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Leda Nagle entrevista o astronauta brasileiro Marcos Pontes - parte 1 de 3

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    Muitos sonharam desde criança
    em ser astronauta.
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    Conversamos com o brasileiro
    que realizou este sonho.
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    O tenente coronel Marcos Pontes.
    O primeiro astronauta brasileiro.
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    Ele começou como eletricista
    aprendiz, aos 14 anos.
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    Hoje aguarda a segunda
    missão como astronauta.
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    - Pensava em ser astronauta?
    - Pensava em ser piloto.
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    Primeira idéia era ser piloto. E entrei para a Força Aérea.
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    Minha primeira profissão
    foi eletricista aprendiz.
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    O pessoal fala: "Deve ter
    sido filho de pai rico".
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    Meu pai era servente do IBC.
    Instituto Brasileiro do Café.
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    A 1ª profissão foi eletricista
    aprendiz da rede ferroviária.
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    Sonhava em ser piloto. Ai fiz
    toda uma carreira na Força Aérea.
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    Ao longo do tempo,
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    a gente começa a pensar em
    voar mais alto, mais rápido...
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    e eu descobri que a
    Agência Espacial Brasileira
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    ia fazer um concurso público
    para astronauta.
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    Me inscrevi no concurso,
    fui selecionado,
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    em 98 deixei as funções
    militares para assumir as civis.
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    Tinha um concurso público
    para astronauta, fantástico.
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    Não assustou? Achou natural
    ter concurso público para isto?
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    Na época eu fazia
    doutorado nos EUA.
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    E aí meu irmão em Baurú
    que sempre gostou muito...
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    Ele viu no jornal
    da cidade, lá em Bauru.
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    e mandou para mim
    por email, escaneado.
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    Eu olhei aquilo,
    "Nossa que bacana!"
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    Demorei bastante para tomar
    uma decisão, uns 30 segundos.
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    Foi como entrei nessa carreira.
    Foi em 98 há 12 anos.
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    - Foi aprovado...?
    - Fui aprovado no Brasil.
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    Fui o único selecionado no
    Brasil. Fiz dois anos de curso.
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    Me formei em 2000.Aí voaria
    em 2001, atrasou para 2003,
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    em 2003 o Columbia desintegrou,
    perdi 27 amigos lá.
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    Ficamos na dúvida
    sobre o que aconteceria.
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    Em 2005
    o agente espacial decidiu,
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    "Você voará com os russos".
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    Então fui para a Rússia. Lá fiz
    treinamento de 5, 6 meses.
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    Há dois tipos de astronauta,
    especialista em missão
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    e o piloto de ônibus espacial
    que são só americanos.
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    Esp. em missão é um nome bonito
    para mecânico de espaçonave.
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    Sou mecânico tenho de
    conhecer os sistemas muito bem.
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    "Mas como farei isso?"
    treinar em 5 meses.
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    Tem de conhecer sistemas russos
    para fazer manutanção.
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    Já conhecia os americanos?
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    Oito anos de treinamento
    com sistemas americanos.
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    "Como que vou fazer?" Em 5
    meses conhecer os sistemas,
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    saber montar,
    desmontar, reconfigurar...
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    Tem de aprender
    também em 3 meses russo.
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    Foi mais difícil russo?
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    Foi difícil.
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    Porque reconfigurar...
    o princípio devia ser semelhante.
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    Semelhante mas tem de
    conhecer a fundo os sistemas
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    Porque tem de realmente
    fazer manutenção.
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    Deu tudo certo, em 2006,
    decolei do Cazaquistão
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    com uma espaçonave russa
    para realizar essa primeira
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    missão brasileira. Foi assim
    que cheguei ao espaço.
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    Você mora onde?
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    Em Houston, aguardo uma 2ª
    missão, fico a disposição da AEB.
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    Eles podem me escalar
    a qualquer momento.
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    Então tenho um ano para estudar
    a atualização dos sistemas.
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    Enquanto isso sou representante
    tecnico do Brasil
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    No dia a dia você faz o quê?
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    Quando você vai ao trabalho
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    Em Houston fico a disposição
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    se precisarem de qualquer
    contato tecnico eu faço
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    e contactar outras agências,
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    basicamente representante
    técnico e a parte de engenharia.
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    No Brasil venho todo mês,
    tenho várias funções.
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    Minha fução principal,
    meu sonho, está no curso
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    de engenharia aeroespacial
    que estamos montando na USP
  • 4:41 - 4:45
    na universidade de São Paulo
    mas na cidade São Carlos.
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    Lá há curso de
    engenharia aeronáutica
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    Estamos montando o curso
    para formar recursos humanos
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    para o programa espacial.
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    Programa espacial brasileiro?
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    Brasileiro.
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    Temos atividade espacial
    no Brasil
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    o ano que vem fará 50 anos
    de atividade espacial.
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    As vezes as pessoas...
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    É meu dia de ficar perplexa.
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    Um concurso público para
    astronauta. E agora 50 anos...
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    Ano que vem será uma
    comemoração interessante
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    5 anos da missão centenário,
    50 anos do programa espacial,
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    se não me engano 40 anos do INP
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    Instituto Nacional
    de Pesquisas Espaciais,
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    70 anos da Força Aérea.
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    - Um ano interessante.
    - Um ano cheio de datas.
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    Você é casado tem filhos?
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    Sou casado, tenho
    um filho antropólogo,
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    o Fábio que fica em Houston.
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    Tenho uma filha
    que faz medicina esportiva
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    Ana Carolina tem 20 anos.
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    Ela fica na Califórnia.
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    Cresceram lá,
    12 anos já em Hounston.
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    Uma vida muito repartida
    entre lá e cá.
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    Ja estão acostumados com isto.
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    Esse tipo de assunto
    é tratado no livro também.
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    É tranqüilo para você os seus
    vizinhos? Como funciona?
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    Você mora num bairro comum?
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    Por exemplo no Brasil
    quem trabalha em Angra
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    mora num condomínio.
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    Pelo menos de determinada
    formação. Engenheiros de
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    mecânicos acho que é diferente.
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    Tipo um alfavile de Furnas.
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    - Como base militar por exemplo.
    - Você mora numa base militar?
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    Não a função é civíl
    e tudo lá é civíl
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    Moramos fora, nas redondezas, em
    Clear Lake, no Sul de Hounston.
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    Ali tem um lago que dá
    o nome a cidade de Clear Lake
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    o Johnson Space Center
    onde é a Nasa.
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    E nos entornos
    há vários condomínios.
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    - Cidade normal.
    - Cada um escolhe?
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    Então deve ter vizinhos
    que ficaram interessados.
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    As vezes quando descobrem...
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    Embora há cerca de 180
    astronautas em atividade lá,
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    um número bem maior que aqui,
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    eles mesmo assim tem
    um interese muito grande.
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    Eles tem um orgulho muito grande
    do programa espacial americano.
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    E quando você diz
    eu trabalho alí sou astronauta
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    há bastante interesse,
    os vizinhos sabem disso.
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    É muito bacana
    a maneira de ser tratado,
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    na Rússia também
    fui muito bem tratado.
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    É muito bom esse carinho.
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    Você ligado
    ao programa americano
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    há uma diferença grande
    entre uma competência e outra?
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    A diferença está nos recursos.
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    O orçamento da Nasa é muito
    maior que o do programa russo
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    que é muito maior
    do que o nosso.
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    Os russos tem um conhecimento bem
    grande em fisiologia aeroespacial.
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    Eles tem mais tempo de
    permanência constante no espaço
Title:
Leda Nagle entrevista o astronauta brasileiro Marcos Pontes - parte 1 de 3
Description:

A jornalista Leda Nagle entrevista o tenente-coronel Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. Marcos foi ao espaço em 2006 na espaçonave russa Soyuz para uma missão de 10 dias que incluiu uma parada na estação espacial internacional. Entrevista realizada em 08 de novembro de 2010.

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Duration:
09:43

Portuguese, Brazilian subtitles

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