaria com um faraó egípcio.

Depois da morte do faraó seria rebaixada

e chamada simplesmente de Rainha-Mãe.

Mas seu filho iria então elevar sua
posição substancialmente,

tornando-a divina, uma deusa.

Muito desta história pode ser vista nesta

escultura pequenina da Rainha Tiye.

Há uma percepção clara de sua nobreza,

mesmo que tenha começado de forma
modesta como uma pebléia,

como uma pessoa comum, embora
de posição bastante elevada.

Ela olha pra frente e além de nós,

e não há dúvidas
de que é uma rainha.

Ela é completamente inacessível.

Devemos começar a perceber aqui

a forma como ela era.

Parecem haver algumas características
pessoais.

Parece que ela não era tão jovem.

Podemos ver as linhas abaixo de seu nariz

em ambos lados das bochechas,

e há algumas características
faciais singulares.

Então pode ser que tenhamos uma
noção melhor de como

ela realmente se parecia.

O rosto e o pescoço são feitos de madeira
de teixo.

Os olhos são feitos de ébano e alabastro

e também há outros materiais.
Ouro e algumas pedras semi-preciosas,

o lápis-lazúli é visível logo
abaixo do turbante

que parece ter sido lascado.

O que vemos são na verdade
evidências dessas mudanças

na vida de Tiye.

Debaixo do turbante que está usando,

teria sido um cocar de ouro que
mostrava sua condição de rainha,

como a esposa do faraó.

E podemos perceber que nos dois grampos
de ouro que vemos em sua testa

há provas de que teria usado
uma coroa.

Deveria haver uma serpente ali,
um símbolo da realeza.

Provavelmente foi removida quando
o marido morreu,

e sua posição caiu para a de Rainha-Mãe.

Mas ela foi tão importante e astuta,

e seu filho dependia tanto dela que
de forma que ela pudesse participar

ativamente na política
e dos assuntos da Corte Real,

ele elevou sua condição para a de
uma deusa.

E é quando o turbante deve ter
sido adicionado.

Teria sido espetacular quando foi feito.

Agora parece um pouco bulboso

mas se olhamos para o lado
direito do crânio

perceberemos umas contas
azuis de faiança

e que quando o sol bate, realmente
brilham.

Isto cobriria todo o turbante e então

ela pareceria majestosa e quase celestial,
apropriado para uma deusa.

Seu cocar se estende para cima

onde vemos chifres, um disco solar
e duas penas.

Agora, esse disco solar pode se referir
a uma religião

fundada por seu filho Akhenaten.

Akhenaten livrou-se da religião politeísta
tradicional do Egito e estabeleceu

uma religião monoteísta centrada

em torno de Aten, que era
simbolizado pelo sol.

A escultura realmente nos dá a noção da
sua importância,

do seu poder, e do respeito do seu filho
por ela,

e nos dá apenas um vislumbre
da complexidade da vida

na alta sociedade egípcia.

(Legendado por Carol Sarapo)