-
♪ (música ambiente etérea) ♪
-
(sinos tocam)
-
(Cannupa) Acredito que todos
se
-
o que significa pertencer a
algum lugar.
-
Como uma pessoa indígena na
América do Norte,
-
existem identidades complexas.
-
Sou um cidadão das tribos Mandam,
Hidatsa e Arikara.
-
Nasci na Reserva de
Standing Rock, no Rio Missouri.
-
Acredito que sou, da forma mais
honesta possível, do povo do rio,
-
mas vivo aqui em cima,
nas montanhas do Novo México.
-
Então me sinto... um tanto deslocado.
-
Depois que minha família se mudou
pra longe da reserva,
-
sentia que minha existência em
ambos mundos
-
estava em um espaço liminar
entre os dois.
-
(homem) Hm OK, Cannupa, pronto?
-
(Cannupa) Sim, espera um pouco.
-
(conversas de fundo)
-
Então eu existo em um mundo
entre lugares.
-
O que estou tentando fazer é afastar
-
a ideia que a arte é um objeto e
-
pensar nela como um processo.
-
Algo em ação, algo vivo.
-
(sinos tocando)
♪ (sintetizadores dispersos) ♪
-
Estou construindo.
-
Estou construindo coisas
que não são esses objetos,
-
mas canais para compartilhar
informações de cultura para cultura.
-
♪ sintetizadores ♪
-
Há uma tendência de perpetuar
uma narrativa histórica
-
romantizada dos povos nativos,
-
que é: "Isso é primitivo,
isso é antigo
-
Isso não é o presente."
-
Então comecei uma série
-
de projetos chamados,
-
e são ideias em andamento,
-
é chamado de
Tecnologia Ancestral do Futuro.
-
É ficção científica,
é ficção especulativa.
-
Se trata de imaginar como
e em quê nossa cultura muda
-
e se transforma no futuro.
-
♪ música etérea ♪
E se é difícil de expressar o que
-
significa ser indígena hoje,
como será
-
depois de hoje?
-
E pensar nesse significado
em um futuro distante.
-
♪♪♪
-
Tudo que estamos
usando agora
-
estará presente por bastante
tempo, em aterros,
-
e, ao invés de reciclar
-
e transformar em
novos produtos,
-
pensei: "o que dá pra fazer
se transformarmos esse material?"
-
Essas são luvas de hóquei.
-
Esse é um cobertor velho de crochê.
-
Eu pratico caça e coleta
-
no século 21, mas cruzo
áreas diferentes.
-
Toda lã que pego é de segunda mão,
são restos.
-
Poucas coisas nos processos desses
-
trabalhos precisam ser
-
de primeira mão.
-
Sempre que vou a um brechó,
se eles têm um tapete afegão
-
com um estilo que gosto,
eu mergulho e...
-
é como navegar pelos
detritos da América.
-
E é importante contar essas histórias
-
para as gerações futuras porque
muito da cosmologia indígena
-
é baseada na sustentabilidade.
-
Tipo: "Você é uma
extensão da terra,
-
você pertence a terra."
-
Será que consigo imaginar um futuro
-
em que todos entendêssemos
isso coletivamente?
-
(Jornalista) O protesto na Dakota
do Norte contra um grande oleoduto
-
continua a crescer.
-
Mais de 100 tribos nativas
americanas se juntaram na luta
-
contra o projeto,
-
dizendo que ele ameaça
a fonte de água de uma das tribos
-
e sua terra sagrada.
-
(Cannupa) Standing Rock
foi descrito como um protesto
-
mas a realidade
daquela situação era que
-
todos estavam ali
-
lutando mais a favor da água
do que contra o petróleo.
-
Vendo a da tropa de choque,
-
o equipamento que usam é
totalmente desumanizador.
-
Então fui inspirado pela
agitação que desenrolou
-
na Ucrânia onde as
pessoas levaram espelhos
-
para a linha de frente para
que a polícia visse seu reflexo.
-
Fui a uma loja de maquinaria,
projetei e fiz
-
esses escudos espelhados
no estacionamento
-
e gravei um vídeo ensinando
como fazê-los.
-
♪ música instigante ♪
-
O principal é que é uma
resposta empática à
-
violência.
-
♪♪
-
Na época que levávamos por volta de
-
500 escudos para Standing Rock, a polícia
-
e membros da segurança privada
-
estavam conficando qualquer coisa
-
que fosse considerada uma arma.
-
Nós decidimos
-
que o melhor jeito de encobrir os escudos
-
era utilizando meu privilégio
como artista.
-
♪♪
-
E então falamos: "não, não
temos escudos,
-
são só uma peça artística."
-
(passos na estrada)
-
Tinham chifres de antílope nessa peça,
-
e acho que deixei molhado
por dentro e eles explodiram.
-
O triste é que derramaram
na obra do meu filho.
-
Meu filho mais velho, EO,
fez isso, ele disse que
-
é um macaco... Meu caçula
fez isso daqui.
-
Não sei...
-
parece um tipo de sanduíche
com um rosto?
-
E aqui, minha cabeça de aranha.
-
♪ música etérea ♪
Olha aí a turma.
-
Oi, meninos.
-
(Ginger) Durante a pandemia,
tudo fechou.
-
Antes, Cannupa viajava 80, 90
-
por cento do tempo,
-
e não era viável.
-
(Cannupa) Valeu, gente...
-
Não sei onde minhas práticas
artísticas diferem da minha vida
-
e eles são parte dela.
-
Ei, se quiserem fazer algo do meu lado
-
podem pegar argila no estúdio.
-
(Ginger) No último ano, estivemos viajando
-
com a família toda.
-
(Cannupa) Nosso filhos são
educados em casa,
-
fazemos isso até desde antes
da pandemia.
-
Levar eles conosco
-
nessas viagens é uma parte
importante da educação deles.
-
(Ginger) E pensamos que fazer isso
-
seria mais saudável para nós.
-
(Cannupa) É como dizem:
-
"Tem que arrumar
a própria bagunça
-
(risos) antes de dizer
para outro limpar".
-
♪♪
-
Tenho um pouco de dificuldade
com o título de artista,
-
"é o que você faz".
-
É o que você é,
você é um artista.
-
Você é o que você faz, né?
-
Então sou um artista
já que faço arte.
-
E pergunto "faço mesmo?"
-
Sempre me vejo como
um engenheiro e
-
falo das conexões, das pontes
do ponto de vista do artista.
-
E o vão que tento construir
sob é o vão entre
-
todas as comunidades e culturas
-
diferentes com que interajo.
-
Estamos fazendo os cubos
virarem esferas
-
e quando ficarem prontas,
-
pega um dos espetinhos e
-
fura a argila como uma miçanga.
-
Venho de pastagens que
dependem de búfalos.
-
Então, com os 20.000
que ainda vivem,
-
pensei que fazer uma miçanga que
-
represente cada um deles
seria um belo gesto.
-
Até mesmo o ato de rolar a
argila na palma da mão,
-
nenhuma vai ser igual a outra.
-
E a ideia é termos esse
relacionamento entre nós.
-
♪ (música pensativa) ♪
-
O projeto das Miçangas dos Bisões
faz parte de uma série
-
em andamento chamada
"Counting Coup" (Contagem de Golpes)
-
A intenção era, basicamente,
-
tentar reumanizar dados, entende?
-
O primeiro trabalho nessa série
é chamado "Todo Mundo"
-
e o número de miçangas representa
-
parentes indígenas desaparecidos
e assassinados.
-
♪♪
(sinos tocam)
-
A história indígena e americana
não é contada
-
de forma honesta,
-
é contada como mito.
-
É o mito do indivíduo que
-
teve que se erguer do nada.
-
(Ginger) Eu gosto das ombreiras.
-
(Cannupa) Beleza, tá com a cápsula?
-
(Ginger) Sim, tá comigo.
-
Acredito que surge de um grupo
de homens que decidiram
-
que não seriam mais
parte da Inglaterra.
-
Eles queriam se remover
-
de seu lugar ancestral.
-
E temos toda a violência
que esse deslocamento
-
causa em todos ao redor.
-
Esse é o mito instaurado
-
que justifica a brutalidade
do individualismo.
-
- 'io: Papai.
- Cannupa: O quê?
-
- Faz assim.
(sinos tocando)
-
(Cannupa) Mas é só um mito,
é só uma história.
-
- Tsesa: Okay, ficou ótimo.
-
- Ginger: Quando fizermos de novo,
tenta ficar mais tempo de costas.
-
- Cannupa: (suspiro) Okay.
-
- Ginger: Tem um ecossistema
em volta de artistas bem sucedidos.
-
Eles recebem apoio de
seus parceiros,
-
de seus pais, de seus amigos!
-
- Cannupa: Obrigado, Ginger!
-
♪ música etérea ♪
-
- 'io: Eu quero ser artista/game
designer/YouTuber
-
- Tsesa: Tudo que eu quero fazer
quando crescer é descobrir
-
o que quero fazer quando crescer.
-
- Cannupa: Acredito que, quando
meus filhos tiverem minha idade,
-
a definição e a exploração
-
sobre o que a arte é, com sorte,
será muito mais ampla.
-
Tipo: "você consegue fazer qualquer
coisa na vida com beleza?
-
Você consegue fazer sua
vida ser bela?"
-
Hoje, celebramos indivíduos,
celebramos o gênio.
-
Mas... não é sustentável.
-
♪ música suave ♪
- Ginger: Cuidado!
-
(Cannupa) Somos dependentes,
não só uns dos outros,
-
mas do nosso relacionamento com o
meio ambiente e outras espécies.
-
♪♪
-
A verdade da nossa vida cotidiana
-
é a integração, a integridade.
-
É assim que vamos sobreviver no futuro.
-
♪ música etérea ♪
-
(Azikiwe) Olá, meu nome é
Azikiwe Mohammed.
-
E estou feliz de ter sido incluído pela
Art21 na série New York Close Up.
-
Como podem ou não ter visto,
faço várias coisas diferentes,
-
e tentar explicá-las para as pessoas
pode ser um tanto maçante.
-
Agora, posso dizer que faço várias coisas
e direcionar as pessoas a algum lugar
-
Tudo graças a Art21.
-
Se gosta de assistir pessoas
fazendo umas coisas.
-
Art21 é um recurso ilimitado, 24h por dia,
de todos os tipos de coisas e pessoas.
-
Tem recursos educacionais,
projetos públicos cativantes
-
e oficinas para professores que podem
trazer a arte para a sala de aula,
-
o que, muitas vezes,
-
é um fardo deixado a eles.
-
Mas a Art21 auxilia a levantar esse fardo
ao deixar que nós,
-
as pessoas que fazem algumas
dessas artes,
-
levar algumas coisas para a sala de aula
-
por meio dos filmes e recursos
providenciados pela Art21.
-
De graça!
-
A arte não tem limites e
a Art21 serve para todos.
-
Por favor, pensem em doar para
a Art21 para ajudar a fazer as coisas que
-
fazemos por meio dela
-
continuarem disponíveis, e gratuitas,
para todos por muitos anos.
-
Obrigado.