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[música]
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Nós estamos no Coleção Wallace em Londres.
Este é um Fragonard, "O Balanço".
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E a primeira coisa que eu percebo é essa
marca de rosa e branco, como a renda,
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no meio da pintura. Esta mulher está indo
para cima no balanço e eu noto que ela
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está sentada no assento vermelho veludo
e dourado do balanço,
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pendurado por cordas, esta fabulosa
curva do chapéu, e nós podemos ver
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suas meias brancas de seda, ela vira
sua sapatilha rosa no ar
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- E ela parece completamente maliciosa
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- E é claro que o que está acontecendo
é muito sugestivo por que nós temos uma
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figura no canto esquerdo para quem ela
olha abaixo, que é claramente seu amante
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escondido nos arbustos, e ela foi
conivente com o homem no canto oposto,
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para que a empurrasse no balanço,
um senhor mais velho.
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- Que provavelmente não sabe que o outro
homem está escondido atrás dos arbustos
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- Sim, e nós vemos que existe uma cerca
dupla, baixa, rodeando pelo lado esquerdo
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toda a escultura, então o amante dela
obviamente entrou em uma pequena área
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que não se deveria ir, uma espécie
de mato com rosas selvagens,
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e ele está escondendo-se nos arbustos.
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Veja a escultura à esquerda.
Mostra uma pequena figura angelical,
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ou um querubim que está
com o dedo em frente aos lábios
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como se dissésse "shh", mantenha
segredo. - E nós não estamos em um lugar
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desabitado aqui. Parece que estamos
atrás de uma vila ou um palácio...
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- Você consegue enxergar
alguma arquitetura distante,
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abaixo do seu braço esquerdo. Este é um
jardim que cresceu mais do que deveria,
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que está exuberante, mas fora de controle.
É a natureza, no seu auge,
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meio que energético e - Fértil
- Fértil e abundante - Exato
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- Certo, como se dialogando com uma
espécie de tema sexual, sensual
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- E algo tipo um sonho também,
sabe, nas névoas.
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A árvore e seus ramos são, as vezes cheios
de folhagens, e as vezes estão nus,
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e representa, o que às vezes
se refere como, a explosão
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e o galho que é quase como um raio;
com linhas cruzadas através da tela
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- Que algumas vezes é usada como
uma expressão de paixão,
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que seria bastante
apropriado aqui, claro.
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Nós temos atrás, logo abaixo da mulher,
uma escultura que mostra duas figuras,
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também pequenos querubins, ou semelhante
à cupidos brincando um com o outro,
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em cima de algo que parece uma colmeia.
Talvez indicando as picadas do amor.
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- Fácil perder, no canto inferior direito,
está um pequeno cachorro - Sim, latindo
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- Que parece estar latindo. Certamente
o cachorro é um sinal de fidelidade.
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- Que é um pouco irônico - Talvez
por isso o cachorro pareça chateado
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- E é quase como se o cachorro estivesse,
talvez, delatando o segredo.
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- Claro. Está certo.
- E a escultura está dizendo "shh"
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- Isto é 1767, então estamos realmente
duas décadas antes da revolução.
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Mas isso é o tipo de indulgencia
e expressão de prazer que
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realmente caracteriza a aristocracia e a
classe dominante na França.
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- E é esse tipo de pintura que parece
ser algo apenas
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sobre o prazer que Diderot,
e os outros pensadores iluministas
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vão protestar contra, e clamar por uma
arte que é heroica e virtuosa
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e recorre às mais altas aspirações humanas
e não as aspirações básicas, e é esse tipo
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de pensamento iluminista que levará,
certamente, para a revolução em 1789.
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[música]
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[Legendado por Fernando P. M. Santos]
[Revisado por Cainã Perri]