-
Not Synced
Querida Thay, queridas irmãs,
queridos irmãos,
-
Not Synced
bem-vindos à nossa quarta aula
sobre os 40 princípios.
-
Not Synced
Hoje é 7 de abril
do ano 2021,
-
Not Synced
e estamos na sala de meditação
Still Water do Mosteiro Deer Park.
-
Not Synced
Desculpem,
-
Not Synced
A sala de meditação Still Water
fica em Upper Hamlet.
-
Not Synced
Acontece que sofremos
-
Not Synced
por causa das nossas ideias sobre os nossos sentimentos
e das nossas ideias sobre o nosso corpo.
-
Not Synced
Pensamos que, quando temos
um sentimento doloroso, esse sentimento sou eu.
-
Not Synced
E quando estamos doentes e parece que
não há paz alguma no nosso corpo,
-
Not Synced
identificamo-nos completamente
com esses sentimentos dolorosos.
-
Not Synced
Dizemos: "Estes sentimentos sou eu."
-
Not Synced
E não encontramos uma saída
para o sofrimento.
-
Not Synced
Tudo o que estamos a aprender aqui
-
Not Synced
é encontrar uma forma
de nos libertarmos do nosso sofrimento.
-
Not Synced
A visão do Budismo é que
a liberdade do sofrimento
-
Not Synced
vem da compreensão do sofrimento.
-
Not Synced
Quando estamos doentes
e o nosso corpo está em dor,
-
Not Synced
podemos praticar para ver os nossos sentimentos
como um fenómeno condicionado.
-
Not Synced
Devido a causas e condições,
esses sentimentos dolorosos surgem,
-
Not Synced
e deixamos de estar presos
ou apegados a esses sentimentos.
-
Not Synced
Eles manifestam-se
tal como um arco-íris se manifesta
-
Not Synced
com as condições certas
de vapor de água e sol,
-
Not Synced
tal como uma semente brota da terra
quando chega a chuva na primavera.
-
Not Synced
Os nossos sentimentos também são dessa natureza.
-
Not Synced
Eles têm condições.
-
Not Synced
Quando nos identificamos com esses sentimentos
-
Not Synced
e dizemos que esses sentimentos sou eu,
é aí que ficamos presos.
-
Not Synced
Na última aula,
falámos sobre upādāna,
-
Not Synced
a aderência, a tendência
de nos agarrarmos ao nosso corpo,
-
Not Synced
aos nossos sentimentos,
às nossas ideias e noções.
-
Not Synced
[upādāna]
-
Not Synced
[upādi]
-
Not Synced
"Upadi" significa agarrar-se a algo.
-
Not Synced
É também uma palavra
usada para descrever "combustível".
-
Not Synced
Se pensarmos num fogo
-
Not Synced
a arder...
-
Not Synced
Talvez eu possa usar um pouco de vermelho.
-
Not Synced
Quando olhamos para o combustível,
-
Not Synced
podemos ver que o fogo
se agarra ao combustível.
-
Not Synced
Esse é o significado de upādāna.
-
Not Synced
A chama
-
Not Synced
depende do combustível.
-
Not Synced
Ela adere, parece que...
-
Not Synced
Com base nessa compreensão,
só de olhar para o fogo,
-
Not Synced
temos essa perceção
de upādāna como apego.
-
Not Synced
É como o fogo das nossas aflições
-
Not Synced
a agarrar-se ao nosso corpo, aos nossos sentimentos.
-
Not Synced
E podemos ver os skandhas
como o combustível.
-
Not Synced
É por isso que upādāna
também tem esse significado de combustível.
-
Not Synced
Nos textos antigos do Budismo,
-
Not Synced
quando o Buda falava sobre os cinco skandhas,
-
Not Synced
como aprendemos na última aula,
-
Not Synced
ele usava frequentemente a expressão
"upādāna skandha".
-
Not Synced
Isso significa que não se trata apenas dos skandhas,
-
Not Synced
estes agregados de forma corporal,
sentimentos, perceções,
-
Not Synced
formações mentais e consciência.
-
Not Synced
Mas sim da chama,
da aderência das aflições
-
Not Synced
que surgem quando há apego,
-
Not Synced
apego ao nosso corpo,
apego aos nossos sentimentos,
-
Not Synced
apego às nossas perceções,
às nossas formações mentais, à nossa consciência.
-
Not Synced
O termo "nirvana" significa "extinção".
Significa que o fogo se apaga,
-
Not Synced
que já não há combustível.
-
Not Synced
[nirvāṇa]
-
Not Synced
Nirvana é "extinção".
-
Not Synced
Podemos pensar nisso
como a extinção do fogo.
-
Not Synced
Encontramos um caminho para isso
removendo o combustível.
-
Not Synced
Removemos o combustível,
-
Not Synced
e então o fogo já não tem
condições suficientes para se manifestar.
-
Not Synced
Já não tratamos o nosso corpo
-
Not Synced
como uma fonte de combustível para as nossas aflições,
-
Not Synced
mas sim removemos a aderência,
-
Not Synced
a energia de agarramento,
-
Not Synced
upādāna-skandha.
-
Not Synced
[skandhā]
-
Not Synced
A nossa prática é aprender a parar de nos agarrarmos
-
Not Synced
aos nossos pensamentos, às nossas perceções.
-
Not Synced
Agarramo-nos aos nossos sentimentos.
Quando temos um sentimento agradável,
-
Not Synced
ele está associado a uma perceção.
-
Not Synced
E tentamos encontrar uma forma
-
Not Synced
de criar, de manifestar
essa perceção novamente,
-
Not Synced
para que possamos sentir
esse prazer outra vez.
-
Not Synced
Podemos ter uma lembrança muito agradável
-
Not Synced
de um tempo em que estávamos com a nossa família,
-
Not Synced
com a nossa mãe e o nosso pai,
e tudo parecia maravilhoso.
-
Not Synced
No nosso coração, guardamos
a memória desse momento.
-
Not Synced
Tudo parecia perfeito no mundo.
-
Not Synced
Mas depois, ainda assim, vem o sofrimento.
É impermanente.
-
Not Synced
Os nossos pais podem envelhecer e morrer,
-
Not Synced
ou divorciar-se, e há amargura.
-
Not Synced
Se estávamos casados,
se estávamos numa relação,
-
Not Synced
e esse casamento acaba,
podemos sofrer por isso.
-
Not Synced
Quando o nosso filho ou a nossa filha cresce,
-
Not Synced
e vivem de uma forma
que lhes traz muito sofrimento,
-
Not Synced
nós sofremos porque eles sofrem.
-
Not Synced
Mas agarramo-nos àquela memória
de felicidade, quando tudo parecia perfeito,
-
Not Synced
e tentamos recriá-la.
-
Not Synced
Então tentamos reunir a família
nos feriados,
-
Not Synced
mas quando se juntam, discutem
e queixam-se.
-
Not Synced
Não é a memória maravilhosa
que imaginámos.
-
Not Synced
Estamos presos à nossa perceção.
-
Not Synced
E pensamos: "Se eu recriar
essas condições, serei feliz."
-
Not Synced
É por isso que Thay, o nosso professor,
dizia muitas vezes
-
Not Synced
que o nosso maior obstáculo
para a felicidade
é a nossa ideia de felicidade.
-
Not Synced
Precisamos de ser capazes
de largar a nossa ideia de felicidade
-
Not Synced
para podermos tocar a felicidade,
tocar o nirvana.
-
Not Synced
Isso significa que a prática de largar
é o caminho para nos libertarmos,
-
Not Synced
para nos desapegarmos.
-
Not Synced
Se olharmos para uma representação
do corpo humano
-
Not Synced
com base no número de neurónios motores
associados às partes do nosso corpo,
-
Not Synced
então pareceremos muito engraçados.
-
Not Synced
Aqui está a tradução para português de Portugal:
-
Not Synced
---
-
Not Synced
As nossas mãos parecem enormes,
-
Not Synced
porque o número de neurónios motores
no nosso cérebro
-
Not Synced
associados ao movimento das nossas mãos
-
Not Synced
é muito maior do que aqueles associados,
por exemplo, ao movimento do nosso cotovelo,
-
Not Synced
ou ao movimento da nossa...
não sei,
-
Not Synced
da nossa perna, ou talvez da nossa anca.
-
Not Synced
Porque temos mãos muito articuladas.
-
Not Synced
Estas mãos maravilhosas.
-
Not Synced
Aprendemos, desenvolvemos -
-
Not Synced
Muitas das nossas habilidades como seres humanos
-
Not Synced
vêm da nossa capacidade de manipular
os nossos dedos e as nossas mãos.
-
Not Synced
Sabemos, pelo estudo da neurociência
de pessoas que perderam um membro,
-
Not Synced
que muitas vezes sofrem imenso,
não apenas porque perderam o membro,
-
Not Synced
mas porque o membro, na verdade,
está fortemente cerrado.
-
Not Synced
Este é um fenómeno que acontece
a muitas pessoas que perdem um membro.
-
Not Synced
Elas não conseguem libertá-lo.
-
Not Synced
Muitas delas não conseguem
relaxar esse punho cerrado.
-
Not Synced
O membro já não está lá,
-
Not Synced
mas, na sua mente, os neurónios motores
associados àquela mão
-
Not Synced
estão como que...
-
Not Synced
muito tensos, muito cerrados.
-
Not Synced
Durante muitos dias,
e algumas delas durante anos,
-
Not Synced
não conseguem libertar-se
e relaxar esse membro.
-
Not Synced
Então, um professor,
não me lembro do nome agora.
-
Not Synced
Quase me lembro, mas provavelmente
vou errar, por isso não vou dizer.
-
Not Synced
Ele está aqui, em San Diego.
-
Not Synced
Há uma técnica brilhante e simples
que ele desenvolveu,
-
Not Synced
na qual coloca um espelho
de forma a que o outro membro intacto da pessoa
-
Not Synced
pareça estar no lugar
onde o membro ausente deveria estar.
-
Not Synced
E ao olhar para o espelho
e ver a imagem refletida do seu outro braço,
-
Not Synced
a pessoa finalmente consegue relaxar.
-
Not Synced
Isto chama-se síndrome do membro fantasma.
-
Not Synced
A pessoa consegue relaxar
esse membro fantasma que já não existe.
-
Not Synced
Conto essa história apenas para ilustrar
-
Not Synced
que dentro de nós há um tipo de mão,
e ela está sempre a agarrar-se.
-
Not Synced
Como aprendemos na semana passada,
-
Not Synced
os cinco skandhas
-
Not Synced
são como fatias de uma tangerina.
-
Not Synced
Temos a fatia do nosso corpo,
a fatia dos nossos sentimentos,
-
Not Synced
a fatia das nossas perceções,
das formações mentais e da consciência.
-
Not Synced
Portanto, corpo, sentimentos, perceções,
formações mentais e consciência.
-
Not Synced
Estamos a exercitar essa mão interna
-
Not Synced
que se agarra ao nosso corpo,
se agarra aos nossos sentimentos.
-
Not Synced
Temos um sentimento agradável,
queremos mais dele.
-
Not Synced
E, como aprendemos,
estes elementos alimentam-se uns aos outros.
-
Not Synced
Só pensar naquele momento
de felicidade com a nossa família
-
Not Synced
traz-nos sentimentos agradáveis.
-
Not Synced
E então queremos
-
Not Synced
desenvolver a intenção mental
de fazer isso acontecer,
-
Not Synced
de reunir a nossa família novamente,
-
Not Synced
de recriar as condições de felicidade
que existiam no passado.
-
Not Synced
Mas, como muitas condições
podem ter mudado,
-
Not Synced
acabamos por ter a perceção
de que não somos apreciados,
-
Not Synced
de que a nossa família -
-
Not Synced
Esforçamo-nos tanto,
trazemo-los juntos,
-
Not Synced
e ainda assim reclamam uns dos outros
-
Not Synced
e fazem piadas desagradáveis uns sobre os outros.
-
Not Synced
E sofremos imenso,
-
Not Synced
porque tudo o que queríamos
era aquele sentimento de felicidade.
-
Not Synced
Estávamos a agarrar-nos a ele.
-
Not Synced
Então fazemos de tudo,
nas nossas formações mentais,
-
Not Synced
para tentar criar
as condições para a felicidade.
-
Not Synced
Mas se conseguirmos largar,
esta é a visão do Buda,
-
Not Synced
praticamos o ato de libertação
-
Not Synced
dessa mão fantasma dentro de nós,
-
Not Synced
desse punho fantasma
ou mão que se agarra ao nosso corpo,
-
Not Synced
aos nossos sentimentos, às nossas perceções,
através do treino da nossa mente.
-
Not Synced
Inspirando, sei que estou a inspirar.
-
Not Synced
Deixo ir o futuro, o passado.
-
Not Synced
Expirando, sei que estou a expirar.
-
Not Synced
É apenas a atenção plena na respiração.
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
A respiração é
um objeto maravilhoso de meditação,
-
Not Synced
porque, por mais que tentemos
agarrar-nos a ela,
-
Not Synced
não a conseguimos reter.
-
Not Synced
É muito difícil prender a respiração.
-
Not Synced
Por isso, o Buda propôs
a meditação na respiração
-
Not Synced
como uma forma de nos treinarmos
na prática do desapego.
-
Not Synced
Muitos de nós, quando começamos
a direcionar a nossa atenção para a respiração,
-
Not Synced
ficamos presos
a tentar controlá-la.
-
Not Synced
E ficamos presos
nos músculos à volta dos pulmões
e do diafragma,
-
Not Synced
porque fomos tão condicionados
a tentar controlar
-
Not Synced
tudo aquilo em que colocamos a nossa atenção.
-
Not Synced
Olhamos para o ecrã, temos o rato, certo?
Controlamos o rato.
-
Not Synced
Vamos aqui, abrimos isto, abrimos aquilo, certo?
-
Not Synced
Esse é o tipo de condicionamento.
Vemos algo, queremos mudar o que vemos.
-
Not Synced
O Budismo ensina-nos a observar
o que está a acontecer dentro de nós e à nossa volta
-
Not Synced
através dos nossos olhos, ouvidos, nariz,
língua, corpo, mente, e a largar.
-
Not Synced
Largar a necessidade de controlar,
de manipular
-
Not Synced
através dos nossos seis sentidos
-
Not Synced
o nosso corpo, os nossos sentimentos,
as nossas perceções, e assim por diante.
-
Not Synced
E então sentimos liberdade.
-
Not Synced
E temos muito menos medo,
porque vemos que este corpo
é apenas uma manifestação
-
Not Synced
e está sujeito à morte.
-
Not Synced
Está sujeito ao nascimento e à morte.
É um fenómeno condicionado.
-
Not Synced
Um conjunto condicionado
de milhões e milhões de fenómenos
-
Not Synced
que são as células do nosso corpo
a metabolizar açúcares, a gerar energia,
-
Not Synced
a absorver o oxigénio da nossa respiração
-
Not Synced
e a usá-lo numa reação catalítica
para produzir energia nas nossas células,
-
Not Synced
para que possamos mover os nossos músculos,
digerir os alimentos que comemos,
-
Not Synced
continuar a respirar,
alimentar o nosso cérebro,
-
Not Synced
todas essas conexões neurais
que disparam impulsos elétricos
de baixa voltagem.
-
Not Synced
Tudo isso está a acontecer,
esta é uma manifestação maravilhosa.
-
Not Synced
E a maravilha é que tudo isso acontece
muito bem sem a nossa intervenção.
-
Not Synced
Sem um "eu" ou "mim"
a fazer com que aconteça.
-
Not Synced
Se largarmos
as nossas ideias sobre nós mesmos,
-
Not Synced
continuamos a respirar,
continuamos a sorrir, continuamos -
-
Not Synced
E, geralmente, sentimo-nos muito mais felizes.
-
Not Synced
Lembro-me de um monge, Ajahn Sumedho.
-
Not Synced
Ele costumava dizer:
"Quando penso em mim, sinto-me deprimido."
-
Not Synced
Ele não dizia isso no sentido de
"Porque sou uma pessoa horrível",
-
Not Synced
mas no sentido literal de que,
quando pensa num "eu",
-
Not Synced
quando tem uma ideia de "eu",
fica preso.
-
Not Synced
Aqui está a tradução para português de Portugal:
-
Not Synced
---
-
Not Synced
Acho que sou assim,
e não sou assado.
-
Not Synced
Ideias como "eu sou" e "eu não sou",
enquanto estamos a aprender,
-
Not Synced
vão sempre levar ao sofrimento.
-
Not Synced
E são sempre ilusórias.
-
Not Synced
Deixar ir o nosso apego
é sobre remover a ilusão.
-
Not Synced
Arrancar pela raiz a nossa tendência
para fantasiar,
-
Not Synced
para especular sobre a realidade.
-
Not Synced
Na semana passada, aprendemos o terceiro princípio,
-
Not Synced
que é que o nirvana é a cessação
da ilusão e das aflições.
-
Not Synced
[avidyā]
-
Not Synced
Em sânscrito, "avidya".
-
Not Synced
Não quero usar muitos termos em sânscrito,
mas alguns são muito importantes.
-
Not Synced
Avidya.
-
Not Synced
"Vid" significa "conhecer as coisas como elas são",
-
Not Synced
saber ou experimentar;
e "a" é uma negação.
-
Not Synced
Então, avidya é ignorância ou ilusão.
-
Not Synced
[ilusão]
-
Not Synced
Por causa desta aderência,
-
Not Synced
agarrando-se ao nosso corpo,
agarrando-se aos nossos sentimentos,
-
Not Synced
agarrando-se às nossas emoções
impermanentes e passageiras,
-
Not Synced
essa é a natureza da ilusão,
que dá origem às aflições, kleśa.
-
Not Synced
[kleśa]
-
Not Synced
Que também aprendemos na semana passada.
-
Not Synced
[aflições]
-
Not Synced
No Budismo, não nos focamos tanto no pecado,
falamos mais sobre aflições.
-
Not Synced
Falamos sobre emoções desagradáveis como
a raiva, a irritação, o ciúme, o medo,
-
Not Synced
porque essas aflições tornam
o nosso momento presente muito desagradável.
-
Not Synced
Alguém que está num momento de raiva
está a sofrer muito.
-
Not Synced
Isso não significa que a raiva seja
algo mau, ou que seja um pecado.
-
Not Synced
Mas é uma aflição,
é algo que se sente desagradável.
-
Not Synced
Quando estamos zangados,
queremos fazer tudo o que podemos
-
Not Synced
para provocar a cessação dessa raiva.
-
Not Synced
Por isso, precisamos de aprender
e compreender a raiva.
-
Not Synced
É por isso que não a queremos tratar
como algo mau.
-
Not Synced
No Budismo, a raiva não é maligna,
é uma aflição.
-
Not Synced
Precisamos de aprender a compreendê-la,
compreender as suas raízes.
-
Not Synced
Tal como removemos
o combustível de um fogo,
-
Not Synced
aprendemos como remover as condições
que alimentam as chamas da nossa raiva
-
Not Synced
para que ela se extinga.
-
Not Synced
Não a reprimimos, não tentamos
abafar o fogo, isso não é nirvana.
-
Not Synced
Nirvana é encontrar uma maneira hábil
de remover as condições,
-
Not Synced
de remover o combustível
-
Not Synced
para que as chamas já não consigam aderir
ao combustível, nem continuar a queimá-lo.
-
Not Synced
Removemos o elemento upadana.
Não removemos os skandhas.
-
Not Synced
Este é um grande equívoco
-
Not Synced
que Thay está a tentar ajudar-nos a corrigir.
-
Not Synced
Em algumas interpretações do Budismo,
começou-se a dizer que
-
Not Synced
existia algo chamado
"nirvana sem resíduo".
-
Not Synced
Significa que haveria um nirvana
com a cessação dos skandhas,
-
Not Synced
a cessação do corpo, dos sentimentos
e das perceções.
-
Not Synced
Depois da morte do Buda, disseram
que ele entrou em nirvana sem resíduo.
-
Not Synced
Que já não existiam os cinco skandhas.
-
Not Synced
E assim, mais tarde, os estudiosos budistas
-
Not Synced
fizeram uma distinção entre
nirvana com resíduo e nirvana sem resíduo.
-
Not Synced
Isto torna a nossa vida muito confusa
-
Not Synced
e traz todo o tipo de equívocos.
-
Not Synced
Hoje, o quarto princípio.
-
Not Synced
Ups! Perdi-me um pouco.
-
Not Synced
Ok.
-
Not Synced
Nirvana é nirvana.
-
Not Synced
É muito simples.
-
Not Synced
[4 Nirvāṇa é nirvāṇa]
-
Not Synced
Não precisa de ser nirvana
com resíduo ou sem resíduo.
-
Not Synced
[Não precisa de ser nirvana
com resíduo ou sem resíduo.]
-
Not Synced
Esta perspetiva causou
muitos equívocos.
-
Not Synced
Esta perspetiva do nirvana com resíduo
e do nirvana sem resíduo.
-
Not Synced
Após a morte do Buda...
-
Not Synced
Sabemos que, no tempo do Buda,
ele falou muitas vezes sobre o nirvana,
-
Not Synced
sobre a natureza do nirvana
como o não condicionado, o não criado.
-
Not Synced
E isso não era algo
que o Buda adquiriu,
-
Not Synced
mas algo que ele foi capaz de tocar
ao libertar-se do apego ao seu corpo,
-
Not Synced
aos seus sentimentos, perceções,
e assim por diante.
-
Not Synced
Ao não os ver como "eu", "meu" ou "meus".
-
Not Synced
Quando o Buda faleceu,
-
Not Synced
as pessoas começaram a dizer:
"Agora o Buda está completamente nirvanizado."
-
Not Synced
Parinirvanizado.
-
Not Synced
E começaram a pensar
que havia alguma diferença
-
Not Synced
entre o nirvana do Buda após a sua morte
e o nirvana que ele tocou
enquanto estava vivo.
-
Not Synced
A principal diferença é que
-
Not Synced
o nirvana que ele tocou
enquanto estava vivo
-
Not Synced
era o nirvana com o resíduo
dos cinco skandhas,
-
Not Synced
o corpo, os sentimentos, as perceções,
e assim por diante, que continuaram a manifestar-se,
-
Not Synced
embora o Buda já não estivesse
apegado ao seu corpo,
-
Not Synced
aos seus sentimentos, e assim por diante.
-
Not Synced
Portanto, não há upadana-skandha,
mas apenas os skandhas,
-
Not Synced
assim como o olho, o ouvido, o nariz,
a língua, o corpo e a mente,
-
Not Synced
que observam as formas,
os sons, os sabores, os cheiros,
-
Not Synced
os toques e os objetos da mente.
-
Not Synced
Aqui está a continuação da tradução para português de Portugal:
-
Not Synced
---
-
Not Synced
Mas tudo isso ocorre
sem qualquer apego, sem qualquer aderência.
-
Not Synced
A compreensão que aprendemos
no terceiro princípio, na semana passada,
-
Not Synced
foi que o nirvana é a extinção,
-
Not Synced
é a ausência de ilusão
e das aflições.
-
Not Synced
Não é a ausência
dos cinco skandhas,
-
Not Synced
nem dos sentidos,
dos objetos dos sentidos,
nem das consciências sensoriais,
-
Not Synced
dos 18 reinos, 18 dhatu.
-
Not Synced
Este princípio decorre desse.
-
Not Synced
Nirvana é nirvana.
Não precisa de ser nirvana
com resíduo ou sem resíduo.
-
Not Synced
Na época do Mestre Xuanzang...
-
Not Synced
O Mestre Xuanzang viveu no século VII
e viajou da China.
-
Not Synced
Ele estava determinado
a trazer de volta ensinamentos, sutras,
-
Not Synced
que percebia estarem em falta na China.
-
Not Synced
Assim, embarcou numa viagem muito aventureira.
Mais de 10 anos, quase 20 anos.
-
Not Synced
Manteve notas muito detalhadas
dos locais por onde passou.
-
Not Synced
Viajou pelo Norte do Tibete,
-
Not Synced
atravessou o deserto de Taklamakan,
como é chamado hoje em dia,
-
Not Synced
e depois seguiu para sul,
pelos Portões de Ferro, como creio que se chamam,
-
Not Synced
até ao Hindu Kush,
-
Not Synced
descendo pelo vale do rio Indo
e depois até ao Ganges.
-
Not Synced
Pelo caminho, observou muitos mosteiros
que floresciam naquela época.
-
Not Synced
Temos muitos registos detalhados
sobre a Índia dessa altura
graças aos seus escritos.
-
Not Synced
Quando regressou à China...
-
Not Synced
Eventualmente, ele chegou a Nalanda,
que fica perto de Rajagriha,
-
Not Synced
perto do Pico dos Abutres.
-
Not Synced
Lembrem-se de que estamos a estudar
"Plum Village Olhando para o Pico dos Abutres".
-
Not Synced
Esse é o título deste livro de Thay.
-
Not Synced
O Mestre Xuanzang estudou
com um grande mestre lá em Nalanda
-
Not Synced
e aprendeu sânscrito.
Depois, conseguiu regressar à China.
-
Not Synced
Naquela altura, havia muito apoio
para o Budismo na China,
-
Not Synced
por isso foi-lhe dada uma equipa inteira
de jovens monges e outros estudiosos
-
Not Synced
para o ajudarem a traduzir textos do sânscrito
e a resumir muitos textos.
-
Not Synced
Porque não havia muitas pessoas na China
que soubessem ler sânscrito naquela época.
-
Not Synced
Passou grande parte do resto da sua vida
a escrever ou a traduzir
-
Not Synced
muitos dos ensinamentos importantes
da escola Somente Manifestação.
-
Not Synced
Na época de Xuanzang,
-
Not Synced
já se falava de quatro tipos de nirvana.
-
Not Synced
Um era o nirvana puro por natureza.
-
Not Synced
[1 nirvāṇa puro por natureza]
-
Not Synced
Havia o nirvana com resíduo.
-
Not Synced
[2 nirvāṇa com resíduo]
-
Not Synced
O nirvana sem resíduo.
-
Not Synced
[3 nirvāṇa sem resíduo]
-
Not Synced
E o nirvana sem morada.
-
Not Synced
[4 nirvāṇa sem morada]
-
Not Synced
Vemos o grande perigo
quando começamos a especular sobre o nirvana.
-
Not Synced
Até a própria palavra nirvana
é condicionada.
-
Not Synced
Por isso, temos de ter muito cuidado.
-
Not Synced
Com o tempo, começamos a tratar nirvana
como um fenómeno condicionado.
-
Not Synced
Mas a própria natureza do nirvana
é incondicionada.
-
Not Synced
Não há qualidade alguma
que possa aderir ao nirvana.
-
Not Synced
Não podemos dizer que é azul ou laranja.
-
Not Synced
Nem sequer podemos dizer que tem algo a ver
-
Not Synced
com a palavra "nirvana"
escrita no quadro ou que estou a dizer em voz alta.
-
Not Synced
Está realmente para além de qualquer forma.
-
Not Synced
"Nirvana" é apenas uma palavra,
é apenas um sinal,
-
Not Synced
e não queremos confundi-lo
com a verdadeira natureza do nirvana.
-
Not Synced
A visão de Plum Village
é que não precisamos de nada disto.
-
Not Synced
Isto é apenas um desperdício
da nossa energia mental,
-
Not Synced
a tentar falar sobre nirvana com resíduo,
sem resíduo ou sem morada.
-
Not Synced
Nirvana é nirvana.
-
Not Synced
Já é puro.
-
Not Synced
Nem sequer podemos falar dele como "puro",
-
Not Synced
porque para algo ser puro,
criamos o impuro, certo?
-
Not Synced
Esta é a visão de Plum Village.
Nirvana é nirvana.
-
Not Synced
Não precisa de ser com ou sem resíduo.
-
Not Synced
Podemos simplesmente ouvir o sino.
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
Thay quer que aprendamos isto
para que não fiquemos presos.
-
Not Synced
Porque na nossa prática
podemos facilmente ficar presos.
-
Not Synced
Ele disse que há muitos ganchos
nos ensinamentos
-
Not Synced
por causa dos nossos apegos
e dos apegos dos nossos antepassados.
-
Not Synced
Às vezes, sentimo-nos felizes
no nosso conhecimento das coisas
-
Not Synced
e não queremos ir
para além do nosso mero conhecimento.
-
Not Synced
Na última vez, falei
sobre dois tipos de obstáculos
-
Not Synced
que nos impedem de tocar o nirvana.
-
Not Synced
O obstáculo das nossas aflições, kleśa,
-
Not Synced
[kleśâvaraṇa]
-
Not Synced
e o obstáculo do nosso conhecimento.
-
Not Synced
[jñeyâvaraṇa]
-
Not Synced
Aprendemos que kleśa são as aflições,
e jñeya é o conhecimento.
-
Not Synced
No nosso dia a dia no mosteiro,
-
Not Synced
praticamos a meditação caminhando,
a meditação ao comer,
-
Not Synced
voltando ao momento presente,
-
Not Synced
tomando consciência da nossa comida,
de onde veio,
-
Not Synced
apreciando as maravilhas da vida
que estão aqui e agora.
-
Not Synced
E isso serve para nos ajudar
a reduzir as nossas aflições,
-
Not Synced
a ver que, neste momento presente,
-
Not Synced
já temos condições suficientes
para sermos felizes.
-
Not Synced
Se conseguirmos olhar profundamente
-
Not Synced
e reconhecer todas as condições
de felicidade que já estão presentes,
-
Not Synced
quando ficamos presos
a um sentimento ou a uma perceção,
-
Not Synced
quando temos essa perceção, sentimo-nos felizes.
-
Not Synced
Quando não a temos, sentimos tristeza
e, assim, sofremos.
-
Not Synced
Portanto, ao vivermos juntos, caminharmos juntos,
praticarmos juntos,
-
Not Synced
e, especialmente, ao aprendermos
a viver juntos em harmonia,
-
Not Synced
significa aprender a largar as nossas ideias
numa reunião, numa discussão.
-
Not Synced
Eu quero fazer assim, tu queres fazer
de outra maneira, e ninguém quer ceder.
-
Not Synced
Na verdade, nem mesmo essas perceções
podemos segurar,
-
Not Synced
mas somos muito bons
a fazer-nos zangar
-
Not Synced
e a lutar pela nossa posição,
pela nossa ideia, pelo nosso ponto de vista.
-
Not Synced
Dessa forma, estas coisas estão ligadas.
-
Not Synced
O nosso conhecimento, a nossa ideia,
também são um obstáculo.
-
Not Synced
E o que estamos a aprender nos 40 princípios
é como remover esse obstáculo, principalmente.
-
Not Synced
Como compreender a raiz
das nossas aflições no nosso apego
-
Not Synced
à forma como queremos
que as coisas sejam
-
Not Synced
ou não queremos que sejam.
-
Not Synced
Isto é muito interessante.
-
Not Synced
Olhamos para o mundo e começamos
a estabelecer relações entre as coisas
-
Not Synced
desde que somos muito pequenos.
-
Not Synced
Piaget, quando estudava—
-
Not Synced
Ele foi um mestre da Psicologia Infantil.
-
Not Synced
Quando observava os seus filhos
a crescer,
-
Not Synced
notou que, a uma certa idade,
-
Not Synced
por exemplo, se eu tiver esta caneta
-
Not Synced
e a mostrar a uma criança
muito pequena, talvez de um ano,
-
Not Synced
e depois a esconder atrás das minhas costas,
a criança olha com admiração.
-
Not Synced
Não faz ideia de onde a caneta foi parar.
-
Not Synced
Para ela, desapareceu,
porque já não está no seu campo de visão.
-
Not Synced
Algo que estava na sua visão
agora desapareceu.
-
Not Synced
Mas ainda não consegue estabelecer
onde poderá ter ido.
-
Not Synced
Se não está à vista, já não existe.
-
Not Synced
É muito simples.
Quando algo é visível, existe.
-
Not Synced
Quando já não é visível,
deixa de existir.
-
Not Synced
Depois, a uma certa idade,
ela começa a reconhecer:
-
Not Synced
Ah! A ausência da caneta significa—
-
Not Synced
Isto é o princípio da conservação da matéria, certo?
-
Not Synced
A matéria não passou do algo para o nada
apenas porque deixou de ser visível,
-
Not Synced
mas tem de haver alguma forma
de conservação da matéria.
-
Not Synced
E então começam a perguntar-se:
'Onde foi a caneta?'
-
Not Synced
E prestam atenção:
'Ah! Vi que ele a pôs atrás das costas
e agora já não está lá.'
-
Not Synced
Agora sabem que, se forem atrás,
irão encontrá-la e dirão:
'Encontrei a caneta!'
-
Not Synced
Sabem que está lá porque sabem
que as coisas não desaparecem sem razão.
-
Not Synced
Mas acontece que muitos de nós
continuamos a ter
-
Not Synced
essa mesma compreensão conceptual
de causa e efeito
-
Not Synced
e impomos ao mundo
a nossa ideia de como as coisas deveriam ser.
-
Not Synced
Isto acontece, portanto, aquilo deve acontecer.
-
Not Synced
Estudei muito, então deveria ter uma boa nota.
-
Not Synced
Trabalhei muito nos exames do secundário,
fiz muitas disciplinas opcionais,
-
Not Synced
portanto, deveria entrar
numa boa universidade.
-
Not Synced
Paguei muito dinheiro, tirei o meu curso,
então deveria arranjar um bom emprego.
-
Not Synced
Estes são apenas alguns exemplos,
mas há muitos mais—
-
Not Synced
relacionados com a cor da pele,
com a forma como as pessoas falam,
-
Not Synced
com a maneira como comemos, com tudo.
-
Not Synced
Temos todo o tipo de ideias
sobre como as coisas devem ser
-
Not Synced
para produzir um bom efeito,
um efeito feliz, que desejamos.
-
Not Synced
E sobre as coisas que devem ser evitadas,
as coisas que não devem ser feitas assim.
-
Not Synced
Esse pensamento de certo e errado
-
Not Synced
é, na verdade, como um véu
-
Not Synced
que obscurece a nossa visão
de como as coisas realmente são.
-
Not Synced
Vivemos num mundo ilusório
de como as coisas deveriam ser,
-
Not Synced
e perdemos a oportunidade
de ver as coisas como realmente são.
-
Not Synced
Quando nos deparamos
com essa dissonância cognitiva
-
Not Synced
entre o nosso sistema de crenças—
-
Not Synced
como as coisas deveriam ser—
e a forma como as coisas realmente são,
sofremos imensamente.
-
Not Synced
Portanto, o Budismo consiste
em largar as nossas ideias
-
Not Synced
sobre como as coisas deveriam ser,
-
Not Synced
e, em vez disso, olhar para o mundo
tal como ele é, em cada momento.
-
Not Synced
Essa é a prática de tocar a talidade,
da concentração na talidade.
-
Not Synced
A tathata, a talidade.
-
Not Synced
[talidade]
-
Not Synced
[tathātā]
-
Not Synced
Tatha significa "assim", "tal".
-
Not Synced
Não significa nada além de "é assim".
-
Not Synced
E ta, no final, transforma a palavra num substantivo.
-
Not Synced
Assim, tathata significa
"a isenção das coisas",
-
Not Synced
o assim-mesmo, a talidade das coisas, tathata.
-
Not Synced
Esta aula é divertida,
-
Not Synced
porque podemos usar estes termos.
-
Not Synced
É muito útil, acho eu.
-
Not Synced
Não há assim tantos termos
que precisemos de aprender,
-
Not Synced
mas aprender alguns deles
ajuda bastante.
-
Not Synced
É uma tradição de 2600 anos,
-
Not Synced
e ainda estão a estudar
-
Not Synced
os mesmos ensinamentos habilidosos do Buda.
-
Not Synced
É muito bonito voltar à linguagem antiga,
-
Not Synced
porque é muito simples, na verdade,
não é muito complicada.
-
Not Synced
Claro que, ao longo dos anos,
as coisas tornam-se muito complicadas.
-
Not Synced
Então, Thay tenta ajudar-nos
a limpar todas essas complicações
-
Not Synced
para que possamos ver claramente
-
Not Synced
e focarmo-nos mais na nossa prática
-
Not Synced
em vez de apenas nos perdermos
-
Not Synced
numa montanha de papéis e estudos académicos,
-
Not Synced
tentando apenas encontrar a essência.
-
Not Synced
Os 40 princípios estão lá
para nos ajudar a fazer isso,
-
Not Synced
para que não fiquemos presos
nos ganchos que existem, nos mal-entendidos.
-
Not Synced
Tathata é sempre voltar
às coisas como elas são,
-
Not Synced
à talidade das coisas.
-
Not Synced
Não ficar preso a ideias rígidas
ou dogmáticas sobre como o mundo é.
-
Not Synced
Falamos sobre a impermanência,
falamos dela em termos de uma concentração,
-
Not Synced
não em termos de estabelecer uma verdade absoluta:
"é assim que as coisas são".
-
Not Synced
A impermanência é uma prática.
-
Not Synced
Significa que, com plena consciência,
nos tornamos conscientes do objeto da nossa atenção
-
Not Synced
e vemos que ele tem uma natureza de mudança.
-
Not Synced
Está constantemente a nascer
e constantemente a morrer.
-
Not Synced
Quando vemos isso, percebemos que
essa é a natureza das coisas condicionadas.
-
Not Synced
Mas a afirmação de que
"todas as coisas condicionadas são impermanentes"
-
Not Synced
pode ser uma armadilha
se nos apegarmos a ela como um dogma.
-
Not Synced
Alguém pode chegar até nós e dizer:
"Não, existe uma alma permanente.
Vamos viver para sempre, eternamente."
-
Not Synced
E nós respondemos:
"Não, não é assim,
-
Not Synced
porque o Buda disse que
todas as coisas são impermanentes!"
-
Not Synced
E ficamos muito zangados,
e falhamos completamente,
perdemos a nossa prática.
-
Not Synced
Porque não é
para declarar uma verdade absoluta
-
Not Synced
que dizemos que o Buda afirmou
que todas as coisas condicionadas são impermanentes,
-
Not Synced
mas sim para nos libertarmos do nosso sofrimento.
-
Not Synced
Porque nos apegamos às coisas,
pensamos nelas como permanentes, e sofremos.
-
Not Synced
Até mesmo o Dharma,
precisamos de ser capazes de o largar,
-
Not Synced
quanto mais o que não é Dharma.
Essa é a lição da jangada.
-
Not Synced
O Buda,
-
Not Synced
no sutra
-
Not Synced
sobre A Melhor Maneira de Agarrar uma Serpente,
-
Not Synced
ou, por vezes, chamado
Sutra do Treinador de Abutres,
-
Not Synced
porque é o ensinamento que o Buda deu a um monge
preso na sua ideia sobre os prazeres sensoriais.
-
Not Synced
Ele estava dogmaticamente preso,
tinha uma visão errada,
-
Not Synced
acreditava que o Buda ensinou
que os prazeres sensoriais
não são um obstáculo à prática, à liberdade.
-
Not Synced
E antes de se tornar monge,
ele treinava abutres para caçar.
-
Not Synced
Então o Buda ofereceu o ensinamento:
"As minhas palavras são como uma jangada."
-
Not Synced
[As minhas palavras são como uma jangada]
-
Not Synced
O significado disto é que
um homem chega a um rio
-
Not Synced
e percebe que não pode atravessá-lo.
-
Not Synced
Então junta algumas canas e ervas,
e começa a tecer uma jangada
com essas ervas e canas.
-
Not Synced
Depois, usa essa jangada para atravessar o rio.
-
Not Synced
E, depois de ter feito todo aquele esforço
para construir a jangada,
-
Not Synced
quando chega à outra margem do rio, ele pensa:
-
Not Synced
"Uau! Há muitos outros rios
que talvez precise de atravessar."
-
Not Synced
E se eu pegasse nesta jangada
e a carregasse comigo,
-
Not Synced
para que, da próxima vez que encontrasse um rio,
já tivesse a minha jangada
-
Not Synced
e pudesse atravessar?'
-
Not Synced
Então, talvez o homem tente pegar na jangada.
-
Not Synced
Ela é muito pesada, ele começa a suar,
e não consegue ir muito longe carregando-a.
-
Not Synced
Então, o Buda perguntou:
'Esse homem é muito inteligente?'
-
Not Synced
E os monges responderam:
'Não, ele não é muito inteligente.'
-
Not Synced
Então o Buda disse:
'Outro homem chega e faz o mesmo,
-
Not Synced
mas, ao atravessar para a outra margem,
ele deixa a jangada ali.
-
Not Synced
Talvez outra pessoa possa usá-la
para voltar para a outra margem.
-
Not Synced
Mas ele não faz isso apenas
porque é generoso,
-
Not Synced
mas também porque é inteligente
-
Not Synced
e sabe que, quando chegar ao próximo rio,
usando as habilidades que aprendeu ao construir a jangada,
-
Not Synced
será capaz de fazer outra jangada.
-
Not Synced
E seria muito preocupante,
muito cansativo para ele
-
Not Synced
carregar aquela jangada até ao próximo rio.'
-
Not Synced
Essa metáfora, essa história,
foi usada pelo Buda
-
Not Synced
para ilustrar como devemos tratar o Dharma.
-
Not Synced
O Dharma é como uma jangada.
-
Not Synced
Precisamos ser capazes,
quando chegamos à outra margem,
-
Not Synced
de largar a jangada, deixá-la para trás.
-
Not Synced
Mesmo o Dharma,
quando somos capazes de tocar o nirvana,
-
Not Synced
não devemos nos apegar a ele,
-
Not Synced
nem às palavras, nem às formulações,
-
Not Synced
de maneira dogmática,
como se fosse uma crença fixa.
-
Not Synced
Porque todos os ensinamentos
são apenas expedientes,
-
Not Synced
estão apenas lá para nos ajudar
a chegar à outra margem,
-
Not Synced
mas não para nos agarrarmos a eles
-
Not Synced
como se fossem dogmas ou crenças inquestionáveis.
-
Not Synced
As minhas palavras são como uma jangada.
-
Not Synced
É preciso largá-las.
-
Not Synced
[É preciso largá-las.]
-
Not Synced
É preciso largá-las,
quanto mais então os ensinamentos errados.
-
Not Synced
[Quanto mais então os ensinamentos errados.]
-
Not Synced
Literalmente, ele disse:
'Deixai ir o Dharma,
-
Not Synced
quanto mais então o aDharma.'
-
Not Synced
Significa o não-Dharma.
-
Not Synced
O que é o Dharma errado?
-
Not Synced
É acreditar que este corpo é permanente,
que durará para sempre.
-
Not Synced
É a crença de que temos sentimentos
que durarão eternamente.
-
Not Synced
Que, se nos entregarmos
e nos inundarmos de prazeres sensoriais,
-
Not Synced
isso nos levará à felicidade duradoura.
-
Not Synced
Esse é um tipo de entendimento errado.
Não é sustentado pela experiência.
-
Not Synced
Mas podemos contar isso a nós mesmos.
-
Not Synced
Precisamos observar a maneira como a publicidade,
-
Not Synced
os sites que visitamos,
-
Not Synced
estão constantemente a reforçar
esse tipo de crença,
-
Not Synced
que podemos dizer que é um ensinamento errado.
-
Not Synced
Temos que largar o Dharma,
ainda mais o não-Dharma.
-
Not Synced
Talvez ao olhares para o teu feed no Twitter,
ou até mesmo para um jornal,
-
Not Synced
isso esteja a regar as sementes do prazer sensorial,
-
Not Synced
a reforçar a ideia de que
a felicidade está noutro lugar.
-
Not Synced
Que, se fores alguém importante,
-
Not Synced
alguém na capa de uma revista,
-
Not Synced
alguém na capa do jornal,
-
Not Synced
então terás uma felicidade infinita.
-
Not Synced
Tudo será perfeito,
porque serás uma estrela, certo?
-
Not Synced
Acho que a maioria de nós
imediatamente considera essa ideia absurda,
-
Not Synced
mas, de alguma forma, mesmo achando a ideia absurda,
ainda nos comportamos como se acreditássemos nela.
-
Not Synced
Queremos saber
o que essas pessoas estão a fazer,
-
Not Synced
essas pessoas importantes nos jornais,
-
Not Synced
essas pessoas importantes
nas capas das revistas.
-
Not Synced
E dizemos: "Bem, só queremos saber
-
Not Synced
porque estamos a investigar
a natureza do sofrimento humano."
-
Not Synced
Mas podes fazer isso, basta encontrares-te a ti mesmo.
-
Not Synced
Claro que podemos sempre aprender
com as experiências de outras pessoas,
-
Not Synced
mas cuidado, porque uma forma errada
de compreender este ensinamento
-
Not Synced
é que as pessoas deixam de estudar o Dharma.
-
Not Synced
Dizem: "Não preciso do Dharma,
-
Not Synced
o Buda disse que o Dharma
é como uma jangada. Deixo-a para trás."
-
Not Synced
Mas passam o resto do tempo
-
Not Synced
apegados ao feed do Twitter,
-
Not Synced
ou a ler jornais ou seja o que for,
-
Not Synced
e a regar as sementes da raiva,
do desejo, do ciúme e assim por diante.
-
Not Synced
Precisamos de largar ambos.
Não apenas o Dharma.
-
Not Synced
Esse é o ensinamento
sobre o Dharma como uma jangada.
-
Not Synced
E ao fazê-lo, treinamo-nos a nós mesmos.
-
Not Synced
Percebemos quando estamos presos numa ideia
-
Not Synced
e conseguimos acalmar-nos
e voltar à realidade,
-
Not Synced
à observação direta das coisas
sem a aderência,
-
Not Synced
sem ficarmos presos à nossa perceção,
presos às nossas formações mentais
-
Not Synced
com as quais queremos impor
a nossa ideia ao mundo.
-
Not Synced
E então tens, tu és -
-
Not Synced
Isso é a prática do Budismo Engajado.
-
Not Synced
Então és capaz de ajudar.
-
Not Synced
Alguém que vive numa ideia ilusória,
-
Not Synced
preso aos seus julgamentos,
às suas preocupações, aos seus medos,
-
Not Synced
não consegue fazer muito
para ajudar os outros a sofrer menos.
-
Not Synced
É como cegos a guiar cegos.
-
Not Synced
Claro que existem
situações de injustiça
-
Not Synced
e há sofrimento real no mundo,
-
Not Synced
mas precisamos de ser capazes
de ver as coisas como são
-
Not Synced
para podermos ajudar,
para tocarmos a verdadeira compaixão
-
Not Synced
e conseguirmos aliviar o sofrimento
em nós e nos outros.
-
Not Synced
Essa é a prática profunda de um bodhisattva,
a prática do despertar.
-
Not Synced
Essa história de nirvana
com resíduo ou sem resíduo
-
Not Synced
é um produto de pensar demais sobre o nirvana,
-
Not Synced
tentando adicionar
diferentes qualidades ao nirvana.
-
Not Synced
É muito mais simples do que isso.
O nirvana é nirvana. Só isso.
-
Not Synced
O objetivo é tocar o nirvana, certo?
Não falar sobre nirvana.
-
Not Synced
Está ali como
um dedo a apontar para a lua.
-
Not Synced
Não nos devemos prender ao dedo.
O dedo é a palavra nirvana.
-
Not Synced
Queremos olhar diretamente
para a beleza da lua.
-
Not Synced
Essa é a natureza não condicionada,
não o sinal que a indica.
-
Not Synced
Então, quer usemos o termo Deus,
-
Not Synced
quer usemos o termo
nirvana, Alá, Javé,
-
Not Synced
tudo isso são apenas sinais
-
Not Synced
que nos ajudam a tocar
o que não pode ser expresso,
-
Not Synced
o que não pode ser qualificado,
o que não pode ser -
-
Not Synced
O que é incondicionado e incriado.
-
Not Synced
Temos de ter cuidado com o caminho
que nos treina a ficarmos presos às nossas ideias.
-
Not Synced
O Buda, o Budismo, são ideias, palavras,
-
Not Synced
que nos ajudam a libertar-nos
-
Not Synced
do nosso apego às palavras e conceitos,
-
Not Synced
do apego aos nossos cinco skandhas.
-
Not Synced
Talvez possamos ouvir o som do sino.
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
Como podemos descrever o nirvana? O Buda -
-
Not Synced
Temos ditos passados
-
Not Synced
do Buda a tentar descrever nirvana
-
Not Synced
para o propósito do despertar.
-
Not Synced
Ele está a ajudar os seus discípulos a despertarem.
-
Not Synced
No Udana, que são as exortações
ou expressões sinceras do Buda,
-
Not Synced
há uma secção sobre nirvana.
-
Not Synced
Este é o Udana 8.3.
-
Not Synced
O Buda está em Shravasti, no Bosque de Jeta,
-
Not Synced
no mosteiro de Anathapindika,
-
Not Synced
ensinando os bhikshus, os monges, e diz:
-
Not Synced
"Existe, ó monges,"
-
Not Synced
[Existe, ó monges,]
-
Not Synced
No vocativo apenas escrevemos "ó".
-
Not Synced
"Existe, ó monges,
o não-nascido,
-
Not Synced
o não-produzido -
-
Not Synced
[o não-nascido, o não-produzido]
-
Not Synced
Ou podemos dizer, não-surgido.
-
Not Synced
O não-feito,
-
Not Synced
[o não-feito,]
-
Not Synced
e o não-condicionado."
-
Not Synced
Podemos também dizer o não-nascido,
o não-produzido, o não-feito.
-
Not Synced
[o não-condicionado.]
-
Not Synced
"Se não existisse o não-nascido -
-
Not Synced
Talvez devêssemos dizer
se não existisse o não-nascido,
-
Not Synced
[Se não existisse o não-nascido,]
-
Not Synced
o não-feito,
-
Not Synced
[o não-feito,]
-
Not Synced
o não-produzido,
-
Not Synced
o não-produzido, o não-feito, o não-condicionado.
-
Not Synced
[o não-produzido, o não-feito, o não-condicionado]
-
Not Synced
então não haveria escapatória,
-
Not Synced
[então não haveria escapatória aqui]
-
Not Synced
nenhuma escapatória aqui
-
Not Synced
do nascido,
-
Not Synced
[do nascido,]
-
Not Synced
do produzido, do feito,
-
Not Synced
[do produzido, do feito,]
-
Not Synced
do condicionado."
-
Not Synced
[do condicionado.]
-
Not Synced
Udana 8.3.
-
Not Synced
[Udāna 8.3.]
-
Not Synced
"'Tatiya Nibbāna Paṭisaṁyutta Sutta'."
-
Not Synced
"'Tatiya' é terceiro. O terceiro nirvana -
-
Not Synced
A terceira secção, o terceiro texto, sutra,
-
Not Synced
na secção sobre o nirvana.
-
Not Synced
"Mas, como existe o não-nascido,
o não-produzido, o não-feito,
-
Not Synced
o não-condicionado,
-
Not Synced
há uma escapatória do nascido,
do produzido, do feito e do condicionado."
-
Not Synced
Não escrevo isso aqui,
mas podes adicionar:
-
Not Synced
"Existe, ó monges, o não-nascido, o não-
produzido e não-feito, o não-condicionado.
-
Not Synced
Se não existisse -
-
Not Synced
Desculpa, 'Se não existisse
-
Not Synced
o não-nascido, o não-produzido,
o não-feito, o não-condicionado...'
-
Not Synced
Faltam algumas palavras aqui,
"Não haveria escapatória
-
Not Synced
do nascido, do produzido,
-
Not Synced
do feito, do condicionado.
-
Not Synced
Mas como existe o não-nascido,
o não-produzido, o não-feito,
-
Not Synced
o não-condicionado,
é por isso que se pode encontrar uma escapatória
-
Not Synced
do nascido, do produzido,
do feito, do condicionado."
-
Not Synced
Este é o Buda a fazer o seu melhor,
-
Not Synced
usando palavras para descrever nirvana.
-
Not Synced
Em outros momentos, ele apenas disse,
"Como se pode descrever nirvana?"
-
Not Synced
Posso quase imaginar o Buda,
-
Not Synced
embora não ache que o Buda
teria simplesmente levantado as mãos.
-
Not Synced
Sentes que a certa altura
só há silêncio,
-
Not Synced
e a própria presença do Buda.
-
Not Synced
Isso é tudo o que podemos usar para atestar
-
Not Synced
a nossa confiança
no despertar do mestre.
-
Not Synced
(...)
-
Not Synced
Vamos terminar com três sons do sino,
-
Not Synced
voltar à nossa respiração,
-
Not Synced
e desfrutar de estar presente com o nosso corpo
-
Not Synced
sem apego, sem agarrar-se a nada.
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
(Sino)
-
Not Synced
(Sino)