O grande artista do futuro não será humano | Leonel Moura | TEDxAveiro
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0:20 - 0:23Olá, boa tarde.
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0:27 - 0:31Eu sou artista, não sou nada mais...
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0:33 - 0:37Nos últimos anos tenho-me interessado
muito por ciência. -
0:37 - 0:39Sempre me interessei muito por ciência,
desde jovem. -
0:39 - 0:43Mas, nos últimos anos, muito mais seriamente.
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0:43 - 0:47A maioria dos meus amigos atuais
são cientistas, não são artistas. -
0:47 - 0:50Acho as conversas deles muito mais
excitantes e produtivas, -
0:50 - 0:53mas bom, é uma opção.
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0:53 - 0:57Não tenho nada contra os artistas,
obviamente, sou eu próprio um artista. -
0:58 - 1:07Mas eu acho que aquilo que define um artista
no século XXI, e após todo o século XX, -
1:07 - 1:11é exatamente o tema desta conferência,
que é: ultrapassar limites. -
1:11 - 1:19A arte do século XX, sobretudo,
tornou-se numa atividade -
1:19 - 1:23que visa ultrapassar os limites da própria arte.
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1:23 - 1:27Se nós repararmos, ao longo do século XX,
cada artista vinha com uma proposta -
1:27 - 1:31de fazer uma coisa que ainda ninguém
tinha feito: usar um novo material, -
1:31 - 1:37usar uma nova perspetiva,
fazer as coisas mais incríveis, incluindo, -
1:37 - 1:40logo, no início do século,
quando o Marcel Duchamp -
1:40 - 1:43pega num urinol e lhe chama uma fonte,
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1:43 - 1:47portanto, sendo uma escultura, isso foi aceite
– na altura não foi, mas depois foi – -
1:47 - 1:49e está agora no MoMA, não é, no museu,
está consagrado, -
1:49 - 1:52é uma obra-prima do século XX, é um urinol...
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1:52 - 1:55(Risos)
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1:55 - 1:58...e, portanto, quando isso aconteceu,
tudo é possível. -
1:58 - 2:04E eu, como artista, pensei, com essa ideia
de ultrapassar os limites: -
2:04 - 2:06"O que é que eu posso fazer?
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2:06 - 2:10"O quê, vou pintar um quadro muito grande,
vou pintar um quadro, sei lá... -
2:10 - 2:13"...com quadrados e triângulos, coisa que
ainda eventualmente ninguém fez, -
2:13 - 2:17"ou vou fazer uma escultura não sei quê,
toda esquisita, ou vou não sei quê..." -
2:17 - 2:21e estava a pensar: "O que é que eu vou fazer?..."
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2:22 - 2:25...nessa perspetiva de ultrapassar limites.
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2:26 - 2:30E, então, pensei: "E se eu não fizer nada?
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2:30 - 2:33E se eu, em vez de ser eu a fazer qualquer coisa,
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2:33 - 2:38"eu for capaz de arranjar uma máquina
que faça as coisas, -
2:38 - 2:41mas que não faça as minhas coisas,
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2:41 - 2:44"porque isso, há muitas máquinas
que fazem o que nós queremos. -
2:44 - 2:49"Não, não, uma máquina que fosse capaz
de fazer a sua própria coisa. -
2:49 - 2:54"A sua própria arte."
Esta é forte mas, era... -
2:54 - 2:57É essa a minha intenção
desde o início deste projeto, -
2:57 - 3:00quando eu comecei, há mais de uma década,
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3:00 - 3:05a fazer máquinas criativas e robôs criativos.
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3:05 - 3:07Se calhar, percebem isto melhor,
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3:07 - 3:13mostrando alguns exemplos
desta breve história, digamos. -
3:13 - 3:17O primeiro robô que eu fiz, não era,
sequer, um verdadeiro robô, -
3:17 - 3:21pelo menos, não era autónomo.
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3:21 - 3:24Era uma espécie de
uma máquina de "cav-cam", -
3:24 - 3:28muito simples, que funcionava
como um braço robótico. -
3:28 - 3:31Portanto, no fundo, tinha aqui...
pus-lhe um pincel, -
3:31 - 3:36mas o centro deste robô, digamos, criativo,
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3:36 - 3:41era o computador, onde estava a correr
um algoritmo de tipo novo, na altura, -
3:41 - 3:47porque isto foi feito no início deste século,
e ainda era muito novo, -
3:47 - 3:50um tipo de algoritmo que se chamava
de "vida artificial". -
3:50 - 3:52Já não era "inteligência artificial".
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3:52 - 3:55Era uma outra coisa parecida
com inteligência -
3:55 - 3:59ou derivada da inteligência artificial, mas
que nós chamamos de "vida artificial". -
3:59 - 4:07E porquê? Porque simula comportamentos
biológicos, no caso, de formigas. -
4:09 - 4:13E, portanto, aquele computador,
estava, ele, ali, -
4:12 - 4:15aquele programa, digamos, aquele algoritmo,
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4:15 - 4:18estava a gerar uma pintura e
estava a dar a ordem ao braço, -
4:18 - 4:22para fazer, simplesmente,
portanto, essa pintura. -
4:22 - 4:25Isto pode parecer uma coisa super rudimentar,
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4:25 - 4:29qualquer criança faz estes rabiscos.
Não têm interesse nenhum. -
4:29 - 4:31Mas a verdade é que, até àquela altura,
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4:31 - 4:34nunca ninguém tinha feito isto.
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4:34 - 4:39E isso chamou, não a atenção dos artistas,
que a maioria, mesmo dos meus amigos, -
4:39 - 4:45não acharam piada nenhuma a isto,
mas os cientistas acharam muita piada. -
4:45 - 4:51De tal maneira que este mesmo desenho
apareceu na capa duma revista do MIT, -
4:51 - 4:57dedicada exatamente à vida artificial
e é uma revista importantíssima, -
4:57 - 5:00porque é, nesta área,
a mais importante que existe. -
5:00 - 5:09Mas, depois desta experiência,
eu queria sair do computador. -
5:09 - 5:13E, então, criei uma série de robôzinhos,
tipo formigas, -
5:13 - 5:18que, em conjunto, iam criando
linhas e manchas de cor, -
5:18 - 5:22através, no fundo,
da interação com a própria cor. -
5:22 - 5:25Portanto, eles iam construindo...
uma pintura. -
5:25 - 5:30Veja-se como aquele se excita quando
chega ao pé da tinta... (Risos) -
5:30 - 5:31...fica ali, todo... nervoso.
(Risos) -
5:31 - 5:34De resto, andam assim... pronto.
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5:34 - 5:37Depois desta experiência com os robôs,
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5:37 - 5:41tive um convite do Museu de História Natural
de Nova Iorque, -
5:41 - 5:44a ver se eu era capaz de fazer um robô
para estar no museu a fazer desenhos. -
5:44 - 5:49Está lá, é este robô. Isto, aliás,
é uma exposição feita no próprio museu. -
5:49 - 5:52E este robô, que se chama RAP...
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5:52 - 5:55Mas o RAP não tem a ver
com a música, tem a ver com -
5:55 - 5:58"Robotic Action Painter", portanto, aqui
uma pequena referência ao Pollock. -
5:58 - 6:03Este robô faz tudo: ele faz o desenho,
faz a composição, -
6:03 - 6:07depois decide quando para,
-
6:07 - 6:12e vai ao canto e assina com o nome dele,
porque ele é narcísico, -
6:12 - 6:15como todos os artistas, é normal.
(Risos) -
6:15 - 6:23Este robô é muito, já muito sofisticado,
muito criativo e, digamos, -
6:23 - 6:26como a maioria dos artistas, tem um estilo.
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6:26 - 6:30Só que, de vez em quando, faz coisas
absolutamente surpreendentes. -
6:30 - 6:33E o Museu de Nova Iorque, com quem
tenho um acordo -
6:33 - 6:35e eles mandam-me os desenhos do robô,
-
6:35 - 6:38de vez em quando, mandam-mos
e chegam-me uns desenhos. -
6:38 - 6:42E, de vez em quando,
por exemplo, este desenho, -
6:41 - 6:44para vocês que não conhecem
o estilo do RAP, -
6:44 - 6:46este desenho é fabuloso
porque é um desenho -
6:46 - 6:49em que ele criou um estilo novo de pintura,
-
6:49 - 6:51porque, para já, parou ali,
fez uns borrões de tinta, -
6:51 - 6:53coisa que não estava prevista,
e depois fez uns riscos assim, -
6:53 - 6:56que não estavam também previstos.
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6:56 - 6:59O tipo de pintura que ele faz é
deste género, o normal. -
6:59 - 7:01Mas ele, de vez em quando,
dá-se para criatividades -
7:01 - 7:02e põe-se a fazer coisas estranhas.
-
7:02 - 7:04(Risos)
-
7:04 - 7:08Este tipo de pintura, de qualquer maneira,
demonstra que o processo -
7:08 - 7:10– é um processo emergente –
-
7:10 - 7:15que o processo... ele vai tentar construir
uma forma abstrata, -
7:15 - 7:18mas, quer dizer, há aqui uma vontade
de composição, -
7:18 - 7:21visto que depois aqui deixou isto
praticamente em branco, -
7:21 - 7:23com um bocado com fundo, aleatório.
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7:23 - 7:28Depois deste RAP, eu fiz um outro robô,
que aliás, está agora aqui em Aveiro, -
7:28 - 7:32e está aqui, neste edifício.
E agora, quando for o café, -
7:32 - 7:35ele vai fazer ali uma pequena "performance".
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7:35 - 7:40Este robô também é muito interessante
porque, quando eu, por causa do problema -
7:40 - 7:44da assinatura, encontrei umas rodas fabulosas,
-
7:44 - 7:48que são umas rodas que andam
para todos os lados, -
7:48 - 7:51e isso permite ao robô escrever.
E, ao permitir ao robô escrever, -
7:51 - 7:56eu criei este robô-poeta, e é mesmo poeta,
porque já publicou um livro de poesia... -
7:56 - 7:58(Risos)
-
7:58 - 8:02...com os poemas dele,
que foi publicado em Coimbra. -
8:02 - 8:05E até tem um prefácio da
Cristina Robalo Cordeiro, -
8:05 - 8:10que é uma especialista em poesia, que fez
um prefácio sobre os poemas do ISU. -
8:10 - 8:14E é um prefácio até muito curioso,
-
8:14 - 8:17porque ela não se interessou
se era um robô ou [se] era um humano. -
8:17 - 8:19Olhou só para os poemas.
-
8:19 - 8:22Portanto, é curioso
a interpretação dela dos poemas. -
8:22 - 8:25Os poemas são do tipo surrealista, quer dizer...
-
8:25 - 8:26(Risos) ...ele pega...
-
8:26 - 8:31...ele pega num conjunto de palavras e
junta-as, e o poema está feito. -
8:31 - 8:32(Risos)
-
8:32 - 8:34Há vários poemas, portanto, ele não está...
-
8:34 - 8:37como é óbvio, o robô não percebe nada,
nem de poesia, -
8:37 - 8:39nem de palavras, nem de nada.
Mas, de vez em quando, tem piada, -
8:39 - 8:41saem poemas com uma certa piada.
-
8:41 - 8:49É, para além disso, um robô muito versátil,
também faz figurativo, figuras, -
8:49 - 8:52embora aqui, por exemplo,
viu-se aflito... -
8:52 - 8:53(Risos)
-
8:53 - 8:55...mas até é do que toda a gente gosta mais,
-
8:55 - 8:59que é o mais criativo, digamos, mas aqui,
eu dou-lhe um modelo. -
8:59 - 9:06Dei-lhe uma imagem, uma fotografia de uma
pessoa e ele tentou reproduzir, à maneira dele. -
9:08 - 9:13E, de vez em quando, este robô, também,
tal como o outro, surpreende. -
9:13 - 9:19Porque estes robôs, mais sofisticados,
decidem parar quando querem, -
9:19 - 9:22não está pré-programado,
ou seja, não diz: -
9:22 - 9:24"Fazes aqui o desenho e,
ao fim de meia-hora, paras." -
9:24 - 9:27Não, é de uma maneira inteligente
-
9:27 - 9:29e tem a ver com o que ele está a ver.
-
9:29 - 9:31E, portanto, ele pode fazer
meia-dúzia de rabiscos, -
9:31 - 9:34como é aqui o caso, e depois,
foi logo assinar. -
9:34 - 9:36Mas esqueceu-se de levantar a caneta
-
9:36 - 9:39e fez aqui este risco e ficou
uma coisa fabulosa, -
9:39 - 9:43porque é um desenho que qualquer pessoa
olha e acha engraçado, de facto. -
9:43 - 9:48Parece que ele ligou a assinatura com
aquela flor ou árvore ou o que se quiser. -
9:50 - 9:56Eu chamo a este tipo de arte,
chamo-lhe "criatividade artificial", -
9:56 - 10:01na linha da inteligência artificial,
eu chamo-lhe criatividade artificial. -
10:01 - 10:04Ou seja, uma criatividade feita por máquinas.
-
10:05 - 10:11E, demonstro, para além da prática,
dos próprios robôs, -
10:11 - 10:16demonstro, através de duas ideias,
e a primeira é a seguinte: -
10:16 - 10:19Vocês devem-se lembrar,
a maioria de vocês viu -
10:19 - 10:22o "Blade Runner", que é um filme fabuloso,
-
10:22 - 10:27e há um momento no filme, em que
o Harrison Ford faz um teste à Rachel, -
10:27 - 10:30para saber se ela é humana ou [se] é um robô.
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10:30 - 10:34Esse teste, que no filme
tem um nome muito esquisito, -
10:34 - 10:37na verdade, é o chamado "teste de Turing".
-
10:37 - 10:42O Alan Turing é um dos cientistas
mais fascinantes do século XX, -
10:42 - 10:47que, aliás, deu um contributo importantíssimo
para o desfecho da II Guerra Mundial, -
10:47 - 10:51e que é um cientista que, no fundo,
-
10:51 - 10:54está na origem dos nossos
computadores modernos -
10:54 - 10:57e, também, da inteligência artificial.
E, então, este teste é muito simples. -
10:57 - 11:02O teste de Turing baseia-se
numa coisa muito simples, -
11:01 - 11:04que eu posso resumir da seguinte maneira:
-
11:04 - 11:06se – portanto, porque isto é
um conjunto de perguntas -
11:06 - 11:09que ele vai fazendo à Rachel e, no fim,
-
11:09 - 11:11em função das respostas que ela vai dando,
-
11:11 - 11:14ele chega à conclusão
se ela é robô ou se é humana. -
11:14 - 11:17Portanto, o teste baseia-se no seguinte:
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11:17 - 11:20se uma máquina fizer uma coisa que,
se fosse uma pessoa a fazer, -
11:20 - 11:25nós diziamos: "essa pessoa é inteligente",
então, a máquina é inteligente. -
11:26 - 11:30E eu extrapolei isso para a criatividade.
Então, porque não dizer: -
11:30 - 11:34se uma máquina fizer uma coisa que,
se fosse uma pessoa a fazer, -
11:34 - 11:38nós diziamos: "Isto é criativo",
então, a máquina é criativa. -
11:38 - 11:41E, já agora, porque eu sou artista,
-
11:41 - 11:44se uma máquina fizer uma coisa que,
se for uma pessoa a fazer, -
11:44 - 11:49nós dizemos: "Isto é arte",
então aquela máquina é um artista. -
11:49 - 11:53E, de facto, os meus robôs
são mesmo artistas, -
11:53 - 11:57porque quando exponho
as obras de arte dos robôs, sem os robôs, -
11:57 - 12:02e as pessoas não sabem se fui eu que fiz
ou se foi uma máquina ou não sei quê, -
12:02 - 12:10reconhecem, quase sempre, uma qualidade
artística neste tipo de produção pictórica, -
12:10 - 12:13nomeadamente, a maioria deles são pintores.
-
12:13 - 12:17E as pessoas reconhecem aqui alguma...
alguma qualidade. -
12:17 - 12:19Eu vou mostrar aqui um vídeo,
-
12:19 - 12:22para se perceber uma coisa que muita gente,
depois, me diz logo... -
12:22 - 12:25– que as pessoas têm dificuldade em
aceitar estas ideias, claro, e é normal – -
12:25 - 12:28"Ah, isso é tudo aleatório."
Não é. -
12:28 - 12:32Portanto, os robôs, começam,
de facto, num início aleatório, -
12:32 - 12:37mas a partir de uma determinada altura,
começam a criar padrões. -
12:37 - 12:39E aqui neste, mais acelerado,
vê-se perfeitamente -
12:39 - 12:42como os robôs tendem a ir
muito mais para aquele canto -
12:42 - 12:44do que para o resto da pintura.
-
12:44 - 12:48E estes até eram os robôs mais primitivos,
-
12:48 - 12:51os de agora ainda são mais sofisticados, digamos,
-
12:51 - 12:57a concentração da forma que eles
estão a fazer ainda é maior. -
13:00 - 13:05Bom, mas há um outro aspeto que eu
também gostava de focar, -
13:05 - 13:09que não tem só a ver com o Turing
-
13:09 - 13:16e com a ideia de que se um robô faz
o que um ser humano faz, então é criativo. -
13:16 - 13:24Eu tenho um entendimento de criatividade
um pouco distinto do que é normal. -
13:24 - 13:27Porque eu não considero que a criatividade
seja exclusivo do humano. -
13:27 - 13:30Eu acho que a criatividade está em todo o lado,
-
13:30 - 13:36é uma característica, digamos, da Natureza,
é uma característica do Universo. -
13:36 - 13:40Nós vivemos num Universo criativo.
-
13:40 - 13:44E, portanto, no caso da vida, isso é evidente,
-
13:44 - 13:48porque, como já sabemos hoje,
isto tudo começou com umas moléculas -
13:48 - 13:52e depois, começaram-se a juntar,
não sei quê, e agora temos milhões e milhões -
13:52 - 13:57de formas distintas, desde os muito
pequeninos, estes são os transparentes, -
13:57 - 14:02vivem no fundo do mar, que é uma coisa
fabulosa, até, evidentemente, aos grandes -
14:02 - 14:04e [a] nós próprios, os seres humanos.
-
14:04 - 14:08Portanto, há aqui, uma criatividade,
uma imensa criatividade -
14:08 - 14:12que se vai fazendo através de
um conjunto de mecanismos, -
14:12 - 14:16que hoje já são muitos conhecidos,
bastante conhecidos, -
14:16 - 14:20e, portanto, que vai gerando
todas estas surpreendentes formas. -
14:20 - 14:23Mas não é só na vida.
-
14:23 - 14:27Inclusive, por exemplo, simples
grãos de areia, que não têm inteligência, -
14:27 - 14:32não têm nada, são simples grãos de areia,
com o efeito do vento, -
14:32 - 14:35vão-se interagindo uns com os outros
e criam um padrão. -
14:35 - 14:39Está aqui um padrão. Este padrão é
altamente criativo, é fabuloso. -
14:39 - 14:42E, portanto, há aqui também
-
14:42 - 14:46um mecanismo qualquer de criatividade
que, aliás, hoje, é conhecido. -
14:46 - 14:50Ou então, claro, falar das galáxias,
com espirais, -
14:50 - 14:55com outras formas fabulosas, nós percebemos
que a criatividade está em todo o lado. -
14:55 - 14:59E, portanto, nesse aspeto, se eu conseguir
-
14:59 - 15:04introduzir numa máquina alguns destes
mecanismos da criatividade, -
15:04 - 15:08então essa máquina também
consegue ser criativa. -
15:08 - 15:12Mas queria ir mais longe um pouco.
Portanto, esta parte está explicada, -
15:12 - 15:15e acho que o meu ponto de vista
está demonstrado. -
15:15 - 15:18Queria ir mais longe.
-
15:19 - 15:25Quando eu disse no início que queria
ultrapassar um limite, e esse limite era: -
15:25 - 15:29"porque é que eu não fazia nada e
punha uma máquina a fazer," -
15:29 - 15:34estou a pôr aqui em causa talvez
o maior limite que existe na nossa cultura, -
15:34 - 15:39na cultura humana, que é o próprio humano.
-
15:41 - 15:45E, portanto, nós consideramo-nos
um pouco exclusivos. -
15:46 - 15:49Eu não penso assim.
-
15:49 - 15:56E, hoje, nós estamos
a assistir à emergência das máquinas, -
15:56 - 15:59eu não fiz as contas,
mas imagino que já existam -
15:59 - 16:02mais máquinas no planeta
do que seres humanos. -
16:02 - 16:05Claro que a maioria das máquinas
são estúpidas, -
16:05 - 16:08mas já começam a aparecer
máquinas inteligentes. -
16:08 - 16:12E uma delas, muito simples, que quase
todos nós temos é o computador. -
16:12 - 16:16Ao contrário do que muitas pessoas consideram,
-
16:16 - 16:20o computador não é um eletrodoméstico.
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16:20 - 16:25O computador não é igual a
uma máquina de fazer café. -
16:25 - 16:28O computador é uma máquina inteligente.
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16:28 - 16:30É uma máquina que faz coisas por si própria,
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16:30 - 16:34que inventa coisas,
que nos ajuda a imaginar coisas, -
16:34 - 16:37que nos dá a ver coisas que nós
não conseguiríamos ver -
16:37 - 16:39se não fosse o computador.
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16:39 - 16:43E, portanto, esta máquina
é uma máquina excecional, -
16:43 - 16:46não é uma máquina comum.
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16:47 - 16:51E vai evoluir, porque como tudo, tudo evolui.
-
16:52 - 16:54E as máquinas também vão evoluir.
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16:54 - 16:57E os meus robôs,
que fazem agora umas pinturas, -
16:57 - 17:01coitados, são uma espécie de insetos,
vão evoluir. -
17:01 - 17:05E, portanto, eu não sei se as máquinas
vão evoluir num sentido, -
17:05 - 17:10por exemplo, assim mais humanóide que,
pronto, para os filmes fica giro, -
17:10 - 17:14e também se está a fazer muito
no Japão e na Coreia e tal, -
17:14 - 17:16os humanóides – eu, pessoalmente,
-
17:16 - 17:19acho que os robôs vão evoluir
para terem cara de robô -
17:19 - 17:22e não cara de humano, mas tudo bem,
sim, senhor, -
17:22 - 17:27acho que é um esforço interessante.
-
17:26 - 17:30Agora, eles vão evoluir também
nas suas capacidades, -
17:30 - 17:33não vão ser só inteligentes,
não vão ser só criativos, -
17:33 - 17:36vão ter consciência – não tenham dúvida disso –
-
17:36 - 17:39e vão fazer uma outra coisa, que essa
então é que é mesmo a libertação -
17:39 - 17:45dos robôs, vão-se conseguir reproduzir
e evoluir por si próprios. -
17:45 - 17:53Ora, isto, tudo isto significa que estamos,
finalmente, a ultrapassar o humano. -
17:53 - 17:57Ainda há bocado se falou aqui,
numa conferência TED, sobre o Universo -
17:57 - 18:00e porque é que os extraterrestres não aparecem.
-
18:00 - 18:04E nós não temos esse problema,
porque nós estamos a fazê-los. -
18:04 - 18:06Nós estamos a criar os extraterrestres.
-
18:06 - 18:10Nós estamos a criar um ser superior no planeta,
-
18:10 - 18:15superior a nós, mais inteligente, mais capaz.
-
18:15 - 18:20E digamos que... era bom que o Homem
perdesse esta ideia -
18:20 - 18:23de que ele é o centro de tudo,
-
18:23 - 18:28porque isso [o] leva a fazer as maiores
barbaridades, como vocês sabem, -
18:28 - 18:31porque [se] acha no direito de chacinar
tudo à sua volta. -
18:31 - 18:33Eu encontrei esta imagem na Internet,
-
18:33 - 18:36que acho excelente para acabar
a minha conferência, -
18:36 - 18:39que são uns robôs na lua,
ou num planeta qualquer, -
18:39 - 18:42e achei muita piada, porque há um
que está ali a fazer um desenho. -
18:42 - 18:44Porque eu estou mesmo convencido
-
18:44 - 18:46que o grande artista do futuro não será humano.
-
18:46 - 18:47Obrigado.
-
18:47 - 18:57(Aplausos)
- Title:
- O grande artista do futuro não será humano | Leonel Moura | TEDxAveiro
- Description:
-
Leonel Moura falou no TEDxAveiro dos seus robôs artistas, capazes de criarem as suas próprias obras de arte com o mínimo de intervenção humana. Venham conhecer o RAP, que faz desenhos todos os dias dentro de uma vitrine sem qualquer controlo externo, e o ISU, que escreve e faz pinturas com letras e palavras e até já publicou um livro de poemas. Segundo o Leonel, os seus robôs fazem arte usando mecanismos criativos, o que ultrapassa limites como a criatividade ser uma capacidade exclusiva do ser humano. O artista do futuro não será humano.
Esta palestra foi dada num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.
- Video Language:
- Portuguese
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:08
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