O Significado no Trabalho | Dan Ariely | TEDxAmsterdam
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0:12 - 0:17Depois das conferências desta manhã pensei:
"Como é que posso fazer melhor?" -
0:18 - 0:20Estão a ver, o Paul despiu a camisa,
não posso fazer isso. -
0:20 - 0:23Mas, pensei:
"Talvez dispa as minhas... Não. -
0:23 - 0:25(Risos)
-
0:25 - 0:29Quero falar um pouco
sobre trabalho e motivação. -
0:30 - 0:35Quando pensamos nas pessoas
enquanto trabalhadores, -
0:35 - 0:38imaginamo-las, com frequência,
como ratos num labirinto. -
0:38 - 0:39Pensamos que as pessoas odeiam trabalhar,
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0:39 - 0:43que as pessoas só querem
sentarem-se na praia a beberem "mojitos" -
0:43 - 0:44e que a única razão por que trabalham
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0:44 - 0:48é para que lhes paguemos, para poderem
sentar-se na praia a beberem "mojitos". -
0:48 - 0:50Mas será mesmo assim?
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0:50 - 0:52Temos coisas como o alpinismo.
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0:52 - 0:55O alpinismo é algo realmente difícil.
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0:55 - 0:57Quando lemos livros de pessoas
que escalam montanhas -
0:57 - 0:59achamos que esses livros devem estar cheios
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0:59 - 1:02de momentos de exaltação e alegria.
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1:02 - 1:07Não! Estão repletos de momentos de angústia
e dor, feridas provocadas pelo frio. -
1:07 - 1:11Então pensamos que, quando as pessoas
têm estas experiências e descem, dirão: -
1:11 - 1:15"Meu Deus, este foi um erro terrível,
nunca mais volto a fazer isto!". -
1:16 - 1:18Não! Voltam imediatamente a subir!
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1:18 - 1:21Saram as feridas, recuperam
e voltam logo a subir! -
1:21 - 1:23Penso que isto suscita
um verdadeiro desafio -
1:23 - 1:25para o que pensamos sobre a alegria,
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1:25 - 1:27e que pensamos sobre a motivação,
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1:27 - 1:29e sobre o que faz com que
as pessoas se importem. -
1:29 - 1:34Comecei a pensar sobre o sentido
e a motivação no local de trabalho -
1:34 - 1:37quando um dos meus ex-alunos
voltou para me ver. -
1:38 - 1:40O seu nome era David — ainda é David —
ele veio ver-me -
1:40 - 1:42e contou-me esta história:
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1:43 - 1:46Ele disse que estava a trabalhar
num banco de investimento, -
1:46 - 1:49a preparar uma apresentação
em PowerPoint para uma fusão e aquisição. -
1:49 - 1:52Tinha estado a trabalhar nela
várias semanas. -
1:52 - 1:54Tinha trabalhado muito,
Ficava acordado até tarde. -
1:54 - 1:57Um dia antes de ter lugar
a fusão e aquisição. -
1:57 - 2:00ele enviou ao chefe um email
com a sua apresentação em PowerPoint -
2:00 - 2:03e o chefe respondeu-lhe
rapidamente dizendo: -
2:03 - 2:06"Bom trabalho! O negócio foi cancelado".
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2:08 - 2:10Durante todo o processo,
ele estava incrivelmente animado! -
2:10 - 2:14Estava a trabalhar, estava feliz,
o chefe valorizava-o. -
2:14 - 2:18Mas o facto de que ninguém
iria ver a apresentação desanimou-o. -
2:18 - 2:20Na verdade, quando olhava
para os projetos seguintes, -
2:20 - 2:23não conseguia realmente
encontrar muita motivação. -
2:23 - 2:27Se pensarmos nisso, é interessante
porque fisicamente tudo estava bem. -
2:27 - 2:31O patrão apreciava o trabalho, talvez
fosse aumentado, estava tudo bem. -
2:31 - 2:33Mas faltava qualquer coisa,
-
2:33 - 2:36uma espécie de significado
mais geral para o que ele fazia. -
2:36 - 2:40Então pensei: Como é que podemos
captar isto com simples experiências? -
2:40 - 2:43E decidi construir Legos.
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2:43 - 2:48Pagámos a pessoas para construírem
Bionicles da Lego, como estes que veem. -
2:48 - 2:51E pagámos às pessoas
numa taxa decrescente. -
2:51 - 2:53Foi assim: Tu entravas e nós dizíamos:
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2:53 - 2:56"Gostarias de construir um Bionicle?"
-
2:56 - 2:57"Pagamos-te 3 dólares por isso."
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2:57 - 3:00Se dissesses "sim", ficavas a construí-lo.
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3:00 - 3:02Quando terminasses,
nós recolhíamo-lo e dizíamos: -
3:02 - 3:05"Gostarias de construir outro? Por 2,70".
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3:05 - 3:08E se terminasses esse e quisesses outro?
Por 2,40 e por aí adiante. -
3:08 - 3:12E a questão era: "Em que ponto
é que as pessoas param?" -
3:12 - 3:16Dizíamos que ficávamos com os Bionicles,
colocávamo-los debaixo da secretária, -
3:16 - 3:19e desmanchávamo-los
para o participante seguinte. -
3:20 - 3:22(Risos)
-
3:23 - 3:26Esta era a primeira condição.
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3:26 - 3:29As pessoas construíam um após o outro,
após o outro, após o outro. -
3:29 - 3:32À segunda condição chamámos
"Condição Sisífica". -
3:32 - 3:34Recordam-se da história de Sísifo?
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3:34 - 3:37Sísifo foi condenado pelos deuses
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3:37 - 3:39a empurrar uma grande pedra
por uma montanha acima -
3:39 - 3:41e quando estava prestes a chegar ao topo,
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3:41 - 3:44a pedra rolava para trás
e ele tinha de fazer tudo de novo. -
3:44 - 3:47Conseguem imaginar quão
desmotivador aquilo era. -
3:47 - 3:49Quão melhor seria se, ao menos,
fossem diferentes montanhas -
3:49 - 3:51em que ele tivesse de empurrar a pedra.
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3:51 - 3:55Mas a mesma montanha,
uma e outra e outra vez, é desmotivador. -
3:55 - 3:57Foi isso que tentámos fazer
na 'Condição Sisífica'. -
3:57 - 3:59Dávamos um Bionicle às pessoas,
-
3:59 - 4:02quando o terminavam, dizíamos:
"Querem construir outro?". -
4:02 - 4:04Se elas dissessem "sim",
dávamos-lhes um segundo -
4:04 - 4:08mas, enquanto elas trabalhavam no segundo,
nós reduzíamos o primeiro a pedacinhos. -
4:08 - 4:10À frente dos seus olhos.
-
4:10 - 4:14Se quisessem construir um terceiro,
dávamos-lhes novamente o primeiro. -
4:15 - 4:17(Risos)
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4:17 - 4:22Assim tínhamos um ciclo inesgotável
de quebrar e criar, criar e quebrar. -
4:22 - 4:23O que é que aconteceu?
-
4:23 - 4:27A primeira coisa foi que as pessoas
construíram muito mais Bionicles -
4:27 - 4:30na 'Condição Significativa'
do que na 'Condição Sisífica'. -
4:30 - 4:33Devo salientar que o significado
de 'Condição Significativa' -
4:33 - 4:35não era um significado profundo.
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4:35 - 4:37Era um significado minúsculo.
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4:37 - 4:40Portanto, é muito importante
o facto de fazer diferença -
4:40 - 4:43tê-lo destruído à frente dos olhos deles,
uns minutos antes. -
4:43 - 4:46A segunda coisa é que pedimos
a outro grupo de pessoas -
4:46 - 4:49para preverem quão grande seria o efeito:
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4:49 - 4:52"Se estivessem nesta experiência,
quantos Bionicles acham -
4:52 - 4:55que as pessoas iriam construir aqui
e quantos iriam construir aqui?". -
4:55 - 4:56As pessoas compreenderam
-
4:56 - 4:59que a 'Condição Significativa'
iria gerar mais motivação -
4:59 - 5:02mas não entenderam
a dimensão desse efeito. -
5:02 - 5:04As pessoas acharam
que a diferença seria de um Bionicle. -
5:04 - 5:06Na realidade, foi muito maior.
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5:06 - 5:12Finalmente, olhámos para a correlação
entre quanto as pessoas gostam de Bionicles -
5:12 - 5:13e quantos Bionicles elas criaram.
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5:13 - 5:17Seria de esperar, claro, que as pessoas
que gostam mais de Bionicles -
5:17 - 5:19construíssem mais Bionicles,
mesmo por menos dinheiro. -
5:19 - 5:21Foi isso, de facto, que vimos.
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5:21 - 5:23Na 'Condição Significativa'
houve uma boa correlação. -
5:23 - 5:25Quem gosta mais de Bionicles
constrói mais, -
5:25 - 5:28quem não gosta tanto
de Bionicles, não constrói tantos. -
5:28 - 5:31O que é que aconteceu
na 'Condição Sisífica'? -
5:31 - 5:33Na 'Condição Sisífica'
não houve correlação. -
5:33 - 5:37Ao destruir o trabalho das pessoas
à frente dos seus olhos, -
5:37 - 5:41conseguimos expulsar
a alegria do processo. -
5:41 - 5:43(Risos)
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5:46 - 5:48Depois de terminar este estudo,
-
5:48 - 5:51fui falar com uma grande empresa
de "software" em Seattle. -
5:51 - 5:53(Risos)
-
5:54 - 5:57Havia uma grande sala
cheia de 200 engenheiros -
5:57 - 6:00e esses engenheiros
tinham trabalhado durante dois anos -
6:00 - 6:03no projeto que eles pensavam
que seria o próximo desenvolvimento -
6:03 - 6:05dessa grande empresa de "software".
-
6:05 - 6:09Uma semana antes de eu lá ir,
o Diretor Executivo cancelara o projeto. -
6:10 - 6:14Eu nunca me tinha sentado à frente
de um grupo de pessoas mais deprimidas. -
6:15 - 6:18Perguntei: "Quantos chegaram hoje
mais tarde ao trabalho?". -
6:18 - 6:20Todos ergueram as mãos.
-
6:20 - 6:22"Quantos de vocês vão sair mais cedo?".
-
6:22 - 6:24Todos ergueram as mãos.
-
6:24 - 6:28"Quantos apresentaram
mais despesas à empresa?" -
6:28 - 6:31Ninguém ergueu as mãos,
mas levaram-me a jantar nessa noite. -
6:32 - 6:34(Risos)
-
6:34 - 6:37Mostraram-me o que podiam fazer,
com criatividade. -
6:39 - 6:42Disseram que se sentiam
tal e qual como na experiência do Lego. -
6:42 - 6:44Sentiam que alguém tinha cancelado algo
-
6:44 - 6:47em frente dos seus olhos,
debaixo dos pés, -
6:47 - 6:50sem lhes permitir retirar significado
daquilo que estavam a fazer. -
6:50 - 6:53A coisa é esta: acho que
o Diretor Executivo daquela empresa -
6:53 - 6:55não compreendia
o significado da mão-de-obra. -
6:55 - 6:58Ele só disse: "Ok, dirigimos-vos
nesta direção até agora, -
6:58 - 7:02agora dirijo-vos para outro lugar,
e vocês vão na direção que eu quero". -
7:02 - 7:04Não é assim que as pessoas funcionam.
-
7:04 - 7:07Perguntei: "O que é que
o Diretor Executivo podia ter feito? -
7:07 - 7:08Ele tinha de cancelar o projeto.
-
7:08 - 7:11O que é que podia ter feito
para manter a vossa motivação?" -
7:11 - 7:14Eles tiveram todo o tipo de ideias.
-
7:14 - 7:17Disseram: "Podia permitir fazer
uma apresentação a toda a empresa". -
7:17 - 7:21"Podia pedir-lhes para construírem
mais alguns protótipos, -
7:21 - 7:26para pensarem se algum aspeto da tecnologia
se poderia encaixar noutros projetos?" -
7:26 - 7:29A questão é que qualquer um desses aspetos,
qualquer uma dessas abordagens -
7:29 - 7:32exigiria algum esforço, atenção e tempo,
-
7:32 - 7:35e se acharmos que as pessoas
não se preocupam com o significado -
7:35 - 7:36não vamos gastar o tempo.
-
7:36 - 7:40Mas se compreendermos a importância
do significado, talvez o façamos. -
7:40 - 7:43Na experiência seguinte,
demos um passo mais longe. -
7:43 - 7:46Pedimos às pessoas para encontrarem
umas letras numa folha de papel. -
7:46 - 7:50Mais uma vez, recebiam mais dinheiro
pela primeira folha, menos pela segunda -
7:50 - 7:52e menos pela terceira, e por aí fora.
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7:52 - 7:55Para umas pessoas tínhamos
a 'Condição Significativa'. -
7:55 - 7:57Pedimos às pessoas que escrevessem
o nome em cada folha -
7:57 - 7:59e quando a entregavam ao experimentador,
-
7:59 - 8:03ele olhava para a folha
de alto a baixo, dizia "ahã" e pousava-a. -
8:04 - 8:07Na segunda condição, o experimentador
não olhava para a folha. -
8:07 - 8:10Não havia nome, o experimentador
limitava-se a recebê-la do participante -
8:10 - 8:13e a colocá-la na secretária.
-
8:13 - 8:16Na terceira condição, o experimentador
simplesmente pegava na folha -
8:16 - 8:19e punha-a diretamente
numa destruidora de papel. -
8:19 - 8:22(Risos)
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8:24 - 8:27Devo salientar que,
nesta terceira condição, -
8:27 - 8:30quando a página vai diretamente
para a destruidora de papel, ninguém vê. -
8:30 - 8:32Podíamos fazer batota.
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8:32 - 8:33Podíamos ser desonestos
-
8:33 - 8:36e fazer mais folhas por menos dinheiro
e investir menos esforço. -
8:36 - 8:38Quais foram os resultados?
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8:38 - 8:41Na 'Condição de Reconhecimento'
— em que olhávamos para a folha — -
8:41 - 8:44as pessoas trabalharam muito,
até só receberem só 15 cêntimos. -
8:45 - 8:48Na 'Condição de Destruição',
as pessoas paravam muito mais rapidamente. -
8:48 - 8:51As pessoas preocupavam-se mais.
-
8:51 - 8:54Tinham mais satisfação no trabalho
na 'Condição de Reconhecimento'. -
8:54 - 8:57E a 'Condição de Ignorar',
onde é que encaixa no meio das outras? -
8:57 - 9:01Está próxima da de 'Reconhecimento',
da de 'Destruição', ou algures no meio? -
9:01 - 9:04Está muito próxima
da 'Condição de Destruição'. -
9:04 - 9:09Acho que a boa notícia aqui
é que, se quisermos motivar pessoas, -
9:09 - 9:12o simples ato de observar
o que fizeram e dizer: -
9:12 - 9:16"Reparei, vi que fizeste alguma coisa",
parece ser suficiente. -
9:16 - 9:20Mesmo sem uma palavra simpática,
apenas reconhecer o que a pessoa fez. -
9:20 - 9:23Por outro lado, resulta que,
se quisermos desmotivar as pessoas, -
9:23 - 9:26é incrivelmente fácil!
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9:26 - 9:30Destruir, claro, é a melhor maneira
de desmotivar as pessoas! Se o quisermos. -
9:30 - 9:34Mas basta ignorar o que elas fazem
e quase vamos lá parar. -
9:35 - 9:38Tudo isto foi sobre
como desmotivar as pessoas. -
9:38 - 9:41Há muitas maneiras de desmotivar,
e devíamos procurar evitá-las. -
9:42 - 9:43E em relação a motivar as pessoas?
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9:43 - 9:46Em relação à segunda parte desta equação?
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9:46 - 9:51Para mim, a perspetiva
para esta parte da história veio do IKEA. -
9:52 - 9:55Não sei se vocês têm,
mas eu tenho alguma mobília do IKEA. -
9:55 - 9:58Quando reflito sobre a minha experiência,
-
9:58 - 10:05resulta que demorei imenso tempo
para seguir as instruções de montagem. -
10:05 - 10:08As instruções não eram claras,
eu punha as coisas no lugar errado, -
10:08 - 10:10tinha de desmontar a mobília.
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10:10 - 10:16Mas também me dei conta de que continuo
a olhar com carinho para a mobília do IKEA. -
10:16 - 10:18Partilhamos algo em comum
-
10:18 - 10:22que eu penso ser mais
do que apenas comprar algo na loja. -
10:22 - 10:26E podemos perguntar "O que acontece
quando investimos o nosso carinho, esforço -
10:26 - 10:29e atenção, até frustração, nalguma coisa?"
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10:29 - 10:31Começamos a gostar mais dela.
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10:31 - 10:35Há uma velha história — uma história gira —
sobre preparados para bolos. -
10:35 - 10:38Quanto introduziram
os preparados para bolos nos EUA, -
10:38 - 10:41as donas de casa da altura
não os receberam bem. -
10:41 - 10:45Havia preparados para todas as coisas:
para queques, para pão. -
10:45 - 10:48Preparados para bolos, nem por isso.
E eles perguntavam-se porquê. -
10:48 - 10:50O sabor era perfeitamente agradável.
-
10:50 - 10:54Descobriram que o que estava em falta
era uma sensação de trabalho. -
10:54 - 10:58Se colocamos água no preparado para bolos,
misturarmos, levarmos ao forno -
10:58 - 11:01e o bolo sair, não podemos
ficar com os louros! -
11:01 - 11:03(Risos)
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11:03 - 11:07Se aparece alguém e disser:
"Que bom bolo, obrigada!", não fizemos nada! -
11:07 - 11:10Então o que é que fizeram?
-
11:10 - 11:13Retiraram-lhe os ovos e o leite.
-
11:12 - 11:14(Risos)
-
11:15 - 11:18Colocamos o preparado,
partimos uns ovos, juntamos leite. -
11:18 - 11:20Agora é o nosso bolo! (Risos)
-
11:20 - 11:21(Risos)
-
11:21 - 11:25(Aplausos)
-
11:26 - 11:29Então, como é que testámos esta ideia?
-
11:29 - 11:32Começámos por pedir às pessoas
para construírem origami. -
11:32 - 11:35Demos às pessoas instruções sobre
como dobrarem o origami. -
11:35 - 11:37Eram pessoas que não sabiam fazer origami,
-
11:37 - 11:41por isso fizeram um origami
relativamente feio, mas não há problema. -
11:41 - 11:44Dissemos-lhes que aquele origami
era nosso e perguntámos: -
11:44 - 11:47"Quanto pagariam para ficarem com ele?".
-
11:47 - 11:51Tentámos medir quão valioso
elas achavam que este origami era. -
11:51 - 11:54As pessoas adoravam os origamis
que tinham criado. -
11:54 - 11:57(Risos)
-
11:59 - 12:03Depois perguntámos a outras pessoas
que não tinham construído aquele origami -
12:03 - 12:05o que pensavam daquele origami.
-
12:05 - 12:07(Risos)
-
12:07 - 12:10E elas não gostaram assim tanto dele.
-
12:10 - 12:16Os criadores achavam que o origami
era fantástico, os avaliadores nem por isso. -
12:15 - 12:19A questão é: será que os criadores,
na sua mente, -
12:19 - 12:21pensam que são os únicos
a gostarem deste origami? -
12:21 - 12:26Será que eu olho para este origami e digo:
"Oh, isto é meu, acho que é maravilhoso! -
12:26 - 12:29Sei que mais ninguém gostaria dele,
mas para mim é maravilhoso!" -
12:29 - 12:33Não. Eles acham que toda a gente
vai adorá-lo tanto quanto eles. -
12:33 - 12:34(Risos)
-
12:34 - 12:37A coisa seguinte era o efeito IKEA.
-
12:37 - 12:41Quanto às instruções? E se as instruções
forem difíceis e complexas? -
12:41 - 12:43Então demos as instruções fáceis
a umas pessoas, -
12:43 - 12:46e a outras pessoas ocultámos
o que estava no topo -
12:46 - 12:49que é o manual sobre
o que é que significa uma dobra, etc. -
12:49 - 12:52Por isso, as instruções difíceis
eram realmente desconcertantes. -
12:52 - 12:54O que é que acontecia agora?
-
12:54 - 12:56Para começar, obtivemos o mesmo resultado:
-
12:56 - 12:59os criadores adoravam o seu origami
mais do que os avaliadores. -
12:59 - 13:02O que é que acontece
quando as instruções são mais difíceis? -
13:03 - 13:06Agora os criadores ainda gostam mais deles
-
13:07 - 13:10e os avaliadores ainda gostam menos deles.
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13:10 - 13:13Porquê? Porque objetivamente eram piores!
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13:13 - 13:15Os avaliadores viam a qualidade objetiva
-
13:15 - 13:19destes pedaços de papel a desmoronarem
e não gostavam tanto deles. -
13:19 - 13:22Os criadores achavam-nos
ainda mais fantásticos! -
13:22 - 13:25Então, o trabalho conduz ao amor,
-
13:25 - 13:28mas mais trabalho, mais esforço
e mais investimento -
13:28 - 13:30conduzem a um amor mais profundo.
-
13:30 - 13:33Penso que também podemos
pensar nas crianças desta forma. -
13:34 - 13:36Imaginemos que vocês têm filhos
e eu pergunto: -
13:36 - 13:39"Por quanto é que me venderiam
os vossos filhos?". -
13:39 - 13:41(Risos)
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13:41 - 13:45A vossa memória e atenção,
e a experiência com eles. -
13:45 - 13:48A maioria das pessoas, num bom dia,
diz: "Muito dinheiro!". -
13:48 - 13:50(Risos)
-
13:50 - 13:52Mas imaginem que não tinham filhos.
-
13:52 - 13:56Iam ao parque, encontravam umas crianças,
muito parecidas com as vossas, -
13:56 - 13:59brincavam com elas umas horas
e, quando estavam a dizer adeus, -
13:59 - 14:01antes de se irem embora,
os pais delas diziam: -
14:01 - 14:03"A propósito, eles estão à venda!".
-
14:03 - 14:05(Risos)
-
14:06 - 14:09"Quanto é que pagavam por eles?"
-
14:09 - 14:11A maior parte das pessoas
reconhece: "Não muito!". -
14:11 - 14:13(Risos)
-
14:13 - 14:18Acho que é porque os filhos são realmente
o exemplo perfeito para o efeito IKEA. -
14:18 - 14:21(Risos)
-
14:22 - 14:26(Aplausos)
-
14:28 - 14:32Eles são complexos, são difíceis,
o manual de instruções não é lá muito bom. -
14:32 - 14:34(Risos)
-
14:34 - 14:37Investimos imenso esforço neles
e o nosso tremendo amor por eles, -
14:37 - 14:40em grande medida, é resultado
do investimento que fazemos neles, -
14:40 - 14:42mais do que quem eles são.
-
14:42 - 14:45A propósito, estes são os meus filhos,
que são maravilhosos! -
14:46 - 14:48Não só os nossos filhos são maravilhosos,
-
14:48 - 14:51como não entendemos
porque é que as outras pessoas -
14:51 - 14:54não veem os nossos filhos
como nós os vemos. -
14:54 - 14:57Então, o que é que temos
a dizer sobre tudo isto? -
14:57 - 15:00Há duas teorias alternativas
sobre o trabalho: -
15:00 - 15:03a de Adam Smith e a de Karl Marx.
-
15:03 - 15:07Adam Smith deu-nos um exemplo maravilhoso
da eficiência no mercado de trabalho. -
15:07 - 15:09Mostrou que podemos pegar
numa fábrica de alfinetes. -
15:09 - 15:14Se colocarmos um trabalhador a realizar
todos os 12 passos para criar um alfinete, -
15:14 - 15:17isso é muito ineficiente.
-
15:17 - 15:21Se dividirmos o trabalho em 12 partes
e cada pessoa fizer só uma dessas partes, -
15:21 - 15:27a eficiência do todo aumenta
de forma incrível, drasticamente. -
15:27 - 15:33Foi isso que a Revolução Industrial nos deu
em termos do aumento da produtividade. -
15:32 - 15:36Karl Marx, por outro lado, fala-nos
da alienação do trabalho, -
15:36 - 15:39de quanto nos sentimos
ligados ao nosso trabalho. -
15:39 - 15:42Estas ideias opõem-se uma à outra.
-
15:42 - 15:44Qual delas é mais importante?
-
15:44 - 15:47A eficiência ou a sensação
de ligação ao trabalho? -
15:47 - 15:50Se pensarmos dividir em tarefas
um grande trabalho, -
15:50 - 15:52podemos torná-lo mais eficiente.
-
15:52 - 15:54Mas à medida que o dividimos em tarefas,
-
15:54 - 15:58as pessoas que executam cada uma delas
não se sentem ligadas, ao mesmo nível, -
15:58 - 15:59àquilo que estão a fazer.
-
15:59 - 16:02Então, qual das duas é mais importante?
-
16:02 - 16:06Penso que na época da Economia Industrial
Smith estava mais certo do que Marx. -
16:06 - 16:08Houve tremendos ganhos de eficiência.
-
16:08 - 16:11Mas o que é que está a acontecer agora,
na Economia do Conhecimento? -
16:11 - 16:15O que acontece quando as pessoas
têm mais controlo sobre o que fazem? -
16:15 - 16:17Quando queremos que as pessoas
pensem no trabalho -
16:17 - 16:19quando estão no duche ou com amigos,
-
16:19 - 16:22e queremos que as pessoas
se envolvam completamente, -
16:22 - 16:24e estejam imersas no que estão a fazer,
-
16:24 - 16:26acho que agora as coisas mudaram.
-
16:26 - 16:27Na Economia do Conhecimento,
-
16:27 - 16:30penso que a noção de Marx
é mais importante. -
16:30 - 16:33Poderá ser útil sacrificar, por vezes,
-
16:33 - 16:37alguma eficiência
por mais significado no trabalho. -
16:37 - 16:40Então temos este modelo
muito simples do trabalho, -
16:40 - 16:43que diz que as pessoas
trabalham pelo dinheiro. -
16:43 - 16:46Com frequência, pagamos-lhes
precisamente com esta noção. -
16:46 - 16:48Mas acho que há duas coisas a considerar:
-
16:48 - 16:52a primeira é que valorizamos muito mais
as coisas do que apenas o dinheiro. -
16:52 - 16:53Valorizamos o significado,
-
16:53 - 16:58valorizamos a criação, o desafio,
a propriedade, a identidade, o orgulho, etc. -
16:58 - 17:03E a notícia boa sobre isto é que, se
formos capazes de criar locais de trabalho -
17:03 - 17:06que deem às pessoas todas estas coisas,
toda a gente ficaria a ganhar. -
17:06 - 17:10O local de trabalho ficaria a ganhar,
o indivíduo ficaria a ganhar. -
17:10 - 17:12É algo extremamente maravilhoso
sobre a natureza humana, -
17:12 - 17:16que possamos ser motivados
por toda uma panóplia de aspetos. -
17:16 - 17:19A questão é, como é que usamos
o local de trabalho e a sociedade em geral -
17:19 - 17:22para cultivar todas essas motivações?
-
17:22 - 17:23Muito obrigado.
-
17:23 - 17:25(Aplausos)
- Title:
- O Significado no Trabalho | Dan Ariely | TEDxAmsterdam
- Description:
-
Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.
Apesar das nossas intenções, porque é que somos tantas vezes incapazes de agir em prol do nosso melhor interesse? Porque é que subvalorizamos coisas que trabalhámos tanto para conseguir? Quais são as forças que influenciam o nosso comportamento? Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental na Duke University, dedica-se a procurar as respostas para estas questões, com o objetivo de ajudar as pessoas a viverem uma vida mais sensata, ainda que não necessariamente mais racional.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:31
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Meaning in Labour - Dan Ariely at TEDxAmsterdam | ||
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