Por que não podemos comparar as vacinas contra a COVID-19
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0:01 - 0:04Narradora: Esta é a nova vacina
de dose única contra a COVID-19 -
0:04 - 0:06da Johnson & Johnson.
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0:06 - 0:07No início de março,
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0:07 - 0:12mais de 6 mil doses deveriam ser enviadas
para a cidade de Detroit, em Michigan. -
0:13 - 0:15Mas o prefeito disse: "Não, obrigado".
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0:15 - 0:18(Video) Mike Duggan: Moderna
e Pfizer são as melhores, -
0:18 - 0:20e farei todo o possível
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0:20 - 0:24para garantir que os habitantes
de Detroit recebam a melhor. -
0:24 - 0:26N: Ele se referia a estes números:
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0:26 - 0:29as "taxas de eficácia" das vacinas.
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0:29 - 0:34As vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna
têm taxas altíssimas de eficácia: -
0:34 - 0:3795% e 94%.
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0:37 - 0:39E as vacinas da Johnson & Johnson?
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0:39 - 0:41Apenas 66%.
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0:41 - 0:43Se analisarmos somente esses números,
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0:44 - 0:47é natural pensar que essas vacinas
são piores do que as outras. -
0:48 - 0:50Mas essa suposição está errada.
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0:50 - 0:54Esses números nem sequer
são a medida mais importante -
0:54 - 0:56da eficácia dessas vacinas.
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0:57 - 0:58Para compreender isso,
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0:58 - 1:02é preciso entender primeiro
o que se espera que as vacinas façam. -
1:06 - 1:11A taxa de eficácia de uma vacina
é calculada em ensaios clínicos amplos, -
1:11 - 1:14nos quais a vacina é testada
em dezenas de milhares de pessoas. -
1:15 - 1:17Essas pessoas são divididas
em dois grupos: -
1:17 - 1:20metade recebe a vacina;
a outra, um placebo. -
1:21 - 1:23Em seguida, elas retomam a vida normal
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1:23 - 1:27enquanto cientistas monitoram se contraem
COVID-19 ao longo de vários meses. -
1:28 - 1:34No ensaio clínico da Pfizer/BioNTech,
por exemplo, havia 43 mil participantes. -
1:34 - 1:38No final do ensaio, 170 pessoas
foram infectadas com COVID-19. -
1:39 - 1:42O modo como essas pessoas
se enquadram em cada um desses grupos -
1:42 - 1:44determina a eficácia de uma vacina.
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1:45 - 1:48Se as 170 pessoas
fossem divididas uniformemente, -
1:48 - 1:52significaria que elas ficariam doentes
tanto com a vacina como sem ela. -
1:52 - 1:55Sendo assim, a eficácia seria de 0%.
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1:56 - 1:59Se todas as 170 estivessem
no grupo do placebo, -
1:59 - 2:02e nenhuma pessoa do grupo
da vacina ficasse doente, -
2:02 - 2:05a vacina teria 100% de eficácia.
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2:06 - 2:07Nesse ensaio específico,
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2:07 - 2:12havia 162 pessoas no grupo do placebo
e apenas 8 no grupo da vacina. -
2:12 - 2:14Ou seja, as que tomaram a vacina
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2:14 - 2:18tiveram uma probabilidade
95% menor de contrair COVID-19. -
2:18 - 2:21A vacina teve 95% de eficácia.
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2:23 - 2:24Mas isso não significa
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2:24 - 2:28que, se 100 pessoas forem vacinadas,
5 delas ficarão doentes. -
2:29 - 2:33Em vez disso, esse índice de 95%
se aplica ao indivíduo. -
2:34 - 2:35Portanto, cada pessoa vacinada
-
2:35 - 2:38tem uma probabilidade
95% menor de ficar doente -
2:38 - 2:41do que uma pessoa não vacinada,
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2:41 - 2:43cada vez que for exposta à COVID-19.
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2:44 - 2:48A taxa de eficácia de cada vacina
é calculada da mesma forma, -
2:49 - 2:51mas o ensaio clínico de cada uma
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2:51 - 2:54pode ser feito em circunstâncias
bem diferentes. -
2:55 - 2:58Deborah Fuller: Uma
das considerações mais importantes -
2:58 - 2:59quando analisamos os números,
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2:59 - 3:03é o momento em que os ensaios
clínicos foram realizados. -
3:03 - 3:07N: Este é o número de casos diários
de COVID-19 nos EUA -
3:07 - 3:08desde o início da pandemia.
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3:09 - 3:13O ensaio da Moderna foi realizado
inteiramente nos EUA, no verão. -
3:14 - 3:19O da Pfizer/BioNTech também foi conduzido
principalmente nos EUA, ao mesmo tempo. -
3:20 - 3:25No entanto, a Johnson & Johnson
realizou seu ensaio nos EUA neste momento, -
3:25 - 3:29quando havia mais oportunidades
de infecção entre os participantes. -
3:30 - 3:33A maior parte dos ensaios
ocorreu em outros países, -
3:33 - 3:35na África do Sul e no Brasil,
principalmente. -
3:36 - 3:40Nesses outros países,
não só havia mais casos, -
3:40 - 3:42mas o vírus em si era diferente.
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3:43 - 3:47Os ensaios clínicos ocorreram
quando as variantes da COVID-19 surgiram -
3:47 - 3:50e se tornaram as infecções
dominantes nesses países, -
3:50 - 3:53variantes com maior probabilidade
de adoecer os participantes. -
3:54 - 3:58Na África do Sul, a maioria dos casos
no ensaio da Johnson & Johnson -
3:58 - 3:59foram da variante,
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3:59 - 4:03não da cepa original
que estava nos EUA durante o verão. -
4:03 - 4:07Apesar disso, as infecções
foram significativamente reduzidas. -
4:09 - 4:12Amesh Adal: Se fizermos comparações
individuais e diretas entre as vacinas, -
4:12 - 4:15elas têm que ser analisadas
no mesmo ensaio, -
4:15 - 4:16com os mesmos critérios de inclusão,
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4:16 - 4:18nas mesmas partes do mundo,
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4:18 - 4:19ao mesmo tempo.
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4:19 - 4:22DF: Se fôssemos considerar
as vacinas da Pfizer e da Moderna, -
4:22 - 4:23e repetir os ensaios clínicos
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4:23 - 4:28ao mesmo tempo que vimos
no ensaio clínico da J&J, -
4:28 - 4:30a taxa de eficácia talvez fosse
bem diferente entre elas. -
4:31 - 4:34N: As taxas de eficácia
só indicam o que aconteceu -
4:34 - 4:36no ensaio clínico de cada vacina,
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4:36 - 4:39não o que acontecerá
exatamente no mundo real. -
4:39 - 4:41Mas muitos especialistas argumentam
-
4:41 - 4:44que esse nem sequer é o melhor índice
para julgar uma vacina, -
4:44 - 4:49porque evitar todas as infecções
nem sempre é o propósito de uma vacina. -
4:49 - 4:52AA: O objetivo de um programa
de vacina contra a COVID-19 -
4:52 - 4:54não é necessariamente zerar a COVID,
-
4:54 - 4:56mas atenuar o vírus, enfraquecê-lo,
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4:56 - 5:00anular sua capacidade de causar
complicações, internações e mortes. -
5:01 - 5:04N: É válido analisar os diferentes
resultados de uma exposição à COVID-19 -
5:04 - 5:05como esta.
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5:06 - 5:09O melhor cenário é definitivamente
não ficar doente. -
5:09 - 5:11O pior caso é a morte.
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5:12 - 5:15No meio, estão a internação,
os sintomas graves a moderados, -
5:15 - 5:17ou a ausência de quaisquer sintomas.
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5:18 - 5:20Na melhor das circunstâncias,
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5:20 - 5:24as vacinas oferecem proteção
em todas essas possibilidades. -
5:24 - 5:25Mas, de modo realista,
-
5:25 - 5:29esse não é o principal objetivo
das vacinas contra a COVID-19. -
5:30 - 5:33O objetivo real é dar ao corpo
proteção suficiente -
5:33 - 5:35para dar conta dessas possibilidades.
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5:35 - 5:39Assim, caso você seja infectado,
parecerá mais um resfriado -
5:39 - 5:41do que algo que exigirá uma internação.
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5:42 - 5:47Cada uma dessas vacinas
contra a COVID-19 faz isso bem. -
5:47 - 5:49Em todos esses ensaios,
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5:49 - 5:52embora pessoas do grupo de placebo
tenham sido internadas, -
5:52 - 5:54ou até mesmo morrido por COVID-19,
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5:54 - 5:59nenhuma pessoa totalmente vacinada,
em qualquer um desses ensaios, -
5:59 - 6:01foi internada ou morreu por COVID-19.
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6:02 - 6:04DF: Eu queria que o prefeito
tivesse entendido -
6:04 - 6:11que todas as três vacinas
são 100% eficazes em evitar mortes. -
6:11 - 6:12N: O prefeito de Detroit voltou atrás
-
6:13 - 6:16e disse que começaria a considerar
doses da Johnson & Johnson, -
6:16 - 6:20porque ela é ainda "altamente eficaz
contra o que mais nos interessa". -
6:21 - 6:25A eficácia é importante,
mas não é o que mais importa. -
6:25 - 6:30A pergunta não é qual vacina nos protegerá
contra qualquer infecção por COVID, -
6:30 - 6:34mas qual delas nos manterá vivos,
ou fora de um hospital, -
6:34 - 6:36qual vacina ajudará a acabar
com a pandemia. -
6:36 - 6:38A resposta é: qualquer uma.
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6:38 - 6:42DF: Neste momento, a melhor vacina
é aquela que for oferecida. -
6:42 - 6:44AA: A cada injeção aplicada em alguém,
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6:44 - 6:46chegamos mais perto
do final desta pandemia. -
6:47 - 6:48Tradutor: Maurício Kakuei Tanaka
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6:48 - 6:50Revisor: Ruy Lopes Pereira
- Title:
- Por que não podemos comparar as vacinas contra a COVID-19
- Description:
-
O que significa, na verdade, a "taxa de eficácia" de uma vacina?
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Nos EUA, as duas primeiras vacinas contra a COVID-19 disponíveis foram as da Pfizer / BioNTech e da Moderna. Ambas as vacinas têm "taxas de eficácia" muito elevadas, em torno de 95%. Mas a terceira vacina introduzida nos EUA, da Johnson & Johnson, tem uma taxa de eficácia consideravelmente menor: apenas 66%.
Analisando esses números lado a lado, é natural concluir que um deles é consideravelmente pior. Por que se contentar com 66% quando podemos ter 95%? Mas essa não é a maneira certa de compreender a taxa de eficácia de uma vacina, ou mesmo de entender o que uma vacina faz. E especialistas em saúde pública dizem que se queremos realmente saber qual vacina é a melhor, a taxa de eficácia não é, de forma alguma, o mais importante.
Leituras adicionais da Vox:
Por que a comparação das taxas de eficácia da vacina contra a COVID-19 pode ser enganosa: https://www.vox.com/22311625/covid-19-vaccine-efficacy-johnson-moderna-pfizer
A métrica da vacina que importa mais do que a eficácia: https://www.vox.com/22273502/covid-vaccines-pfizer-moderna-johnson-astrazeneca-efficacy-deaths
Os limites do que as taxas de eficácia da vacina podem nos informar: https://www.vox.com/21575420/oxford-moderna-pfizer-covid-19-vaccine-trial-biontech-astrazeneca-results
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- COVID-19 Pandemic
- Duration:
- 07:02
Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why you can't compare Covid-19 vaccines | ||
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Maurício Kakuei Tanaka edited Portuguese, Brazilian subtitles for Why you can't compare Covid-19 vaccines | ||
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