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Vamos, sonhem com o futuro

  • 0:01 - 0:03
    Todos os escritores de ficção científica
  • 0:03 - 0:08
    têm uma história acerca de uma altura
    em que o futuro chegou demasiado cedo.
  • 0:09 - 0:11
    Eu tenho muitas histórias assim.
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    Por exemplo, como quando
  • 0:13 - 0:17
    há uns anos, estava a escrever
    uma história em que o governo
  • 0:17 - 0:20
    começa a usar "drones"
    para matar pessoas.
  • 0:21 - 0:25
    Pensei que fosse uma
    ideia muito intensa e futurista,
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    mas, quando a minha história
    foi publicada,
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    o governo já estava a usar
    "drones" para matar pessoas.
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    O nosso mundo
    está a mudar muito depressa
  • 0:35 - 0:38
    e há uma espécie de
    circuito de retorno crescente,
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    em que a evolução tecnológica
    e social se alimentam mutuamente.
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    Quando eu era criança nos anos 80,
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    sabíamos como é que seria o futuro.
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    Seria uma espécie de
    "Judge Dredd" ou "Blade Runner".
  • 0:53 - 0:58
    Seriam megacidades fluorescentes
    e carros voadores.
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    Mas, agora, ninguém sabe
    como é que será o futuro,
  • 1:01 - 1:04
    nem sequer nos próximos anos,
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    e há muitas aparições assustadoras
    a espreitar no horizonte,
  • 1:08 - 1:12
    da catástrofe climática
    ao autoritarismo.
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    Estão todos obcecados com apocalipses,
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    mas, mesmo que o mundo esteja sempre
    para acabar, nós continuamos.
  • 1:20 - 1:24
    Não tenham medo de pensar no futuro,
    de sonhar com o futuro,
  • 1:24 - 1:26
    de escrever sobre o futuro.
  • 1:26 - 1:30
    Descobri que fazer isso
    é muito libertador e divertido.
  • 1:30 - 1:32
    É uma maneira de nos autovacinarmos
  • 1:32 - 1:36
    contra o pior cenário possível
    de choque do futuro.
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    Também é uma fonte de fortalecimento,
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    porque não nos podemos preparar
    para algo que não visualizámos.
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    Mas há algo que precisam de saber.
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    Nós não prevemos o futuro;
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    nós imaginamos o futuro.
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    Como escritora de ficção científica,
  • 1:54 - 1:59
    cujas histórias normalmente ocorrem
    a anos ou mesmo a séculos de agora,
  • 1:59 - 2:03
    descobri que as pessoas estão
    famintas de visões do futuro,
  • 2:03 - 2:06
    que sejam felizes e reais,
  • 2:06 - 2:10
    mas descobri que a pesquisa, só por si,
    não é suficiente para eu lá chegar.
  • 2:10 - 2:14
    Pelo contrário, uso uma
    mistura de sonhos,
  • 2:14 - 2:18
    com a consciência das principais
    tendências na ciência e tecnologia
  • 2:18 - 2:21
    e os conhecimentos
    da história da humanidade.
  • 2:21 - 2:23
    Penso muito no que sei
    sobre a natureza humana
  • 2:23 - 2:28
    e a maneira como as pessoas reagiram,
    no passado, a mudanças tremendas,
  • 2:28 - 2:31
    a agitações e transformações.
  • 2:31 - 2:34
    Junto a isso a atenção aos detalhes,
  • 2:34 - 2:38
    porque os detalhes são onde vivemos.
  • 2:38 - 2:40
    Contamos a história do nosso mundo
  • 2:40 - 2:43
    através das ferramentas que criamos
    e dos espaços onde vivemos.
  • 2:43 - 2:47
    Nesta altura, é útil
    conhecer alguns termos
  • 2:47 - 2:51
    que os escritores de
    ficção científica usam imenso:
  • 2:51 - 2:52
    "história futura"
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    e "efeitos de segunda ordem".
  • 2:56 - 2:59
    O significado de história futura
    é basicamente aquilo que parece.
  • 2:59 - 3:02
    É uma cronologia de coisas
    que ainda não aconteceram,
  • 3:02 - 3:05
    como a famosa história
    de Robert A. Heinlein,
  • 3:05 - 3:09
    que incluía uma tabela detalhada
    de acontecimentos futuros
  • 3:09 - 3:11
    até ao ano 2100.
  • 3:11 - 3:13
    Ou, como no meu novo romance,
  • 3:13 - 3:16
    em que inventei uma linha do tempo
    muito complicada,
  • 3:16 - 3:19
    que vai até ao século XXXIII,
  • 3:19 - 3:22
    e acaba com pessoas
    a viverem noutro planeta.
  • 3:22 - 3:28
    Entretanto, um efeito de segunda ordem
    é, basicamente, o tipo de coisa
  • 3:28 - 3:32
    que acontece depois das consequências
    de uma nova tecnologia
  • 3:32 - 3:34
    ou de uma enorme mudança.
  • 3:34 - 3:40
    Há uma frase, atribuída ao escritor
    e editor Frederik Pohl, que diz:
  • 3:40 - 3:42
    "Uma boa história de ficção científica
  • 3:42 - 3:44
    "não deve prever apenas
    a invenção do automóvel,
  • 3:44 - 3:47
    "mas também os engarrafamentos".
  • 3:48 - 3:49
    Falando de engarrafamentos,
  • 3:49 - 3:54
    eu passo imenso tempo
    a tentar imaginar a cidade do futuro.
  • 3:55 - 3:57
    Como é que será? De que será feita?
  • 3:57 - 3:58
    Para quem será?
  • 3:59 - 4:03
    Tento imaginar uma cidade
    verde, com hortas verticais
  • 4:03 - 4:08
    e estruturas em parte cultivadas,
    em vez de construídas,
  • 4:08 - 4:10
    com passeios, em vez de estradas,
  • 4:10 - 4:13
    porque já ninguém anda de carro.
  • 4:14 - 4:18
    Uma cidade que vive e respira.
  • 4:18 - 4:21
    E começo a sonhar acordada
  • 4:21 - 4:24
    com as coisas mais loucas que me ocorrem
  • 4:24 - 4:27
    e, depois, volto ao modo pesquisa
  • 4:27 - 4:29
    e tento torná-las
    o mais plausíveis possível,
  • 4:29 - 4:34
    misturando futurismo urbano,
    "design" pornográfico
  • 4:34 - 4:37
    e especulação tecnológica.
  • 4:37 - 4:42
    Depois, dou um passo atrás e tento
    imaginar como seria, realmente,
  • 4:42 - 4:44
    estar dentro daquela cidade.
  • 4:44 - 4:48
    O meu processo
    inicia-se e acaba com a imaginação
  • 4:48 - 4:53
    e é como se a minha imaginação
    fossem duas fatias de pão
  • 4:53 - 4:55
    numa sanduíche de pesquisa.
  • 4:56 - 4:59
    Antes de tudo,
    enquanto contadora de histórias,
  • 4:59 - 5:03
    tento viver no mundo
    através dos olhos das minhas personagens
  • 5:03 - 5:06
    e tento ver como é que elas
    resolveriam os seus problemas pessoais
  • 5:06 - 5:09
    no contexto espacial que criei.
  • 5:09 - 5:12
    O que é que cheiram? No que é que tocam?
  • 5:12 - 5:16
    Como é apaixonar-se
    numa cidade inteligente?
  • 5:16 - 5:18
    O que é que vemos
    quando olhamos pela janela?
  • 5:18 - 5:21
    O "software" da janela
    influencia a nossa disposição?
  • 5:22 - 5:25
    Finalmente, pergunto-me como é
    que uma cidade brilhante do futuro
  • 5:25 - 5:31
    assegurará que ninguém fica
    sem abrigo, ou será discriminado.
  • 5:31 - 5:33
    É aqui que a história futura é útil,
  • 5:33 - 5:37
    porque as cidades não brotam
    durante a noite, como as ervas daninhas.
  • 5:37 - 5:40
    Elas emergem e transformam-se.
  • 5:40 - 5:46
    Carregam as cicatrizes e os ornamentos
    das guerras, das migrações,
  • 5:46 - 5:48
    das explosões económicas
    e dos despertares culturais.
  • 5:49 - 5:51
    Uma cidade do futuro deve ter monumentos,
  • 5:51 - 5:55
    mas também deve ter
    camadas da arquitetura do passado,
  • 5:55 - 5:56
    edifícios reutilizados
  • 5:56 - 6:00
    e todos os indícios de como chegámos aqui.
  • 6:00 - 6:03
    Depois, há os efeitos de segunda ordem,
  • 6:03 - 6:07
    como é que as coisas
    correm mal, ou bem,
  • 6:07 - 6:09
    de uma maneira que ninguém previu?
  • 6:09 - 6:13
    Por exemplo, se as paredes do nosso
    apartamento fossem feitas de um fungo,
  • 6:13 - 6:17
    que pudesse voltar a crescer
    para reparar qualquer dano,
  • 6:18 - 6:21
    o que aconteceria se as pessoas
    começassem a comer as paredes?
  • 6:22 - 6:23
    Por falar em comer:
  • 6:23 - 6:27
    Que tipo de sistema de esgotos
    é que terá a cidade do futuro?
  • 6:27 - 6:30
    É uma pergunta traiçoeira.
    Não há esgotos.
  • 6:30 - 6:34
    Há algo de muito bizarro no sistema
    que temos atualmente nos EUA,
  • 6:35 - 6:38
    em que os nossos resíduos
    entram por um túnel,
  • 6:38 - 6:42
    para serem misturados com água da chuva,
    e, normalmente, despejados no oceano.
  • 6:42 - 6:46
    Para não falar do papel higiénico...
  • 6:46 - 6:49
    Um grupo de técnicos,
    liderado por Bill Gates,
  • 6:49 - 6:51
    estão, atualmente,
    a tentar reinventar a sanita
  • 6:51 - 6:53
    e é possível que a sanita do futuro
  • 6:53 - 6:57
    pareça incrivelmente estranha
    para alguém que viva nos dias de hoje.
  • 6:57 - 7:01
    Como é que a história do futuro
    e todo o processo de tentativa e erro
  • 7:01 - 7:04
    nos leva a uma melhor
    forma de ir à casa de banho?
  • 7:04 - 7:05
    Atualmente, há empresas
  • 7:05 - 7:08
    a experimentar um género
    de varinha de limpeza
  • 7:08 - 7:10
    que pode substituir
    o papel higiénico,
  • 7:10 - 7:13
    utilizando ar comprimido ou "sprays"
    desinfetantes para nos limparem.
  • 7:13 - 7:18
    Mas, e se essas coisas parecessem
    mais flores do que tecnologia?
  • 7:19 - 7:22
    E se a sanita conseguisse
    analisar os nossos resíduos
  • 7:22 - 7:25
    e dizer-nos se o nosso
    microbioma precisa de ser afinado?
  • 7:26 - 7:29
    E se as experiências para transformar
    os resíduos humanos em combustível
  • 7:29 - 7:32
    levarem a uma bateria inteligente,
    que pode dar energia à vossa casa?
  • 7:33 - 7:35
    Voltando à cidade do futuro,
  • 7:35 - 7:36
    como é que navegamos pelo espaço?
  • 7:36 - 7:40
    Se não há ruas, como é que
    temos noção da geografia?
  • 7:40 - 7:42
    Gosto de pensar num lugar
    onde há espaços
  • 7:42 - 7:45
    que só existem,
    parcialmente, na realidade virtual,
  • 7:45 - 7:48
    que talvez precisemos de
    um "hardware" especial para descobrir.
  • 7:48 - 7:53
    Por exemplo, para uma história, inventei
    algo chamado "a interface com a nuvem",
  • 7:53 - 7:57
    que descrevi como uma aranha cromada
    que se liga à nossa cabeça
  • 7:57 - 7:59
    com nós temporários.
  • 7:59 - 8:02
    Isto não é uma foto dela, mas é
    uma foto engraçada que tirei num bar.
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:04 - 8:08
    Deixei-me levar pela imaginação
    de bares, restaurantes, cafés,
  • 8:08 - 8:11
    onde só podia entrar
  • 8:11 - 8:14
    quem tivesse o "hardware" correto
    de realidade aumentada.
  • 8:14 - 8:17
    Mas, novamente, efeitos de segunda ordem:
  • 8:17 - 8:20
    num mundo modelado
    pela realidade aumentada,
  • 8:20 - 8:22
    que tipo de novas comunidades teremos,
  • 8:22 - 8:25
    que tipo de novos crimes,
    em que ainda não pensámos?
  • 8:25 - 8:28
    Por exemplo, digamos que nós dois
    estamos sentados lado a lado,
  • 8:28 - 8:32
    vocês pensam que estamos
    numa tasca barulhenta
  • 8:32 - 8:35
    e eu penso que estamos
    num salão requintado
  • 8:35 - 8:39
    com um quarteto de cordas,
    a falar de Baudrillard.
  • 8:39 - 8:42
    Nem consigo imaginar
    o que correrá mal nesse cenário.
  • 8:42 - 8:45
    É simplesmente...
    Aposto que vai correr bem.
  • 8:46 - 8:48
    E depois há as redes sociais.
  • 8:48 - 8:52
    Consigo imaginar uns cenários distópicos,
  • 8:52 - 8:54
    onde coisas como
    questionários da Internet,
  • 8:54 - 8:57
    aplicativos de encontros,
    horóscopos, robôs,
  • 8:57 - 9:01
    combinam-se para nos arrastar
    para tocas cada vez mais fundas,
  • 9:01 - 9:05
    para relações más e política ainda pior.
  • 9:06 - 9:08
    Mas, depois penso
    nas conversas que tenho tido,
  • 9:08 - 9:10
    com pessoas que trabalham com IA,
  • 9:10 - 9:14
    e o que me dizem sempre é que
    quanto mais inteligente a IA fica,
  • 9:14 - 9:16
    mais inteligente é a fazer conexões.
  • 9:16 - 9:20
    Então, talvez as redes sociais
    do futuro sejam melhores.
  • 9:21 - 9:25
    Talvez nos ajudem a criar relações
    mais saudáveis e menos destrutivas.
  • 9:26 - 9:30
    Talvez tenhamos dispositivos que
    nos deem comunhão e felizes acasos.
  • 9:30 - 9:32
    Espero que sim.
  • 9:33 - 9:37
    Gosto de pensar que,
    se vier mesmo a existir uma IA forte
  • 9:37 - 9:41
    provavelmente vai gostar dos
    nossos estranhos dramas amorosos,
  • 9:41 - 9:46
    tal como nós gostamos de ver
    as "Real Housewives" de sei lá onde.
  • 9:46 - 9:47
    Finalmente, temos a medicina.
  • 9:47 - 9:51
    Penso muito sobre como é que os
    progressos na medicina genética
  • 9:51 - 9:56
    podem melhorar os casos de pessoas
    com cancro ou demência
  • 9:56 - 10:00
    e, talvez um dia, o vosso 100.º
    aniversário seja só mais um marco
  • 10:01 - 10:05
    no caminho para mais 20 ou 30 anos
    de vida saudável e ativa.
  • 10:05 - 10:08
    Talvez a sanita do futuro, de que falei,
  • 10:08 - 10:10
    contribua para a saúde de muitas pessoas,
  • 10:10 - 10:12
    incluindo pessoas em partes do mundo
  • 10:12 - 10:15
    onde não há estes sistemas de esgotos
    complicados que mencionei.
  • 10:15 - 10:18
    Também, enquanto pessoa transexual,
    gosto de pensar:
  • 10:19 - 10:22
    E se fizermos avanços
    na compreensão do sistema endócrino,
  • 10:22 - 10:26
    que melhorem as opções
    para pessoas transexuais
  • 10:26 - 10:29
    da mesma forma que as hormonas
    e a cirurgia expandiram as opções
  • 10:29 - 10:31
    para a geração passada?
  • 10:31 - 10:34
    Finalmente: estou aqui para vos dizer
  • 10:34 - 10:36
    que as pessoas falam do futuro
  • 10:36 - 10:40
    como se viesse a ser
    ou um paraíso tecnológico,
  • 10:40 - 10:44
    ou algum género de churrasco
    de merda apocalíptico.
  • 10:44 - 10:45
    (Risos)
  • 10:45 - 10:48
    Mas a verdade é que
    não vai ser nenhuma dessas coisas.
  • 10:48 - 10:50
    Vai ser um meio termo.
    Vai ser as duas coisas. Vai ser tudo.
  • 10:51 - 10:52
    A única coisa que sabemos
  • 10:52 - 10:55
    é que o futuro vai ser
    incrivelmente estranho.
  • 10:55 - 10:58
    Pensem em quão estranho
    pareceria o início do século XXI
  • 10:58 - 11:01
    a uma pessoa do início do século XX.
  • 11:01 - 11:05
    Há um tipo de falácia lógica
    que todos temos,
  • 11:05 - 11:08
    em que esperamos que o futuro
    seja uma extensão do presente.
  • 11:08 - 11:10
    Como as pessoas nos anos 80,
  • 11:10 - 11:12
    que pensavam que a União Soviética
    ainda existiria hoje.
  • 11:13 - 11:18
    Mas o futuro vai ser muito
    mais estranho do que possamos sonhar.
  • 11:18 - 11:19
    Mas podemos tentar.
  • 11:19 - 11:23
    E sei que vai haver coisas
    muito, muito assustadoras,
  • 11:23 - 11:27
    mas também vai haver
    maravilhas e milagres.
  • 11:27 - 11:31
    E o primeiro passo para avançarem
  • 11:31 - 11:34
    é libertarem a vossa imaginação.
  • 11:34 - 11:36
    Obrigada.
  • 11:36 - 11:38
    (Aplausos)
Title:
Vamos, sonhem com o futuro
Speaker:
Charlie Jane Anders
Description:

"Nós não prevemos o futuro, imaginamos o futuro", diz a escritora de ficção científica Charlie Jane Anders. Numa conversa que é tanto um sonho, como uma extrapolação baseada na pesquisa, leva-nos numa viagem selvagem e especulativa pelos prazeres e desafios que o futuro nos pode guardar e mostra como sonhar com possibilidades estranhas e futuristas nos dá o poder de construir um amanhã melhor.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:55

Portuguese subtitles

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