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The 40 Tenets of Plum Village with Brother Phap Luu | Class #4

  • Not Synced
    Querida Thay, queridas irmãs,
    queridos irmãos,
  • Not Synced
    bem-vindos à nossa quarta aula
    sobre os 40 princípios.
  • Not Synced
    Hoje é 7 de abril
    do ano 2021,
  • Not Synced
    e estamos na sala de meditação
    Still Water do Mosteiro Deer Park.
  • Not Synced
    Desculpem,
  • Not Synced
    A sala de meditação Still Water
    fica em Upper Hamlet.
  • Not Synced
    Acontece que sofremos
  • Not Synced
    por causa das nossas ideias sobre os nossos sentimentos
    e das nossas ideias sobre o nosso corpo.
  • Not Synced
    Pensamos que, quando temos
    um sentimento doloroso, esse sentimento sou eu.
  • Not Synced
    E quando estamos doentes e parece que
    não há paz alguma no nosso corpo,
  • Not Synced
    identificamo-nos completamente
    com esses sentimentos dolorosos.
  • Not Synced
    Dizemos: "Estes sentimentos sou eu."
  • Not Synced
    E não encontramos uma saída
    para o sofrimento.
  • Not Synced
    Tudo o que estamos a aprender aqui
  • Not Synced
    é encontrar uma forma
    de nos libertarmos do nosso sofrimento.
  • Not Synced
    A visão do Budismo é que
    a liberdade do sofrimento
  • Not Synced
    vem da compreensão do sofrimento.
  • Not Synced
    Quando estamos doentes
    e o nosso corpo está em dor,
  • Not Synced
    podemos praticar para ver os nossos sentimentos
    como um fenómeno condicionado.
  • Not Synced
    Devido a causas e condições,
    esses sentimentos dolorosos surgem,
  • Not Synced
    e deixamos de estar presos
    ou apegados a esses sentimentos.
  • Not Synced
    Eles manifestam-se
    tal como um arco-íris se manifesta
  • Not Synced
    com as condições certas
    de vapor de água e sol,
  • Not Synced
    tal como uma semente brota da terra
    quando chega a chuva na primavera.
  • Not Synced
    Os nossos sentimentos também são dessa natureza.
  • Not Synced
    Eles têm condições.
  • Not Synced
    Quando nos identificamos com esses sentimentos
  • Not Synced
    e dizemos que esses sentimentos sou eu,
    é aí que ficamos presos.
  • Not Synced
    Na última aula,
    falámos sobre upādāna,
  • Not Synced
    a aderência, a tendência
    de nos agarrarmos ao nosso corpo,
  • Not Synced
    aos nossos sentimentos,
    às nossas ideias e noções.
  • Not Synced
    [upādāna]
  • Not Synced
    [upādi]
  • Not Synced
    "Upadi" significa agarrar-se a algo.
  • Not Synced
    É também uma palavra
    usada para descrever "combustível".
  • Not Synced
    Se pensarmos num fogo
  • Not Synced
    a arder...
  • Not Synced
    Talvez eu possa usar um pouco de vermelho.
  • Not Synced
    Quando olhamos para o combustível,
  • Not Synced
    podemos ver que o fogo
    se agarra ao combustível.
  • Not Synced
    Esse é o significado de upādāna.
  • Not Synced
    A chama
  • Not Synced
    depende do combustível.
  • Not Synced
    Ela adere, parece que...
  • Not Synced
    Com base nessa compreensão,
    só de olhar para o fogo,
  • Not Synced
    temos essa perceção
    de upādāna como apego.
  • Not Synced
    É como o fogo das nossas aflições
  • Not Synced
    a agarrar-se ao nosso corpo, aos nossos sentimentos.
  • Not Synced
    E podemos ver os skandhas
    como o combustível.
  • Not Synced
    É por isso que upādāna
    também tem esse significado de combustível.
  • Not Synced
    Nos textos antigos do Budismo,
  • Not Synced
    quando o Buda falava sobre os cinco skandhas,
  • Not Synced
    como aprendemos na última aula,
  • Not Synced
    ele usava frequentemente a expressão
    "upādāna skandha".
  • Not Synced
    Isso significa que não se trata apenas dos skandhas,
  • Not Synced
    estes agregados de forma corporal,
    sentimentos, perceções,
  • Not Synced
    formações mentais e consciência.
  • Not Synced
    Mas sim da chama,
    da aderência das aflições
  • Not Synced
    que surgem quando há apego,
  • Not Synced
    apego ao nosso corpo,
    apego aos nossos sentimentos,
  • Not Synced
    apego às nossas perceções,
    às nossas formações mentais, à nossa consciência.
  • Not Synced
    O termo "nirvana" significa "extinção".
    Significa que o fogo se apaga,
  • Not Synced
    que já não há combustível.
  • Not Synced
    [nirvāṇa]
  • Not Synced
    Nirvana é "extinção".
  • Not Synced
    Podemos pensar nisso
    como a extinção do fogo.
  • Not Synced
    Encontramos um caminho para isso
    removendo o combustível.
  • Not Synced
    Removemos o combustível,
  • Not Synced
    e então o fogo já não tem
    condições suficientes para se manifestar.
  • Not Synced
    Já não tratamos o nosso corpo
  • Not Synced
    como uma fonte de combustível para as nossas aflições,
  • Not Synced
    mas sim removemos a aderência,
  • Not Synced
    a energia de agarramento,
  • Not Synced
    upādāna-skandha.
  • Not Synced
    [skandhā]
  • Not Synced
    A nossa prática é aprender a parar de nos agarrarmos
  • Not Synced
    aos nossos pensamentos, às nossas perceções.
  • Not Synced
    Agarramo-nos aos nossos sentimentos.
    Quando temos um sentimento agradável,
  • Not Synced
    ele está associado a uma perceção.
  • Not Synced
    E tentamos encontrar uma forma
  • Not Synced
    de criar, de manifestar
    essa perceção novamente,
  • Not Synced
    para que possamos sentir
    esse prazer outra vez.
  • Not Synced
    Podemos ter uma lembrança muito agradável
  • Not Synced
    de um tempo em que estávamos com a nossa família,
  • Not Synced
    com a nossa mãe e o nosso pai,
    e tudo parecia maravilhoso.
  • Not Synced
    No nosso coração, guardamos
    a memória desse momento.
  • Not Synced
    Tudo parecia perfeito no mundo.
  • Not Synced
    Mas depois, ainda assim, vem o sofrimento.
    É impermanente.
  • Not Synced
    Os nossos pais podem envelhecer e morrer,
  • Not Synced
    ou divorciar-se, e há amargura.
  • Not Synced
    Se estávamos casados,
    se estávamos numa relação,
  • Not Synced
    e esse casamento acaba,
    podemos sofrer por isso.
  • Not Synced
    Quando o nosso filho ou a nossa filha cresce,
  • Not Synced
    e vivem de uma forma
    que lhes traz muito sofrimento,
  • Not Synced
    nós sofremos porque eles sofrem.
  • Not Synced
    Mas agarramo-nos àquela memória
    de felicidade, quando tudo parecia perfeito,
  • Not Synced
    e tentamos recriá-la.
  • Not Synced
    Então tentamos reunir a família
    nos feriados,
  • Not Synced
    mas quando se juntam, discutem
    e queixam-se.
  • Not Synced
    Não é a memória maravilhosa
    que imaginámos.
  • Not Synced
    Estamos presos à nossa perceção.
  • Not Synced
    E pensamos: "Se eu recriar
    essas condições, serei feliz."
  • Not Synced
    É por isso que Thay, o nosso professor,
    dizia muitas vezes
  • Not Synced
    que o nosso maior obstáculo
    para a felicidade
    é a nossa ideia de felicidade.
  • Not Synced
    Precisamos de ser capazes
    de largar a nossa ideia de felicidade
  • Not Synced
    para podermos tocar a felicidade,
    tocar o nirvana.
  • Not Synced
    Isso significa que a prática de largar
    é o caminho para nos libertarmos,
  • Not Synced
    para nos desapegarmos.
  • Not Synced
    Se olharmos para uma representação
    do corpo humano
  • Not Synced
    com base no número de neurónios motores
    associados às partes do nosso corpo,
  • Not Synced
    então pareceremos muito engraçados.
  • Not Synced
    Aqui está a tradução para português de Portugal:
  • Not Synced
    ---
  • Not Synced
    As nossas mãos parecem enormes,
  • Not Synced
    porque o número de neurónios motores
    no nosso cérebro
  • Not Synced
    associados ao movimento das nossas mãos
  • Not Synced
    é muito maior do que aqueles associados,
    por exemplo, ao movimento do nosso cotovelo,
  • Not Synced
    ou ao movimento da nossa...
    não sei,
  • Not Synced
    da nossa perna, ou talvez da nossa anca.
  • Not Synced
    Porque temos mãos muito articuladas.
  • Not Synced
    Estas mãos maravilhosas.
  • Not Synced
    Aprendemos, desenvolvemos -
  • Not Synced
    Muitas das nossas habilidades como seres humanos
  • Not Synced
    vêm da nossa capacidade de manipular
    os nossos dedos e as nossas mãos.
  • Not Synced
    Sabemos, pelo estudo da neurociência
    de pessoas que perderam um membro,
  • Not Synced
    que muitas vezes sofrem imenso,
    não apenas porque perderam o membro,
  • Not Synced
    mas porque o membro, na verdade,
    está fortemente cerrado.
  • Not Synced
    Este é um fenómeno que acontece
    a muitas pessoas que perdem um membro.
  • Not Synced
    Elas não conseguem libertá-lo.
  • Not Synced
    Muitas delas não conseguem
    relaxar esse punho cerrado.
  • Not Synced
    O membro já não está lá,
  • Not Synced
    mas, na sua mente, os neurónios motores
    associados àquela mão
  • Not Synced
    estão como que...
  • Not Synced
    muito tensos, muito cerrados.
  • Not Synced
    Durante muitos dias,
    e algumas delas durante anos,
  • Not Synced
    não conseguem libertar-se
    e relaxar esse membro.
  • Not Synced
    Então, um professor,
    não me lembro do nome agora.
  • Not Synced
    Quase me lembro, mas provavelmente
    vou errar, por isso não vou dizer.
  • Not Synced
    Ele está aqui, em San Diego.
  • Not Synced
    Há uma técnica brilhante e simples
    que ele desenvolveu,
  • Not Synced
    na qual coloca um espelho
    de forma a que o outro membro intacto da pessoa
  • Not Synced
    pareça estar no lugar
    onde o membro ausente deveria estar.
  • Not Synced
    E ao olhar para o espelho
    e ver a imagem refletida do seu outro braço,
  • Not Synced
    a pessoa finalmente consegue relaxar.
  • Not Synced
    Isto chama-se síndrome do membro fantasma.
  • Not Synced
    A pessoa consegue relaxar
    esse membro fantasma que já não existe.
  • Not Synced
    Conto essa história apenas para ilustrar
  • Not Synced
    que dentro de nós há um tipo de mão,
    e ela está sempre a agarrar-se.
  • Not Synced
    Como aprendemos na semana passada,
  • Not Synced
    os cinco skandhas
  • Not Synced
    são como fatias de uma tangerina.
  • Not Synced
    Temos a fatia do nosso corpo,
    a fatia dos nossos sentimentos,
  • Not Synced
    a fatia das nossas perceções,
    das formações mentais e da consciência.
  • Not Synced
    Portanto, corpo, sentimentos, perceções,
    formações mentais e consciência.
  • Not Synced
    Estamos a exercitar essa mão interna
  • Not Synced
    que se agarra ao nosso corpo,
    se agarra aos nossos sentimentos.
  • Not Synced
    Temos um sentimento agradável,
    queremos mais dele.
  • Not Synced
    E, como aprendemos,
    estes elementos alimentam-se uns aos outros.
  • Not Synced
    Só pensar naquele momento
    de felicidade com a nossa família
  • Not Synced
    traz-nos sentimentos agradáveis.
  • Not Synced
    E então queremos
  • Not Synced
    desenvolver a intenção mental
    de fazer isso acontecer,
  • Not Synced
    de reunir a nossa família novamente,
  • Not Synced
    de recriar as condições de felicidade
    que existiam no passado.
  • Not Synced
    Mas, como muitas condições
    podem ter mudado,
  • Not Synced
    acabamos por ter a perceção
    de que não somos apreciados,
  • Not Synced
    de que a nossa família -
  • Not Synced
    Esforçamo-nos tanto,
    trazemo-los juntos,
  • Not Synced
    e ainda assim reclamam uns dos outros
  • Not Synced
    e fazem piadas desagradáveis uns sobre os outros.
  • Not Synced
    E sofremos imenso,
  • Not Synced
    porque tudo o que queríamos
    era aquele sentimento de felicidade.
  • Not Synced
    Estávamos a agarrar-nos a ele.
  • Not Synced
    Então fazemos de tudo,
    nas nossas formações mentais,
  • Not Synced
    para tentar criar
    as condições para a felicidade.
  • Not Synced
    Mas se conseguirmos largar,
    esta é a visão do Buda,
  • Not Synced
    praticamos o ato de libertação
  • Not Synced
    dessa mão fantasma dentro de nós,
  • Not Synced
    desse punho fantasma
    ou mão que se agarra ao nosso corpo,
  • Not Synced
    aos nossos sentimentos, às nossas perceções,
    através do treino da nossa mente.
  • Not Synced
    Inspirando, sei que estou a inspirar.
  • Not Synced
    Deixo ir o futuro, o passado.
  • Not Synced
    Expirando, sei que estou a expirar.
  • Not Synced
    É apenas a atenção plena na respiração.
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    A respiração é
    um objeto maravilhoso de meditação,
  • Not Synced
    porque, por mais que tentemos
    agarrar-nos a ela,
  • Not Synced
    não a conseguimos reter.
  • Not Synced
    É muito difícil prender a respiração.
  • Not Synced
    Por isso, o Buda propôs
    a meditação na respiração
  • Not Synced
    como uma forma de nos treinarmos
    na prática do desapego.
  • Not Synced
    Muitos de nós, quando começamos
    a direcionar a nossa atenção para a respiração,
  • Not Synced
    ficamos presos
    a tentar controlá-la.
  • Not Synced
    E ficamos presos
    nos músculos à volta dos pulmões
    e do diafragma,
  • Not Synced
    porque fomos tão condicionados
    a tentar controlar
  • Not Synced
    tudo aquilo em que colocamos a nossa atenção.
  • Not Synced
    Olhamos para o ecrã, temos o rato, certo?
    Controlamos o rato.
  • Not Synced
    Vamos aqui, abrimos isto, abrimos aquilo, certo?
  • Not Synced
    Esse é o tipo de condicionamento.
    Vemos algo, queremos mudar o que vemos.
  • Not Synced
    O Budismo ensina-nos a observar
    o que está a acontecer dentro de nós e à nossa volta
  • Not Synced
    através dos nossos olhos, ouvidos, nariz,
    língua, corpo, mente, e a largar.
  • Not Synced
    Largar a necessidade de controlar,
    de manipular
  • Not Synced
    através dos nossos seis sentidos
  • Not Synced
    o nosso corpo, os nossos sentimentos,
    as nossas perceções, e assim por diante.
  • Not Synced
    E então sentimos liberdade.
  • Not Synced
    E temos muito menos medo,
    porque vemos que este corpo
    é apenas uma manifestação
  • Not Synced
    e está sujeito à morte.
  • Not Synced
    Está sujeito ao nascimento e à morte.
    É um fenómeno condicionado.
  • Not Synced
    Um conjunto condicionado
    de milhões e milhões de fenómenos
  • Not Synced
    que são as células do nosso corpo
    a metabolizar açúcares, a gerar energia,
  • Not Synced
    a absorver o oxigénio da nossa respiração
  • Not Synced
    e a usá-lo numa reação catalítica
    para produzir energia nas nossas células,
  • Not Synced
    para que possamos mover os nossos músculos,
    digerir os alimentos que comemos,
  • Not Synced
    continuar a respirar,
    alimentar o nosso cérebro,
  • Not Synced
    todas essas conexões neurais
    que disparam impulsos elétricos
    de baixa voltagem.
  • Not Synced
    Tudo isso está a acontecer,
    esta é uma manifestação maravilhosa.
  • Not Synced
    E a maravilha é que tudo isso acontece
    muito bem sem a nossa intervenção.
  • Not Synced
    Sem um "eu" ou "mim"
    a fazer com que aconteça.
  • Not Synced
    Se largarmos
    as nossas ideias sobre nós mesmos,
  • Not Synced
    continuamos a respirar,
    continuamos a sorrir, continuamos -
  • Not Synced
    E, geralmente, sentimo-nos muito mais felizes.
  • Not Synced
    Lembro-me de um monge, Ajahn Sumedho.
  • Not Synced
    Ele costumava dizer:
    "Quando penso em mim, sinto-me deprimido."
  • Not Synced
    Ele não dizia isso no sentido de
    "Porque sou uma pessoa horrível",
  • Not Synced
    mas no sentido literal de que,
    quando pensa num "eu",
  • Not Synced
    quando tem uma ideia de "eu",
    fica preso.
  • Not Synced
    Aqui está a tradução para português de Portugal:
  • Not Synced
    ---
  • Not Synced
    Acho que sou assim,
    e não sou assado.
  • Not Synced
    Ideias como "eu sou" e "eu não sou",
    enquanto estamos a aprender,
  • Not Synced
    vão sempre levar ao sofrimento.
  • Not Synced
    E são sempre ilusórias.
  • Not Synced
    Deixar ir o nosso apego
    é sobre remover a ilusão.
  • Not Synced
    Arrancar pela raiz a nossa tendência
    para fantasiar,
  • Not Synced
    para especular sobre a realidade.
  • Not Synced
    Na semana passada, aprendemos o terceiro princípio,
  • Not Synced
    que é que o nirvana é a cessação
    da ilusão e das aflições.
  • Not Synced
    [avidyā]
  • Not Synced
    Em sânscrito, "avidya".
  • Not Synced
    Não quero usar muitos termos em sânscrito,
    mas alguns são muito importantes.
  • Not Synced
    Avidya.
  • Not Synced
    "Vid" significa "conhecer as coisas como elas são",
  • Not Synced
    saber ou experimentar;
    e "a" é uma negação.
  • Not Synced
    Então, avidya é ignorância ou ilusão.
  • Not Synced
    [ilusão]
  • Not Synced
    Por causa desta aderência,
  • Not Synced
    agarrando-se ao nosso corpo,
    agarrando-se aos nossos sentimentos,
  • Not Synced
    agarrando-se às nossas emoções
    impermanentes e passageiras,
  • Not Synced
    essa é a natureza da ilusão,
    que dá origem às aflições, kleśa.
  • Not Synced
    [kleśa]
  • Not Synced
    Que também aprendemos na semana passada.
  • Not Synced
    [aflições]
  • Not Synced
    No Budismo, não nos focamos tanto no pecado,
    falamos mais sobre aflições.
  • Not Synced
    Falamos sobre emoções desagradáveis como
    a raiva, a irritação, o ciúme, o medo,
  • Not Synced
    porque essas aflições tornam
    o nosso momento presente muito desagradável.
  • Not Synced
    Alguém que está num momento de raiva
    está a sofrer muito.
  • Not Synced
    Isso não significa que a raiva seja
    algo mau, ou que seja um pecado.
  • Not Synced
    Mas é uma aflição,
    é algo que se sente desagradável.
  • Not Synced
    Quando estamos zangados,
    queremos fazer tudo o que podemos
  • Not Synced
    para provocar a cessação dessa raiva.
  • Not Synced
    Por isso, precisamos de aprender
    e compreender a raiva.
  • Not Synced
    É por isso que não a queremos tratar
    como algo mau.
  • Not Synced
    No Budismo, a raiva não é maligna,
    é uma aflição.
  • Not Synced
    Precisamos de aprender a compreendê-la,
    compreender as suas raízes.
  • Not Synced
    Tal como removemos
    o combustível de um fogo,
  • Not Synced
    aprendemos como remover as condições
    que alimentam as chamas da nossa raiva
  • Not Synced
    para que ela se extinga.
  • Not Synced
    Não a reprimimos, não tentamos
    abafar o fogo, isso não é nirvana.
  • Not Synced
    Nirvana é encontrar uma maneira hábil
    de remover as condições,
  • Not Synced
    de remover o combustível
  • Not Synced
    para que as chamas já não consigam aderir
    ao combustível, nem continuar a queimá-lo.
  • Not Synced
    Removemos o elemento upadana.
    Não removemos os skandhas.
  • Not Synced
    Este é um grande equívoco
  • Not Synced
    que Thay está a tentar ajudar-nos a corrigir.
  • Not Synced
    Em algumas interpretações do Budismo,
    começou-se a dizer que
  • Not Synced
    existia algo chamado
    "nirvana sem resíduo".
  • Not Synced
    Significa que haveria um nirvana
    com a cessação dos skandhas,
  • Not Synced
    a cessação do corpo, dos sentimentos
    e das perceções.
  • Not Synced
    Depois da morte do Buda, disseram
    que ele entrou em nirvana sem resíduo.
  • Not Synced
    Que já não existiam os cinco skandhas.
  • Not Synced
    E assim, mais tarde, os estudiosos budistas
  • Not Synced
    fizeram uma distinção entre
    nirvana com resíduo e nirvana sem resíduo.
  • Not Synced
    Isto torna a nossa vida muito confusa
  • Not Synced
    e traz todo o tipo de equívocos.
  • Not Synced
    Hoje, o quarto princípio.
  • Not Synced
    Ups! Perdi-me um pouco.
  • Not Synced
    Ok.
  • Not Synced
    Nirvana é nirvana.
  • Not Synced
    É muito simples.
  • Not Synced
    [4 Nirvāṇa é nirvāṇa]
  • Not Synced
    Não precisa de ser nirvana
    com resíduo ou sem resíduo.
  • Not Synced
    [Não precisa de ser nirvana
    com resíduo ou sem resíduo.]
  • Not Synced
    Esta perspetiva causou
    muitos equívocos.
  • Not Synced
    Esta perspetiva do nirvana com resíduo
    e do nirvana sem resíduo.
  • Not Synced
    Após a morte do Buda...
  • Not Synced
    Sabemos que, no tempo do Buda,
    ele falou muitas vezes sobre o nirvana,
  • Not Synced
    sobre a natureza do nirvana
    como o não condicionado, o não criado.
  • Not Synced
    E isso não era algo
    que o Buda adquiriu,
  • Not Synced
    mas algo que ele foi capaz de tocar
    ao libertar-se do apego ao seu corpo,
  • Not Synced
    aos seus sentimentos, perceções,
    e assim por diante.
  • Not Synced
    Ao não os ver como "eu", "meu" ou "meus".
  • Not Synced
    Quando o Buda faleceu,
  • Not Synced
    as pessoas começaram a dizer:
    "Agora o Buda está completamente nirvanizado."
  • Not Synced
    Parinirvanizado.
  • Not Synced
    E começaram a pensar
    que havia alguma diferença
  • Not Synced
    entre o nirvana do Buda após a sua morte
    e o nirvana que ele tocou
    enquanto estava vivo.
  • Not Synced
    A principal diferença é que
  • Not Synced
    o nirvana que ele tocou
    enquanto estava vivo
  • Not Synced
    era o nirvana com o resíduo
    dos cinco skandhas,
  • Not Synced
    o corpo, os sentimentos, as perceções,
    e assim por diante, que continuaram a manifestar-se,
  • Not Synced
    embora o Buda já não estivesse
    apegado ao seu corpo,
  • Not Synced
    aos seus sentimentos, e assim por diante.
  • Not Synced
    Portanto, não há upadana-skandha,
    mas apenas os skandhas,
  • Not Synced
    assim como o olho, o ouvido, o nariz,
    a língua, o corpo e a mente,
  • Not Synced
    que observam as formas,
    os sons, os sabores, os cheiros,
  • Not Synced
    os toques e os objetos da mente.
  • Not Synced
    Aqui está a continuação da tradução para português de Portugal:
  • Not Synced
    ---
  • Not Synced
    Mas tudo isso ocorre
    sem qualquer apego, sem qualquer aderência.
  • Not Synced
    A compreensão que aprendemos
    no terceiro princípio, na semana passada,
  • Not Synced
    foi que o nirvana é a extinção,
  • Not Synced
    é a ausência de ilusão
    e das aflições.
  • Not Synced
    Não é a ausência
    dos cinco skandhas,
  • Not Synced
    nem dos sentidos,
    dos objetos dos sentidos,
    nem das consciências sensoriais,
  • Not Synced
    dos 18 reinos, 18 dhatu.
  • Not Synced
    Este princípio decorre desse.
  • Not Synced
    Nirvana é nirvana.
    Não precisa de ser nirvana
    com resíduo ou sem resíduo.
  • Not Synced
    Na época do Mestre Xuanzang...
  • Not Synced
    O Mestre Xuanzang viveu no século VII
    e viajou da China.
  • Not Synced
    Ele estava determinado
    a trazer de volta ensinamentos, sutras,
  • Not Synced
    que percebia estarem em falta na China.
  • Not Synced
    Assim, embarcou numa viagem muito aventureira.
    Mais de 10 anos, quase 20 anos.
  • Not Synced
    Manteve notas muito detalhadas
    dos locais por onde passou.
  • Not Synced
    Viajou pelo Norte do Tibete,
  • Not Synced
    atravessou o deserto de Taklamakan,
    como é chamado hoje em dia,
  • Not Synced
    e depois seguiu para sul,
    pelos Portões de Ferro, como creio que se chamam,
  • Not Synced
    até ao Hindu Kush,
  • Not Synced
    descendo pelo vale do rio Indo
    e depois até ao Ganges.
  • Not Synced
    Pelo caminho, observou muitos mosteiros
    que floresciam naquela época.
  • Not Synced
    Temos muitos registos detalhados
    sobre a Índia dessa altura
    graças aos seus escritos.
  • Not Synced
    Quando regressou à China...
  • Not Synced
    Eventualmente, ele chegou a Nalanda,
    que fica perto de Rajagriha,
  • Not Synced
    perto do Pico dos Abutres.
  • Not Synced
    Lembrem-se de que estamos a estudar
    "Plum Village Olhando para o Pico dos Abutres".
  • Not Synced
    Esse é o título deste livro de Thay.
  • Not Synced
    O Mestre Xuanzang estudou
    com um grande mestre lá em Nalanda
  • Not Synced
    e aprendeu sânscrito.
    Depois, conseguiu regressar à China.
  • Not Synced
    Naquela altura, havia muito apoio
    para o Budismo na China,
  • Not Synced
    por isso foi-lhe dada uma equipa inteira
    de jovens monges e outros estudiosos
  • Not Synced
    para o ajudarem a traduzir textos do sânscrito
    e a resumir muitos textos.
  • Not Synced
    Porque não havia muitas pessoas na China
    que soubessem ler sânscrito naquela época.
  • Not Synced
    Passou grande parte do resto da sua vida
    a escrever ou a traduzir
  • Not Synced
    muitos dos ensinamentos importantes
    da escola Somente Manifestação.
  • Not Synced
    Na época de Xuanzang,
  • Not Synced
    já se falava de quatro tipos de nirvana.
  • Not Synced
    Um era o nirvana puro por natureza.
  • Not Synced
    [1 nirvāṇa puro por natureza]
  • Not Synced
    Havia o nirvana com resíduo.
  • Not Synced
    [2 nirvāṇa com resíduo]
  • Not Synced
    O nirvana sem resíduo.
  • Not Synced
    [3 nirvāṇa sem resíduo]
  • Not Synced
    E o nirvana sem morada.
  • Not Synced
    [4 nirvāṇa sem morada]
  • Not Synced
    Vemos o grande perigo
    quando começamos a especular sobre o nirvana.
  • Not Synced
    Até a própria palavra nirvana
    é condicionada.
  • Not Synced
    Por isso, temos de ter muito cuidado.
  • Not Synced
    Com o tempo, começamos a tratar nirvana
    como um fenómeno condicionado.
  • Not Synced
    Mas a própria natureza do nirvana
    é incondicionada.
  • Not Synced
    Não há qualidade alguma
    que possa aderir ao nirvana.
  • Not Synced
    Não podemos dizer que é azul ou laranja.
  • Not Synced
    Nem sequer podemos dizer que tem algo a ver
  • Not Synced
    com a palavra "nirvana"
    escrita no quadro ou que estou a dizer em voz alta.
  • Not Synced
    Está realmente para além de qualquer forma.
  • Not Synced
    "Nirvana" é apenas uma palavra,
    é apenas um sinal,
  • Not Synced
    e não queremos confundi-lo
    com a verdadeira natureza do nirvana.
  • Not Synced
    A visão de Plum Village
    é que não precisamos de nada disto.
  • Not Synced
    Isto é apenas um desperdício
    da nossa energia mental,
  • Not Synced
    a tentar falar sobre nirvana com resíduo,
    sem resíduo ou sem morada.
  • Not Synced
    Nirvana é nirvana.
  • Not Synced
    Já é puro.
  • Not Synced
    Nem sequer podemos falar dele como "puro",
  • Not Synced
    porque para algo ser puro,
    criamos o impuro, certo?
  • Not Synced
    Esta é a visão de Plum Village.
    Nirvana é nirvana.
  • Not Synced
    Não precisa de ser com ou sem resíduo.
  • Not Synced
    Podemos simplesmente ouvir o sino.
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    Thay quer que aprendamos isto
    para que não fiquemos presos.
  • Not Synced
    Porque na nossa prática
    podemos facilmente ficar presos.
  • Not Synced
    Ele disse que há muitos ganchos
    nos ensinamentos
  • Not Synced
    por causa dos nossos apegos
    e dos apegos dos nossos antepassados.
  • Not Synced
    Às vezes, sentimo-nos felizes
    no nosso conhecimento das coisas
  • Not Synced
    e não queremos ir
    para além do nosso mero conhecimento.
  • Not Synced
    Na última vez, falei
    sobre dois tipos de obstáculos
  • Not Synced
    que nos impedem de tocar o nirvana.
  • Not Synced
    O obstáculo das nossas aflições, kleśa,
  • Not Synced
    [kleśâvaraṇa]
  • Not Synced
    e o obstáculo do nosso conhecimento.
  • Not Synced
    [jñeyâvaraṇa]
  • Not Synced
    Aprendemos que kleśa são as aflições,
    e jñeya é o conhecimento.
  • Not Synced
    No nosso dia a dia no mosteiro,
  • Not Synced
    praticamos a meditação caminhando,
    a meditação ao comer,
  • Not Synced
    voltando ao momento presente,
  • Not Synced
    tomando consciência da nossa comida,
    de onde veio,
  • Not Synced
    apreciando as maravilhas da vida
    que estão aqui e agora.
  • Not Synced
    E isso serve para nos ajudar
    a reduzir as nossas aflições,
  • Not Synced
    a ver que, neste momento presente,
  • Not Synced
    já temos condições suficientes
    para sermos felizes.
  • Not Synced
    Se conseguirmos olhar profundamente
  • Not Synced
    e reconhecer todas as condições
    de felicidade que já estão presentes,
  • Not Synced
    quando ficamos presos
    a um sentimento ou a uma perceção,
  • Not Synced
    quando temos essa perceção, sentimo-nos felizes.
  • Not Synced
    Quando não a temos, sentimos tristeza
    e, assim, sofremos.
  • Not Synced
    Portanto, ao vivermos juntos, caminharmos juntos,
    praticarmos juntos,
  • Not Synced
    e, especialmente, ao aprendermos
    a viver juntos em harmonia,
  • Not Synced
    significa aprender a largar as nossas ideias
    numa reunião, numa discussão.
  • Not Synced
    Eu quero fazer assim, tu queres fazer
    de outra maneira, e ninguém quer ceder.
  • Not Synced
    Na verdade, nem mesmo essas perceções
    podemos segurar,
  • Not Synced
    mas somos muito bons
    a fazer-nos zangar
  • Not Synced
    e a lutar pela nossa posição,
    pela nossa ideia, pelo nosso ponto de vista.
  • Not Synced
    Dessa forma, estas coisas estão ligadas.
  • Not Synced
    O nosso conhecimento, a nossa ideia,
    também são um obstáculo.
  • Not Synced
    E o que estamos a aprender nos 40 princípios
    é como remover esse obstáculo, principalmente.
  • Not Synced
    Como compreender a raiz
    das nossas aflições no nosso apego
  • Not Synced
    à forma como queremos
    que as coisas sejam
  • Not Synced
    ou não queremos que sejam.
  • Not Synced
    Isto é muito interessante.
  • Not Synced
    Olhamos para o mundo e começamos
    a estabelecer relações entre as coisas
  • Not Synced
    desde que somos muito pequenos.
  • Not Synced
    Piaget, quando estudava—
  • Not Synced
    Ele foi um mestre da Psicologia Infantil.
  • Not Synced
    Quando observava os seus filhos
    a crescer,
  • Not Synced
    notou que, a uma certa idade,
  • Not Synced
    por exemplo, se eu tiver esta caneta
  • Not Synced
    e a mostrar a uma criança
    muito pequena, talvez de um ano,
  • Not Synced
    e depois a esconder atrás das minhas costas,
    a criança olha com admiração.
  • Not Synced
    Não faz ideia de onde a caneta foi parar.
  • Not Synced
    Para ela, desapareceu,
    porque já não está no seu campo de visão.
  • Not Synced
    Algo que estava na sua visão
    agora desapareceu.
  • Not Synced
    Mas ainda não consegue estabelecer
    onde poderá ter ido.
  • Not Synced
    Se não está à vista, já não existe.
  • Not Synced
    É muito simples.
    Quando algo é visível, existe.
  • Not Synced
    Quando já não é visível,
    deixa de existir.
  • Not Synced
    Depois, a uma certa idade,
    ela começa a reconhecer:
  • Not Synced
    Ah! A ausência da caneta significa—
  • Not Synced
    Isto é o princípio da conservação da matéria, certo?
  • Not Synced
    A matéria não passou do algo para o nada
    apenas porque deixou de ser visível,
  • Not Synced
    mas tem de haver alguma forma
    de conservação da matéria.
  • Not Synced
    E então começam a perguntar-se:
    'Onde foi a caneta?'
  • Not Synced
    E prestam atenção:
    'Ah! Vi que ele a pôs atrás das costas
    e agora já não está lá.'
  • Not Synced
    Agora sabem que, se forem atrás,
    irão encontrá-la e dirão:
    'Encontrei a caneta!'
  • Not Synced
    Sabem que está lá porque sabem
    que as coisas não desaparecem sem razão.
  • Not Synced
    Mas acontece que muitos de nós
    continuamos a ter
  • Not Synced
    essa mesma compreensão conceptual
    de causa e efeito
  • Not Synced
    e impomos ao mundo
    a nossa ideia de como as coisas deveriam ser.
  • Not Synced
    Isto acontece, portanto, aquilo deve acontecer.
  • Not Synced
    Estudei muito, então deveria ter uma boa nota.
  • Not Synced
    Trabalhei muito nos exames do secundário,
    fiz muitas disciplinas opcionais,
  • Not Synced
    portanto, deveria entrar
    numa boa universidade.
  • Not Synced
    Paguei muito dinheiro, tirei o meu curso,
    então deveria arranjar um bom emprego.
  • Not Synced
    Estes são apenas alguns exemplos,
    mas há muitos mais—
  • Not Synced
    relacionados com a cor da pele,
    com a forma como as pessoas falam,
  • Not Synced
    com a maneira como comemos, com tudo.
  • Not Synced
    Temos todo o tipo de ideias
    sobre como as coisas devem ser
  • Not Synced
    para produzir um bom efeito,
    um efeito feliz, que desejamos.
  • Not Synced
    E sobre as coisas que devem ser evitadas,
    as coisas que não devem ser feitas assim.
  • Not Synced
    Esse pensamento de certo e errado
  • Not Synced
    é, na verdade, como um véu
  • Not Synced
    que obscurece a nossa visão
    de como as coisas realmente são.
  • Not Synced
    Vivemos num mundo ilusório
    de como as coisas deveriam ser,
  • Not Synced
    e perdemos a oportunidade
    de ver as coisas como realmente são.
  • Not Synced
    Quando nos deparamos
    com essa dissonância cognitiva
  • Not Synced
    entre o nosso sistema de crenças—
  • Not Synced
    como as coisas deveriam ser—
    e a forma como as coisas realmente são,
    sofremos imensamente.
  • Not Synced
    Portanto, o Budismo consiste
    em largar as nossas ideias
  • Not Synced
    sobre como as coisas deveriam ser,
  • Not Synced
    e, em vez disso, olhar para o mundo
    tal como ele é, em cada momento.
  • Not Synced
    Essa é a prática de tocar a talidade,
    da concentração na talidade.
  • Not Synced
    A tathata, a talidade.
  • Not Synced
    [talidade]
  • Not Synced
    [tathātā]
  • Not Synced
    Tatha significa "assim", "tal".
  • Not Synced
    Não significa nada além de "é assim".
  • Not Synced
    E ta, no final, transforma a palavra num substantivo.
  • Not Synced
    Assim, tathata significa
    "a isenção das coisas",
  • Not Synced
    o assim-mesmo, a talidade das coisas, tathata.
  • Not Synced
    Esta aula é divertida,
  • Not Synced
    porque podemos usar estes termos.
  • Not Synced
    É muito útil, acho eu.
  • Not Synced
    Não há assim tantos termos
    que precisemos de aprender,
  • Not Synced
    mas aprender alguns deles
    ajuda bastante.
  • Not Synced
    É uma tradição de 2600 anos,
  • Not Synced
    e ainda estão a estudar
  • Not Synced
    os mesmos ensinamentos habilidosos do Buda.
  • Not Synced
    É muito bonito voltar à linguagem antiga,
  • Not Synced
    porque é muito simples, na verdade,
    não é muito complicada.
  • Not Synced
    Claro que, ao longo dos anos,
    as coisas tornam-se muito complicadas.
  • Not Synced
    Então, Thay tenta ajudar-nos
    a limpar todas essas complicações
  • Not Synced
    para que possamos ver claramente
  • Not Synced
    e focarmo-nos mais na nossa prática
  • Not Synced
    em vez de apenas nos perdermos
  • Not Synced
    numa montanha de papéis e estudos académicos,
  • Not Synced
    tentando apenas encontrar a essência.
  • Not Synced
    Os 40 princípios estão lá
    para nos ajudar a fazer isso,
  • Not Synced
    para que não fiquemos presos
    nos ganchos que existem, nos mal-entendidos.
  • Not Synced
    Tathata é sempre voltar
    às coisas como elas são,
  • Not Synced
    à talidade das coisas.
  • Not Synced
    Não ficar preso a ideias rígidas
    ou dogmáticas sobre como o mundo é.
  • Not Synced
    Falamos sobre a impermanência,
    falamos dela em termos de uma concentração,
  • Not Synced
    não em termos de estabelecer uma verdade absoluta:
    "é assim que as coisas são".
  • Not Synced
    A impermanência é uma prática.
  • Not Synced
    Significa que, com plena consciência,
    nos tornamos conscientes do objeto da nossa atenção
  • Not Synced
    e vemos que ele tem uma natureza de mudança.
  • Not Synced
    Está constantemente a nascer
    e constantemente a morrer.
  • Not Synced
    Quando vemos isso, percebemos que
    essa é a natureza das coisas condicionadas.
  • Not Synced
    Mas a afirmação de que
    "todas as coisas condicionadas são impermanentes"
  • Not Synced
    pode ser uma armadilha
    se nos apegarmos a ela como um dogma.
  • Not Synced
    Alguém pode chegar até nós e dizer:
    "Não, existe uma alma permanente.
    Vamos viver para sempre, eternamente."
  • Not Synced
    E nós respondemos:
    "Não, não é assim,
  • Not Synced
    porque o Buda disse que
    todas as coisas são impermanentes!"
  • Not Synced
    E ficamos muito zangados,
    e falhamos completamente,
    perdemos a nossa prática.
  • Not Synced
    Porque não é
    para declarar uma verdade absoluta
  • Not Synced
    que dizemos que o Buda afirmou
    que todas as coisas condicionadas são impermanentes,
  • Not Synced
    mas sim para nos libertarmos do nosso sofrimento.
  • Not Synced
    Porque nos apegamos às coisas,
    pensamos nelas como permanentes, e sofremos.
  • Not Synced
    Até mesmo o Dharma,
    precisamos de ser capazes de o largar,
  • Not Synced
    quanto mais o que não é Dharma.
    Essa é a lição da jangada.
  • Not Synced
    O Buda,
  • Not Synced
    no sutra
  • Not Synced
    sobre A Melhor Maneira de Agarrar uma Serpente,
  • Not Synced
    ou, por vezes, chamado
    Sutra do Treinador de Abutres,
  • Not Synced
    porque é o ensinamento que o Buda deu a um monge
    preso na sua ideia sobre os prazeres sensoriais.
  • Not Synced
    Ele estava dogmaticamente preso,
    tinha uma visão errada,
  • Not Synced
    acreditava que o Buda ensinou
    que os prazeres sensoriais
    não são um obstáculo à prática, à liberdade.
  • Not Synced
    E antes de se tornar monge,
    ele treinava abutres para caçar.
  • Not Synced
    Então o Buda ofereceu o ensinamento:
    "As minhas palavras são como uma jangada."
  • Not Synced
    [As minhas palavras são como uma jangada]
  • Not Synced
    O significado disto é que
    um homem chega a um rio
  • Not Synced
    e percebe que não pode atravessá-lo.
  • Not Synced
    Então junta algumas canas e ervas,
    e começa a tecer uma jangada
    com essas ervas e canas.
  • Not Synced
    Depois, usa essa jangada para atravessar o rio.
  • Not Synced
    E, depois de ter feito todo aquele esforço
    para construir a jangada,
  • Not Synced
    quando chega à outra margem do rio, ele pensa:
  • Not Synced
    "Uau! Há muitos outros rios
    que talvez precise de atravessar."
  • Not Synced
    E se eu pegasse nesta jangada
    e a carregasse comigo,
  • Not Synced
    para que, da próxima vez que encontrasse um rio,
    já tivesse a minha jangada
  • Not Synced
    e pudesse atravessar?'
  • Not Synced
    Então, talvez o homem tente pegar na jangada.
  • Not Synced
    Ela é muito pesada, ele começa a suar,
    e não consegue ir muito longe carregando-a.
  • Not Synced
    Então, o Buda perguntou:
    'Esse homem é muito inteligente?'
  • Not Synced
    E os monges responderam:
    'Não, ele não é muito inteligente.'
  • Not Synced
    Então o Buda disse:
    'Outro homem chega e faz o mesmo,
  • Not Synced
    mas, ao atravessar para a outra margem,
    ele deixa a jangada ali.
  • Not Synced
    Talvez outra pessoa possa usá-la
    para voltar para a outra margem.
  • Not Synced
    Mas ele não faz isso apenas
    porque é generoso,
  • Not Synced
    mas também porque é inteligente
  • Not Synced
    e sabe que, quando chegar ao próximo rio,
    usando as habilidades que aprendeu ao construir a jangada,
  • Not Synced
    será capaz de fazer outra jangada.
  • Not Synced
    E seria muito preocupante,
    muito cansativo para ele
  • Not Synced
    carregar aquela jangada até ao próximo rio.'
  • Not Synced
    Essa metáfora, essa história,
    foi usada pelo Buda
  • Not Synced
    para ilustrar como devemos tratar o Dharma.
  • Not Synced
    O Dharma é como uma jangada.
  • Not Synced
    Precisamos ser capazes,
    quando chegamos à outra margem,
  • Not Synced
    de largar a jangada, deixá-la para trás.
  • Not Synced
    Mesmo o Dharma,
    quando somos capazes de tocar o nirvana,
  • Not Synced
    não devemos nos apegar a ele,
  • Not Synced
    nem às palavras, nem às formulações,
  • Not Synced
    de maneira dogmática,
    como se fosse uma crença fixa.
  • Not Synced
    Porque todos os ensinamentos
    são apenas expedientes,
  • Not Synced
    estão apenas lá para nos ajudar
    a chegar à outra margem,
  • Not Synced
    mas não para nos agarrarmos a eles
  • Not Synced
    como se fossem dogmas ou crenças inquestionáveis.
  • Not Synced
    As minhas palavras são como uma jangada.
  • Not Synced
    É preciso largá-las.
  • Not Synced
    [É preciso largá-las.]
  • Not Synced
    É preciso largá-las,
    quanto mais então os ensinamentos errados.
  • Not Synced
    [Quanto mais então os ensinamentos errados.]
  • Not Synced
    Literalmente, ele disse:
    'Deixai ir o Dharma,
  • Not Synced
    quanto mais então o aDharma.'
  • Not Synced
    Significa o não-Dharma.
  • Not Synced
    O que é o Dharma errado?
  • Not Synced
    É acreditar que este corpo é permanente,
    que durará para sempre.
  • Not Synced
    É a crença de que temos sentimentos
    que durarão eternamente.
  • Not Synced
    Que, se nos entregarmos
    e nos inundarmos de prazeres sensoriais,
  • Not Synced
    isso nos levará à felicidade duradoura.
  • Not Synced
    Esse é um tipo de entendimento errado.
    Não é sustentado pela experiência.
  • Not Synced
    Mas podemos contar isso a nós mesmos.
  • Not Synced
    Precisamos observar a maneira como a publicidade,
  • Not Synced
    os sites que visitamos,
  • Not Synced
    estão constantemente a reforçar
    esse tipo de crença,
  • Not Synced
    que podemos dizer que é um ensinamento errado.
  • Not Synced
    Temos que largar o Dharma,
    ainda mais o não-Dharma.
  • Not Synced
    Talvez ao olhares para o teu feed no Twitter,
    ou até mesmo para um jornal,
  • Not Synced
    isso esteja a regar as sementes do prazer sensorial,
  • Not Synced
    a reforçar a ideia de que
    a felicidade está noutro lugar.
  • Not Synced
    Que, se fores alguém importante,
  • Not Synced
    alguém na capa de uma revista,
  • Not Synced
    alguém na capa do jornal,
  • Not Synced
    então terás uma felicidade infinita.
  • Not Synced
    Tudo será perfeito,
    porque serás uma estrela, certo?
  • Not Synced
    Acho que a maioria de nós
    imediatamente considera essa ideia absurda,
  • Not Synced
    mas, de alguma forma, mesmo achando a ideia absurda,
    ainda nos comportamos como se acreditássemos nela.
  • Not Synced
    Queremos saber
    o que essas pessoas estão a fazer,
  • Not Synced
    essas pessoas importantes nos jornais,
  • Not Synced
    essas pessoas importantes
    nas capas das revistas.
  • Not Synced
    E dizemos: "Bem, só queremos saber
  • Not Synced
    porque estamos a investigar
    a natureza do sofrimento humano."
  • Not Synced
    Mas podes fazer isso, basta encontrares-te a ti mesmo.
  • Not Synced
    Claro que podemos sempre aprender
    com as experiências de outras pessoas,
  • Not Synced
    mas cuidado, porque uma forma errada
    de compreender este ensinamento
  • Not Synced
    é que as pessoas deixam de estudar o Dharma.
  • Not Synced
    Dizem: "Não preciso do Dharma,
  • Not Synced
    o Buda disse que o Dharma
    é como uma jangada. Deixo-a para trás."
  • Not Synced
    Mas passam o resto do tempo
  • Not Synced
    apegados ao feed do Twitter,
  • Not Synced
    ou a ler jornais ou seja o que for,
  • Not Synced
    e a regar as sementes da raiva,
    do desejo, do ciúme e assim por diante.
  • Not Synced
    Precisamos de largar ambos.
    Não apenas o Dharma.
  • Not Synced
    Esse é o ensinamento
    sobre o Dharma como uma jangada.
  • Not Synced
    E ao fazê-lo, treinamo-nos a nós mesmos.
  • Not Synced
    Percebemos quando estamos presos numa ideia
  • Not Synced
    e conseguimos acalmar-nos
    e voltar à realidade,
  • Not Synced
    à observação direta das coisas
    sem a aderência,
  • Not Synced
    sem ficarmos presos à nossa perceção,
    presos às nossas formações mentais
  • Not Synced
    com as quais queremos impor
    a nossa ideia ao mundo.
  • Not Synced
    E então tens, tu és -
  • Not Synced
    Isso é a prática do Budismo Engajado.
  • Not Synced
    Então és capaz de ajudar.
  • Not Synced
    Alguém que vive numa ideia ilusória,
  • Not Synced
    preso aos seus julgamentos,
    às suas preocupações, aos seus medos,
  • Not Synced
    não consegue fazer muito
    para ajudar os outros a sofrer menos.
  • Not Synced
    É como cegos a guiar cegos.
  • Not Synced
    Claro que existem
    situações de injustiça
  • Not Synced
    e há sofrimento real no mundo,
  • Not Synced
    mas precisamos de ser capazes
    de ver as coisas como são
  • Not Synced
    para podermos ajudar,
    para tocarmos a verdadeira compaixão
  • Not Synced
    e conseguirmos aliviar o sofrimento
    em nós e nos outros.
  • Not Synced
    Essa é a prática profunda de um bodhisattva,
    a prática do despertar.
  • Not Synced
    Essa história de nirvana
    com resíduo ou sem resíduo
  • Not Synced
    é um produto de pensar demais sobre o nirvana,
  • Not Synced
    tentando adicionar
    diferentes qualidades ao nirvana.
  • Not Synced
    É muito mais simples do que isso.
    O nirvana é nirvana. Só isso.
  • Not Synced
    O objetivo é tocar o nirvana, certo?
    Não falar sobre nirvana.
  • Not Synced
    Está ali como
    um dedo a apontar para a lua.
  • Not Synced
    Não nos devemos prender ao dedo.
    O dedo é a palavra nirvana.
  • Not Synced
    Queremos olhar diretamente
    para a beleza da lua.
  • Not Synced
    Essa é a natureza não condicionada,
    não o sinal que a indica.
  • Not Synced
    Então, quer usemos o termo Deus,
  • Not Synced
    quer usemos o termo
    nirvana, Alá, Javé,
  • Not Synced
    tudo isso são apenas sinais
  • Not Synced
    que nos ajudam a tocar
    o que não pode ser expresso,
  • Not Synced
    o que não pode ser qualificado,
    o que não pode ser -
  • Not Synced
    O que é incondicionado e incriado.
  • Not Synced
    Temos de ter cuidado com o caminho
    que nos treina a ficarmos presos às nossas ideias.
  • Not Synced
    O Buda, o Budismo, são ideias, palavras,
  • Not Synced
    que nos ajudam a libertar-nos
  • Not Synced
    do nosso apego às palavras e conceitos,
  • Not Synced
    do apego aos nossos cinco skandhas.
  • Not Synced
    Talvez possamos ouvir o som do sino.
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    Como podemos descrever o nirvana? O Buda -
  • Not Synced
    Temos ditos passados
  • Not Synced
    do Buda a tentar descrever nirvana
  • Not Synced
    para o propósito do despertar.
  • Not Synced
    Ele está a ajudar os seus discípulos a despertarem.
  • Not Synced
    No Udana, que são as exortações
    ou expressões sinceras do Buda,
  • Not Synced
    há uma secção sobre nirvana.
  • Not Synced
    Este é o Udana 8.3.
  • Not Synced
    O Buda está em Shravasti, no Bosque de Jeta,
  • Not Synced
    no mosteiro de Anathapindika,
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    ensinando os bhikshus, os monges, e diz:
  • Not Synced
    "Existe, ó monges,"
  • Not Synced
    [Existe, ó monges,]
  • Not Synced
    No vocativo apenas escrevemos "ó".
  • Not Synced
    "Existe, ó monges,
    o não-nascido,
  • Not Synced
    o não-produzido -
  • Not Synced
    [o não-nascido, o não-produzido]
  • Not Synced
    Ou podemos dizer, não-surgido.
  • Not Synced
    O não-feito,
  • Not Synced
    [o não-feito,]
  • Not Synced
    e o não-condicionado."
  • Not Synced
    Podemos também dizer o não-nascido,
    o não-produzido, o não-feito.
  • Not Synced
    [o não-condicionado.]
  • Not Synced
    "Se não existisse o não-nascido -
  • Not Synced
    Talvez devêssemos dizer
    se não existisse o não-nascido,
  • Not Synced
    [Se não existisse o não-nascido,]
  • Not Synced
    o não-feito,
  • Not Synced
    [o não-feito,]
  • Not Synced
    o não-produzido,
  • Not Synced
    o não-produzido, o não-feito, o não-condicionado.
  • Not Synced
    [o não-produzido, o não-feito, o não-condicionado]
  • Not Synced
    então não haveria escapatória,
  • Not Synced
    [então não haveria escapatória aqui]
  • Not Synced
    nenhuma escapatória aqui
  • Not Synced
    do nascido,
  • Not Synced
    [do nascido,]
  • Not Synced
    do produzido, do feito,
  • Not Synced
    [do produzido, do feito,]
  • Not Synced
    do condicionado."
  • Not Synced
    [do condicionado.]
  • Not Synced
    Udana 8.3.
  • Not Synced
    [Udāna 8.3.]
  • Not Synced
    "'Tatiya Nibbāna Paṭisaṁyutta Sutta'."
  • Not Synced
    "'Tatiya' é terceiro. O terceiro nirvana -
  • Not Synced
    A terceira secção, o terceiro texto, sutra,
  • Not Synced
    na secção sobre o nirvana.
  • Not Synced
    "Mas, como existe o não-nascido,
    o não-produzido, o não-feito,
  • Not Synced
    o não-condicionado,
  • Not Synced
    há uma escapatória do nascido,
    do produzido, do feito e do condicionado."
  • Not Synced
    Não escrevo isso aqui,
    mas podes adicionar:
  • Not Synced
    "Existe, ó monges, o não-nascido, o não-
    produzido e não-feito, o não-condicionado.
  • Not Synced
    Se não existisse -
  • Not Synced
    Desculpa, 'Se não existisse
  • Not Synced
    o não-nascido, o não-produzido,
    o não-feito, o não-condicionado...'
  • Not Synced
    Faltam algumas palavras aqui,
    "Não haveria escapatória
  • Not Synced
    do nascido, do produzido,
  • Not Synced
    do feito, do condicionado.
  • Not Synced
    Mas como existe o não-nascido,
    o não-produzido, o não-feito,
  • Not Synced
    o não-condicionado,
    é por isso que se pode encontrar uma escapatória
  • Not Synced
    do nascido, do produzido,
    do feito, do condicionado."
  • Not Synced
    Este é o Buda a fazer o seu melhor,
  • Not Synced
    usando palavras para descrever nirvana.
  • Not Synced
    Em outros momentos, ele apenas disse,
    "Como se pode descrever nirvana?"
  • Not Synced
    Posso quase imaginar o Buda,
  • Not Synced
    embora não ache que o Buda
    teria simplesmente levantado as mãos.
  • Not Synced
    Sentes que a certa altura
    só há silêncio,
  • Not Synced
    e a própria presença do Buda.
  • Not Synced
    Isso é tudo o que podemos usar para atestar
  • Not Synced
    a nossa confiança
    no despertar do mestre.
  • Not Synced
    (...)
  • Not Synced
    Vamos terminar com três sons do sino,
  • Not Synced
    voltar à nossa respiração,
  • Not Synced
    e desfrutar de estar presente com o nosso corpo
  • Not Synced
    sem apego, sem agarrar-se a nada.
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    (Sino)
  • Not Synced
    (Sino)
Title:
The 40 Tenets of Plum Village with Brother Phap Luu | Class #4
Description:

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Video Language:
English
Duration:
01:14:28

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