O cientista maluco da música
-
0:03 - 0:06Pensei que saltitar
me acalmasse os nervos, -
0:06 - 0:09mas na verdade está a causar-me
uma reação paradoxal, -
0:09 - 0:11portanto, foi uma má ideia.
-
0:11 - 0:12(Risos)
-
0:12 - 0:15Aliás, fiquei encantado
ao receber o convite -
0:15 - 0:17para vos apresentar
um pouco da minha música -
0:17 - 0:20e do meu trabalho como compositor,
-
0:20 - 0:25presumivelmente porque isso agrada ao
meu abundante e reconhecido narcisismo. -
0:25 - 0:27(Risos)
-
0:27 - 0:28Não estou a brincar,
-
0:28 - 0:31acho que devemos dizer isto
e passar adiante. -
0:31 - 0:33(Risos)
-
0:33 - 0:35Mas o caso é que depressa
surgiu um dilema: -
0:35 - 0:37a verdade é que a música causa-me tédio.
-
0:37 - 0:41Fico verdadeiramente entediado
com o papel de compositor. -
0:41 - 0:43Por isso decidi
colocar essa ideia, o tédio, -
0:43 - 0:46como foco da apresentação
que hoje venho fazer. -
0:46 - 0:48Vou partilhar a minha música convosco,
-
0:48 - 0:51mas espero fazê-lo de uma maneira
que conte uma história, -
0:51 - 0:54a história de como usei
o tédio como catalisador -
0:54 - 0:56para a criatividade e a invenção,
-
0:56 - 1:00e de como o tédio me forçou a alterar
a questão fundamental -
1:00 - 1:02que eu colocava na minha disciplina,
-
1:02 - 1:05e de como o tédio, também,
em certo sentido, -
1:05 - 1:07me forçou a assumir papéis,
-
1:07 - 1:11para além da definição de compositor
mais tradicional e limitada. -
1:11 - 1:13Hoje gostaria de começar
-
1:13 - 1:15com um excerto de uma
peça de música ao piano. -
1:16 - 1:20(Música)
-
1:26 - 1:28Muito bem, fui eu que compus isto.
-
1:28 - 1:28(Risos)
-
1:28 - 1:30Não é verdade.
-
1:30 - 1:31(Aplausos)
-
1:31 - 1:32Não, eu não compus isto.
-
1:32 - 1:35Na verdade, era uma peça de Beethoven.
-
1:35 - 1:37Portanto eu não estava
a atuar como compositor. -
1:37 - 1:40Nesse momento, eu estava a fazer
o papel de intérprete. -
1:40 - 1:43Ali estou eu, o intérprete.
-
1:43 - 1:45Intérprete de quê?
De uma peça de música, certo? -
1:45 - 1:48Mas podemos fazer a pergunta:
-
1:48 - 1:49"Isto é música?"
-
1:49 - 1:52Digo isto retoricamente,
porque, evidentemente, -
1:52 - 1:54seja qual for o padrão que utilizemos,
-
1:54 - 1:56temos de admitir que isto
é uma peça de música. -
1:56 - 1:58Mas eu faço esta pergunta, aqui e agora,
-
1:58 - 2:01para alertar desde já os vossos cérebros,
-
2:01 - 2:02porque iremos voltar a esta questão.
-
2:02 - 2:05Será uma espécie de refrão
ao longo da apresentação. -
2:06 - 2:08Portanto, temos aqui
esta peça de música de Beethoven. -
2:08 - 2:11O meu problema é que a acho entediante.
-
2:11 - 2:14Quero dizer... — "calma aí! Como se..." —
-
2:14 - 2:17(Risos)
-
2:18 - 2:20"É Beethoven! Como pode dizer isso?"
-
2:20 - 2:22Não sei, é-me por demais conhecida.
-
2:22 - 2:24Tive que praticá-la quando era criança.
Já estou farto dela. -
2:24 - 2:26(Risos)
-
2:26 - 2:28O que gostaria de fazer era alterá-la,
-
2:28 - 2:30transformá-la nalguns aspetos,
personalizá-la. -
2:30 - 2:33Poderia agarrar na abertura,
por exemplo, assim... -
2:33 - 2:35(Música)
-
2:35 - 2:37e depois poderia substituir...
-
2:37 - 2:40(Música)
-
2:40 - 2:42e depois poderia improvisar
sobre aquela melodia -
2:42 - 2:43que continua assim...
-
2:43 - 2:47(Música)
-
3:09 - 3:11(Fim de música)
-
3:11 - 3:14Este podia ser o tipo de coisa
que eu faria. -
3:14 - 3:16(Aplausos)
-
3:18 - 3:19Seria o tipo de coisa que eu faria,
-
3:19 - 3:22e que não é necessariamente melhor
do que Beethoven. -
3:22 - 3:25De facto, penso que não é melhor.
-
3:25 - 3:27(Risos)
-
3:27 - 3:31Mas é mais interessante para Mim.
É menos entediante para Mim. -
3:31 - 3:35Estou a colocar a ênfase em Mim,
porque eu tenho que pensar -
3:35 - 3:38nas decisões de voo que vou tomar
-
3:38 - 3:41no preciso momento em que o texto
de Beethoven me passa pela cabeça -
3:41 - 3:43e tento pensar no tipo de transformações
-
3:43 - 3:45que eu vou introduzir.
-
3:45 - 3:47Para mim trata-se de
uma atividade cativante -
3:47 - 3:52— e realço o pronome
na primeira pessoa — -
3:52 - 3:54Agora a minha cara aparece duas vezes.
-
3:54 - 3:56Acho que podemos concordar
-
3:56 - 3:57que é uma atividade solipsista.
-
3:57 - 3:58(Risos)
-
3:58 - 4:01É cativante, e interessa-me
durante algum tempo, -
4:01 - 4:03mas depois entedio-me com isso.
-
4:03 - 4:07Estou a referir-me ao piano,
porque esse instrumento familiar -
4:07 - 4:09tem uma gama de timbres muito comprimida
-
4:09 - 4:12pelo menos, quando estamos
a tocar nas teclas, -
4:12 - 4:15em vez de estar a ouvi-lo
depois de lhe termos ateado fogo, -
4:15 - 4:17
ou qualquer coisa do género. -
4:17 - 4:19Torna-se um bocadinho entediante.
-
4:19 - 4:22Passo logo para outros instrumentos,
eles tornam-se familiares, -
4:22 - 4:24e acabo por dar por mim
a conceber e a construir -
4:24 - 4:26os meus próprios instrumentos.
-
4:26 - 4:27Hoje trouxe um comigo.
-
4:27 - 4:30Pensei tocar um pouco nele
-
4:30 - 4:32para ouvirem como soa.
-
4:32 - 4:36(Música)
-
4:45 - 4:47É preciso ter batentes de portas,
isso é importante. -
4:48 - 4:50(Risos)
-
4:50 - 4:53Tenho pentes. São os únicos que tenho.
-
4:53 - 4:55Estão todos integrados no meu instrumento.
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4:55 - 4:56(Risos)
-
4:56 - 4:59(Música)
-
5:05 - 5:07Consigo fazer todo o tipo de coisas.
-
5:07 - 5:11Posso tocar com o arco de um violino.
Não preciso de usar os pauzinhos. -
5:11 - 5:12Assim, temos este som.
-
5:12 - 5:16(Música)
-
5:18 - 5:20Com um banco de
música eletrónica ao vivo, -
5:20 - 5:22posso mudar os sons radicalmente.
-
5:23 - 5:26(Música)
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5:31 - 5:33(Fim de música)
-
5:33 - 5:35Assim, e assim.
-
5:35 - 5:38(Música)
-
5:39 - 5:41E por aí adiante.
-
5:41 - 5:45Isto dá-vos uma pequena ideia
do mundo de sons deste instrumento -
5:45 - 5:47que eu penso ser muito interessante.
-
5:47 - 5:49E coloca-me no papel de inventor.
-
5:49 - 5:52O que é giro é que este instrumento
chama-se MouseKeteer... -
5:52 - 5:54(Risos)
-
5:54 - 5:55O que é fixe a este respeito
-
5:55 - 5:58é que sou o maior intérprete
de Mouseketeer do mundo. -
5:58 - 6:00(Risos)
-
6:00 - 6:01(Aplausos)
-
6:01 - 6:03Portanto, neste aspeto,
-
6:03 - 6:06este é um dos privilégios de ser...
-
6:06 - 6:08— e aqui está outro papel: o inventor —
-
6:09 - 6:11A propósito, quando vos disse
que sou o maior do mundo, -
6:11 - 6:15se estiverem a prestar atenção,
tivemos narcisismo e solipsismo, -
6:15 - 6:17e, agora, uma dose saudável
de egocentrismo. -
6:17 - 6:20Sei que alguns de vocês
estão mesmo a pensar: Bingo! -
6:20 - 6:22(Risos)
-
6:23 - 6:26De qualquer modo, este papel
também é bastante agradável. -
6:26 - 6:29Reconheço que também sou
o pior intérprete de Mouseketeer, -
6:29 - 6:31e foi esta distinção
que mais me preocupou -
6:31 - 6:34quando estava no primeiro lado
daquela divisão de funções. -
6:34 - 6:37Estou contente por já ter
passado essa fase. Deixemos isso. -
6:37 - 6:40Estou a chorar interiormente.
Ainda tenho cicatrizes. -
6:40 - 6:42De qualquer modo, acho que
o meu objetivo é que -
6:42 - 6:45todas estas actividades me cativem
na sua multiplicidade. -
6:46 - 6:48
Mas, tal como vo-las apresentei hoje, -
6:48 - 6:50são atividades solitárias
-
6:50 - 6:53e rapidamente desejo
partilhá-las com outras pessoas. -
6:53 - 6:56Por isso, gosto muito de
compor obras para elas. -
6:56 - 6:59Eu, às vezes, escrevo para solistas,
e assim trabalho só com uma pessoa, -
6:59 - 7:03às vezes, para orquestras completas,
e trabalho com muitas pessoas. -
7:03 - 7:06Esta é provavelmente
a capacidade, o papel criativo, -
7:06 - 7:09pelo qual provavelmente sou
mais conhecido profissionalmente. -
7:09 - 7:12Algumas das minhas partituras,
como compositor, têm este aspeto, -
7:12 - 7:14e outras têm este aspeto.
-
7:14 - 7:16Algumas são assim.
-
7:16 - 7:20Faço-as todas à mão,
o que é muito maçador. -
7:20 - 7:22Levo muito, muito tempo,
a fazer estas partituras. -
7:22 - 7:25Neste momento estou a trabalhar
numa peça com 180 páginas, -
7:26 - 7:29o que é realmente uma carga de trabalhos.
-
7:29 - 7:32Ando a arrancar os cabelos.
Tenho muitos, é o que vale. -
7:32 - 7:34(Risos)
-
7:34 - 7:36Isso torna-se muito aborrecido
e cansativo para mim. -
7:36 - 7:39Ao fim de algum tempo,
o processo de notação não só é aborrecido -
7:39 - 7:42como eu desejo que seja mais interessante.
-
7:42 - 7:45Isso empurrou-me para outros
projetos como este. -
7:45 - 7:47Isto é um excerto de uma partitura
-
7:47 - 7:49chamada "A Metafísica da Notação".
-
7:49 - 7:52A partitura completa
tem 22 metros de largura. -
7:52 - 7:55É um monte de notações
pictográficas malucas. -
7:55 - 7:57Vamos ampliar uma secção aqui mesmo.
-
7:57 - 7:59Podem ver que é bastante detalhada.
-
7:59 - 8:03Faço isto tudo
com escantilhões, com réguas, -
8:03 - 8:05com curvas Burmester e à mão livre.
-
8:06 - 8:10Os 22 metros foram divididos
em 12 painéis, com perto de 2 metros cada, -
8:10 - 8:13que foram instalados em volta da galeria
-
8:13 - 8:16do Museu do Centro de Artes de Canto.
-
8:16 - 8:19Esteve no museu durante um ano.
-
8:19 - 8:22Durante esse ano,
foi apreciada como arte visual -
8:22 - 8:23durante a maior parte da semana,
-
8:23 - 8:26exceto, como podem ver nestas imagens,
às sextas, do meio-dia à uma. -
8:26 - 8:29Apenas durante esse tempo,
apareciam vários intérpretes -
8:29 - 8:33e interpretavam estes estranhos
e indefinidos glifos pictográficos. -
8:33 - 8:34(Risos)
-
8:34 - 8:37Para mim, foi uma experiência
muito entusiasmante. -
8:37 - 8:39Foi musicalmente gratificante,
-
8:39 - 8:41mas o mais importante
é que foi entusiasmante -
8:41 - 8:43porque tive que assumir um outro papel,
-
8:43 - 8:45especialmente porque
seria exposto num museu: -
8:45 - 8:47o papel de artista visual.
-
8:47 - 8:48(Risos)
-
8:48 - 8:50Vamos preencher aquilo tudo,
não se preocupem. -
8:51 - 8:53Eu sou uma multidão!
-
8:53 - 8:54(Risos)
-
8:54 - 8:56Algumas pessoas diriam algo como:
-
8:56 - 8:57"Você está a ser um diletante".
-
8:57 - 8:59Talvez isso seja verdade.
-
8:59 - 9:02Eu compreendo, porque
não tenho passado na arte visual, -
9:02 - 9:03nem tenho qualquer formação.
-
9:03 - 9:07Era uma coisa que eu queria fazer
como uma extensão da minha composição, -
9:07 - 9:09como uma extensão
de um certo tipo de impulso criativo. -
9:09 - 9:12Consigo compreender a pergunta:
"Mas isto é música?" -
9:12 - 9:14Não se trata de uma notação tradicional.
-
9:14 - 9:18Também consigo compreender
uma espécie de crítica implícita -
9:18 - 9:20na peça, "S-tog", que fiz
quando vivia em Copenhaga. -
9:20 - 9:22Peguei no mapa do metro de Copenhaga
-
9:22 - 9:26e rebatizei todas as estações
com provocações de música abstrata. -
9:26 - 9:28Os intérpretes, que estão
sincronizados com cronómetros, -
9:28 - 9:31seguem os horários, que estão indicados
em minutos após a hora. -
9:31 - 9:34Este é um caso de real adaptação
de qualquer coisa -
9:34 - 9:36ou talvez de roubo de qualquer coisa,
-
9:36 - 9:39transformando-o em notação musical.
-
9:39 - 9:41Outro caso de adaptação é esta peça.
-
9:41 - 9:44Agarrei na ideia do relógio,
e transformei-a numa partitura musical. -
9:44 - 9:48Fiz os meus mostradores,
e encarreguei uma empresa de os fabricar. -
9:48 - 9:50Os intérpretes seguem estas partituras.
-
9:50 - 9:51Seguem os ponteiros dos segundos.
-
9:51 - 9:55Os intérpretes passam sobre
os vários símbolos, respondem musicalmente. -
9:55 - 9:57Este é outro exemplo de outra peça,
-
9:57 - 9:58e, depois, a sua realização.
-
9:58 - 10:01Nestas duas capacidades, fui farrapeiro,
-
10:01 - 10:05no sentido de me apoderar
do mapa do metro, e ladrão, talvez. -
10:05 - 10:07Também fui "designer",
-
10:07 - 10:09no caso da criação dos relógios.
-
10:09 - 10:12Uma vez mais, isto,
para mim, é interessante. -
10:12 - 10:15Outro papel que gosto de assumir
é o de artista performativo. -
10:15 - 10:18Algumas das minhas peças têm
elementos teatrais estranhos, -
10:18 - 10:19e frequentemente interpreto-os.
-
10:19 - 10:22Quero mostrar-vos um extrato
de uma peça chamada "Echolalia". -
10:22 - 10:25Está a ser interpretada
por Brian McWhorter, -
10:25 - 10:26que é um intérprete extraordinário.
-
10:26 - 10:30Vamos ver um pouco e, por favor,
prestem atenção à parte instrumental. -
10:31 - 10:34(Diversos ruídos)
-
10:57 - 10:58(Fim de ruídos)
-
10:58 - 11:00Bem, ouvi-vos rir nervosamente
-
11:00 - 11:03porque notaram que a broca
estava um pouco estridente, -
11:03 - 11:04a entoação era um pouco questionável.
-
11:04 - 11:05(Risos)
-
11:05 - 11:07Vamos ver outro excerto.
-
11:07 - 11:10(Diversos ruídos)
-
11:16 - 11:17(Fim de ruídos)
-
11:17 - 11:19Podem ver que o caos continua,
-
11:19 - 11:22não há clarinetes e trompetes
-
11:22 - 11:23nem flautas nem violinos.
-
11:23 - 11:25Esta peça tem uma parte instrumental
-
11:25 - 11:27ainda mais invulgar, mais peculiar.
-
11:27 - 11:30É "Tlon", para três maestros
e nenhum intérprete. -
11:30 - 11:31(Risos)
-
11:31 - 11:32(Silêncio)
-
11:42 - 11:45Baseou-se na experiência real
de ver duas pessoas -
11:45 - 11:47a terem uma violenta
discussão em linguagem gestual, -
11:47 - 11:49que não produzia decibéis,
-
11:49 - 11:52mas que, afetiva e psicologicamente,
era uma experiência muito ruidosa. -
11:52 - 11:54Portanto, eu percebo.
-
11:54 - 11:56Com aparelhos estranhos
-
11:56 - 12:00e uma total ausência
de instrumentos convencionais -
12:00 - 12:04e este excesso de maestros,
as pessoas podem perguntar: -
12:04 - 12:06"Isto é música?"
-
12:06 - 12:10Mas avancemos para uma peça
em que estou a portar-me bem, -
12:10 - 12:12que é o meu "Concerto para Orquestra".
-
12:12 - 12:15Vão aperceber-se de muitos
instrumentos convencionais neste excerto. -
12:15 - 12:18
(Música) -
12:29 - 12:31(Fim de música)
-
12:31 - 12:34O título da peça não é este.
Fui um pouco malicioso. -
12:34 - 12:37Para tornar isto mais interessante,
coloco um espaço aqui, -
12:38 - 12:40
e o verdadeiro título da peça é este. -
12:40 - 12:42Vamos continuar com o mesmo excerto.
-
12:42 - 12:46[Concerto para Florista e Orquestra]
-
12:52 - 12:55Fica melhor com um florista,
não é verdade? -
12:55 - 12:56(Risos)
-
12:57 - 12:59(Música)
-
12:59 - 13:03Pelo menos, fica menos maçador.
Vamos ver mais alguns excertos. -
13:03 - 13:05(Música)
-
13:14 - 13:16(Fim de música)
-
13:16 - 13:19Com todos estes elementos teatrais,
sou empurrado para um outro papel, -
13:19 - 13:22que é, possivelmente, o de dramaturgo.
-
13:23 - 13:26Toquei bem, não foi? Tive que escrever
as partes da orquestra, certo? -
13:26 - 13:29Mas havia outras coisas, não é?
-
13:29 - 13:31Havia o florista, e compreendo
que, mais uma vez, -
13:31 - 13:34estamos a colocar pressão
sobre a ontologia da música -
13:34 - 13:37tal como a conhecemos
convencionalmente. -
13:37 - 13:41Mas vamos ver uma última peça,
que vou partilhar hoje convosco. -
13:41 - 13:44É uma peça chamada "Aphasia",
-
13:44 - 13:47É para gestos manuais,
sincronizados com som. -
13:47 - 13:50Isto convida ainda a um outro papel,
-
13:50 - 13:52o último que partilharei convosco:
o de coreógrafo. -
13:53 - 13:55A partitura para a peça tem este aspeto,
-
13:55 - 13:58e dá-me instruções, a mim, o intérprete,
-
13:58 - 14:02para fazer vários gestos com as mãos
em momentos específicos, -
14:02 - 14:04sincronizado com a faixa musical.
-
14:04 - 14:07E essa faixa musical é constituída
exclusivamente por amostras vocais. -
14:07 - 14:10Gravei um cantor fantástico,
-
14:10 - 14:12meti o som da voz dele no meu computador,
-
14:12 - 14:14deformei-o de todas as maneiras possíveis,
-
14:14 - 14:17para obter a banda sonora
que estão prestes a ouvir. -
14:17 - 14:22Vou interpretar apenas um excerto
de "Afasia". Está bem? -
14:24 - 14:27(Sons vocais deformados)
-
14:57 - 14:59(Fim de sons vocais)
-
15:00 - 15:02Isto dá-vos um cheirinho da peça.
-
15:02 - 15:04(Aplausos)
-
15:04 - 15:05Obrigado.
-
15:07 - 15:09É uma coisa um bocado esquisita.
-
15:09 - 15:12Será música?
Aqui está como quero concluir. -
15:12 - 15:14Concluí que, afinal,
essa pergunta está errada, -
15:14 - 15:16a questão importante não é essa.
-
15:16 - 15:19A questão importante é:
"Isto é interessante?" -
15:19 - 15:22Eu sigo esta questão, sem me
preocupar se será música, -
15:22 - 15:24sem me preocupar com
a definição do que estou a criar. -
15:24 - 15:27Permito à minha criatividade
que me empurre -
15:27 - 15:29para direções que me interessem.
-
15:29 - 15:32Não me preocupo com
a semelhança do resultado -
15:32 - 15:34com alguma noção, algum paradigma,
-
15:34 - 15:37do que é suposto ser
uma composição musical. -
15:37 - 15:39Em certo sentido, isso levou-me
-
15:39 - 15:41a assumir um monte de papéis diferentes.
-
15:41 - 15:43Portanto, o que quero que pensem é:
-
15:43 - 15:46Até que ponto podemos
mudar a questão fundamental -
15:46 - 15:49na vossa disciplina e...
-
15:49 - 15:51— vou pôr aqui mais uma
pequena nota de rodapé, -
15:51 - 15:53porque me apercebi de que mencionei
-
15:53 - 15:56alguns defeitos psicológicos
-
15:56 - 15:59e que tivemos uma boa quantidade
de comportamento obsessivo, -
15:59 - 16:02e houve algum comportamento
delirante, e coisas do género. -
16:02 - 16:04Acho que poderíamos
dizer que isto é um argumento -
16:04 - 16:07no sentido da autoagressão
e um tipo de esquizofrenia, -
16:07 - 16:09pelo menos no sentido
popular do termo. -
16:09 - 16:11Refiro-me a transtorno
dissociativo de identidade. -
16:11 - 16:12(Risos)
-
16:12 - 16:14Seja como for, apesar desses perigos,
-
16:14 - 16:17recomendo-vos que pensem
na possibilidade de assumirem papéis -
16:17 - 16:18no vosso próprio trabalho,
-
16:18 - 16:21sejam próximos, sejam distantes
da vossa definição profissional. -
16:21 - 16:23E, com isto, muito obrigado.
-
16:23 - 16:26(Aplausos)
- Title:
- O cientista maluco da música
- Speaker:
- Mark Applebaum
- Description:
-
Mark Applebaum escreve música que quebra as regras de maneiras fantásticas, compondo um concerto para um florista e construindo um instrumento musical a partir de lixo e de objetos encontrados. Esta palestra peculiar pode inspirar-vos a sacudir as "regras" do vosso próprio trabalho criativo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:50
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The mad scientist of music | ||
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Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for The mad scientist of music | ||
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The mad scientist of music | ||
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Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The mad scientist of music | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The mad scientist of music |