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Porque devemos ler o "Sonho de uma Noite de Verão"? — Iseult Gillespie

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    Sob a luz do luar,
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    um grupo de jovens
    esgueira-se nos bosques,
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    onde tomam substâncias alucinogénias,
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    trocam de amores
  • 0:16 - 0:19
    e confrontam criaturas
    de uma outra dimensão.
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    Em "Sonho de uma Noite de Verão"
    Shakespeare fica psicadélico
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    e o resultado é uma delícia
    no teatro e na escrita.
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    Representada pela primeira vez
    na década de 1590,
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    esta peça é uma das obras
    mais divertidas de Shakespeare,
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    cheia de estratagemas,
    de loucura e de magia.
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    Passa-se no decurso de uma noite
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    e a ação avança a um ritmo jovial.
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    O enredo está estruturado em volta
    de padrões de colisão e dissolução,
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    em que as personagens
    de dois mundos diferentes
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    são reunidos à força e separados.
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    Shakespeare usa estes padrões
    para troçar da obcessão das personagens
  • 0:53 - 0:56
    e põe em causa a autoridade
    com uma reviravolta cómica.
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    A ação passa-se na Grécia Antiga,
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    mas, tal como muitas
    das peças de Shakespeare,
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    reflete as preocupações
    suas contemporâneas.
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    O cenário mágico dos bosques à noite
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    dissolve as fronteiras
    entre grupos diferentes,
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    com resultados inesperados.
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    Nela, o bardo brinca com o rígido
    sistema de classes da sua época,
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    agarrando em três grupos distintos
    e virando a sociedade de pernas para o ar
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    num mundo em que não há
    nenhum mortal a controlar.
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    A peça começa com a jovem Hérmia
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    furiosa com o pai Egeu
    e com Teseu, o rei de Atenas
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    que a proibiram de casar
    com o seu amado Lisandro.
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    Hérmia não está interessada em Demétrio,
    o marido que o pai lhe escolheu
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    mas a melhor amiga dela, Helena,
    está muito interessada nele.
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    Furiosa com eles, Hérmia e Lisandro
    fogem a coberto da escuridão
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    mas Demétrio persegue-os, furioso.
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    A ação torna-se mais complicado
    com a decisão de Helena
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    de os seguir até aos bosques,
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    na esperança de conquistar
    o coração de Demétrio.
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    Nessa altura, os bosques
    começam a ficar cheios de gente,
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    porque os apaixonados partilham
    o espaço com um grupo de "rudes mecânicos"
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    — um grupo de trabalhadores embriagados
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    que estão a ensaiar uma peça,
    chefiada pelo alegre Nick Bottom.
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    Sem saberem, os seres humanos
    entraram no mundo das fadas.
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    Apesar do seu esplendor mágico,
    Oberon e Titânia,
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    o rei e a rainha das fadas,
    também têm os seus problemas românticos.
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    Furioso com a incapacidade
    de controlar Titânia,
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    o ciumento Oberon manda o travesso Puck
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    espremer o sumo de uma flor mágica
    nos olhos dela.
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    Quando ela acordar, apaixonar-se-á
    pela primeira coisa que vir.
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    Nesta sua missão,
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    Puck, divertido, salpica o sumo nos olhos
    de Demétrio, adormecido, e de Lisandra,
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    e transforma a cabeça de Bottom
    numa cabeça de burro, por brincadeira.
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    Quando os olhos se abrem,
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    começa uma noite de caos,
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    que inclui corações partidos,
    confusão de identidades,
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    e transformações.
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    De todas as personagens,
    provavelmente é Bottom quem se sai melhor.
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    Quando Titânia, enfeitiçada,
    lhe põe os olhos em cima.
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    chama as suas fadas para o encherem
    de vinho e de tesouros
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    e afasta o homem-asno
    transfigurado a seus pés:
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    "Amarrem as asas das borboletas pintadas
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    "para afastar os raios da lua
    dos seus olhos sonolentos.
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    "Acenem-lhe, duendes,
    e cumprimentem-no".
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    Embora a magia seja o catalisador da ação,
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    a peça reflete o drama real
    das coisas que fazemos por amor
  • 3:24 - 3:28
    e o comportamento disparatado
    das pessoas sob o seu feitiço.
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    A lua observa a ação
    "como uma tijela de prata",
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    significando um comportamento errático,
    o lado sombrio do amor
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    e a atitude enfeitiçada de um mundo
    em que as regras habituais não se aplicam.
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    Embora as personagens
    acabem por recuperar a compostura,
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    o "Sonho de uma Noite de Verão"
    levanta a questão
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    de até que ponto dominamos
    a nossa vida diária.
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    Mas não são os amantes
    realistamente apresentados,
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    nem os governantes ou os trabalhadores
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    que têm a última palavra
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    mas o endiabrado Puck
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    que questiona se podemos confiar
    naquilo que vemos:
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    "Se nós, sombras, ofendemos,
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    "pensem nisto e tudo se comporá:
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    "Estivemos sempre aqui adormecidos
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    "enquanto estas visões apareceram".
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    Com isso,
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    ele evoca o efeito de entrar
    no mundo mágico do grande teatro
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    que joga com a fronteira
    entre a ilusão e a realidade
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    e dramatiza a possibilidade
    de a vida não passar de um sonho.
Title:
Porque devemos ler o "Sonho de uma Noite de Verão"? — Iseult Gillespie
Speaker:
Iseult Gillespie
Description:

Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/why-should-you-read-a-midsummer-night-s-dream-iseult-gillespie

Sob a luz do luar, um grupo esgueira-se nos bosques, onde tomam substâncias alucinogénias, trocando de amores e invocando criaturas de uma outra dimensão. O "Sonho de uma Noite de Verão" vê o teatro de Shakespeare como a fronteira entre a ilusão e a realidade — e dramatiza a possibilidade de a vida não ser senão um sonho. Iseult Gillespie revela-nos o que torna esta peça um clássico intemporal.

Lição de Iseult Gillespie, realização de WOW-HOW Studio.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:26

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