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Em busca da invisibilidade - metamateriais e camuflagem | Andrea Alú | TEDxAustin

  • 0:08 - 0:12
    Em seu romance de 1881,
    "O Homem Invisível",
  • 0:12 - 0:15
    Herbert George Wells criou um cientista
  • 0:15 - 0:18
    que dedica toda a sua vida
    à pesquisa em ótica.
  • 0:18 - 0:21
    No final, ele consegue uma forma
  • 0:21 - 0:25
    de tornar os objetos, ou corpos,
    invisíveis para o olho humano.
  • 0:26 - 0:29
    Wells não foi a primeira pessoa
    a escrever sobre a invisibilidade,
  • 0:29 - 0:31
    mas, com sua fantástica imaginação,
  • 0:31 - 0:35
    e suas descrições detalhadas
    dos processos óticos envolvidos,
  • 0:36 - 0:37
    ele foi capaz de fascinar as gerações
  • 0:37 - 0:41
    de leitores, diretores de cinema
    e até muitos cientistas.
  • 0:43 - 0:45
    Há, também, um pouquinho
    de voyeurismo em todos nós,
  • 0:45 - 0:51
    que instiga a nos escondermos
    atrás de uma capa de invisibilidade,
  • 0:51 - 0:54
    para andarmos tranquilamente,
    sem sermos vistos.
  • 0:56 - 0:59
    O fascínio humano
    por controlar e manipular a luz,
  • 0:59 - 1:01
    é muito mais antigo do que Wells,
  • 1:01 - 1:05
    provavelmente, tão antigo
    quanto a humanidade.
  • 1:06 - 1:10
    O que se vê nesta imagem
    é a taça Lycurgus,
  • 1:10 - 1:15
    um vaso de vidro romano,
    de 1,5 mil anos antes de Wells.
  • 1:16 - 1:21
    Ele está exposto no Museu Britânico,
    em Londres, e tem um efeito ótico único:
  • 1:22 - 1:25
    se você olhar o copo quando
    ele estiver iluminado por trás,
  • 1:25 - 1:29
    parece vermelho;
    mas quando iluminado pela frente,
  • 1:29 - 1:32
    com a luz passando por ele, parece verde.
  • 1:33 - 1:35
    Os gregos e romanos antigos aprenderam
  • 1:35 - 1:38
    ao longo de séculos de experimentos
    por tentativa e erro,
  • 1:39 - 1:42
    que, derretendo cuidadosamente
  • 1:42 - 1:46
    pequenas porções
    de metais preciosos em vidro,
  • 1:46 - 1:49
    eles poderiam obter
    esse efeito ótico surpreendente.
  • 1:50 - 1:53
    Olhando-se o vidro num microscópio,
  • 1:53 - 1:57
    pode-se ver minúsculas
    ligas de prata e ouro.
  • 1:58 - 2:04
    Essas nano partículas metálicas são
    tão pequenas quanto 70 nanômetros,
  • 2:04 - 2:08
    que é 10 mil vezes menor
    do que um único grão de areia.
  • 2:10 - 2:15
    Agora sabemos, depois de séculos,
    que as proporções exatas de materiais,
  • 2:15 - 2:18
    o tamanho e a densidade
    dessas nano partículas
  • 2:18 - 2:23
    são a combinação exata que pode
    produzir este efeito ótico único.
  • 2:24 - 2:29
    É surpreendente, como
    artistas, há alguns milênios,
  • 2:29 - 2:33
    foram capazes de desenvolver
    esses artifícios minuciosos nos materiais,
  • 2:34 - 2:37
    para produzir esse efeito ótico único.
  • 2:38 - 2:44
    Eles tinham ferramentas muito simples
    e muita habilidade para conseguir isso.
  • 2:46 - 2:50
    Vamos andar alguns séculos à frente,
    até o norte da Europa moderna.
  • 2:50 - 2:55
    Essas mesmas técnicas foram posteriormente
    dominadas por artistas da época,
  • 2:55 - 3:00
    para produzir as cores excepcionalmente
    brilhantes que podemos admirar nos vitrais
  • 3:00 - 3:03
    que decoram milhares
    de igrejas em toda a Europa.
  • 3:03 - 3:05
    E, provavelmente, no mundo todo.
  • 3:07 - 3:10
    Naquela época, os artistas
    dessas obras-primas
  • 3:10 - 3:15
    não conheciam todas as leis da ótica
    que determinam esses fenômenos.
  • 3:15 - 3:19
    Mas, com um trabalho
    único e habilidades incríveis,
  • 3:19 - 3:21
    eles conseguiram encontrar a fórmula certa
  • 3:21 - 3:27
    para transformar um vidro comum
    numa belíssima obra de arte.
  • 3:27 - 3:32
    Eles estavam usando essas nano
    partículas para produzir esses efeitos.
  • 3:34 - 3:37
    É surpreendente pensar
  • 3:37 - 3:43
    o que esses artistas faziam naquela
    época, com as ferramentas disponíveis.
  • 3:43 - 3:48
    Uma coisa que podemos ter certeza
    é que esses artistas não imaginavam
  • 3:48 - 3:52
    que eles seriam os precursores
    dos cientistas modernos,
  • 3:52 - 3:57
    que estão revelando os mistérios
    da luz interagindo com a matéria.
  • 3:57 - 4:02
    Os vitrais que estou mostrando
    e que mostrarei depois com mais detalhes,
  • 4:02 - 4:06
    são os ancestrais da tecnologia moderna
  • 4:06 - 4:10
    que poderiam realizar o sonho
    de Wells, de uma capa de invisibilidade.
  • 4:12 - 4:16
    Hoje, estamos num período
    particularmente instigante da história
  • 4:16 - 4:19
    porque, com as ferramentas
    modernas da nanotecnologia,
  • 4:19 - 4:21
    podemos controlar com precisão
  • 4:21 - 4:28
    o tamanho, a forma, a orientação, posição
    e o alinhamento das nano partículas
  • 4:28 - 4:29
    e produzir os efeitos óticos
  • 4:29 - 4:33
    que seriam considerados impossíveis
    de se obter há apenas alguns anos.
  • 4:34 - 4:36
    Apenas para se ter uma ideia
  • 4:36 - 4:39
    do tipo de nano materiais
    que podemos fabricar atualmente
  • 4:39 - 4:43
    ou dos modernos vitrais
    que estamos produzindo,
  • 4:43 - 4:48
    observem essas imagens microscópicas
    criadas recentemente em meu laboratório.
  • 4:48 - 4:52
    Pode-se ver camadas
    de vidro extremamente finas,
  • 4:52 - 4:57
    sobrepostas e decoradas por minúsculos
    nano filetes perfeitamente alinhados,
  • 4:57 - 5:01
    ainda menores que aqueles
    existentes na taça de Lycurgus.
  • 5:03 - 5:04
    Você pode pensar
  • 5:04 - 5:08
    que eles não parecem tão bonitos
    como os vitrais que mostrei anteriormente,
  • 5:08 - 5:12
    mas posso dizer que eles têm
    implicações muito maiores
  • 5:12 - 5:17
    no futuro da ótica aplicada
    e nos sensores de câmeras.
  • 5:18 - 5:22
    Nos últimos dez anos houve
    um crescimento sem precedentes
  • 5:22 - 5:25
    na realização e no entendimento da física
  • 5:25 - 5:29
    dos materiais que funcionam na escala nano
  • 5:29 - 5:35
    e percebemos que, se pudermos controlar
    esses nano materiais, na escala do nano
  • 5:35 - 5:39
    talvez possamos desafiar
    as regras e limitações
  • 5:39 - 5:42
    que foram consideradas
    imutáveis por séculos.
  • 5:43 - 5:47
    Foi assim que se iniciou uma nova
    área da ciência e da tecnologia,
  • 5:48 - 5:53
    a dos metamateriais
    ou materiais criados pelo homem,
  • 5:53 - 5:58
    que possuem propriedades
    que podem ir além ou transcender
  • 5:58 - 6:00
    aquelas dos materiais naturais.
  • 6:02 - 6:03
    Apenas como exemplo
  • 6:03 - 6:07
    de como esses metamateriais
    podem realmente enganar a luz,
  • 6:07 - 6:10
    considere um dos fenômenos
    mais básicos em ótica:
  • 6:10 - 6:12
    talvez até seja familiar para você...
  • 6:12 - 6:17
    O fenômeno da refração da luz
    no limite entre dois materiais.
  • 6:17 - 6:22
    Refração ocorre quando um raio
    de luz entra num novo material
  • 6:22 - 6:24
    digamos, da água para o ar,
  • 6:24 - 6:29
    ele se curva porque
    muda a direção na qual viaja.
  • 6:29 - 6:34
    Esse é o efeito combinado
    de todas as moléculas de água
  • 6:34 - 6:38
    que interagem com a luz incidente
    e, como resultado, a curva.
  • 6:41 - 6:46
    Este mesmo fenômeno também explica
    por que um canudo num copo de água
  • 6:46 - 6:49
    parece quebrado no limite com a água.
  • 6:50 - 6:56
    Em 1968, um jovem físico russo
    escreveu seu primeiro artigo teórico
  • 6:56 - 6:59
    sobre uma simples,
    mas obscura questão teórica.
  • 7:00 - 7:02
    Ele se perguntou, o que aconteceria
  • 7:02 - 7:08
    se pudesse encontrar um material
    com índice de refração negativo.
  • 7:09 - 7:12
    O índice de refração
    é essencialmente o que descrevi:
  • 7:12 - 7:16
    é a grandeza que mede
    quanto a luz se curva
  • 7:16 - 7:19
    quando entra num determinado material.
  • 7:19 - 7:23
    Victor Veselago,
    esse era o nome do cientista,
  • 7:23 - 7:27
    imaginou o que aconteceria
    se essa grandeza fosse negativa.
  • 7:27 - 7:30
    Para o ar, o índice vale um;
  • 7:30 - 7:34
    e é maior que um para
    qualquer outro material.
  • 7:34 - 7:36
    Mas ele tinha essa curiosidade.
  • 7:36 - 7:41
    E ele descobriu que a luz
    pode se curvar de outra forma.
  • 7:43 - 7:46
    Se pudéssemos encontrar
    esse material na forma líquida,
  • 7:46 - 7:48
    é assim que ficaria o nosso canudo.
  • 7:50 - 7:52
    Quando esse artigo foi publicado,
  • 7:52 - 7:56
    o trabalho de Veselago
    não recebeu muita atenção
  • 7:56 - 8:00
    e, para ser honesto, mesmo anos
    depois, praticamente ninguém o leu.
  • 8:00 - 8:02
    O que não é uma surpresa:
  • 8:02 - 8:06
    os cientistas daquela época achavam
    que esses materiais não existiam.
  • 8:06 - 8:09
    E mesmo que acreditassem,
    não saberiam o que fazer com eles.
  • 8:10 - 8:15
    No entanto, Veselago continuou
    trabalhando com eles por muitos anos,
  • 8:15 - 8:17
    ao longo de sua carreira
  • 8:17 - 8:21
    e sua busca finalmente
    terminou 35 anos depois,
  • 8:21 - 8:24
    quando um grupo da Universidade
    da Califórnia, em San Diego,
  • 8:24 - 8:28
    conseguiu obter, de forma
    experimental, pela primeira vez,
  • 8:28 - 8:31
    um metamaterial de índice negativo.
  • 8:31 - 8:33
    Trinta e cinco anos.
  • 8:33 - 8:38
    Foi o tempo que levou para essa ideia
    fascinante passar de sonho à realidade.
  • 8:40 - 8:41
    Como as imagens que mostrei antes,
  • 8:41 - 8:46
    o que esses cientistas compreenderam
    foi que, controlando cuidadosamente
  • 8:46 - 8:51
    a composição, a forma
    e o arranjo de moléculas artificiais,
  • 8:51 - 8:55
    eles poderiam obter esse efeito,
    que era considerado impossível.
  • 8:55 - 9:03
    Ao longo desses 35 anos, cientistas
    de muitos países entenderam
  • 9:03 - 9:10
    que, controlando materiais na escala nano
    e produzindo metamoléculas artificiais,
  • 9:10 - 9:13
    eles poderiam fazer a luz
    se curvar no sentido inverso,
  • 9:13 - 9:17
    da mesma forma que as moléculas
    de água curvam a luz no sentido normal.
  • 9:19 - 9:22
    Basicamente, foi assim que a nossa
    jornada à invisibilidade começou.
  • 9:22 - 9:25
    Alguns colegas e eu imaginamos
  • 9:25 - 9:28
    que, se pudéssemos enganar
    a luz para ir em outro sentido,
  • 9:28 - 9:31
    poderíamos tentar um maior
    número de efeitos exóticos.
  • 9:32 - 9:34
    Invisibilidade e camuflagem
    representam hoje,
  • 9:34 - 9:37
    uma das aplicações mais
    fantásticas dos metamaterais
  • 9:37 - 9:39
    que conseguimos até agora.
  • 9:39 - 9:42
    Somente a possibilidade
    de se obter este efeito
  • 9:42 - 9:46
    tem incitado a imaginação de cientistas
    e leigos de todo o mundo
  • 9:46 - 9:49
    e conectado este campo da tecnologia
  • 9:49 - 9:53
    com algo que esteve em nossos
    sonhos, livros ou romances.
  • 9:55 - 9:59
    Nos últimos oito anos houve
    muitas sugestões e diferentes propostas
  • 9:59 - 10:03
    para associar esses
    metamateriais à invisibilidade.
  • 10:03 - 10:05
    Como isso funcionaria?
  • 10:05 - 10:08
    Temos que entender um pouquinho
    como vemos esses materiais:
  • 10:08 - 10:13
    quando um raio de luz
    excita ou atinge um material,
  • 10:13 - 10:17
    sua superfície reflete e dispersa
  • 10:17 - 10:20
    todas as ondas de luz
    que interagem com ele.
  • 10:20 - 10:23
    Nossos olhos podem, então, captar
    uma porção das ondas dispersadas,
  • 10:23 - 10:26
    e é o que nos permite ver o objeto.
  • 10:26 - 10:30
    Se conseguirmos, de alguma
    forma, evitar essa interação,
  • 10:30 - 10:33
    entre a luz e o objeto ou cancelar
    todas essas ondas que se dispersam,
  • 10:33 - 10:37
    então, o objeto se tornaria invisível.
  • 10:37 - 10:42
    Observe que isso é diferente de apenas
    tentar eliminar os reflexos de um objeto.
  • 10:42 - 10:47
    Isso é o que a tecnologia invisível
    já faz nos aviões militares, por exemplo.
  • 10:47 - 10:50
    O que desejamos é muito mais desafiador.
  • 10:50 - 10:53
    Queremos eliminar todas
    as ondas refletidas pelo objeto,
  • 10:53 - 10:56
    incluindo a sombra na parte de trás dele,
  • 10:56 - 10:59
    para tornar o objeto
    completamente invisível.
  • 11:02 - 11:07
    Uma ideia para se obter este efeito,
    é pegar uma capa de metamaterial,
  • 11:07 - 11:08
    colocá-la em torno do objeto
  • 11:08 - 11:12
    e curvar cuidadosamente
    os raios de luz ao redor do objeto,
  • 11:12 - 11:15
    de forma que eles
    não interajam com o objeto.
  • 11:16 - 11:21
    Em 2005, eu e alguns colegas
    propusemos uma abordagem diferente,
  • 11:21 - 11:25
    imaginando se poderíamos
    criar um metamaterial
  • 11:25 - 11:32
    que difundisse uma forma de luz
    negativa, oposta àquela do objeto,
  • 11:32 - 11:38
    equilibrando adequadamente
    a luz positiva do objeto
  • 11:38 - 11:41
    com a luz negativa difundida
    a partir do metamaterial,
  • 11:41 - 11:44
    cancelando completamente
    as ondas dispersadas,
  • 11:44 - 11:49
    com a luz passando através
    do objeto, sem ser detectada.
  • 11:50 - 11:55
    Após a apresentação desta ideia,
    começamos a trabalhar num experimento
  • 11:55 - 11:59
    quando percebemos que Wells
    já a tinha entendido completamente.
  • 11:59 - 12:01
    (Risos)
  • 12:01 - 12:07
    No seu romance, ele descreve
    um efeito muito similar em termos leigos:
  • 12:07 - 12:11
    Griffin, o cientista louco
    trabalhando neste experimento,
  • 12:11 - 12:13
    percebeu que, se ele pudesse diminuir
  • 12:13 - 12:17
    o índice de refração
    de um corpo em relação ao ar,
  • 12:17 - 12:19
    não haveria a difusão da luz.
  • 12:19 - 12:23
    Nas próprias palavras de Wells:
  • 12:23 - 12:26
    "Griffin inventou um método
    que tornava possível,
  • 12:26 - 12:29
    sem alterar qualquer
    outra propriedade da matéria,
  • 12:29 - 12:31
    diminuir o índice de refração
    de uma substância,
  • 12:31 - 12:35
    naquilo que diz respeito
    a todos os aspectos práticos.
  • 12:35 - 12:39
    Ou um corpo absorve a luz
    ou a reflete ou a refrata
  • 12:39 - 12:41
    ou faz todas essas coisas.
  • 12:41 - 12:47
    Se nem reflete nem refrata e não
    absorve a luz, não pode ser visível".
  • 12:48 - 12:49
    Não é fantástico?
  • 12:49 - 12:51
    Quando li esta passagem pela primeira vez,
  • 12:51 - 12:55
    imaginei como um autor,
    um escritor do século 19,
  • 12:55 - 12:57
    poderia apresentar
    esses conceitos difíceis
  • 12:57 - 13:01
    e explicá-los com palavras
    simples, mas muito poderosas.
  • 13:03 - 13:06
    No ano passado, meu time
    da Universidade do Texas, Austin,
  • 13:06 - 13:09
    conseguiu, pela primeira
    vez, obter a invisibilidade
  • 13:09 - 13:11
    de um objeto tridimensional.
  • 13:12 - 13:16
    Ao invés de trabalhar
    com a luz ou espectro visível,
  • 13:16 - 13:18
    trabalhamos com ondas de rádio.
  • 13:18 - 13:21
    Elas são mais longas e tornam
    o experimento mais fácil
  • 13:21 - 13:24
    e seguem as mesmas
    leis da física que a luz.
  • 13:25 - 13:28
    Pegamos um cilindro de 15 centímetros
  • 13:28 - 13:33
    e o cobrimos com uma capa
    de metamaterial cuidadosamente projetada
  • 13:33 - 13:41
    para ter a exata resposta oposta,
    uma resposta eletromagnética do cilindro.
  • 13:42 - 13:43
    Obtivemos este efeito
  • 13:43 - 13:49
    inserindo placas metálicas
    num revestimento de cerâmica,
  • 13:49 - 13:52
    muito parecidas com as imagens
    que mostrei anteriormente.
  • 13:52 - 13:58
    Nosso experimento provou que é possível
    obter a transparência total de um objeto
  • 13:58 - 14:02
    para todos os ângulos de observação
    e para todas as posições do observador,
  • 14:02 - 14:06
    mesmo próximo à superfície
    do objeto ou logo atrás dele.
  • 14:09 - 14:11
    Apenas para entender como é isso,
  • 14:11 - 14:17
    esta animação mostra as ondas de rádio
    atingindo o cilindro original, sem a capa.
  • 14:18 - 14:21
    Como se vê, as ondas de rádio,
    quando atingem o cilindro,
  • 14:21 - 14:26
    são refletidas e ricocheteiam
    na superfície do cilindro.
  • 14:26 - 14:29
    É assim que nossos olhos
    verdadeiramente veem os objetos,
  • 14:29 - 14:32
    percebendo essas dispersões e deflexões.
  • 14:32 - 14:35
    Depois que colocamos a capa
    de metamaterial em torno dele,
  • 14:35 - 14:40
    isso é o que observamos experimentalmente,
    alguma coisa parecida com isso.
  • 14:40 - 14:45
    A onda passava através do objeto,
    sem interferir com ele
  • 14:45 - 14:48
    e também não há sombra atrás dele.
  • 14:48 - 14:53
    Se estivéssemos sentados atrás do cilindro
    coberto e olhássemos através dele
  • 14:53 - 14:56
    veríamos as ondas
    de rádio na nossa direção,
  • 14:56 - 14:58
    como se não houvesse nada no meio.
  • 14:58 - 15:03
    Do ponto de vista prático,
    o objeto é invisível aos radares.
  • 15:03 - 15:08
    Ainda não são olhos humanos,
    mas é essencialmente a mesma física.
  • 15:09 - 15:14
    Agora estamos trabalhando para ampliar
    este conceito para objetos maiores,
  • 15:14 - 15:18
    grupos de objetos
    e até frequências diferentes.
  • 15:18 - 15:19
    Não estamos só pensando
  • 15:19 - 15:24
    em tipos de aplicação óbvios
    de defesa ou camuflagem,
  • 15:24 - 15:29
    mas também em outros
    campos de interesse prático.
  • 15:29 - 15:34
    Imagine, por exemplo, se pudéssemos
    construir antenas invisíveis
  • 15:34 - 15:38
    que poderiam receber um sinal
    sem serem detectadas.
  • 15:38 - 15:44
    Não é uma forma moderna do século 21
    de se esconder numa capa de invisibilidade
  • 15:44 - 15:47
    e olhar ao redor, sem ser visto?
  • 15:48 - 15:52
    Também, essas antenas invisíveis
    poderiam não interferir entre si
  • 15:52 - 15:56
    num ambiente abarrotado,
    como no alto de um edifício.
  • 15:57 - 16:01
    Conceitos similares também podem ser
    aplicados à microscopia de campo próximo
  • 16:01 - 16:03
    para melhorar medições biomédicas,
  • 16:03 - 16:08
    ao permitir aproximar-se bastante
    de um objeto, com a ponta do microscópio
  • 16:08 - 16:14
    e ver detalhes muito pequenos deste
    objeto, sem interferir com as medições.
  • 16:15 - 16:19
    Sugerimos, também,
    que se poderiam usar essas ideias
  • 16:19 - 16:23
    para melhorar a eficiência de absorção
    em aplicações de energias limpas,
  • 16:23 - 16:28
    para produzir nanotecnologia
    em identificação biomédica
  • 16:28 - 16:30
    e até mesmo produzir nano dispositivos
  • 16:30 - 16:35
    que seriam usados na próxima geração
    de computadores óticos ultrarápidos.
  • 16:35 - 16:37
    Aqui está.
  • 16:38 - 16:40
    Se você não se liga
    nesses avanços tecnológicos
  • 16:40 - 16:45
    e está apenas sonhando com uma capa
    de invisibilidade mais cedo do que tarde,
  • 16:45 - 16:50
    entendo você, mas tenho que avisá-lo que
    a história do Griffin não acaba tão bem.
  • 16:52 - 16:55
    Na verdade, Griffin consegue
    aplicar o procedimento em si mesmo,
  • 16:55 - 16:59
    ele fica invisível, mas não
    consegue reverter o processo
  • 16:59 - 17:01
    e fica invisível para sempre.
  • 17:01 - 17:06
    Seu melhor amigo o trai e revela
    seu segredo para todo mundo
  • 17:06 - 17:09
    e Griffin decide matá-lo
    e inicia um reino de terror.
  • 17:12 - 17:16
    Acredito que o futuro dos metamateriais
    seja melhor do que a história de Griffin.
  • 17:17 - 17:18
    (Risos)
  • 17:19 - 17:20
    Na verdade, gosto de pensar
  • 17:20 - 17:24
    que os metamateriais são
    os novos vitrais do século 21;
  • 17:24 - 17:27
    um pouco menos coloridos
    que os antigos, como conhecemos.
  • 17:28 - 17:31
    Em nossa busca contínua e fascinante
  • 17:31 - 17:34
    para enganar e manipular
    a luz com materiais,
  • 17:34 - 17:39
    acho que estamos perto de trazer
    um pouco de ficção à realidade
  • 17:39 - 17:44
    e mostrarmos que, ao pensarmos
    um pouco de forma criativa,
  • 17:44 - 17:47
    conseguimos superar algumas
    limitações fundamentais
  • 17:47 - 17:49
    da ciência e da tecnologia modernas.
  • 17:49 - 17:51
    É interessante que, no frigir dos ovos,
  • 17:51 - 17:54
    esta é uma área de estudo
    de apenas dez anos.
  • 17:54 - 17:55
    Obrigado.
  • 17:55 - 17:56
    (Aplausos)
Title:
Em busca da invisibilidade - metamateriais e camuflagem | Andrea Alú | TEDxAustin
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Da taça de Lycurgus ao "O Homem Invisível" de H. G. Wells, sempre houve uma linha tênue entre ficção e realidade, quando se fala sobre a possibilidade de se manipular a luz e obter a invisibilidade.

Ao criar a primeira capa de invisibilidade do mundo para um objeto tridimensional, o professor de Engenharia Andrea Alú explica como a descoberta de metamateriais está impulsionando a tecnologia para além dos limites convencionais, produzindo novas oportunidades, além do que a natureza pode oferecer.

Esta tecnologia emergente oferece uma vasta gama de aplicações em biociências, energia, defesa e muito mais do que podemos somente imaginar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:03

Portuguese, Brazilian subtitles

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