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O Significado no Trabalho | Dan Ariely | TEDxAmsterdam

  • 0:12 - 0:17
    Depois das conferências desta manhã pensei:
    "Como é que posso fazer melhor?"
  • 0:18 - 0:20
    Estão a ver, o Paul despiu a camisa,
    não posso fazer isso.
  • 0:20 - 0:23
    Mas, pensei:
    "Talvez dispa as minhas... Não.
  • 0:23 - 0:25
    (Risos)
  • 0:25 - 0:29
    Quero falar um pouco
    sobre trabalho e motivação.
  • 0:30 - 0:35
    Quando pensamos nas pessoas
    enquanto trabalhadores,
  • 0:35 - 0:38
    imaginamo-las, com frequência,
    como ratos num labirinto.
  • 0:38 - 0:39
    Pensamos que as pessoas odeiam trabalhar,
  • 0:39 - 0:43
    que as pessoas só querem
    sentarem-se na praia a beberem "mojitos"
  • 0:43 - 0:44
    e que a única razão por que trabalham
  • 0:44 - 0:48
    é para que lhes paguemos, para poderem
    sentar-se na praia a beberem "mojitos".
  • 0:48 - 0:50
    Mas será mesmo assim?
  • 0:50 - 0:52
    Temos coisas como o alpinismo.
  • 0:52 - 0:55
    O alpinismo é algo realmente difícil.
  • 0:55 - 0:57
    Quando lemos livros de pessoas
    que escalam montanhas
  • 0:57 - 0:59
    achamos que esses livros devem estar cheios
  • 0:59 - 1:02
    de momentos de exaltação e alegria.
  • 1:02 - 1:07
    Não! Estão repletos de momentos de angústia
    e dor, feridas provocadas pelo frio.
  • 1:07 - 1:11
    Então pensamos que, quando as pessoas
    têm estas experiências e descem, dirão:
  • 1:11 - 1:15
    "Meu Deus, este foi um erro terrível,
    nunca mais volto a fazer isto!".
  • 1:16 - 1:18
    Não! Voltam imediatamente a subir!
  • 1:18 - 1:21
    Saram as feridas, recuperam
    e voltam logo a subir!
  • 1:21 - 1:23
    Penso que isto suscita
    um verdadeiro desafio
  • 1:23 - 1:25
    para o que pensamos sobre a alegria,
  • 1:25 - 1:27
    e que pensamos sobre a motivação,
  • 1:27 - 1:29
    e sobre o que faz com que
    as pessoas se importem.
  • 1:29 - 1:34
    Comecei a pensar sobre o sentido
    e a motivação no local de trabalho
  • 1:34 - 1:37
    quando um dos meus ex-alunos
    voltou para me ver.
  • 1:38 - 1:40
    O seu nome era David — ainda é David —
    ele veio ver-me
  • 1:40 - 1:42
    e contou-me esta história:
  • 1:43 - 1:46
    Ele disse que estava a trabalhar
    num banco de investimento,
  • 1:46 - 1:49
    a preparar uma apresentação
    em PowerPoint para uma fusão e aquisição.
  • 1:49 - 1:52
    Tinha estado a trabalhar nela
    várias semanas.
  • 1:52 - 1:54
    Tinha trabalhado muito,
    Ficava acordado até tarde.
  • 1:54 - 1:57
    Um dia antes de ter lugar
    a fusão e aquisição.
  • 1:57 - 2:00
    ele enviou ao chefe um email
    com a sua apresentação em PowerPoint
  • 2:00 - 2:03
    e o chefe respondeu-lhe
    rapidamente dizendo:
  • 2:03 - 2:06
    "Bom trabalho! O negócio foi cancelado".
  • 2:08 - 2:10
    Durante todo o processo,
    ele estava incrivelmente animado!
  • 2:10 - 2:14
    Estava a trabalhar, estava feliz,
    o chefe valorizava-o.
  • 2:14 - 2:18
    Mas o facto de que ninguém
    iria ver a apresentação desanimou-o.
  • 2:18 - 2:20
    Na verdade, quando olhava
    para os projetos seguintes,
  • 2:20 - 2:23
    não conseguia realmente
    encontrar muita motivação.
  • 2:23 - 2:27
    Se pensarmos nisso, é interessante
    porque fisicamente tudo estava bem.
  • 2:27 - 2:31
    O patrão apreciava o trabalho, talvez
    fosse aumentado, estava tudo bem.
  • 2:31 - 2:33
    Mas faltava qualquer coisa,
  • 2:33 - 2:36
    uma espécie de significado
    mais geral para o que ele fazia.
  • 2:36 - 2:40
    Então pensei: Como é que podemos
    captar isto com simples experiências?
  • 2:40 - 2:43
    E decidi construir Legos.
  • 2:43 - 2:48
    Pagámos a pessoas para construírem
    Bionicles da Lego, como estes que veem.
  • 2:48 - 2:51
    E pagámos às pessoas
    numa taxa decrescente.
  • 2:51 - 2:53
    Foi assim: Tu entravas e nós dizíamos:
  • 2:53 - 2:56
    "Gostarias de construir um Bionicle?"
  • 2:56 - 2:57
    "Pagamos-te 3 dólares por isso."
  • 2:57 - 3:00
    Se dissesses "sim", ficavas a construí-lo.
  • 3:00 - 3:02
    Quando terminasses,
    nós recolhíamo-lo e dizíamos:
  • 3:02 - 3:05
    "Gostarias de construir outro? Por 2,70".
  • 3:05 - 3:08
    E se terminasses esse e quisesses outro?
    Por 2,40 e por aí adiante.
  • 3:08 - 3:12
    E a questão era: "Em que ponto
    é que as pessoas param?"
  • 3:12 - 3:16
    Dizíamos que ficávamos com os Bionicles,
    colocávamo-los debaixo da secretária,
  • 3:16 - 3:19
    e desmanchávamo-los
    para o participante seguinte.
  • 3:20 - 3:22
    (Risos)
  • 3:23 - 3:26
    Esta era a primeira condição.
  • 3:26 - 3:29
    As pessoas construíam um após o outro,
    após o outro, após o outro.
  • 3:29 - 3:32
    À segunda condição chamámos
    "Condição Sisífica".
  • 3:32 - 3:34
    Recordam-se da história de Sísifo?
  • 3:34 - 3:37
    Sísifo foi condenado pelos deuses
  • 3:37 - 3:39
    a empurrar uma grande pedra
    por uma montanha acima
  • 3:39 - 3:41
    e quando estava prestes a chegar ao topo,
  • 3:41 - 3:44
    a pedra rolava para trás
    e ele tinha de fazer tudo de novo.
  • 3:44 - 3:47
    Conseguem imaginar quão
    desmotivador aquilo era.
  • 3:47 - 3:49
    Quão melhor seria se, ao menos,
    fossem diferentes montanhas
  • 3:49 - 3:51
    em que ele tivesse de empurrar a pedra.
  • 3:51 - 3:55
    Mas a mesma montanha,
    uma e outra e outra vez, é desmotivador.
  • 3:55 - 3:57
    Foi isso que tentámos fazer
    na 'Condição Sisífica'.
  • 3:57 - 3:59
    Dávamos um Bionicle às pessoas,
  • 3:59 - 4:02
    quando o terminavam, dizíamos:
    "Querem construir outro?".
  • 4:02 - 4:04
    Se elas dissessem "sim",
    dávamos-lhes um segundo
  • 4:04 - 4:08
    mas, enquanto elas trabalhavam no segundo,
    nós reduzíamos o primeiro a pedacinhos.
  • 4:08 - 4:10
    À frente dos seus olhos.
  • 4:10 - 4:14
    Se quisessem construir um terceiro,
    dávamos-lhes novamente o primeiro.
  • 4:15 - 4:17
    (Risos)
  • 4:17 - 4:22
    Assim tínhamos um ciclo inesgotável
    de quebrar e criar, criar e quebrar.
  • 4:22 - 4:23
    O que é que aconteceu?
  • 4:23 - 4:27
    A primeira coisa foi que as pessoas
    construíram muito mais Bionicles
  • 4:27 - 4:30
    na 'Condição Significativa'
    do que na 'Condição Sisífica'.
  • 4:30 - 4:33
    Devo salientar que o significado
    de 'Condição Significativa'
  • 4:33 - 4:35
    não era um significado profundo.
  • 4:35 - 4:37
    Era um significado minúsculo.
  • 4:37 - 4:40
    Portanto, é muito importante
    o facto de fazer diferença
  • 4:40 - 4:43
    tê-lo destruído à frente dos olhos deles,
    uns minutos antes.
  • 4:43 - 4:46
    A segunda coisa é que pedimos
    a outro grupo de pessoas
  • 4:46 - 4:49
    para preverem quão grande seria o efeito:
  • 4:49 - 4:52
    "Se estivessem nesta experiência,
    quantos Bionicles acham
  • 4:52 - 4:55
    que as pessoas iriam construir aqui
    e quantos iriam construir aqui?".
  • 4:55 - 4:56
    As pessoas compreenderam
  • 4:56 - 4:59
    que a 'Condição Significativa'
    iria gerar mais motivação
  • 4:59 - 5:02
    mas não entenderam
    a dimensão desse efeito.
  • 5:02 - 5:04
    As pessoas acharam
    que a diferença seria de um Bionicle.
  • 5:04 - 5:06
    Na realidade, foi muito maior.
  • 5:06 - 5:12
    Finalmente, olhámos para a correlação
    entre quanto as pessoas gostam de Bionicles
  • 5:12 - 5:13
    e quantos Bionicles elas criaram.
  • 5:13 - 5:17
    Seria de esperar, claro, que as pessoas
    que gostam mais de Bionicles
  • 5:17 - 5:19
    construíssem mais Bionicles,
    mesmo por menos dinheiro.
  • 5:19 - 5:21
    Foi isso, de facto, que vimos.
  • 5:21 - 5:23
    Na 'Condição Significativa'
    houve uma boa correlação.
  • 5:23 - 5:25
    Quem gosta mais de Bionicles
    constrói mais,
  • 5:25 - 5:28
    quem não gosta tanto
    de Bionicles, não constrói tantos.
  • 5:28 - 5:31
    O que é que aconteceu
    na 'Condição Sisífica'?
  • 5:31 - 5:33
    Na 'Condição Sisífica'
    não houve correlação.
  • 5:33 - 5:37
    Ao destruir o trabalho das pessoas
    à frente dos seus olhos,
  • 5:37 - 5:41
    conseguimos expulsar
    a alegria do processo.
  • 5:41 - 5:43
    (Risos)
  • 5:46 - 5:48
    Depois de terminar este estudo,
  • 5:48 - 5:51
    fui falar com uma grande empresa
    de "software" em Seattle.
  • 5:51 - 5:53
    (Risos)
  • 5:54 - 5:57
    Havia uma grande sala
    cheia de 200 engenheiros
  • 5:57 - 6:00
    e esses engenheiros
    tinham trabalhado durante dois anos
  • 6:00 - 6:03
    no projeto que eles pensavam
    que seria o próximo desenvolvimento
  • 6:03 - 6:05
    dessa grande empresa de "software".
  • 6:05 - 6:09
    Uma semana antes de eu lá ir,
    o Diretor Executivo cancelara o projeto.
  • 6:10 - 6:14
    Eu nunca me tinha sentado à frente
    de um grupo de pessoas mais deprimidas.
  • 6:15 - 6:18
    Perguntei: "Quantos chegaram hoje
    mais tarde ao trabalho?".
  • 6:18 - 6:20
    Todos ergueram as mãos.
  • 6:20 - 6:22
    "Quantos de vocês vão sair mais cedo?".
  • 6:22 - 6:24
    Todos ergueram as mãos.
  • 6:24 - 6:28
    "Quantos apresentaram
    mais despesas à empresa?"
  • 6:28 - 6:31
    Ninguém ergueu as mãos,
    mas levaram-me a jantar nessa noite.
  • 6:32 - 6:34
    (Risos)
  • 6:34 - 6:37
    Mostraram-me o que podiam fazer,
    com criatividade.
  • 6:39 - 6:42
    Disseram que se sentiam
    tal e qual como na experiência do Lego.
  • 6:42 - 6:44
    Sentiam que alguém tinha cancelado algo
  • 6:44 - 6:47
    em frente dos seus olhos,
    debaixo dos pés,
  • 6:47 - 6:50
    sem lhes permitir retirar significado
    daquilo que estavam a fazer.
  • 6:50 - 6:53
    A coisa é esta: acho que
    o Diretor Executivo daquela empresa
  • 6:53 - 6:55
    não compreendia
    o significado da mão-de-obra.
  • 6:55 - 6:58
    Ele só disse: "Ok, dirigimos-vos
    nesta direção até agora,
  • 6:58 - 7:02
    agora dirijo-vos para outro lugar,
    e vocês vão na direção que eu quero".
  • 7:02 - 7:04
    Não é assim que as pessoas funcionam.
  • 7:04 - 7:07
    Perguntei: "O que é que
    o Diretor Executivo podia ter feito?
  • 7:07 - 7:08
    Ele tinha de cancelar o projeto.
  • 7:08 - 7:11
    O que é que podia ter feito
    para manter a vossa motivação?"
  • 7:11 - 7:14
    Eles tiveram todo o tipo de ideias.
  • 7:14 - 7:17
    Disseram: "Podia permitir fazer
    uma apresentação a toda a empresa".
  • 7:17 - 7:21
    "Podia pedir-lhes para construírem
    mais alguns protótipos,
  • 7:21 - 7:26
    para pensarem se algum aspeto da tecnologia
    se poderia encaixar noutros projetos?"
  • 7:26 - 7:29
    A questão é que qualquer um desses aspetos,
    qualquer uma dessas abordagens
  • 7:29 - 7:32
    exigiria algum esforço, atenção e tempo,
  • 7:32 - 7:35
    e se acharmos que as pessoas
    não se preocupam com o significado
  • 7:35 - 7:36
    não vamos gastar o tempo.
  • 7:36 - 7:40
    Mas se compreendermos a importância
    do significado, talvez o façamos.
  • 7:40 - 7:43
    Na experiência seguinte,
    demos um passo mais longe.
  • 7:43 - 7:46
    Pedimos às pessoas para encontrarem
    umas letras numa folha de papel.
  • 7:46 - 7:50
    Mais uma vez, recebiam mais dinheiro
    pela primeira folha, menos pela segunda
  • 7:50 - 7:52
    e menos pela terceira, e por aí fora.
  • 7:52 - 7:55
    Para umas pessoas tínhamos
    a 'Condição Significativa'.
  • 7:55 - 7:57
    Pedimos às pessoas que escrevessem
    o nome em cada folha
  • 7:57 - 7:59
    e quando a entregavam ao experimentador,
  • 7:59 - 8:03
    ele olhava para a folha
    de alto a baixo, dizia "ahã" e pousava-a.
  • 8:04 - 8:07
    Na segunda condição, o experimentador
    não olhava para a folha.
  • 8:07 - 8:10
    Não havia nome, o experimentador
    limitava-se a recebê-la do participante
  • 8:10 - 8:13
    e a colocá-la na secretária.
  • 8:13 - 8:16
    Na terceira condição, o experimentador
    simplesmente pegava na folha
  • 8:16 - 8:19
    e punha-a diretamente
    numa destruidora de papel.
  • 8:19 - 8:22
    (Risos)
  • 8:24 - 8:27
    Devo salientar que,
    nesta terceira condição,
  • 8:27 - 8:30
    quando a página vai diretamente
    para a destruidora de papel, ninguém vê.
  • 8:30 - 8:32
    Podíamos fazer batota.
  • 8:32 - 8:33
    Podíamos ser desonestos
  • 8:33 - 8:36
    e fazer mais folhas por menos dinheiro
    e investir menos esforço.
  • 8:36 - 8:38
    Quais foram os resultados?
  • 8:38 - 8:41
    Na 'Condição de Reconhecimento'
    — em que olhávamos para a folha —
  • 8:41 - 8:44
    as pessoas trabalharam muito,
    até só receberem só 15 cêntimos.
  • 8:45 - 8:48
    Na 'Condição de Destruição',
    as pessoas paravam muito mais rapidamente.
  • 8:48 - 8:51
    As pessoas preocupavam-se mais.
  • 8:51 - 8:54
    Tinham mais satisfação no trabalho
    na 'Condição de Reconhecimento'.
  • 8:54 - 8:57
    E a 'Condição de Ignorar',
    onde é que encaixa no meio das outras?
  • 8:57 - 9:01
    Está próxima da de 'Reconhecimento',
    da de 'Destruição', ou algures no meio?
  • 9:01 - 9:04
    Está muito próxima
    da 'Condição de Destruição'.
  • 9:04 - 9:09
    Acho que a boa notícia aqui
    é que, se quisermos motivar pessoas,
  • 9:09 - 9:12
    o simples ato de observar
    o que fizeram e dizer:
  • 9:12 - 9:16
    "Reparei, vi que fizeste alguma coisa",
    parece ser suficiente.
  • 9:16 - 9:20
    Mesmo sem uma palavra simpática,
    apenas reconhecer o que a pessoa fez.
  • 9:20 - 9:23
    Por outro lado, resulta que,
    se quisermos desmotivar as pessoas,
  • 9:23 - 9:26
    é incrivelmente fácil!
  • 9:26 - 9:30
    Destruir, claro, é a melhor maneira
    de desmotivar as pessoas! Se o quisermos.
  • 9:30 - 9:34
    Mas basta ignorar o que elas fazem
    e quase vamos lá parar.
  • 9:35 - 9:38
    Tudo isto foi sobre
    como desmotivar as pessoas.
  • 9:38 - 9:41
    Há muitas maneiras de desmotivar,
    e devíamos procurar evitá-las.
  • 9:42 - 9:43
    E em relação a motivar as pessoas?
  • 9:43 - 9:46
    Em relação à segunda parte desta equação?
  • 9:46 - 9:51
    Para mim, a perspetiva
    para esta parte da história veio do IKEA.
  • 9:52 - 9:55
    Não sei se vocês têm,
    mas eu tenho alguma mobília do IKEA.
  • 9:55 - 9:58
    Quando reflito sobre a minha experiência,
  • 9:58 - 10:05
    resulta que demorei imenso tempo
    para seguir as instruções de montagem.
  • 10:05 - 10:08
    As instruções não eram claras,
    eu punha as coisas no lugar errado,
  • 10:08 - 10:10
    tinha de desmontar a mobília.
  • 10:10 - 10:16
    Mas também me dei conta de que continuo
    a olhar com carinho para a mobília do IKEA.
  • 10:16 - 10:18
    Partilhamos algo em comum
  • 10:18 - 10:22
    que eu penso ser mais
    do que apenas comprar algo na loja.
  • 10:22 - 10:26
    E podemos perguntar "O que acontece
    quando investimos o nosso carinho, esforço
  • 10:26 - 10:29
    e atenção, até frustração, nalguma coisa?"
  • 10:29 - 10:31
    Começamos a gostar mais dela.
  • 10:31 - 10:35
    Há uma velha história — uma história gira —
    sobre preparados para bolos.
  • 10:35 - 10:38
    Quanto introduziram
    os preparados para bolos nos EUA,
  • 10:38 - 10:41
    as donas de casa da altura
    não os receberam bem.
  • 10:41 - 10:45
    Havia preparados para todas as coisas:
    para queques, para pão.
  • 10:45 - 10:48
    Preparados para bolos, nem por isso.
    E eles perguntavam-se porquê.
  • 10:48 - 10:50
    O sabor era perfeitamente agradável.
  • 10:50 - 10:54
    Descobriram que o que estava em falta
    era uma sensação de trabalho.
  • 10:54 - 10:58
    Se colocamos água no preparado para bolos,
    misturarmos, levarmos ao forno
  • 10:58 - 11:01
    e o bolo sair, não podemos
    ficar com os louros!
  • 11:01 - 11:03
    (Risos)
  • 11:03 - 11:07
    Se aparece alguém e disser:
    "Que bom bolo, obrigada!", não fizemos nada!
  • 11:07 - 11:10
    Então o que é que fizeram?
  • 11:10 - 11:13
    Retiraram-lhe os ovos e o leite.
  • 11:12 - 11:14
    (Risos)
  • 11:15 - 11:18
    Colocamos o preparado,
    partimos uns ovos, juntamos leite.
  • 11:18 - 11:20
    Agora é o nosso bolo! (Risos)
  • 11:20 - 11:21
    (Risos)
  • 11:21 - 11:25
    (Aplausos)
  • 11:26 - 11:29
    Então, como é que testámos esta ideia?
  • 11:29 - 11:32
    Começámos por pedir às pessoas
    para construírem origami.
  • 11:32 - 11:35
    Demos às pessoas instruções sobre
    como dobrarem o origami.
  • 11:35 - 11:37
    Eram pessoas que não sabiam fazer origami,
  • 11:37 - 11:41
    por isso fizeram um origami
    relativamente feio, mas não há problema.
  • 11:41 - 11:44
    Dissemos-lhes que aquele origami
    era nosso e perguntámos:
  • 11:44 - 11:47
    "Quanto pagariam para ficarem com ele?".
  • 11:47 - 11:51
    Tentámos medir quão valioso
    elas achavam que este origami era.
  • 11:51 - 11:54
    As pessoas adoravam os origamis
    que tinham criado.
  • 11:54 - 11:57
    (Risos)
  • 11:59 - 12:03
    Depois perguntámos a outras pessoas
    que não tinham construído aquele origami
  • 12:03 - 12:05
    o que pensavam daquele origami.
  • 12:05 - 12:07
    (Risos)
  • 12:07 - 12:10
    E elas não gostaram assim tanto dele.
  • 12:10 - 12:16
    Os criadores achavam que o origami
    era fantástico, os avaliadores nem por isso.
  • 12:15 - 12:19
    A questão é: será que os criadores,
    na sua mente,
  • 12:19 - 12:21
    pensam que são os únicos
    a gostarem deste origami?
  • 12:21 - 12:26
    Será que eu olho para este origami e digo:
    "Oh, isto é meu, acho que é maravilhoso!
  • 12:26 - 12:29
    Sei que mais ninguém gostaria dele,
    mas para mim é maravilhoso!"
  • 12:29 - 12:33
    Não. Eles acham que toda a gente
    vai adorá-lo tanto quanto eles.
  • 12:33 - 12:34
    (Risos)
  • 12:34 - 12:37
    A coisa seguinte era o efeito IKEA.
  • 12:37 - 12:41
    Quanto às instruções? E se as instruções
    forem difíceis e complexas?
  • 12:41 - 12:43
    Então demos as instruções fáceis
    a umas pessoas,
  • 12:43 - 12:46
    e a outras pessoas ocultámos
    o que estava no topo
  • 12:46 - 12:49
    que é o manual sobre
    o que é que significa uma dobra, etc.
  • 12:49 - 12:52
    Por isso, as instruções difíceis
    eram realmente desconcertantes.
  • 12:52 - 12:54
    O que é que acontecia agora?
  • 12:54 - 12:56
    Para começar, obtivemos o mesmo resultado:
  • 12:56 - 12:59
    os criadores adoravam o seu origami
    mais do que os avaliadores.
  • 12:59 - 13:02
    O que é que acontece
    quando as instruções são mais difíceis?
  • 13:03 - 13:06
    Agora os criadores ainda gostam mais deles
  • 13:07 - 13:10
    e os avaliadores ainda gostam menos deles.
  • 13:10 - 13:13
    Porquê? Porque objetivamente eram piores!
  • 13:13 - 13:15
    Os avaliadores viam a qualidade objetiva
  • 13:15 - 13:19
    destes pedaços de papel a desmoronarem
    e não gostavam tanto deles.
  • 13:19 - 13:22
    Os criadores achavam-nos
    ainda mais fantásticos!
  • 13:22 - 13:25
    Então, o trabalho conduz ao amor,
  • 13:25 - 13:28
    mas mais trabalho, mais esforço
    e mais investimento
  • 13:28 - 13:30
    conduzem a um amor mais profundo.
  • 13:30 - 13:33
    Penso que também podemos
    pensar nas crianças desta forma.
  • 13:34 - 13:36
    Imaginemos que vocês têm filhos
    e eu pergunto:
  • 13:36 - 13:39
    "Por quanto é que me venderiam
    os vossos filhos?".
  • 13:39 - 13:41
    (Risos)
  • 13:41 - 13:45
    A vossa memória e atenção,
    e a experiência com eles.
  • 13:45 - 13:48
    A maioria das pessoas, num bom dia,
    diz: "Muito dinheiro!".
  • 13:48 - 13:50
    (Risos)
  • 13:50 - 13:52
    Mas imaginem que não tinham filhos.
  • 13:52 - 13:56
    Iam ao parque, encontravam umas crianças,
    muito parecidas com as vossas,
  • 13:56 - 13:59
    brincavam com elas umas horas
    e, quando estavam a dizer adeus,
  • 13:59 - 14:01
    antes de se irem embora,
    os pais delas diziam:
  • 14:01 - 14:03
    "A propósito, eles estão à venda!".
  • 14:03 - 14:05
    (Risos)
  • 14:06 - 14:09
    "Quanto é que pagavam por eles?"
  • 14:09 - 14:11
    A maior parte das pessoas
    reconhece: "Não muito!".
  • 14:11 - 14:13
    (Risos)
  • 14:13 - 14:18
    Acho que é porque os filhos são realmente
    o exemplo perfeito para o efeito IKEA.
  • 14:18 - 14:21
    (Risos)
  • 14:22 - 14:26
    (Aplausos)
  • 14:28 - 14:32
    Eles são complexos, são difíceis,
    o manual de instruções não é lá muito bom.
  • 14:32 - 14:34
    (Risos)
  • 14:34 - 14:37
    Investimos imenso esforço neles
    e o nosso tremendo amor por eles,
  • 14:37 - 14:40
    em grande medida, é resultado
    do investimento que fazemos neles,
  • 14:40 - 14:42
    mais do que quem eles são.
  • 14:42 - 14:45
    A propósito, estes são os meus filhos,
    que são maravilhosos!
  • 14:46 - 14:48
    Não só os nossos filhos são maravilhosos,
  • 14:48 - 14:51
    como não entendemos
    porque é que as outras pessoas
  • 14:51 - 14:54
    não veem os nossos filhos
    como nós os vemos.
  • 14:54 - 14:57
    Então, o que é que temos
    a dizer sobre tudo isto?
  • 14:57 - 15:00
    Há duas teorias alternativas
    sobre o trabalho:
  • 15:00 - 15:03
    a de Adam Smith e a de Karl Marx.
  • 15:03 - 15:07
    Adam Smith deu-nos um exemplo maravilhoso
    da eficiência no mercado de trabalho.
  • 15:07 - 15:09
    Mostrou que podemos pegar
    numa fábrica de alfinetes.
  • 15:09 - 15:14
    Se colocarmos um trabalhador a realizar
    todos os 12 passos para criar um alfinete,
  • 15:14 - 15:17
    isso é muito ineficiente.
  • 15:17 - 15:21
    Se dividirmos o trabalho em 12 partes
    e cada pessoa fizer só uma dessas partes,
  • 15:21 - 15:27
    a eficiência do todo aumenta
    de forma incrível, drasticamente.
  • 15:27 - 15:33
    Foi isso que a Revolução Industrial nos deu
    em termos do aumento da produtividade.
  • 15:32 - 15:36
    Karl Marx, por outro lado, fala-nos
    da alienação do trabalho,
  • 15:36 - 15:39
    de quanto nos sentimos
    ligados ao nosso trabalho.
  • 15:39 - 15:42
    Estas ideias opõem-se uma à outra.
  • 15:42 - 15:44
    Qual delas é mais importante?
  • 15:44 - 15:47
    A eficiência ou a sensação
    de ligação ao trabalho?
  • 15:47 - 15:50
    Se pensarmos dividir em tarefas
    um grande trabalho,
  • 15:50 - 15:52
    podemos torná-lo mais eficiente.
  • 15:52 - 15:54
    Mas à medida que o dividimos em tarefas,
  • 15:54 - 15:58
    as pessoas que executam cada uma delas
    não se sentem ligadas, ao mesmo nível,
  • 15:58 - 15:59
    àquilo que estão a fazer.
  • 15:59 - 16:02
    Então, qual das duas é mais importante?
  • 16:02 - 16:06
    Penso que na época da Economia Industrial
    Smith estava mais certo do que Marx.
  • 16:06 - 16:08
    Houve tremendos ganhos de eficiência.
  • 16:08 - 16:11
    Mas o que é que está a acontecer agora,
    na Economia do Conhecimento?
  • 16:11 - 16:15
    O que acontece quando as pessoas
    têm mais controlo sobre o que fazem?
  • 16:15 - 16:17
    Quando queremos que as pessoas
    pensem no trabalho
  • 16:17 - 16:19
    quando estão no duche ou com amigos,
  • 16:19 - 16:22
    e queremos que as pessoas
    se envolvam completamente,
  • 16:22 - 16:24
    e estejam imersas no que estão a fazer,
  • 16:24 - 16:26
    acho que agora as coisas mudaram.
  • 16:26 - 16:27
    Na Economia do Conhecimento,
  • 16:27 - 16:30
    penso que a noção de Marx
    é mais importante.
  • 16:30 - 16:33
    Poderá ser útil sacrificar, por vezes,
  • 16:33 - 16:37
    alguma eficiência
    por mais significado no trabalho.
  • 16:37 - 16:40
    Então temos este modelo
    muito simples do trabalho,
  • 16:40 - 16:43
    que diz que as pessoas
    trabalham pelo dinheiro.
  • 16:43 - 16:46
    Com frequência, pagamos-lhes
    precisamente com esta noção.
  • 16:46 - 16:48
    Mas acho que há duas coisas a considerar:
  • 16:48 - 16:52
    a primeira é que valorizamos muito mais
    as coisas do que apenas o dinheiro.
  • 16:52 - 16:53
    Valorizamos o significado,
  • 16:53 - 16:58
    valorizamos a criação, o desafio,
    a propriedade, a identidade, o orgulho, etc.
  • 16:58 - 17:03
    E a notícia boa sobre isto é que, se
    formos capazes de criar locais de trabalho
  • 17:03 - 17:06
    que deem às pessoas todas estas coisas,
    toda a gente ficaria a ganhar.
  • 17:06 - 17:10
    O local de trabalho ficaria a ganhar,
    o indivíduo ficaria a ganhar.
  • 17:10 - 17:12
    É algo extremamente maravilhoso
    sobre a natureza humana,
  • 17:12 - 17:16
    que possamos ser motivados
    por toda uma panóplia de aspetos.
  • 17:16 - 17:19
    A questão é, como é que usamos
    o local de trabalho e a sociedade em geral
  • 17:19 - 17:22
    para cultivar todas essas motivações?
  • 17:22 - 17:23
    Muito obrigado.
  • 17:23 - 17:25
    (Aplausos)
Title:
O Significado no Trabalho | Dan Ariely | TEDxAmsterdam
Description:

Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.

Apesar das nossas intenções, porque é que somos tantas vezes incapazes de agir em prol do nosso melhor interesse? Porque é que subvalorizamos coisas que trabalhámos tanto para conseguir? Quais são as forças que influenciam o nosso comportamento? Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental na Duke University, dedica-se a procurar as respostas para estas questões, com o objetivo de ajudar as pessoas a viverem uma vida mais sensata, ainda que não necessariamente mais racional.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:31

Portuguese subtitles

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